Godofredo estava participando de uma partida de futebol quando fraturou uma costela, vindo a necessitar de uma intervenção cirúrgica, realizada em hospital Viver Melhor. Dois anos após a realização da cirurgia, Godofredo ainda sofria com muitas dores no local, o que o impossibilitava de exercer sua profissão como motorista. Descobre, então, que a equipe médica havia esquecido uma pinça cirúrgica dentro do seu corpo. Realizada nova cirurgia no mesmo hospital, o problema foi resolvido.
Em razão de ter ocorrido nova cirurgia que solucionou o problema, não haveria necessidade de requerer obrigação de fazer, tampouco urgência para tutela de urgência.
Entretanto, seria adequada propositura de ação de reparação de danos morais e materiais, sendo estes últimos no tocante aos danos emergentes (o que foi gasto com tratamento) e lucros cessantes (o que deixou de ganhar, por não conseguir exercer seu ofício de motorista). Segue passo a passo:
1) A ação deve ser dirigida à vara cível da comarca do domicílio do autor (art. 101, I, do CDC).
2) Deve constar qualificação do autor, nos termos do art. 319, II, do CPC:
"Art. 319, do CPC [...]
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;"
3) Nome da ação (reparação por danos materiais e morais);
4) Qualificação do réu, com mesmos requisitos da parte autora. O réu deve ser o Hospital Viva Bem, em litisconsórcio com o médico. Na prática jurídica, costuma ser proposta em face da empresa quando há relação de consumo, pois atrai a responsabilidade objetiva, que independe de culpa (art. 14, caput e §4º, do CDC):
"Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 4° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada mediante a verificação de culpa"
5) Realizar exposição dos fatos, que devem ser logicamente organizados para atingir a conclusão e os pedidos;
6) Do Direito:
- Relação de consumo (arts. 1º e 2º do CDC);
- Dever de indenizar (art. 927, do CC e art. 6º, VI);
- Ocorrência de danos materiais, nos termos comprovados, em relação ao tratamento e aos dias que ficou impossibilitado de exercer a profissão (danos emergentes e lucros cessantes, portanto);
- Ocorrência de danos morais, em razão de ferimento de direitos da personalidade, como direito ao corpo, à integrida física, psíquica, dentre outros (larga jurisprudência a respeito, dando de R$ 30 mil a R$ 100 mil).
- Eventual cumulação em razão de danos estéticos (Súmula 387 do STJ)
7) Pedidos:
- Gratuidade de justiça, na forma do art. 98, do CPC (se for o caso)
- Citação do réu, sob pena de revelia;
- Condenação ao pagamento dos valores gastos com tratamento;
- Condenação ao pagamento de valores referentes a lucros cessantes;
- Condenação ao pagamento a título de danos morais, no montante de R$ 100.000,00
8) Protesto pela produção de todas as provas em direito admitidas;
9) Termos em que pede deferimento.
10) Data
11) Assinatura.
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