O estudo dos processos históricos de conformação do campo de investigações em torno do desenvolvimento humano revela um percurso nada linear, segundo indicado. Se alguns elementos atravessam a produção do período como, por exemplo, o conceito de evolução, este não pode ser entendido como tendo uma interpretação única, muito menos associada centralmente à teoria darwiniana. Ao contrário, revela-se uma multiplicidade de visões do conceito de evolução ao longo do século XIX, bem como uma leitura diferenciada nos distintos campos científicos. Nos estudos sobre desenvolvimento humano, o resgate dos autores indica que se a Biologia foi a ciência privilegiada na fundação do campo, a influência da embriologia fez-se mais significativa que a teoria da seleção natural. Refletindo sobre os deslocamentos dos campos conceituais ao longo do período estudado, observa-se a acentuada “racialização” das análises nos estudos desenvolvidos nos mais diferentes campos científicos, principalmente a partir da década de 70. A força do conceito de raça, que se torna central na conformação das ciências humanas ao final dos Oitocentos, atravessa o século XX, período em que o termo se desloca cada vez mais do campo da Biologia, assumindo uma identidade própria no interior das ciências humanas e sociais. Tal conceito, mesmo ressignificado, teria profunda influência na configuração da Pedagogia, tendo informado significativa produção sobre as diferenças no desempenho escolar dos alunos.
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