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Qual a análise do regionalismo de Guimarães Rosa a partir da leitura do conto da "terceira margem do rio".

💡 4 Respostas

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Aline Bonas

Olá, Vanice!! Tudo bem? Li e estudei esse conto há um tempo. É um conto fabuloso, porém que requer esforço e atenção para dele se extaírem os sentidos. Posso te dizer que, no que se refere ao regionalismo presente na obra de Guimarães Rosa, ele se diferencia por trazer um elemento geográfico muito conhecido, estudado e repleto de misticismo, que é o rio, de uma forma que reflete a relação da natureza com o ser humano. Essa relação, nas obras de Guimarães Rosa, é sempre profunda, com os elementos naturais refletindo as angústias do homem de uma forma bastante filosófica. No caso desse conto, a terceira margem daquele rio presente em toda a história é um lugar de isolamento e de renúncia para o pai do narrador, e, por não existirem realmente rios com três margens, torna-se uma metáfora muito bem pensada da forma como o ser humano pode recriar a natureza de acordo com suas vivências, necessidades e sentimentos. 

Espero ter ajudado de alguma forma!

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Andre Smaira

Qual a análise do regionalismo de Guimarães Rosa a partir da leitura do conto da "terceira margem do rio".


A terceira margem do rio, da obra Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, é narrado em primeira pessoa e é o mais famoso conto do autor. O autor traz em seu conto uma intertextualidade com questões religiosas, como Noé.


O decorrer do tempo do conto é cronológico e contém um longo período, além de demonstrar toda a vida do narrador. Por outro lado, a intensidade com que as impressões e o amadurecimento do narrador são trabalhados dão mais enfoque ao tempo psicológico. 

Continuando com a estruturação do conto, percebe-se que o espaço é delimitado pela presença objetiva do rio, a qual é caracterizada pela paisagem ruralista. Desse espaço, surgem magia e transcendentalismo aos olhos dos leitores, no ir e vir do rio e da vida. Com relação aos personagens, na história é demonstrado os seguintes: filho (narrador-personagem), pai (Barbudo, de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol e dos pelos, com aspecto de bicho, conforme quase nu, mesmo dispondo das peças de roupas que a gente de tempos em tempo fornecia”), mãe, irmã, irmão, tio (irmão da mãe), mestre, Padre, dois soldados e jornalistas. Tais personagens que não possuíam nomes, acabam se apresentando como tipos sociais, por suas funções na história. Em relação aos pais temos duas distinções: o pai e sua tendência ao isolamento, quieto e, a mãe que sempre fora a responsável pelo comando prático da família.

O filho e narrador não foi aceito na infância para companheiro do pai no seu desafio. Quando mais velho, acha não estar preparado para ir rumo ao desconhecido. 

Toda essa estranha história vem vazada no já comentado estilo típico de Guimarães Rosa. Outro fator que é bastante marcante é a oralidade, a qual é reproduzida na fala do narrador. Junto a isso, existe uma conexão de frases lentas durante o conto que causam certa estranheza nos leitores, além da repetição que, de certa forma, é algo comumente ao autor.

Existem alguns neologismos presentes como “diluso” e “trouxa” ,no sentido de comida e roupas, típico no falar dos boiadeiros; além de outras palavras pouco comuns: encalcou, entestou, dentre outras.

O texto possui figuras de linguagem que reforçam o lado poético do conto como exemplificam a gradação "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!", a antítese "perto e longe de sua família dele", além do próprio caráter metafórico do rio.

O conto tem como temática a loucura desde o título. A terceira margem é aquilo que não se vê, que não se toca, que não se conhece. O pai, ao ir à procura da terceira margem do rio, busca o desconhecido dentro de si mesmo; o isolamento é a única maneira encontrada para procurar entender os mistérios da alma, o incompreensível da vida.  O rio sempre teve destaque na imaginação do autor e, um dos aspectos mais importantes foi que o narrador, quando criança, gostaria de se aventurar com o pai, o que não foi possível pelas as negativas do mesmo.

Adulto, perguntou-se o porquê da busca do pai e, chegando-se à margem do rio, diz que quer substituí-lo. É o único momento em que o velho se manifesta, indo em direção à margem. No entanto, o narrador fica com medo da imagem do pai, que parecia vir do outro mundo. Foge. Por isso, torna-se a única personagem fracassada, pois não foi capaz de transcender, de realizar seu salto. 

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Andre Smaira

A terceira margem do rio, da obra Primeiras estórias, de Guimarães Rosa, é narrado em primeira pessoa e é o mais famoso conto do autor. O autor traz em seu conto uma intertextualidade com questões religiosas, como Noé.


O decorrer do tempo do conto é cronológico e contém um longo período, além de demonstrar toda a vida do narrador. Por outro lado, a intensidade com que as impressões e o amadurecimento do narrador são trabalhados dão mais enfoque ao tempo psicológico. 

Continuando com a estruturação do conto, percebe-se que o espaço é delimitado pela presença objetiva do rio, a qual é caracterizada pela paisagem ruralista. Desse espaço, surgem magia e transcendentalismo aos olhos dos leitores, no ir e vir do rio e da vida. Com relação aos personagens, na história é demonstrado os seguintes: filho (narrador-personagem), pai (Barbudo, de unhas grandes, mal e magro, ficado preto de sol e dos pelos, com aspecto de bicho, conforme quase nu, mesmo dispondo das peças de roupas que a gente de tempos em tempo fornecia”), mãe, irmã, irmão, tio (irmão da mãe), mestre, Padre, dois soldados e jornalistas. Tais personagens que não possuíam nomes, acabam se apresentando como tipos sociais, por suas funções na história. Em relação aos pais temos duas distinções: o pai e sua tendência ao isolamento, quieto e, a mãe que sempre fora a responsável pelo comando prático da família.

O filho e narrador não foi aceito na infância para companheiro do pai no seu desafio. Quando mais velho, acha não estar preparado para ir rumo ao desconhecido. 

Toda essa estranha história vem vazada no já comentado estilo típico de Guimarães Rosa. Outro fator que é bastante marcante é a oralidade, a qual é reproduzida na fala do narrador. Junto a isso, existe uma conexão de frases lentas durante o conto que causam certa estranheza nos leitores, além da repetição que, de certa forma, é algo comumente ao autor.

Existem alguns neologismos presentes como “diluso” e “trouxa” ,no sentido de comida e roupas, típico no falar dos boiadeiros; além de outras palavras pouco comuns: encalcou, entestou, dentre outras.

O texto possui figuras de linguagem que reforçam o lado poético do conto como exemplificam a gradação "Cê vai, ocê fique, você nunca volte!", a antítese "perto e longe de sua família dele", além do próprio caráter metafórico do rio.

O conto tem como temática a loucura desde o título. A terceira margem é aquilo que não se vê, que não se toca, que não se conhece. O pai, ao ir à procura da terceira margem do rio, busca o desconhecido dentro de si mesmo; o isolamento é a única maneira encontrada para procurar entender os mistérios da alma, o incompreensível da vida.  O rio sempre teve destaque na imaginação do autor e, um dos aspectos mais importantes foi que o narrador, quando criança, gostaria de se aventurar com o pai, o que não foi possível pelas as negativas do mesmo.

Adulto, perguntou-se o porquê da busca do pai e, chegando-se à margem do rio, diz que quer substituí-lo. É o único momento em que o velho se manifesta, indo em direção à margem. No entanto, o narrador fica com medo da imagem do pai, que parecia vir do outro mundo. Foge. Por isso, torna-se a única personagem fracassada, pois não foi capaz de transcender, de realizar seu salto. 

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