O que é a colisão de direitos fundamentais?

No que tange à aplicação (colisão) dos Direitos Fundamentais há duas correntes:

1) A alemã, cunhada por Robert Alexy: os direitos fundamentais, como princípios que são, não são absolutos e, diferentemente das regras - que uma invalida a outra -, podem atuar em conjunto. Assim, há colisão de princípios quando dois ou mais princípios podem ser aplicados ao caso concreto, devendo um deles ser afastado. O afastamento se dá através da regra da proporcionalidade, que consiste em três etapas distintas e sucessiva --> a) adequação: deve-se atentar para o fato de o meio escolhido atingir o fim a que se propõe b) necessidade: é a averiguação de se há ou não algum outro meio adequado, mas menos gravoso c) proporcionalidade em sentido estrito: é a famosa técnica da ponderação, onde irá haver um sopesamento de princípios e afastar um deles, no caso concreto, para resguardar o outro

2)A norte-americana, cujo principal expoente é Ronald Dworkin, e trabalha com a questão da razoabilidade. Para essa corrente, a colisão de direitos fundamentais é resolvida a partir da questão da estrutura lógica do caso concreto, ou seja, não há sopesamento de princípios, mas uma questão de adequabilidade de um princípio ao caso específico. É um critério classificatório, e não comparativo - como na teoria alemã.

Resumo: As normas de direito fundamentais elencadas na Constituição Federal possuem forte conteúdo axiológico e são de grande importância dentro do ordenamento jurídico brasileiro, por essa razão possuem natureza de princípios. Atualmente os princípios são o centro do Direito Constitucional em sua fase pós-positivista. São, portanto, norma jurídica, mas diferenciam-se das regras, por serem mais abrangentes. Bastante comum num estado democrático de direito é ocorrer o choque entre direitos fundamentais, esses choques são solucionados através das técnicas de ponderação, que se operacionaliza através do princípio da proporcionalidade.

A colisão de direitos fundamentais ocorre, por exemplo, quando o direito à liberdade de expressão esbarra no direito à intimidade. No momento em que um jornalista deseja publicar uma matéria e um artista se sente violado com referida publicação, o juiz deverá decidir e sopesar, de acordo com o caso concreto, qual dos dois direitos deve prevalecer. Situação parecida ocorre quando um paciente precisa de transfusão de sangue, mas sua religião não autoriza tal procedimento. Aqui chocam-se o direito fundamental à vida e o direito à liberdade religiosa, ambos garantidos constitucionalmente. Devem, portanto, serem sopesados pelo juiz do caso, que levará em consideração os princípios constitucionais da razoabilidade, da proporcionalidade e da dignidade da pessoa humana no momento da solução do conflito.