Obrigação é sempre um dever jurídico originário; responsabilidade é um dever jurídico sucessivo, consequente à violação do primeiro. Se alguém se compromete a prestar serviços profissionais a outrem, assume uma obrigação, um dever jurídico originário. Se não cumprir a obrigação (deixar de prestar os serviços), violará o dever jurídico originário, surgindo daí a responsabilidade, o dever de compor o prejuízo causado pelo não cumprimento da obrigação. Em síntese, em toda obrigação há um dever jurídico originário, enquanto que na responsabilidade há um dever jurídico sucessivo. Daí a feliz imagem de Larenz ao dizer que “a responsabilidade é a sombra da obrigação”. Assim como não há sombra sem corpo físico, também não responsabilidade sem a correspondente obrigação. Sempre quando quisermos saber quem é o responsável teremos que identificar aquele a quem a lei imputou a obrigação, porque ninguém poderá ser responsabilizado por nada sem ter violado dever jurídico preexistente.
Devemos a Alois BRinz essa importante distinção entre a obrigação e responsabilidade, o primeiro a visualizar dois momentos distintos na relação obrigacional: o do débito (Shuld), consistente na obrigação de realizar prestação e dependente de ação ou omissão do devedor: e o da responsabilidade (Haftung), na qual se faculta ao credor atacar e executar o patrimônio do devedor a fim de obter a correspondente indenização pelos prejuízos causados em virtude do descumprimento da obrigação originária.
Conforme Nelson Rosenvald e Cristiano Chaves de Farias (2018), a obrigação perfeita é aquela constituída por débito e responsabilidade.
Débito ou schuld seria a prestação a ser cumprida pelo devedor em favor do credor, enquanto a responsabilidade ou haftung seria a sujeição que recai sobre o patrimônio do devedor ou de terceiros para satisfazer a obrigação devida.
Entretanto, é possível que haja débito sem responsabilidade, quando existe uma prestação a ser cumprida, mas inexiste a possibilidade de sujeitar o devedor ao seu cumprimento. Exemplo clássico são das dívidas prescritas, em que existe o direito material do credor, mas não há possibilidade de compelir o devedor ao cumprimento, que poderia se dar apenas de maneira voluntária.
Já na responsabilidade sem débito, inexiste prestação criada pelo sujeito que detém patrimônio sobre o qual pode recair a sujeição ao pagamento obrigatório (não voluntário). É o caso, por exemplo, do fiador. Ele não possui débito, mas possui responsabilidade patrimonial sobre eventual inadimplemento.
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