Grupo econômico, ou grupo societário, é uma “concentração de empresas, sob a forma de integração (participações societárias, resultando no controle de uma, ou umas sobre as outras), obedecendo todas a uma única direção econômica, ou ainda administrada pela mesma diretoria”.
Não importa se o administrador é sócio ou apenas administrador, ainda responde pelas empresas por procuração. O fato de poder de cisão sobre a forma de administrar gera responsabilidade de todas as empresas perante terceiros.
A legislação nacional possui, em seus mais diversos campos, dispositivos que tratam da responsabilidade solidária ou subsidiária das empresas integrantes de grupos econômicos. Há dispositivos na seara trabalhista, consumerista, previdenciária e concorrencial. É evidente a modernidade que os outros campos do direito tiveram em comparação com a legislação empresarial societária, principalmente a Lei do anonimato (6.404/76), a qual não possui dispositivos relacionados com a responsabilidade das empresas agrupadas.
Apesar de na exposição de motivos da Lei 6.404/76, acabarmos por concluir pela ausência de regras claras, acerca da responsabilidade. A tendência dos Tribunais é pela de responsabilizar todo o grupo econômico pelo passivo, mormente se estivermos diante de ação trabalhistas e consumeristas.
Não só no campo societário existe a lacuna. Igualmente, é possível levantar a problemática da ausência de disposição expressa, no Código Tributário Nacional ou em legislação tributária (aqui entendemos por bem diferenciar a legislação previdenciária), acerca da responsabilização expressa dos componentes de grupos econômicos por dívidas tributárias.
Nos outros campos do direito onde há a previsão legislativa de responsabilidade, é imperioso reconhecer que a legislação trabalhista é a mais aplicada, inclusive em perseguida analogia em outros campos, inclusive o tributário. A Consolidação das Leis do Trabalho, em seu art. 2º, §2º, dispõe, in verbis:
“Art. 2º. (…)
§ 2º - Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria, estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas“. (grifos nossos)
O dispositivo da CLT dispõe sobre os elementos básicos do grupo econômico (vide grifos) e ordena a responsabilização solidária das empresas agrupadas, sendo o dispositivo mais analítico existente acerca do assunto, pois os demais se limitam a determinar a solidariedade, sem discorrer os elementos que compõem os grupos econômicos.
Além do direito trabalhista, há também a previsão de solidariedade no campo do direito de defesa da concorrência (Lei 8.884/94). O dispositivo nesta Lei referiu-se expressamente à divisão doutrinária dos grupos econômicos em grupos de fato e de direito, in verbis:
“Art. 17. Serão solidariamente responsáveis as empresas ou entidades integrantes de grupo econômico, de fato ou de direito, que praticarem infração da ordem econômica”. (grifos nossos)
A supracitada Lei, portanto, adota os ensinamentos da doutrina e determina a responsabilização solidária dos componentes do grupo societário, seja este de fato ou de direito, tutelando a ordem econômica de maneira efetiva.
Na seara consumerista os integrantes de grupos econômicos também sofrem responsabilização. Desta feita, a solidariedade não foi adotada, tendo optado o legislador pela responsabilidade subsidiária das sociedades integrantes do grupo econômico, senão vejamos:
“Art. 28. (…)
§ 2° As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas, são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste código”.
Importante destacar que o Código de Defesa do Consumidor, visivelmente protetivo, foi tímido em estabelecer apenas a responsabilidade subsidiária, concedendo o benefício de ordem aos infratores e, conseqüentemente, impedindo que o consumidor ajuíze a ação desde logo contra as demais empresas integrantes do grupo econômico, as quais podem ter saúde financeira melhor que a infratora.
Por fim, no que tange à responsabilidade dos integrantes de grupo econômico em relação aos débitos previdenciários temos a previsão contida no art. 30, IX, da Lei 8.212/91, in verbis:
“Art. 30. A arrecadação e o recolhimento das contribuições ou de outras importâncias devidas à Seguridade Social obedecem às seguintes normas:
IX - as empresas que integram grupo econômico de qualquer natureza respondem entre si, solidariamente, pelas obrigações decorrentes desta Lei”.
Pelo dispositivo acima citado, permite-se concluir que a responsabilização das empresas que integrem grupo econômico onde exista relação de controle, e não apenas direção, participação ou coligação. A hipótese é de responsabilidade direta, solidária, ou seja, as empresas do grupo possuem responsabilidade solidária ex lege por débitos previdenciários.
A Lei 8.212/91 encontrou respaldo no art. 124, II, do Código Tributário Nacional, o qual determina que sejam solidariamente responsáveis pelo crédito as pessoas expressamente designadas por lei.
Na seara tributária (excluindo-se os créditos previdenciários), o artigo 124, inciso I, do Código Tributário Nacional possui a seguinte redação, in verbis:
“Art. 124. São solidariamente obrigadas:
I - as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação principal” (…).
Cuida-se de dispositivo inserido no Título II, Capítulo IX do código, que trata do sujeito passivo da obrigação tributária. O dispositivo cuida de estabelecer a solidariedade pelo adimplemento das obrigações tributárias entre as pessoas que possuem interesse comum na situação que constitui o fato gerador.
Já vimos que os grupos societários são formados com o objetivo de atender às necessidades do desenvolvimento dos processos de produção e pesquisa, racionalizando a exploração empresarial, baixando custos e aumentando os lucros. Logicamente, há interesse de toda e qualquer pessoa jurídica integrante de grupo econômico nos atos de qualquer outra integrante, principalmente nos que beneficiem todo o agrupamento.
Nos grupos econômicos, o interesse comum vincula as empresas agrupadas por circunstâncias externas formadoras de solidariedade, provenientes da consciência de grupo, das necessidades que interligam as empresas participantes.
Desta forma, o interesse comum é justificado pela unidade de direção ou controle, com objetivos finais idênticos de todos os entes agrupados. Há claro aproveitamento das pessoas jurídicas que formam o grupo econômico com as atividades desempenhadas por qualquer delas, pois agem por coordenação ou subordinação.
Julgados na jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça demonstram o entendimento no sentido de que caracteriza a solidariedade passiva em execução fiscal o simples fato de duas empresas pertencerem ao mesmo grupo econômico, pois a expressão “interesse comum”, para o Tribunal supracitado, deve ser entendida da maneira como acima aludido.
Nos termos do art. 2º, §2º, da CLT, constatada a configuração de grupo econômico, surge a responsabilidade solidária, de previsão legal, entre seus integrantes.
Assim, em síntese, pode o credor demandar, em face de qualquer das empresas integrantes, o cumprimento integral de determinada obrigação, existindo direito de regresso entre elas.
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