Buscar

Estou com dúvida no Art. 3° do CPP, alguém poderia me explicar?

citar exemplos se for possível

💡 3 Respostas

User badge image

Igor Andrekonski

Em regra, as questões cobram a literalidade deste art. 3º. Assim, você só tem de lembrar que a lei processual penal admite interpretação extensiva, aplicação analógica e o suplemento dos PGD. Para lhe facilitar a vida, olhe o macete:

A lei processual penal admite IE AA PGD!!!

Só pra você entender melhor, rapidamente, vamos passar por cada um deles.

IE – existe interpretação extensiva quando o intérprete define que a lei disse menos do que deveria. Assim, é preciso estender o âmbito de aplicação da norma, que vai para além do que está meramente escrito no texto legal.

É que nem namorada: quando ela diz “sim, pode ir jogar futebol com seus amigos, querido”, você tem de interpretar suas palavras, que significam: “sim, pode ir jogar futebol com seus amigos, mas eu passarei na frente da quadra sem você ver e se tiver mulher ou bebida nesse lugar a casa vai cair; tomara que chova muito, muito mesmo, ‘tipo’ um dilúvio; e que você se lesione para aprender o que é bom ao me deixar sozinha vendo tv!”

Cuidado! Não caia nessa pegadinha aqui: “isso significa que não cabe interpretação restritiva na lei processual penal?” Cabe sim!!!!

Não é porque o artigo 3º diz que pode haver a interpretação extensiva que as demais espécies interpretativas não poderão ser usadas. Podem sim! Então, cabem interpretação declarativa, restritiva e extensiva.

AA- aplicação analógica nada mais é que analogia. Isto está aqui porque o Direito Penal (isto mesmo: o Direito Penal) tem restrições quanto ao uso da analogia, que só pode ser feita em favor do réu. O que o art. 3º diz é que, no Direito Processual Penal, em normas efetivamente processuais, você pode usar a analogia.

Mas o que é analogia? Cito Maria Helena Diniz: “a analogia é método de aplicação do direito, baseado no princípio racional de que os casos semelhantes se devem regular pelas mesmas normas,...”

Traduzindo: diante de uma lacuna na lei, que deixa a descoberto o caso concreto, podemos a ele aplicar a norma prevista para casos parecidos.

Traduzindo mais um pouco: se eu tenho uma norma para o caso X, mas não para o caso Y, que é bem parecido com X, aplico-lhe a norma do caso X mesmo. Isso é analogia e ela pode ser aplicada no Direito Processual Penal.

PGD – Princípios Gerais do Direito são as ideias basilares, fundamentais do Direito. Na verdade, grandes Professores têm dificuldades para explicar o que é um PGD, mas eu, o Maior de Todos, o Símbolo Máximo de Conhecimento (kkkkk), tenho um modo simples.

Ainda que você não seja religioso, tenho certeza que já ouviu falar dos 10 Mandamentos – não a novela da Record, mas aqueles que estavam escritos na Tábua da Lei de Moisés. Olha só: honrarás pai e mãe, não matarás, não furtarás, não adulterarás... e por aí vai.

Note que são de Princípios Gerais de muitas religiões, inclusive da Católica. Eles funcionam como bases de várias crenças, assim como o Nirvana é o fundamento do Budismo.

Os PGD´s são a mesma coisa para o Direito: são os Mandamentos do Direito. Tenho certeza que você quer um exemplo: o ideal de Justiça é um PGD. Assim, de acordo com o artigo 3º do CPP, a lei processual penal admite ser suplementada pelo ideal de Justiça, que é um dos PGD´s.

Por fim, vamos a algumas questões para você se convencer que as perguntas são fáceis mesmo. Olhe só:

(CESPE - 2014 - CBM-CE - Primeiro-Tenente) Em razão do princípio da estrita legalidade, são vedadas, no âmbito do direito processual penal, a interpretação extensiva e a aplicação analógica.

(UEG - 2013 - PC-GO - Delegado de Polícia) As normas genuinamente processuais:
a) admitirão interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais do direito.
b) não admitem aplicação analógica, mas admitirão interpretação extensiva.
c) não admitem interpretação extensiva, mas admitirão aplicação analógica.
d) serão aplicadas desde logo, mas tornam inválidos os atos praticados sob a égide da lei anterior se desfavoráveis ao imputado.

(CESPE - 2014 - TJ-CE - Técnico Judiciário) A lei processual penal:
a) não admite interpretação sistemática.
b) não admite aplicação analógica.
c) não admite o suplemento dos princípios gerais de direito.
d) não deve ser interpretada sempre restritivamente.
e) não admite interpretação extensiva.

(GABARITO: errada, a, Jefferson Luis D. Fenille

1
Dislike0
User badge image

Mayara Vieira Farias

Obrigadaaaa!

0
Dislike0
User badge image

Jurandi Júnior

valeu camarada

0
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais