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QUANDO A GESTÃO DO CONHECIMENTO INFLUENCIA NA LIDERANÇA PUBLICA

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Vanessa Elias Jacinto

A implantação da gestão do conhecimento no setor público deve partir, necessariamente, de uma auto-análise de seu acervo intelectual e da explicitação de seu conhecimento tácito. Deve ser precedido de plano estratégico global e da institucionalização das equipes.

Assim, a aplicabilidade, com resultados positivos, no setor público das metodologias da gestão do conhecimento desenvolvidas pela teoria das organizações e a economia das idéias, a partir das necessidades e especificidades do setor privado e, especialmente, voltadas para a agregação de valor econômico aos bens e serviços, está determinada pela competência e a inteligência (consciência reflexiva) dos gestores públicos e do seu capital humano de apropriar-se, criativamente, dessas informações e produzir novo e próprio conhecimento em gestão do conhecimento, formulando práticas que identifiquem e atendam as diferenças essenciais, os condicionantes, princípios, objetivos e metas estratégicas próprios do Estado e da Administração Pública.

Na administração pública, o objetivo não seria, por exemplo, a acumulação de riqueza e de capital intelectual, inclusive através de patentes, ou a maximização do lucro como ocorre no setor privado. Deve ser a maximização da cidadania, do bem estar social, da transparência de governos, do cumprimento dos compromissos políticos que estão na alma da democracia, da qualidade de vida das populações, bem como da eficácia na aplicação de recursos públicos.

A implantação da gestão do conhecimento no setor público, portanto, exige reflexão e a produção de metodologias específicas, voltadas para as suas necessidades. Deve ser encarada como política pública estratégica e de longo prazo que supera os limites temporais de governos e mesmo o desenho institucional estrito do Estado como ente político, assumindo, obrigatoriamente, os cidadão como foco, colaborador e partícipe dessa ação, na direção da democracia participativa. (21)

 

Para tanto, há diferenças essenciais a serem consideradas.

Uma delas é que o Estado e a Administração Pública só podem fazer aquilo para o que estão autorizados, constitucional e legalmente, enquanto o setor privado, ou o particular, pode fazer tudo o que não lhe é proibido.

Outra, é que o setor público subordina-se aos princípios da moralidade, impessoalidade, legalidade, economicidade, razoabilidade, publicidade, finalidade, motivação, eficiência e interesse público, enquanto o setor privado, especialmente o econômico/financeiro, é comandado pela busca da acumulação privada de riqueza e capital, competitividade, lucratividade e demais regras de mercados globais.

Em decorrência, no setor público o conhecimento, embora possa ser analogicamente descrito como capital intelectual ou humano, poderia ser encarado como patrimônio e bem públicos, aplicados e geridos visando a garantir a indisponibilidade do interesse público, e determinados pela lógica da relação política (e não econômica, comercial, de superior administrativo dos administrados, ou ainda como fornecedor de bens e serviços onde o cidadão é reduzido a consumidor) com o cidadão e voltada para a universalização do acesso aos serviços e ao conhecimento públicos, resultando em socialização ampla do saber e, ainda, evitando a sua apropriação privada ou a sua utilização prioritária como elemento para a criação de oportunidades de negócios para investidores privados.

Já no setor privado, o conhecimento é capital intelectual comandado pela lógica de mercado e das oportunidades de negócio, aplicado para agregar valor ao produto, serviço ou marca, aumentando a lucratividade, resultando em patentes, confidencialidade, etc.

 

O conhecimento como patrimônio público estratégico guarda relações determinantes com os planos de cargos, salários e carreiras do funcionalismo e é elemento essencial para a delimitação/definição de quais são as funções típicas de Estado e estruturais (capital humano) e aquelas que apenas são decorrentes das atividades conjunturais de governos.

Da mesma forma, e de maneira análoga à importância que os fornecedores e parceiros têm na gestão do conhecimento no setor privado, as políticas de compras de produtos e serviços, os contratos de parcerias e concessões, os acordos e convênios, devem estar relacionados com a aquisição/preservação do conhecimento e do capital intelectual das organizações públicas e, também, com a implantação de novos vínculos com as organizações parceiras.

 

Portanto, a gestão do conhecimento no setor público, para ter a mesma eficácia apresentada no setor privado, deve ser tratada como uma política pública estratégica e implantada de forma articulada e não como mais um modismo. Deve ganhar permeabilidade e permanência na estrutura do Estado e não se confunde com ação política de governo específico.

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