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Escolas de Pensamento Científico-Jurídico

Explique as escolas de pensamento científico-jurídico (conceituar, trazer propostas de cada uma delas, exemplos e principais juristas a ela ligados).

💡 4 Respostas

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Clisya Barriquelo

  • 1ª Jusnaturalismo Iniciou-se na antiga civilização grega. Eram as leis chamadas naturais, comuns a todos e que eram superiores àquelas criadas pelos homens. Na Grécia continuaram o desenvolvimento do Direito Natural, que era classificado como o direito decorrente da natureza humana. Os pensadores da época que mais abordavam eram: Aristóteles (pesquisa 500 cidades que sem comunicação possuíam essas leis comuns), Platão e Sócrates. Na Idade Média a teoria Jusnaturalista apresentava conteúdo teológico, pois os fundamentos de Direito Natural eram a racionalidade humana e a vontade divina, devido ao fato de que a sociedade e a cultura estarem marcada pela vigência de um credo religioso e pelo predomínio da fé. Isso ocorreu por meio de seu maior representante, São Tomás de Aquino. Na Idade Moderna o Direito Natural retorna ao racionalismo e aos valores pagãos. Houve então uma transição de um direito natural objetivou metafísico para um direito natural subjetivo ou racionalista. O Jurista Hugo Grotius conceitua o Direito Natural como “um decreto da justa razão indicando que um ato, em virtude de sua conveniência ou da sua inconveniência, em face da natureza racional e social e, do ponto de vista ético, classificado como necessário ou torpe”. Portanto, segundo Grotius o Direito Natural existia independentemente da vontade divina: “Assim como Deus não pode fazer com que dois mais dois sejam quatro, não pode ele também fazer com que aquilo que é intrinsicamente mau não seja mau”; Então o Direito Natural tornou-se subjetivo enquanto radicado na regularização do sujeito humano, individualmente considerado, cuja vontade cada vez mais assume o sentido de vontade subjetiva e absolutamente autônoma. Nesta concepção jusnaturalista a natureza do homem é uma realidade abstrata por ser-lhe a forma inata (que nasce com o indivíduo e não se separa dele), independente das variações materiais da conduta.

    Existem basicamente duas formas de conceber o direito natural: - A primeira entende que o direito natural é algo dado, inscrito na “natureza das coisas”, e independe do juízo que o homem possa ter sobre o mesmo. Por ex., uma regra do direito natural é que só as mulheres são capazes de engravidar... - A segunda vê o direito natural como um direito ideal, ou seja, um conjunto de normas justas e corretas, que devem fazer parte do direito positivo, do direito criado pelos homens. Ex.: o direito natural entende que todos os seres humanos nascem iguais e devem ser tratados de forma igual (escravidão, nazismo, etc...)

     

    2ª Exegetismo Para a Escola Exegética, a totalidade do direito positivo se identifica por completo com a lei escrita; com isso, a ciência jurídica se apegou à tese de que a função específica do jurista era ater-se com rigor ao texto legal e revelar seu sentido.

    Considerava que o estudo do direito deveria reduzir-se a mera exegese dos códigos. A lei e o direito constituem uma mesma realidade, pois a única fonte do direito é a lei e tudo o que estiver estabelecido na lei é direito. Ela também é chamada de Escola Legalista e Escola Racionalista e afirma que todo o Direito está contido na lei e apenas nesta. Seu surgimento se deu na França. A Escola Exegética foi muito forte durante o século XIX, estabelecendo que qualquer ato ocorrido no meio social estaria previsto numa lei, logo o Direito seria completo e poderia ser aplicado a qualquer caso. Os adeptos de tal Escola entendem que a lei é absoluta, devendo o juiz extrair o significado dos textos para assim aplicá-lo ao caso concreto. O Direito, para os legalistas, seria o conjunto de normas emanadas e positivadas pelo Estado, ou seja, qualquer outra norma de uso social ou costume deveria ser ignorada. O magistrado deveria exercer apenas a sua função de aplicador da lei, sempre em conformidade com a vontade do legislador, em detrimento dos seus conceitos pessoais e valorativos. Os avanços tecnológicos provenientes do Capitalismo Industrial proporcionaram à sociedade um processo constante de mutação, fazendo com que os dogmas estabelecidos fossem se tornando ultrapassados, comprovando, desta forma, que o ordenamento jurídico também deveria se adaptar a essa nova realidade.

     

    3ª Historicismo Friedrich Charles Von Savigny Ao alicerce iluminista, porém, devem ser somadas algumas contribuições que as sucederam, notadamente as conquistas da escola história e da escola positivista. O mérito do historicismo do séc. XIX foi evidenciar que o direito pode ter uma fonte positiva, que vem a ser a própria história. Identifica-se, no início do seu desenvolvimento, uma tentativa de aplicar a racionalidade desenvolvida até então para justificar a legalidade, em detrimento de uma explicação essencialmente axiológica ou jusnaturalista. No entanto, em sua fase madura, o historicismo mitiga as conquistas da racionalidade e admite a existência do contingente, como em Savigny: "As conseqüências destas teorias para a sistemática jurídica no século XIX evidenciam-se e formalizam-se, entretanto, com mais clareza em Savigny. Sua obra revela, até certo ponto, uma inovação decisiva na sistemática jurídica. Nela o sistema perde, em parte, ou pelo menos na aparência, o caráter absoluto da racionalidade lógico-dedutiva que envolve, com sentido de totalidade perfeita, o jurídico. O sistema ganha, ao contrário, uma qualidade contingente, que se torna pressuposto fundamental da sua estrutura." Deve-se chamar atenção - ponto que oportunamente será retomado ­- para o que vem a ser a admissão ancestral da contingência, da organicidade e da arbitrariedade do direito. Os germes desse tipo de pensamento viriam a marcar uma verdadeira revolução epistemológica só totalmente completada na pós-modernidade e até hoje não digerida pelo senso comum teórico do jurista. De imediato, porém, a escola histórica não significou uma ruptura total com a dogmática lógico formal, retomando esse caminho após as elaborações de Savigny, e dando azo à escola pandectista alemã, à escola da exegese francesa e à escola analítica inglesa. É deste momento metodológico que brotará o embasamento da distinção de Castanheira Neves: "A vida comunitária, como forma da vida humana, é histórica. Isto significa, em primeiro lugar, que se encontra imersa na história e que, portanto, "não podendo começar nunca do princípio" sempre se vê referida a uma situação histórica. É isto só um modo diferente de dizer que a existência humana, sendo um ser-no-mundo, sempre a si mesma se depara determinada pela facticidade do mundo. Não uma existência absoluta a atuar num meio vazio, mas uma existência fática cujo agir depara com a resistência de uma situação, a lhe definir um campo de possibilidade. A "situação" (história) é aquele contexto natural-social-cultural que se impõe como um dado à existência, em que ela se encontra imersa e de que terá de emergir a sua ação."

     

    4ª Positivismo Hans Kelsen e Emanuel Kant

    Baseado na escola da exegese, Hans Kelsen criou um raciocínio construindo a ciência jurídica a partir da norma. Para este jurista, qualquer fenômeno anterior à norma não deve ser considerado por sua escola. Baseados também nas ideias de Kant, Kelsen adaptou dois planos à sua escola. O primeiro deles chamado plano “do dever ser”, um sistema abstrato, hipotético, ideal. O segundo plano chamado do “ser”, este real, concreto, prático, plano de aplicação. Quando determinada lei prece um crime, o faz hipoteticamente. Já quando o crime é cometido, temos o caso concreto e o plano real de aplicação.

    O processo de diferenciação inspirada na jurisprudência dos conceitos levou à consciência de que os conceitos jurídicos agrupam ideias de feição completamente distinta, como é o caso de conceitos empíricos (por exemplo, pretensão) e de conceitos sociais (por exemplo, casamento). No combate a essa causa, trazida aqui por digressão muito limitada, identifica-se um esforço no sentido de isolar os fenômenos jurídicos ao que seria sua essência jurídica. Vem daí a ideia de norma kelseniana, que estratifica definitivamente a "complexidade do ser" da "normatividade do dever-ser". A empreitada kelseniana, datada da década de 30 e baseada na mencionada distinção, significou, em última análise, uma reação à vertente sociológica do positivismo jurídico (focalizada no ser), resultando no que veio a se tornar a corrente jurídica hegemônica da família romano-germânica (focalizada no dever-ser). O crescendo positivista normativista, entretanto, não tardou encontrar freio, notadamente quando vieram à tona os traumas da Segunda Guerra Mundial e de seus totalitarismos contemporâneos. Curiosamente, diante disso, não ganhou tanto relevo a retomada puramente Jusnaturalista, mas sim um esforço direcionado, tanto contra o Jusnaturalismo e contra o positivismo. Na verdade, o positivismo se reinventou, inaugurando a vertente da análise linguística, ao passo em que ganhavam relevo também outras alternativas, como o realismo e as escolas críticas.

     

    5ª Escola da Teoria Tridimensional Professor Miguel Reale

    Coube a um brasileiro elaborar uma teoria chamada tridimensional, que obteve aceitação internacional. O professor Reale defendeu em seus estudos fundamentos que o direito nasce a partir de um fato social relevante que é valorado pelo próprio corpo social e que por sua vez atua como agente de transformação para uma norma.

    Miguel Reale defende a ontológica triplicidade do fenômeno jurídico. Segundo a Teoria Tridimensional do Direito, só há realidade jurídica onde existir três elementos conjugados: fato, valor e norma. Onde houver um fenômeno jurídico sempre haverá um fato subjacente (um fato econômico, demográfico, de ordem técnica, etc), um valor que dê significado a esse fato (que representa a ação dos homens nos sentido de atingir determinada finalidade), e a norma, que integra o fato ao valor. Ante a triplicidade dos aspectos do fenômeno jurídico (fato, valor e norma), Reale afirma que a ciência jurídica deve estudar as normas sem abstrair os fatos e os valores presentes e condicionantes no seu surgimento. A Ciência do Direito deve ser uma ciência histórico-cultural e compreensivo-normativa, por ter por objeto a experiência social na medida em que esta normativamente se desenvolve em função de fatos e valores, para a realização ordenada da convivência humana.

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Gabrielly Porsebon

Muito obrigada, Clisya Barriquelo.

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Andre Smaira

Positivismo- O positivismo é um pensamento científico que diz que o verdadeiro conhecimento é o conhecimento científico e que esse conhecimento só pode vir da declaração da hipótese através do método científico. É levado em conta que também tem um certo parentesco com o empirismo. Um de seus principais pioneiros nos séculos XVI e XVII foi o filósofo, político, advogado, escritor e chanceler da Inglaterra Francis Bacon.


O historicismo é uma tendência filosófica, inspirada nas idéias de Benedetto Croce e Leopold von Ranke, que vê toda a realidade como o produto de um desenvolvimento histórico. Concebe o ser essencialmente como um devir, um processo temporário, que não pode ser apreendido pela razão.


O direito natural é uma doutrina ética e legal que postula a existência de direitos humanos fundados ou determinados na natureza humana. Defende a existência de um conjunto de direitos universais, acima, superiores e independentes da lei escrita , o direito positivo e direito consuetudinário .

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