Cabe concessão de tutela de urgência de ofício?

Questão interessante.

Diz o CPC:

Art. 305.  A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.

Parágrafo único.  Caso entenda que o pedido a que se refere o caput tem natureza antecipada, o juiz observará o disposto no art. 303.

E aí? Certamente se trata de fungibilidade, mas seria tutela de urgẽncia concedida de ofício?

Bom tema para pesquisa

A questão ainda é controvertida, mas se tem entendido pela possibilidade da concessão de tutela de urgência de ofício, com caráter absolutamente excepcional, por dois motivos: a tutela de urgência, por si só, já traz o contraditório diferido, a ser garantido apenas após sua concessão, devendo ser medida de exceção. Ademais, a jurisdição é inerte, devendo, em regra, agir somente diante de provocação das partes.

O entendimento é extraído quando observamos o regramento comparado com o CPC/73. É que o legislador retirou do dispositivo a expressa exigência de requerimento da parte. Observemos:

"Art. 273, do CPC de 1973. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e"

"Art. 300 do CPC de 2015. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo."