A lei não proibiu a prática da promessa de doação e a sua aplicação em nada contraria o ordenamento jurídico. Aliás, ao contrário, sua exigência se coaduna aos princípios da função social dos contratos e boa-fé objetiva.
A promessa de contratar não pode ser usada para ludibriar ninguém, isto é, criar expectativas de contratação e simplesmente ser desfeita, sem que haja qualquer segurança à outra parte ou sanções a quem quebrou a confiança. Ademais, da boa-fé objetiva, princípio base que orienta o Código Civil, decorre a vedação de comportamento contraditório (venire contra factum proprium). Por este conceito, protege-se uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica contraditória face ao comportamento assumido antes. Nesse tanto, tem atitudes incoerentes aquele que assume o compromisso de doar, por meio de uma promessa, e de repente, desiste de fazê-lo.
Existe forte discordância na doutrina, mas prevalece o entendimento que diferencia contratos de doação onerosa e contratos de doação oura.
É que no contrato de doação pura, o proprietário do bem resolve, por mera liberalidade e sem qualquer ônus para o donatário, doar o bem para determinado indivíduo, não se exigindo absolutamente nada.
Enquanto isso, o contrato de doação onerosa importa na transferência gratuita de um bem a determinado indivíduo, mas mediante cumprimento de encargo por este.
Se entende, com base no acima exposto, que a inexecução da promessa de doação pura não pode ser judicial e forçadamente exigida, mas que no contrato de doação onerosa haveria a possibilidade, pois houve encargo a ser cumprido pelo donatário, criando dever de efetivação da obrigação ao doador.
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta
Compartilhar