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É possível a detração penal com relação á pena restritiva de direitos de prestação de serviço á comunidade?

💡 2 Respostas

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Milena Carvalho

O artigo 55 do cp aduz que "as penas restritivas de direito terão a mesma duração da pena privativa de liberdade" isso significa dizer que cumprida parte ou totalidade da pena restritiva de direitos, cumprida estará a mesma quantidade da pena privatica de liberdade. O art.42 do CP faz menção de que a detração pode se dar somente nas penas privativas de liberdade e no caso de medida de segurança, numa interpretação analógica e constitucional do mencionado artigo de lei, não vejo porque não aceitar também a aplicação da detração na pena de prestação de serviços à comunidade, aplicada em substituição à pena corporal, na forma do art.44 e seguintes do CP. Ainda que o art.42 do CP não faça alusão às penas restritivas de direitos, nada obsta a aplicação da detração nas prestações de serviços à comunidade, eis que devemos buscar uma interpretação do aludido dispositivo legal de forma que se possa alcançar uma maior valorização do indivíduo frente ao Estado. Portanto, o caso tratado enseja a aplicação de um critério de interpretação extensiva ao princípio in dubio pro reu, de modo que a norma possa abranger também as penas restritivas de direitos, para a detração penal, por ser favoravel ao condenado.
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Estudante PD

Em tese sim, mas essa detração deve ser proporcional, como por exemplo um dia de prisão cautelar equivaler a um dia de prestação de serviço a comunidade (mesmo que nesse seja uma hora por dia): 

EXECUÇÃO PENAL. HABEAS CORPUS. USO DE DROGAS E PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. CONDENAÇÃO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUBSTITUÍDA POR RESTRITIVA DE DIREITOS. DETRAÇÃO DO TEMPO DE PRISÃO PROVISÓRIA.
PRETENSÃO DE QUE CADA HORA DE PRISÃO SEJA COMPUTADA COMO HORA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE. IMPOSSIBILIDADE. OFENSA AO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. TÉCNICA QUE ENSEJA IMPUNIDADE.
COMPENSAÇÃO DE CADA DIA QUE O SENTENCIADO PERMANECEU CUSTODIADO PROVISORIAMENTE COM CADA DIA DE CONDENAÇÃO À PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE SUBSTITUÍDA. INTERPRETAÇÃO ADEQUADA DOS ARTS. 42 DO CP E 111 DA LEP.
1. A detração penal está prevista, expressamente, para a pena privativa de liberdade e para a medida de segurança apenas (arts. 42 do CP e 111 da Lei n. 7.210/1984). Isso não significa que o instituto não possa ser aplicado às penas alternativas, uma vez que substituem a reprimenda privativa de liberdade pelo mesmo lapso de sua duração.
2. A aplicação do instituto da detração, no entanto, na forma como pretende a impetração, esbarra no princípio da proporcionalidade, pois a transformação em horas do tempo em que o paciente ficou provisoriamente preso, para fins de detração do tempo de prestação de serviços à comunidade a ser adimplido, enseja o cumprimento integral da pena imposta, mesmo que o acusado tenha permanecido custodiado apenas pelo lapso de 1 mês e 14 dias.
3. Mostra-se adequada e proporcional a detração penal em que se desconta o período em que o paciente permaneceu custodiado cautelarmente na proporção de 1 dia de prisão provisória para 1 dia de condenação à pena privativa de liberdade substituída.
4. Ordem denegada.
(HC 202.618/RS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 19/06/2012, DJe 01/08/2012)
 

Porém, também há acórdão negando essa detração: 

 

EXECUÇÃO PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. PRISÃO PROVISÓRIA. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS À COMUNIDADE. DETRAÇÃO.
IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.
1- Não há ofensa ao princípio da colegialidade quando a decisão monocrática é proferida em obediência aos arts. 557, caput, e § 1º-A, do Código de Processo Civil e art. 3º do Código de Processo Penal, que permitem ao relator dar provimento, negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior.
2- A jurisprudência desta Corte Superior não admite a detração penal entre a prisão cautelar com a prestação de serviços à comunidade.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no AREsp 778.405/RS, Rel. Ministro ERICSON MARANHO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SP), SEXTA TURMA, julgado em 17/03/2016, DJe 05/04/2016)
 

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