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A aplicação da Lei da Ficha Limpa possui grande relevância social, pois interfere na vida e na decisão de inúmeros políticos e eleitores, respectivamente. Bastante aclamada pela população, a lei desperta divergências quanto à sua constitucionalidade.
Diz o texto da Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 5.°, inciso LVII: "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória". A presunção da inocência, apesar de ser alvo de críticas, sendo encarada como símbolo de impunidade ou ineficácia, pode ser considerada como uma garantia irrefutável para o cidadão. Ela salvaguarda o direito de o acusado de ato ilícito ser tratado de forma digna, até que se solidifiquem todas as acusações, pois até que as mesmas não sejam concluídas, existe a possibilidade e probabilidade de se provar a inocência.
Neste sentido, ao invés de a “Lei da Ficha Limpa” representar um avanço para a democracia e cidadania brasileiras, quando se contrapôs aos princípios constitucionais, o que ela fez infelizmente foi representar um retrocesso. Se o texto da lei tornasse apenas inelegíveis aqueles candidatos cujo processo fora julgado definitivamente, aí sim, ela estaria de acordo com a Constituição Federal.
http://jus.com.br/artigos/26244/lei-complementar-n-135-2010-lei-da-ficha-limpa-violacao-de-principios-constitucionais
Os ministros do Supremo Tribunal Federal ao julgarem as Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs 29 e 30) e da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4578) que questionavam a constitucionalidade da lei da Ficha Limpa, por maioria de votos, entendeu pela constitucionalidade da lei.
No entendimento da maioria dos ministros do STF, a Lei da Ficha Limpa não impõe uma pena, mas sim um requisito de elegibilidade que deve ser observado no momento do registro da candidatura do aspirante a cargo político. Do ponto de vista do STF, não há que se falar em presunção de inocência, mas sim de condição de elegibilidade.
Assim, paralelamente, ao lado das imposições elencadas no art. 14 §3º da Carta da República como nacionalidade brasileira, ser alfabetizado e outros requisitos, o legislador criou mais uma: não ter sido condenado, pelos delitos apontados na lei, por órgão colegiado, através da Lei Complementar 135/2010.
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