Analisando a questão à luz da Constutição que é o que a questão pede, embora o art. 10, §1, do CPP diga que "a autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os autos ao juiz competente", este artigo não foi recepcionado pela CF 1988. O CPP foi elaborado em 1941, antes da CF que estabelece o sistema de processo penal como sendo acusatório e não inquisitório, por isso o I.P deve ser encaminahdo pela autoridade policial ao Ministério Público, pois o I.P serve de base para a denuncia feita pelo autor da ação (MP) nos casos de ação pública incondicionada.
O texto dispõe sobre o inquérito policial, que é um procedimento de caráter administrativo, inquisitório, escrito, sigiloso, realizado pela polícia judiciária (presidido pelo delegado de polícia, ou seja, rege-se pelo princípio da oficiosidade), a fim de apurar indícios mínimos de autoria e materialidade de determinado delito e subsidiar o titular da ação penal (Ministério Público, no caso de ação penal pública ou particular, no caso de ação penal privada), para que tenham elementos suficientes para ingressar com o processo em juízo. Trata-se de um procedimento dispensável, ou seja, o titular da ação penal poderá oferecer a ação penal sem que haja esse ato inquisitorial. O indiciamento é a peça formal utilizada pelo delegado de polícia, no bojo do inquérito policial, para assinalar um ou mais suspeito a um determinado delito. Como consta no artigo 10, CPP, o inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
A Constituição Brasileira garante a todos não ser privado da sua liberdade ou dos seus bens sem o devido processo legal (art. 5º, LIV da CF), princípio cuja essência assegura ao indivíduo que todo o processo do qual participe obedecerá às normas previamente estipuladas em lei.
Dentre os diversos ritos legais eventualmente passíveis de privar o cidadão de sua liberdade ou bens está o inquérito policial, que é o método de investigação que dispõe o Estado para desvendar a verdade material de um fato supostamente delituoso,com base em um juízo de probabilidade.Destarte, o Inquérito Policial, como parte integrante do sistema processual penal brasileiro, está abrangidono conceito do devido processo legal.
Portanto, apesar de a jurisprudência considerar o Inquérito Policial um procedimento administrativo informativo prévio a ação penal, de“natureza inquisitorial (não contraditória) por não ser processo(em sentido estrito), já que não destinado a decidir litígio algum”[1], é inegável que neste incide plenamente a garantia do devido processo legal, ainda mais se for considerado o fato deste comportar diversas medidas que cerceiam direitos individuais[2].
Desta forma, a investigação criminal deve ser realizada de acordo com as regras constitucionais e legais pré-estabelecidas, sendo-lhe aplicável, em regra, as normas do Livro I, Título II do Código de Processo Penal e disposições correlatas, notadamente no que diz respeito à autoridade competente para presidi-la e seu rito de tramitação, normas cujo desuso, infelizmente, vem sendo paulatinamente induzido pelo Ministério Público, com o aval do próprio Poder Judiciário, como no que tange ao rito referente à dilação de prazo para conclusão das investigações no inquérito policial.
Neste particular, observa-se que diversos Tribunais do paístêm afastado,a fórceps,a incidência do art. 10 do CPP e disposições análogaspor meio de normas infralegais, notadamente resoluções e portarias, imiscuindo-se de parte do controle jurisdicional sobre as investigações criminais em prol deum sistema de tramitação direta entre a polícia Judiciária e Ministério Público que se revela inadequado ao arcabouço legal vigente, violando assim o devido processo legal
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta
Direito Penal e Processo Penal
•ESTÁCIO
Compartilhar