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; Teoria Geral do Direito PRIMEIRO SEM�TRE DE 2023 INSTRUTOR: Renata Possi Magane no_reply@example.com Polissemia do termo direito ● Polissemia: Vários sentidos na língua portuguesa ● seus sentidos vão desde o sentido de algo como reto , até o objeto da ciência do direito ● Parece impossível, bem como dispensável, uma definição lexical do termo direito, caberia a nós uma redefinição ou estipulação (sendo esta vaga para com os usos habituais) ● O entendimento da polissemia do termo direito demonstra como os vários significados podem ser utilizados, propiciando um bom emprego de seu conceito e demonstrando a amplitude de seu sentido Ciência Natural X Ciência do Direito Enfoque informativo. Ex: utiliza a linguagem para descrever certo estado das coisas. Por exemplo, “esta mesa está quebrada” Enfoque Diretivo: quando a língua é utilizada para dirigir o comportamento de alguém, induzindo-o a adotar uma ação. Por exemplo, “conserte a mesa”. Fenômenos naturais Fenômenos jurídico-normativos Definições lexicais. A definição é superada porque se tornou falsa Redefinições. a ciência jurídica não apenas informa, mas também conforma o fenômeno que estuda, faz parte dele.No caso do jurista, porque deixou 1 mailto:renata.magane@direitosbc.br de ser atuante. Plano do “ser” plano do “dever ser” independem da vontade humana dependem da vontade humana CIÊNCIA DO DIREITO x DIREITO Coincidir com a realidade incidir na realidade metodologia científica que visa explicar o que o direito é (proposições descritivas) conjunto de normas de caráter impositivo e coercitivo teoria pura do direito (afastamento de outras áreas do conhecimento) Direito como resultado de disputas políticas, afirmações de valores e consequência do convívio em sociedade. Não podendo ser afastado da esfera política e moral proposições descritivas- plano do ser descrever as normas com auxílio de enunciados fatuais prescrições normativas- plano do dever ser Zetética X Dogmática: parte de uma interrogação, está preocupado com um problema especulativo, de questionamento global e progressivamente infinito das premissas. parte de uma solução já dada e pressuposta, está preocupado com um problema de ação, de como agir. 2 aspecto pergunta aspecto resposta têm uma função especulativa explícita e são infinitas têm uma função diretiva explícita e são finitas o que é uma coisa possibilitar uma decisão e orientar a ação. por ex: Deus na filosofia. pode pôr em dúvida sua existência, pode questionar até mesmo as premissas da investigação, perguntando-se inclusive se a questão sobre Deus tem algum sentido. Nesses termos, seu questionamento é infinito, pois até admite uma questão sobre a própria questão. a Filosofia se revela como um saber especulativo, sem compromissos imediatos com a ação Deus na Teologia. parte da existência de Deus como uma premissa inatacável. E se for uma teologia cristã, parte da Bíblia como fonte que não pode ser desprezada. Seu questionamento é, pois, finito com a Teologia, que tem de estar voltada para a orientação da ação nos problemas humanos em relação a Deus. função informativa da linguagem. função informativa e diretiva da linguagem. —> DIREITO NATURAL ● o direito é baseado em princípios morais e éticos superiores, que devem ser aplicados universalmente. ● existência de princípios e valores universais que devem ser a base do sistema jurídico ● Independe da vontade do homem ● Determina o direito positivo ● o direito à vida, à liberdade, à reprodução e corresponde à ideia de justiça. —> DIREITO POSITIVO 3 ● As leis e normas são consideradas como fontes primárias do direito e são aplicadas aos casos específicos. ● Dependem da vontade humana ● Dotadas de sanação- constituição, leis e decretos —> DIREITO POSITIVO X DIREITO NATURAL ● o Direito Natural é considerado como sendo superior ao Direito Positivo ● Enquanto o Direito Positivo é baseado nas leis criadas pelo Estado, o Direito Natural é considerado como sendo um conjunto de valores universais que devem ser seguidos, independentemente das leis positivas ● O Direito Positivo é geralmente mais flexível e adaptável do que o Direito Natural. As leis e normas criadas pelo Direito Positivo podem ser atualizadas e mudadas conforme as necessidades da sociedade e da política, enquanto o Direito Natural é considerado como sendo imutável e atemporal. Zetética Jurídica: A investigação zetética tem sua característica principal na abertura constante para o questionamento dos objetos em todas as direções (questões infinitas), levando ao descompromissamento com a solução de conflitos torna a investigação infinita, liberando-a para a especulação. Do ângulo zetético, o fenômeno comporta pesquisas de ordem sociológica, política, econômica, filosófica, histórica etc. Nessa perspectiva, o investigador preocupa-se em ampliar as dimensões do fenômeno, estudando-o em profundidade, sem limitar-se a soluções práticas (ação). 4 Dogmática Jurídica Possui como característica principal a inegabilidade do ponto de partida, ao contrário da zetética, gerando questões finitas e focando na ação prática, não na pergunta, consistr Por exemplo, a questão de Deus na Teologia. —> DOGMÁTICA ANALÍTICA ● Tem como principal objetivo: a identificação do que é Direito ● Por meio dela, o jurista tem conhecimento da norma, para aplica-la ● Jurista sistematiza a compreensão, com a finalidade de ver a norma ser aplicada no caso concreto, evitando possíveis erros —> DOGMÁTICA HERMENÊUTICA ● se concentra na interpretação das normas jurídicas, visando fornecer aos operadores do Direito um conjunto de princípios e regras que possam ser aplicados na interpretação coerente e consistente do sistema jurídico. ● métodos hermenêuticos da interpretação: gramatical, lógico sistemático, histórico, sociológico, evolutivo, teleológico e axiológico —> DOGMÁTICA DA DECISÃO JURÍDICA ● se concentra na análise do processo de tomada de decisão dos juízes e tribunais. Ela busca entender como os juízes aplicam os princípios e regras do Direito para solucionar casos concretos, identificando os fatores que influenciam a decisão dos juízes e analisando os mecanismos de controle das decisões judiciais. ● dimensão pragmática ou empírica do discurso jurídico Abordagem Teórica Teoria descritiva: procura descrever e explicar o Direito tal como ele é e funciona Teoria normativa: procura avaliar e prescrever o Direito tal como ele deveria ser para corresponder a algum propósito 5 Teoria interpretativa: procura interpretar o Direito que é à luz de como ele deveria ser, tornando-o o melhor possível Teoria crítica: procura identificar aspectos em que o Direito oculta, legitima e reproduz formas de injustiça e opressão ➢ VISÃO OBJETIVISTA ● Se concentra nas características e princípios objetivos da lei e do sistema jurídico, independentemente das opiniões pessoais ou subjetivas dos indivíduos envolvidos. ● A lei é vista como um conjunto de regras e princípios que podem ser descobertos e entendidos por meio da análise racional e da observação dos fatos. ● O papel do jurista é interpretar e aplicar as leis objetivamente, sem deixar que suas próprias preferências ou preconceitos influenciam seu trabalho. ● Enfatiza a importância da precisão e consistência na interpretação da lei ● Sustenta a existência de verdades objetivas na moral ● Fundamenta toda a tradição jusnaturalista ● Platão, até as contribuições teóricas de Kant ➢ VISÃO SUBJETIVISTA ● Se concentra nas experiências e opiniões pessoais dos indivíduos envolvidos na criação e aplicação da lei. ● O Direito é um produto da sociedade e das relações humanas, e não uma realidade objetiva e independente da vontade das pessoas que o criam ou aplicam. ● Os juristas são vistos como intérpretes e criadores da lei, que devem levar em conta as perspectivas dos envolvidos em um caso específico para aplicar a lei de forma justa e equitativa. ➢ VISÃO INTERSUBJETIVISTA ● Mistura dos dois 6 ● se concentranas interações entre os indivíduos e grupos envolvidos na criação e aplicação das normas jurídicas. ● Enfatiza que o direito é um produto das relações sociais e da comunicação entre as pessoas, e não apenas das características objetivas da lei ou das opiniões pessoais dos indivíduos. ● Cujas estruturas condicionam e precedem o conhecimento, por meio da linguagem onde habita o comum partilhável em cada comunidade e que antecipa qualquer constituição do sujeito no processo interpretativo Common Law x Civil Law origem anglo-saxônica origem romano germânica Inglaterra, Eua, entre outros países colonizados pela Inglaterra Em sua maioria Europeus e latino-americanos prevalência da jurisprudência sistema científico e com prevalência da lei sendo a jurisprudência uma mera ferramenta FONTES MATERIAIS ● De onde vem o direito? ○ Investigação zetética - Apontam a origem cultural, da causa do direito/produzem - Relações sociais: interações entre indivíduos ou grupos→ debate de ideias/interesses→ conflitos→ solução de conflitos→ ocasiona direito - “O direito é o conjunto de regras que regula a vida em sociedade” - Influência/Temas para discussão - relações morais: religião, fatos naturais, demográficos, políticos, etc. - valores (o que a sociedade preza): ordem, segurança, liberdade, paz social, justiça, etc. 7 FONTES FORMAIS ● Como ele se manifesta? ○ dogmática do direito (perspectiva positivista) ■ Comunicam a sociedade sobre a norma jurídica ■ Cada ordenamento jurídico tem sua própria fonte ■ Dispositivos juridicamente válido ● Quem?: autoridade competente ● Como?: procedimento/ criação ■ Imediata/primária: A LEI→ Dela nascem : ● Direitos ● Deveres ● Obrigações ● Sanções ● Crimes/não crimes ■ Mediata/secundária: Art.4 da LINDB ● Jurisprudência (conjunto de decisões judiciais) ● Doutrinas (conjunto coerente de ideias fundamentais a serem transmitidas e ensinadas) ● Analogia (relação de semelhança entre duas ou mais entidades distintas) ● Costumes (ações tidas como regras sociais a partir do repetitivo processo de suas práticas)→ consciência de obrigatoriedade ○ Praeter legem: aplicado de forma supletiva à lei ○ Secundum legem: decorre da lei ○ Contra legem: se opõe a lei 8 ● Súmula Vinculante 25 ○ 1) De acordo com a súmula vinculante 25, aplicada pelo STF, a prisão civil do depositário infiel foi considerada ilegal. Os ministros decidiram por conceder habeas corpus a um depositário infiel, ao entenderem que, nesse caso, os tratados internacionais de Direitos Humanos reconhecidos pelo Brasil, como o Pacto de São José da Costa Rica, são hierarquicamente superiores às normas infraconstitucionais. Entretanto, também ficou em evidência que diante da supremacia da CF/1988 sobre os atos normativos internacionais, a previsão constitucional da prisão civil do depositário infiel (art. 5o, LXVII) não foi revogada, apenas deixou de ter aplicabilidade nesse caso, diante do efeito paralisante do tratado internacional sobre as leis infraconstitucionais que dizem respeito à matéria. 1) O que são fontes do direito? Diferencie as fontes materiais das fontes formais do direito, apontando qual a classificação e natureza jurídica das normas internacionais no sistema normativo brasileiro. (5,0) R- As fontes do Direito podem ser tanto de onde surge o direito quanto como ele se manifesta. No primeiro caso, chamamos de Fonte material, são todos aqueles fatores que criam o direito dando origem aos dispositivos válidos, logo, são todas as autoridades, pessoas, grupos, relações sociais e valores que influenciam a criação do Direito em dada sociedade. Já na segunda afirmativa, refere-se às Fontes Formais, estas indicam os “lugares” onde podemos encontrar os dispositivos jurídicos, sendo elas responsáveis por darem forma ao direito, podendo ser estas Diretas escritas (CF, leis infraconstitucionais, etc,), ou não escritas 9 (costumes,princípios, etc.), como também Indiretas (doutrina, jurisprudência, súmulas vinculantes, etc.). Dessa forma, as normas internacionais são classificadas como Fontes Formais do Direito e possuem natureza normativa semelhante a de emenda constitucional no sistema normativo brasileiro. 2) O tema das fontes do direito se apresenta idêntico nos paradigmas filosóficos jusnaturalista, positivista e pós-positivista? Fundamente sua resposta. (5,0) R- O tema das Fontes Formais não se apresenta de forma idêntica dentre os paradigmas filosóficos. No paradigma jusnaturalista, por exemplo, há uma vinculação entre Direito e moral, desta forma, a validade de uma norma jurídica, assim como suas fontes, devem ser conformes aos princípios éticos universais e imutáveis, assim como uma lei-natural e um sistema moral pré-estabelecido. Já no Positivismo Jurídico, as Fontes do Direito e o direito em si, devem estar separados dos valores morais, tendo seu sentido de forma praticamente exclusiva no sistema legislativo vigente. Enquanto isso, no paradigma Pós-positivista, temos uma evolução na estrutura das Fontes do Direito, sendo adicionado ao nos ordenamentos jurídicos os princípios constitucionais e os direitos fundamentais do cidadão, dessa forma, mantendo parte do “legalismo” positivista e da aproximação com a justiça e moral do naturalismo. 3) Os atos negociais dos particulares integram as fontes do direito? Explique fundamentadamente. (5,0) R- Os atos negociais dos particulares podem integrar as fontes do Direito, sendo classificadas como Fontes Formais. São considerados assim, pois têm o poder de criar obrigações jurídicas, ou seja, normas entre as partes. 4) O que são costumes jurídicos? Eles são fontes do direito? Explique como os costumes jurídicos são reconhecidos no ordenamento jurídico e os seus limites de aplicação, diferenciando-os dos costumes sociais. (5,0) 10 R- Os costumes jurídicos são regras ou princípios não escritos, que se introduziram por sua prática reiterada na sociedade, porém, diferentemente dos costumes sociais, os jurídicos ganham forma normativa no ordenamento jurídico. Dessa forma, são eles considerados Fontes formais e não escritas do Direito. Ademais, Os costumes jurídicos podem ser aplicados de duas maneiras, a primeira como um complemento às normas do Direito escrito, sendo o caso do Costume Praeter e Secundum legem e como revogadores de normas escritas anteriormente, como o Costume Contra Legem, sendo este último o seu limite e não podendo ser aplicado no sistema jurídico brasileiro, por ser considerado inconstitucional. 5) As medidas provisórias e as súmulas vinculantes podem ser equiparadas às leis infraconstitucionais? Quanto às primeiras, quais são os seus limites materiais? Disserte a respeito do tema, fundamentando sua resposta. (5,0) R- Enquanto as medidas provisórias são normas com força de lei editadas pelo Presidente da República em casos de urgência e relevância, as súmulas vinculantes são decisões do STF que possuem efeito vinculante sobre os demais órgãos do Poder Judiciário e a administração pública, já as normas infraconstitucionais são elaboradas pelo Poder Legislativo (leis) ou pelo Poder Executivo (decretos, portarias, etc.) seguindo os trâmites previstos na legislação vigente . Ademais, as súmulas vinculantes e as medidas provisórias estão acima das normas infraconstitucionais na hierarquia das normas jurídicas no ordenamento brasileiro Ambas possuem limites materiais específicos em relação ao seu conteúdo e aplicação. Entretanto, as medidas provisórias têm como limite material a edição sobre matéria relativa a nacionalidade, cidadania, direitos políticos, partidos políticos, além de questões já previstas em Lei, visto que violaria a divisão dos 3 poderes. 6) As súmulas vinculantes apresentaram uma “hibridização” do sistema de civil law no ordenamento jurídico brasileiro? Podemos afirmar que há verdadeira adoção do sistema de precedentes no Brasil? Justifique sua resposta. (5,0) 11 R- É possível dizer que as súmulas vinculantes apresentamuma hibridização do sistema de civil law, tradicionalmente adotado pelo Brasil, e o sistema de precedentes da common Law, caracterizado pelo protagonismo dos juízes, visto que, as súmulas vinculantes trazem para o sistema d2a civil law uma maior participação dos tribunais, visto que esta é uma uniformização de jurisprudências estabelecidas pelo STF, com caráter constitucional, que obriga todo o Poder Judiciário e a Administração Pública a seguir o que fora determinado por esta. Essa abordagem se assemelha ao sistema de precedentes do common law, em que as decisões judiciais são consideradas fonte de direito e estabelecem jurisprudência a ser seguida pelos demais tribunais. Entretanto, há ainda importantes diferenças entre os dois complexos, por exemplo, o fato das súmulas vinculantes serem adotadas em casos específicos e limitados e o nosso Sistema Jurídico ainda ser principalmente baseado na legislação escrita, enquanto o sistema de precedentes é uma característica intrínseca no sistema da Common Law. 7) Disserte sobre as quatro principais diferenças entre as súmulas vinculantes adotadas no Brasil e os precedentes judiciais da common law. (5,0) R- Modo de aplicação: - Súmula: natureza e texto normativo e aplica-se de forma semelhante à legislação; 2- Alcance: encerra-se da mesma forma que um texto normativo, que passa a ter validade depois de sua publicação - Precedente: não possui uma formulação legislativa predefinida, o que impede que sua aplicação seja feita da mesma forma que a lei, sendo feita por analogia; 2- Alcance: precisam ser identificados com o caso decidido para se concluir qual regra jurídica formulada pelo tribunal será considerada precedente. - Quanto à teleologia, por conta das súmulas vinculantes conduzirem à perda da autonomia e da independência decisória 12 dos juízes, surgiu a doutrina dos precedentes, como um instrumento para proteção e resguardo da independência judicial. - Quanto ao âmbito de vinculação, as súmulas vinculantes são restritas e não admitem maiores interpretações enquanto os precedentes são mais flexíveis, permitindo dinamização do sistema jurídico. 8) Explique o que são os precedentes no sistema da common law, o que significa o princípio da “stare decisis” e qual a diferença entre os precedentes vinculantes e persuasivos. (5,0) R-Os precedentes da common law, são decisões do STF anteriores que servem como ponto de partida ou modelo para a decisão de novos casos semelhantes, não possuindo texto normativo pré-definido sendo sempre obrigatorio e vinculante. Enquanto, o princípio da "stare decisis" exige que os tribunais sigam as decisões anteriores para manter a coerência e a estabilidade do direito. Já os precedentes vinculantes são obrigatórios e devem ser seguidos pelos tribunais, enquanto os precedentes persuasivos têm força persuasiva, mas não são obrigatórios. 9) Disserte acerca das diversas acepções do conceito de “princípios no direito”, explicando cada uma delas. (5,0) R- Os princípios no direito possuem diversas acepções. Eles podem ser entendidos como Princípios gerais do direito, são responsáveis por fornecer base para a criação e integração das normas jurídicas, respaldados pelo ideal de justiça; Os princípios jurídicos epistemológicos, têm como objetivo dirigir e organizar o estudo de uma disciplina científica particular do direito e os Princípios 13 Constitucionais, sendo estes valores positivados como normas jurídicas na constituição. 10) A doutrina pode ser considerada fonte do direito? Explique e fundamente sua resposta. (5,0) R- A doutrina pode ser caracterizada como Fonte do direito, sendo classificada como Forte formal e indireta. Isso porque, por mais que não tenham força vinculante ou obrigatória, é uma fonte considerada interpretativa, onde pode-se encontrar as opiniões teóricas dos juristas que influenciam a aplicação do Direito. ● Justiça, Direito e Moral ○ Introdução: ■ O que é o Direito? Não há uma única resposta correta para essa pergunta (pressupõe antes definir qual perspectiva filosófica iremos adotar) ■ Tentativa, didática, de uma classificação ● Direito como ciência autônoma: forma autônoma desvinculada de outras áreas do conhecimento, levando em conta elementos centrais do universo estritamente jurídico, não adentrado na moral, sociologia, etc. Vai apenas extrair daquilo que pertence à própria estrutura do Direito. (positivismo) ● Direito vinculado à moral: (jusnaturalismo, pós-positivismo) ● Direito vinculado à sociologia: Fenômeno jurídico como um grande fenômeno da comunicação, relacionando-se com a sociedade 14 ● Direito vinculado à política: Esta presente em teorias que de alguma forma expressam a vista mais crítica do Direito, como uma denúncia (identificação daquilo que o Direito se torna instrumento de manutenção das desigualdades e não de emancipação) ○ Direito como fenômeno Moral ■ O conhecimento do direito reconhece a profunda relação dos fenômenos jurídicos com valores morais→ há no positivismo um corte entre os dois, mas os estudiosos reconhecem esta relação ■ Problema central: qual a natureza conceitual da relação entre direito e moral? ● Para conceituar o que é o direito eu preciso relacioná-lo com a moral? ● para Kelsen, por exemplo, é possível conceituar o direito sem levar em conta a moral ou a justiça ■ Principais correntes em torna da questão: Jusnaturalismo e positivismo jurídico ○ Possíveis abordagens sobre o conhecimento do Direito ■ Relação necessária (tese da vinculação)→ jusnaturalismo ■ Relação independente (tese da separação)→ positivismo jurídico ■ Relação Contingente (tese da complementariedade)→ pós positivismo e positivismo inclusivista ○ Direito natural vs. Direito positivo ■ O positivismo jurídico reconhece a discricionariedade judicial, pela insuficiência da ciência do Direito de descrever proposições universalmente aceitas quanto à aplicação do Direito. 15 Quarto Bimestre ● Interpretação sistema dinâmico ○ A interpretação das normas vai de um escalão superior para um inferior de normas Interpretação na teoria pura do direito ● Introdução: ○ Dupla perspectiva da dinâmica jurídica no ato de aplicação do direito: produção de uma norma do escalão inferior/execução de um ato de coerção estatuído na norma superior aplicanda. A interpretação é, portanto, uma operação mental que acompanha o processo da aplicação do Direito no seu progredir de um escalão superior para um escalão inferior.→ Sistema jurídico ● Interpretar: identificar o sentido e o alcance da norma (o que ela determina e quais situações ela regula) ○ a) autêntica: aplicador da norma (legislador e juiz) ○ b) não-autêntica: indivíduos e ciência do direito ○ Indeterminação das normas: não há um sentido ○ a) Intencional: aplicador deve continuar o processo ○ b) não-intencional: polissemia ou plurissignificação da linguagem→ Insuficiência dos métodos de interpretação tradicionais. ● Como a interpretação se relaciona com o sistema dinâmico ○ Como sistema dinâmico, interpretação acompanha o ato de aplicação de uma norma superior e a produção de uma norma inferior, seja o legislador aplicando a Constituição e produzindo a lei; o administrador aplicando a lei e produzindo o 16 regulamento; seja o juiz aplicando a lei, produzindo norma individual (decisões judiciais). ● Indeterminação das normas: ○ Intencional: o legislador deixa em aberto no texto normativo, intencionalmente, para que o aplicador norma continuasse o processo de determinação. Isso acontece, porque o legislador não tem conhecimento suficiente. ○ Não intencional (Hans KELSEN se preocupa com as normas não intencionais): decorre da linguagem da norma. A norma é vertida de uma linguagem natural que sofre polissemia ou plurissignificação da linguagem. O direito só não teria esse problema de polissemia, caso a norma fosse prescrita por uma linguagem simbólica. ● Os métodos hermenêuticos (interpretação literal, lógica, gramatical,sistemática, histórica) são incapazes de solucionar as normas não intencionais. - A teoria pura do direito só pode descrever proposições descritivas da norma sobre questões que são objetivas, universalmente válidas. - Kelsen não acredita em valores morais universais (moral relativista). - Ciência do direito não pode descrever prescrições universalmente válidas A interpretação como ato de vontade não é ciência do direito (problema de política jurídica), ele afirmou que essa interpretação, como ato de vontade, é discricionária. Mesmo que decisões contra legem, decisões que não embarcaram na moldura de sentidos, se tornam formalmente válidas. ● Fases da Interpretação: ○ ato de conhecimento: todos os sentidos semânticos da norma ○ ato de vontade: escolha de um dos sentidos para se aplicar ao caso 17 ● Ronald Dworkin: Crítico do Positivismo Jurídico e Teoria do Direito como Integridade ● I. Introdução ○ Ronald Dworkin: Filósofo e jurista norte-americano. ○ Crítico do positivismo jurídico, defendeu a teoria do direito como integridade. ● II. Fases do Pensamento Teórico ○ 1ª Fase (1966-1985): Crítica ao positivismo jurídico e utilitarismo. ○ 2ª Fase (1986-2000): Interpretativismo e igualdade de recursos. ○ 3ª Fase (2011): Unidade do valor. ● III. Reforma do Liberalismo ○ Modelo de regras I: "liberalismo igualitário" buscando conectar liberalismo e igualdade. ○ Crítica ao positivismo jurídico e utilitarismo por negligenciar a tese dos direitos. ○ Proposta de adesão limitada ao capitalismo e democracia majoritária (liberalismo reformado). ● IV. Crítica ao Positivismo Jurídico ○ Análise do positivismo de Hart como dominante no mundo anglo-saxão. ○ Refutação das três teses principais do positivismo: regras, teste de pedigree e discricionariedade. ● V. Diferença entre Regras e Princípios ○ Distinção entre regras (tudo ou nada) e princípios (com dimensão de peso). ○ Resolução de conflitos: regras exigem exceção ou exclusão, enquanto princípios prevalecem pelo peso. ● VI. Refutação das Teses Positivistas 18 ○ Argumento de que o direito vai além de regras explícitas, incluindo princípios como normas obrigatórias. ○ Identificação de princípios não baseados em fontes formais, desafiando o teste de pedigree. ○ Princípios resolvem a discricionariedade, favorecendo a tese da única resposta correta. ● VII. Princípios x Políticas ○ Distinção entre princípios (exigências de justiça) e políticas (metas desejáveis da comunidade). ● VIII. Interpretativismo e Direito como Integridade ○ O direito como prática argumentativa à luz do que deveria ser. ○ Método de interpretação conversacional e construtiva. ○ Teoria da única resposta correta para resolver casos difíceis, refutando ceticismo e pluralismo. Estudo do Ordenamento Jurídico: Antinomias Jurídicas. I. Contextualização e Definições Norberto Bobbio sobre a interdependência das normas jurídicas dentro de um ordenamento. Problemas decorrentes das relações das normas entre si. II. Três Espécies de Problemas Unidade: Hierarquia das normas. Coerência: Antinomias jurídicas. Completude: Lacunas no direito. III. Ordenamento Jurídico como Sistema 19 Sistema como totalidade ordenada e compatibilidade entre normas. Incompatibilidade entre normas no mesmo ordenamento é inaceitável (dever de coerência lógica). IV. Antinomias no Ordenamento Definição de antinomia: Normas incompatíveis no mesmo contexto jurídico. Condições necessárias para antinomia entre duas normas. V. Tipos de Antinomia Total-total, parcial-parcial e total-parcial. Antinomias solúveis (aparentes) e insolúveis (reais). VI. Critérios para Solução de Antinomias Aparentes Cronológico, hierárquico e de especialidade. Insuficiência dos critérios e antinomias insolúveis. VII. Conflito entre Critérios e Soluções Dilemas entre critérios hierárquicos, cronológicos e de especialidade. Discricionariedade judicial diante de antinomias insolúveis. 20 VIII. Conclusão sobre Solução de Antinomias Destaque para antinomias insolúveis e a necessidade de discricionariedade judicial. 21
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