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Quais as caracteristicas da literatura gótica?

Respostas

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Ione Ribeiro

Costuma-se destacar, como algumas das principais características desse tipo de literatura, os cenários medievais (castelos, igrejas, florestas, ruínas), os personagens melodramáticos (donzelas, cavaleiros, vilões, os criados), os temas e símbolos recorrentes (segredos do passado, manuscritos escondidos, profecias, maldições).

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Andre Smaira

      Iremos tratar da literatura gótica buscando observar suas principais características e relacionando-as com o contexto de seu surgimento. A literatura gótica tem sua origem remetida à Inglaterra do século XVIII. Esse período é conhecimento como o “Século das Luzes” ou “Iluminismo”, caracterizado por um movimento amplo, cultural e filosófico, onde buscava-se entender o mundo pela ótica da razão e da ciência, deixando de lado tudo aquilo que era considerado místico ou supersticioso. Como veremos, a literatura gótica surge, de certo modo, como uma forma de  resistência a esse racionalismo que passava a organizar as artes e as ciências.     O termo gótico diz-se ter sido cunhado por Giorgio Vasari, considerado um dos fundadores da história da arte. Gótico remete aos Godos, povo  germânico considerado bárbaro, o que deixa explícito as origens um tanto pejorativas do termo. Para alguns autores, esse povo representava ou remetia à Idade Média, considerada o período das trevas, da escuridão e das superstições. Para compreender a que o termo gótico se refere, é válido atentar-se que, antes de remeter à literatura, o nome gótico ligava-se a arquitetura. Por meio de suas construções abobadadas, castelos com amplos portais e vitrais coloridos, com a presença de estátuas realistas nos jardins, sua arquitetura buscava causar um impacto emocional sobre as pessoas, como se a reduzi-las a uma sensação de vulnerabilidade e insignificância frente a poderes superiores, ocultos, inexplicáveis. 

Não por acaso, a primeira obra literária considerada literatura gótica foi publicada em 1764 sob o título “O Castelo de Otranto”, de autoria de Horace Walpole. Esta obra é recheada de elementos associados à Idade Média, a começar pelo castelo que dá nome ao título, cercado de mistério e espectros, com calabouços, criptas assustadoras, cavaleiros fantasmagóricos, entre outros elementos sobrenaturais, como passagens secretas e ruídos inexplicáveis. Tanto esses cenários quanto os recursos às sombras, ao obscuro e ao sobrenatural são algumas das características da literatura gótica. Buscava-se com esses elementos, comuns também às baladas e romances medievais, instigar o leitor a adentrar um mundo permeado por elementos tensos e assustadores e refletir sobre lados menos racionais do mundo. 

Alguns estudiosos apontam que foram as mulheres as principais responsáveis pelo desenvolvimento do estilo gótico na literatura da Inglaterra desse período, com obras como “O Velho Barão Inglês”, de Clara Reeve em 1977 e Os “Mistérios de Udolpho”, de Ana Radcliffe em 1794. Seus personagens eram mais densos e os horrores mais intensos do que aqueles presentes na obra de Walpole, utilizando-se também de castelos medievais e aspectos sobrenaturais em suas histórias. Com a obra de Radcliffe o gótico aprofunda seu caráter sombrio, de terror e suspense e há uma aproximação com tempos mais contemporâneos, deixando um pouco de lado a época medieval. Com o tempo, somam-se à literatura gótica obras com vampiros, bruxas e monstros, como a publicação de “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, em 1891 e “Drácula”, em 1897, por Bram Stoker, que, embora não seja considerado literatura gótica propriamente dita, incorpora certos elementos, como o mistério e o sobrenatural. 

A literatura gótica se manifestou no Brasil a partir do ultra-romantismo, em 1855, com o livro Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo. Nessa obra algumas características do gótico se inserem na literatura fantástica, tratando da morbidez da alma humana, da morte, do não-racional e do horror. Mas é somente a partir do século XX que a literatura gótica ganha força no país, especialmente no período da República Velha e no contexto do que ficou conhecido como Belle Époque, por meio do subgênero “romances de sensação”. Esses romances tratavam de crimes hediondos, experiências sexuais e outros temas que causavam no leitor sensações outras que aquelas comumente experimentadas nas vidas cotidianas dos habitantes do Rio de Janeiro da época.


As características da literatura gótica, em resumo, passam por cenários e situações sombrias, mórbidas, sobrenaturais, suscitando sensações de suspense, terror e que levam o leitor a explorar possibilidades que fogem ao racionalismo e ao previsível. Suas influências extrapolam a literatura, inspirando obras e adaptações cinematográficas e autores como Shakespeare, por exemplo, que inclui em suas peças teatrais elementos comuns na escola gótica, como fantasmas e bruxas, em obras como Rei Lear e Macbeth. 


Referências

ALBUQUERQUE, D. A Literatura Gótica: uma breve apreciação. S/A.

KIRCHOF. Literatura Brasileira I. Curitiba, IESDE, Brasil S.A. 2008.

PEIXOTO, A., Literatura Gótica. In: E-Diciońario de Termos Literários de Carlos Ceia.

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RD Resoluções

Iremos tratar da literatura gótica buscando observar suas principais características e relacionando-as com o contexto de seu surgimento. A literatura gótica tem sua origem remetida à Inglaterra do século XVIII. Esse período é conhecimento como o “Século das Luzes” ou “Iluminismo”, caracterizado por um movimento amplo, cultural e filosófico, onde buscava-se entender o mundo pela ótica da razão e da ciência, deixando de lado tudo aquilo que era considerado místico ou supersticioso. Como veremos, a literatura gótica surge, de certo modo, como uma forma de resistência a esse racionalismo que passava a organizar as artes e as ciências.


O termo gótico diz-se ter sido cunhado por Giorgio Vasari, considerado um dos fundadores da história da arte. Gótico remete aos Godos, povo germânico considerado bárbaro, o que deixa explícito as origens um tanto pejorativas do termo. Para alguns autores, esse povo representava ou remetia à Idade Média, considerada o período das trevas, da escuridão e das superstições. Para compreender a que o termo gótico se refere, é válido atentar-se que, antes de remeter à literatura, o nome gótico ligava-se a arquitetura. Por meio de suas construções abobadadas, castelos com amplos portais e vitrais coloridos, com a presença de estátuas realistas nos jardins, sua arquitetura buscava causar um impacto emocional sobre as pessoas, como se a reduzi-las a uma sensação de vulnerabilidade e insignificância frente a poderes superiores, ocultos, inexplicáveis.

Não por acaso, a primeira obra literária considerada literatura gótica foi publicada em 1764 sob o título “O Castelo de Otranto”, de autoria de Horace Walpole. Esta obra é recheada de elementos associados à Idade Média, a começar pelo castelo que dá nome ao título, cercado de mistério e espectros, com calabouços, criptas assustadoras, cavaleiros fantasmagóricos, entre outros elementos sobrenaturais, como passagens secretas e ruídos inexplicáveis. Tanto esses cenários quanto os recursos às sombras, ao obscuro e ao sobrenatural são algumas das características da literatura gótica. Buscava-se com esses elementos, comuns também às baladas e romances medievais, instigar o leitor a adentrar um mundo permeado por elementos tensos e assustadores e refletir sobre lados menos racionais do mundo.

Alguns estudiosos apontam que foram as mulheres as principais responsáveis pelo desenvolvimento do estilo gótico na literatura da Inglaterra desse período, com obras como “O Velho Barão Inglês”, de Clara Reeve em 1977 e Os “Mistérios de Udolpho”, de Ana Radcliffe em 1794. Seus personagens eram mais densos e os horrores mais intensos do que aqueles presentes na obra de Walpole, utilizando-se também de castelos medievais e aspectos sobrenaturais em suas histórias. Com a obra de Radcliffe o gótico aprofunda seu caráter sombrio, de terror e suspense e há uma aproximação com tempos mais contemporâneos, deixando um pouco de lado a época medieval. Com o tempo, somam-se à literatura gótica obras com vampiros, bruxas e monstros, como a publicação de “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, em 1891 e “Drácula”, em 1897, por Bram Stoker, que, embora não seja considerado literatura gótica propriamente dita, incorpora certos elementos, como o mistério e o sobrenatural.

A literatura gótica se manifestou no Brasil a partir do ultra-romantismo, em 1855, com o livro Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo. Nessa obra algumas características do gótico se inserem na literatura fantástica, tratando da morbidez da alma humana, da morte, do não-racional e do horror. Mas é somente a partir do século XX que a literatura gótica ganha força no país, especialmente no período da República Velha e no contexto do que ficou conhecido como Belle Époque, por meio do subgênero “romances de sensação”. Esses romances tratavam de crimes hediondos, experiências sexuais e outros temas que causavam no leitor sensações outras que aquelas comumente experimentadas nas vidas cotidianas dos habitantes do Rio de Janeiro da época.


As características da literatura gótica, em resumo, passam por cenários e situações sombrias, mórbidas, sobrenaturais, suscitando sensações de suspense, terror e que levam o leitor a explorar possibilidades que fogem ao racionalismo e ao previsível. Suas influências extrapolam a literatura, inspirando obras e adaptações cinematográficas e autores como Shakespeare, por exemplo, que inclui em suas peças teatrais elementos comuns na escola gótica, como fantasmas e bruxas, em obras como Rei Lear e Macbeth.


Referências

ALBUQUERQUE, D. A Literatura Gótica: uma breve apreciação. S/A.

KIRCHOF. Literatura Brasileira I. Curitiba, IESDE, Brasil S.A. 2008.

PEIXOTO, A., Literatura Gótica. In: E-Diciońario de Termos Literários de Carlos Ceia.

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