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10- Qual dessas proposições é falsa?

a) Exerce poder quem decide pelo outro, apesar da resistência dele; b) Poder legítimo é o exercido pela autoridade com amparo normativo e reconhecimento; c) Nem todo poder exercido pela autoridade, com amparo normativo, é legítimo; d) Estado resulta de uma construção teórica e normativa e histórica; e) Governo: abrange a dinâmica do exercício do poder no âmbito do Executivo.

💡 2 Respostas

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Murilo Miguel

obrigado pessoal
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LR

Resposta: A alternativa FALSA é a e) Governo: abrange a dinâmica do exercício do poder no âmbito Executivo.

Justificativa: É certo que (a) Exerce poder quem decide pelo outro, apesar da resistência dele, entretanto está não é a definição exata de ‘poder’. Poder é “Em seu significado mais geral, (...) a capacidade ou a possibilidade de agir, de produzir efeitos. Tanto pode ser referida a indivíduos e a grupos humanos como a objetos ou a fenômenos naturais (como na expressão Poder calorífico, Poder de absorção).” (BOBBIO, 1993: 993).  E “em sentido especificamente social, ou seja, na sua relação com a vida do homem em sociedade”, o Poder assume sua forma mais precisa, a do “Poder do homem sobre o Homem”, e isso significa dizer que o Poder “pode ir desde a capacidade geral de agir, até à capacidade do homem em determinar o comportamento do homem” (BOBBIO, 1993: 993). “O homem é não só o sujeito mas também o objeto do Poder social. E Poder social a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um Governo de dar ordens aos cidadãos.” (BOBBIO, 1993: 993). Com essa afirmação compreendemos que o Poder em seu sentido mais específico não se apresenta em apenas um âmbito da sociedade, já que é Poder social tanto o poder exercido por um homem sobre outro homem, quanto é Poder social o poder exercido pelo Governo quem por ele é governado. Aqui há uma diferenciação importante a ser feita. Estado e Governo podem parecer ser sinônimos, e por vezes o são dependendo do arcabouço teórico de quem está produzindo alguma dada pesquisa, entretanto, para o que nos interessa aqui, vamos compreender que Estado é a unidade composta por seu território, seu povo e sua soberania. Por Soberania, de forma genérica, compreenderemos ser tratar o Poder estatal, então o Estado é composto por seu território, seu povo e seu poder. Finalmente, quanto ao significado de Governo, inicialmente o compreenderemos “como o conjunto de pessoas que exercem o poder político e que determinam a orientação política de uma determinada sociedade” (BOBBIO, 1993: 553)¸ assim não é possível desassociar o Governo de sua institucionalização, ou seja, do Estado. Nesse sentido, retomando a definição feita aqui de Poder como “a capacidade que um pai tem para dar ordens a seus filhos ou a capacidade de um Governo de dar ordens aos cidadãos.” (BOBBIO, 1993: 993), podemos concluir que o Governo, formado por um “conjunto de pessoas que governam o Estado”, em posse de sua soberania, ou seja, seu poder estatal, tem como uma de suas essências regular a vida de quem a ele é subordinado, ou seja, os governados, os cidadãos no exemplo dado. Quando se diz que o (d) Estado resulta de uma construção teórica, normativa e histórica, afirma-se corretamente, mesmo que incompletamente. O Estado como o reconhecemos hoje é fruto de um processo histórico, mediado por disputas ideológicas em busca de consolidação, ou seja, teóricas e normativas. Quando afirmamos que o Governo é regido por um conjunto de pessoas, e que o governo exerce o poder do Estado sob quem por ele é governado, são está afirmando-se mentiras, entretanto está se afirmando verdades que não necessariamente compreende ao nosso presente. O governo é formado pelo conjunto de pessoas que o regem, assim como é mediado por uma forma organizativa específica, ou seja, por um Regime Político. Uma definição mais atual de governo, “não indica apenas o conjunto de pessoas que detêm o poder de Governo, mas o complexo dos órgãos que institucionalmente têm o exercício do poder. Neste sentido, o Governo constitui um aspecto do Estado. Na verdade, entre as instituições estatais que organizam a política da sociedade e que, em seu conjunto, constituem o que habitualmente é definido como regime político as que têm a missão de exprimir a orientação política do Estado são os órgãos do Governo.” (BOBBIO, 1993: 553). Em um regime Democrático e de economia capitalista, “quem, em última instância, possui de fato o poder soberano: o Povo ou a sua representação?” (BOBBIO, 1993: 1184). Quando dizem que o (b) Poder legítimo é o exercido pela autoridade com amparo normativo e reconhecimento, e que (c) Nem todo poder exercido pela autoridade, com amparo normativo, é legítimo, afirma-se todo a complexidade do que foi posto até aqui. Em um regime democrático, um representante do povo eleito, assumindo a regência do Governo, faz uso do poder estatal de forma legítima. Entretanto, esse mesmo representante eleito pode fazer uso de poder estatal, negligenciando a função de representar o povo que o elegeu, isso não necessariamente torna o uso do poder estatal ilegítimo. A legitimidade de um governo está intimamente ligada ao quão clara está a resposta a pergunta que acabamos de fazer, a soberania de um Estado pertence ao seu “Povo ou a sua representação?” (BOBBIO, 1993: 1184).

Por fim, podemos concluir que é um equivoco afirmar que o Governo (e) abrange a dinâmica do exercício do poder no âmbito Executivo. Primeiro, porque o governo hoje, não mais se limita ao conjunto de pessoas que o regem, compondo neste grupo atores que ocupam cargos institucionais (eleitos ou não), e atores e/ou grupos capazes de influenciar os atores institucionalizados, na administração da coisa pública em todos os seus órgãos, ou seja, o Poder estatal é disputado por uma grande gama de interesses. Segundo porque, sendo o Governo composto por diversos poderes, o poder Executivo é apenas um dos três poderes, e é apenas em diálogo com os Poderes Legislativo e Judiciário que o Poder estatal pode ser verificado em sua integralidade.

Referência bibliográfica:

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

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