tudo sobre prescição e decadencia
A prescrição é a perda de pretensão (art. 189 Código Civil) da reparação do direito violado por inércia do titular do direito no prazo legal, afinal de contas, “o direito não socorre aos que dormem”. Aqui, a obrigação jurídica se transforma em obrigação natural, ou seja, não é mais exigível mas pode ser cumprida espontaneamente. Para que você não errar, basta saber que sempre irá se referir a um direito subjetivo (direito de crédito), como a cobrança de uma dívida.
Originado do direito germânico (anspruch, que em tradução livre significa reinvindicação), é o poder de exigir de outrem, de maneira coercitiva, o cumprimento de um dever jurídico.
Se analisarmos o art. 190 do Código Civil, veremos a seguinte redação: “A exceção prescreve no mesmo prazo em que a pretensão”. O que seria essa exceção? Simples! A exceção nada mais é do que a “defesa” que, obviamente, deverá ter o mesmo prazo do “ataque” – é o caso da contestação ou da reconvenção, agora proposta dentro da contestação.
Além disso, saber quais são os prazos prescricionais é muito fácil. Basta ler os arts. 205 e 206 do Código Civil. Todos os prazos prescricionais estão, exclusivamente, lá. Então, se o prazo estiver em qualquer outro artigo, você já sabe que se trata de um prazo decadencial!
No entanto, algumas pretensões são imprescritíveis! Isso porque tratam, por exemplo, dos direitos da personalidade (direito à vida, honra, liberdade, integridade física ou moral, imagem, nome, obras literárias, artísticas ou científicas); do estado das pessoas (estado de filiação, qualidade de cidadania, condição conjugal); de exercício facultativo, onde não existe direito violado; pretensões que são referentes a bens públicos; ou que tratam do direito de propriedade, no caso da ação reivindicatória.
Também não corre prescrição, de acordo com o art. 197 do Código Civil, entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal; entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar; e entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores enquanto durar a tutela ou a curatela. Isso se deve por tratar, em todos os casos listados, de laços de confiança, amizade e afeição existente entre as partes.
Por força de lei, insculpida no art. 198 do Código Civil, não correrá prescrição contra o menor de 16 anos; contra os ausentes do País em serviço público da União, Estado ou dos Municípios; ou de agente que esteja a serviço das Forças Armadas, em tempo de guerra.
Vale citar também a prescrição intercorrente, que merece um texto exclusivo para ela. Ocorre quando há a suspensão do processo de execução nos casos em que o executado não possua bens penhoráveis, conforme o art. 921, III, do CPC. Nessa hipótese, o juiz suspenderá a execução pelo prazo de um ano, suspendendo também a pretensão, conforme inteligência do § 1º do mesmo artigo.
Daí, se esse prazo de um ano transcorrer e não houver manifestação do exequente, se iniciará o prazo da prescrição intercorrente. O Novo CPCacertou na previsão, sobretudo dispondo no art. 924, V, que a execução poderá ser extinta quando ocorrer a prescrição intercorrente. Se trata de uma novidade legal, porém é um conceito antigo da doutrina.
Já a decadência é a perda de um direito potestativo pela inércia de seu titular. Pode resultar da lei, do testamento e do contrato.
É aquele que se contrapões a um estado de sujeição, acurralando a parte. Aqui, não há qualquer saída a outra parte senão aceitar. É o típico caso do empregador, que pode demitir o empregado sem que esse tenha o que fazer, a não ser se conformar (claro, existem exceções legais, como nos casos de estabilidade); ou o caso do direito do dono de um imóvel que não tenha saída para uma via pública (imóvel encravado) de constranger, como apregoa o art. 1.285 do Código Civil, o dono do imóvel dominante a lhe dar passagem.
Ação condenatória (por exemplo, ação de cobrança ou ação de reparação de danos): prazo prescricional;
Ação constitutiva – positiva ou negativa (por exemplo, a ação anulatória, com prazo previsto no art. 178 do Código Civil): prazo decadencial;
Ação declaratória: não prescreve e nem decai – é imprescritível!
Vale a pena falarmos sobre a preclusão e a perempção. Diferente da prescrição e decadência, aqui estamos falando de situações temporais processuais, ou seja, de aspectos temporais que ocorrem dentro de uma relação processual.
A preclusão é a perda de uma faculdade processual. Ela pode ser lógica, temporal, consumativa ou pro judicato.
A lógica é aquela onde há a prática de outro ato incompatível com aquele que se poderia praticar. É o caso onde a parte aceita, de forma expressa ou tácita, determinada decisão e posteriormente interpõe recurso que ataca a decisão.
A consumativa ocorre quando se pratica o ato, sendo impossível praticá-lo novamente, por exemplo quando o réu apresenta sua contestação e, dias depois, tenta apresentar nova contestação com outros fatos.
A temporal acontece quando há o transcurso do prazo sem a prática do ato, como quando não se interpõe um recurso no prazo legal.
Por último, a preclusão pro judicato é aquela não aplicável às partes, mas sim ao magistrado. Disposta no art. 505 do CPC, dispõe que o juiz não poderá decidir novamente as questões já decididas na lide, salvo as exceções dispostas.
Já a perempção é a perda do direito de ação pelo autor contumaz, que deu causa a 3 arquivamentos sucessivos, conforme art. 486, § 3º CPC.
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