Qual a diferença entre princípios constitucionais horizontais e verticais? Isso descaracteriza a autonomia do direito privado?
Boa noite Doutora Tayna.
antes de tudo, não seria EFICÁCIA HORIZONTAL E VERTICAL?
se for, a vertical tem haver com o aplicabilidade dos direitos fundamentais frente ao Estado. Isto é, a éficacia, o dever do estado de proporcionar os direito fundamentais para as pessoas. Em resumo a eficácia vertical é o dever do Estado para com as pessoas.
Já a eficácia horizontal.. é a aplicabilidade, o dever entre os agente privados. Isto é, não só o Estado tem o dever de garantir que os direitos fundamentais sejam respeitados, mas toda a sociedade.. todos os indivíduos. E a eficácia horizontal veio para isso.. para garantir que os direitos fundamentais sejam respeitados entre as pessoas, entre os agentes privados.
Doutrina e jurisprudência não falam em princípios constitucionais horizontais e verticais, mas em eficácia horizontal e vertical dos direitos fundamentais.
A eficácia vertical dos direitos fundamentais refere-se à aplicação desse direitos nas relações entre o Estado e os particulares. É a aplicação clássica dos direitos fundamentais que, em sua origem, buscavam limitar o exercício do poder do Estado.
A eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas é chamada de eficácia horizontal.
A eficácia horizontal pode ser indireta, quando se condiciona a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas à produção de leis infraconstitucionais, ou direta, quando esses direitos incidem independentemente de legislação infraconstitucional.
Os tribunais superiores já optaram pela aplicação direta em algumas ocasiões, como indica Bernardo Gonçalves:
“RE nº 158.215/RS. Nesse caso, julgado em 30/04/96, o STF considerou a expulsão de associados de uma cooperativa sem a observância do direito adequado de defesa e do devido processo legal como violações aos direitos fundamentais previstos constitucionalmente.
(...)
RR nº 122600-60.2009.5.04.0005. O caso julgado pelo TST envolveu regulamento de empresa em que o empregador, por meio de seu poder diretivo, proibia o namoro entre empregados, dentro e fora do local de trabalho. Dispensados os empregados que mantinham um relacionamento, a decisão do TST reconheceu a invalidade desse regulamento e, consequentemente, a arbitrariedade da dispensa, fixando danos morais para os empregados dispensados.” (Curso de Direito Constitucional. 9ª ed. pgs. 371-373)
A eficácia dos direitos fundamentais nas relações privadas (horizontal) de forma alguma descaracteriza a autonomia do direito privado. A autonomia não significa que o ramo do direito se basta, se fecha em si mesmo. A Constituição é o fundamento de toda ordem jurídica, o que inclui o direito privado que, portanto, deve observá-la.
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