Buscar

a pesquisa deve ser estruturada em um

💡 1 Resposta

User badge image

: ) Henrique

Talvez lhe ajude, foi tirada do ebook da disponibilizado pela instituição que estudo

''Metodologia Científica

CAPÍTULO 3 - É NECESSÁRIO SUBMETER TODA PESQUISA À TÉCNICAS E NORMAS?''

3.1 Procedimentos e técnicas de pesquisa

Em ciências, encontramos estudiosos e pesquisadores interessados no campo da metodologia de pesquisa como campo específico de conhecimento. Os estudos produzidos no campo da metodologia científica a compreendem como uma disciplina de natureza instrumental para o cientista que visa à discussão problematizadora do problema de pesquisa, mediante o uso de métodos e técnicas. Os estudos distinguem, então, métodos de abordagem e métodos de procedimentos.

Consideradas as bases lógicas da investigação científica, Gil (2011) identifica os métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. Lakatos e Marconi (2017) classificam os métodos por sua inspiração filosófica e elevado grau de abstração. Além disso, apresentam como métodos de abordagem: método indutivo, método dedutivo, método hipotético-dedutivo e método dialético.

 

A classificação distintiva se refere aos denominados métodos de procedimentos vistos por Lakatos e Marconi (2017, p. 106) como “[...] etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos fenômenos e menos abstratas”. Para essas autoras, os métodos de procedimentos podem ser considerados históricos, comparativos, monográficos, estatísticos, tipológicos e estruturalistas. 

 

Eva Maria Lakatos era brasileira, filha de Imre Lakatos, renomado cientista húngaro e teórico da Filosofia da Matemática. Pós-Graduada em Ciências Sociais, Doutora em Filosofia, docente da Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Lakatos é uma renomada autora na área de Metodologia Científica, com reconhecida contribuição de conhecimento nesse campo de saber.

 

Nas palavras de Gil (2011), os métodos de procedimento podem ser entendidos como comparativos, monográficos, estatísticos, clínicos, experimentais e observacionais. O consenso entre os estudiosos da metodologia científica é que, em geral, a combinação de dois ou mais métodos se faz necessária no direcionamento da investigação científica.

E você, sabe o que caracteriza cada um desses procedimentos de pesquisa?

O método comparativo, de consolidada utilização nas ciências sociais, permite o estudo comparativo de comunidades, grupos sociais, sociedades e povos em diferentes espaço e tempo, com o intuito de investigar divergências e similaridades. O método comparativo pode ser empregado em pesquisa qualitativa e quantitativa, bem como em pesquisas descritivas e exploratórias. Segundo Gil (2011, p. 17), “[...] podem ser realizados estudos comparando diferentes culturas ou sistemas políticos [...] pesquisas envolvendo padrões de comportamento familiar ou religioso de épocas diferentes”.

O método experimental é usado com propriedade nas ciências naturais e visto com reservas nas ciências sociais. Ele se caracteriza pelo estudo do objeto em determinadas condições, controladas por meio de variáveis, visando observar alterações produzidas no objeto.

 

O método monográfico, por sua vez, caracteriza-se pelo estudo em profundidade de indivíduos, profissões, categorias de trabalhadores, condições (juventude, infância e dependentes químicos), instituições, grupos ou comunidades; com a intenção de formular generalizações representativas de outros casos ou, até mesmo, de todos os casos semelhantes.

 

Em “Educar pela Pesquisa”, Pedro Demo destaca a relevância da pesquisa para a formação do estudante nas educações básica e superior. Ele considera o ensino uma fonte de inspiração pela curiosidade em conhecer, saber, questionar o estabelecido com qualidade formal e política. Você pode ler o livro em: <https://www.scribd.com/document/325046958/DEMO-Pedro-Educar-pela-Pesquisa-pdf>.

 

Em contrapartida, o método estatístico é característico do uso de processos estatísticos para a comprovação da relação dos fenômenos entre si, com a finalidade de obter generalizações quanto a natureza, frequência ou significado. Para Lakatos e Marconi (2017, p. 108), “[...] a estatística pode ser considerada mais do que apenas um meio de descrição racional; é também um método de experimentação e prova, pois é método de análise”. Sua aplicação, portanto, é útil em pesquisas de abordagem quantitativa e qualitativa.

O método clínico é característico das pesquisas na área da Psicologia e Psicanálise, uma vez que trata de casos individuais e experiências subjetivas, sem expectativa de fazer generalizações totalizantes. Trabalhos como os de Freud, na Psicanálise; e de Piaget, na Epistemologia Genética, são exemplos clássicos de aplicação do método clínico.

Temos, também o método funcionalista, que, conforme Lakatos e Marconi (2017, p. 110), concebe a sociedade, de um lado, como uma “[...] estrutura complexa de grupos ou indivíduos, reunidos numa trama de ações e reações sociais; de outro, como um sistema de instituições correlacionadas entre si, agindo e reagindo umas em relação às outras”. Com base nos pressupostos do método funcionalista, o antropólogo Malinowski (1884-1942) desenvolveu o método etnográfico, consolidado no campo da pesquisa qualitativa. 

Desde a década de 1970, tomou impulso a prática de pesquisa qualitativa de natureza fenomenológica, por parte de antropólogos, sociólogos e pesquisadores na área da educação. A etnografia tem um sentido próprio: “[...] é a descrição de um sistema de significados culturais de um determinado grupo” (LUDKE; ANDRÉ, 2013, p. 14). Alguns pressupostos sobre o comportamento humano no método etnográfico são o contexto em que efetivamente ocorrem os atos humanos e o quadro referencial dentro do qual os indivíduos situam suas atividades, suas percepções e seus sentimentos.

Nas observações de Macêdo (2010, p. 33), foi, talvez, o antropólogo Malinowski o “[...] pioneiro na utilização do conceito de contexto, concebido como o conjunto de todos os elementos que formam uma cultura, tecido relacional e conjuntamente”.

Assim, a pesquisa etnográfica é de natureza fenomenológica, utilizada na Antropologia e, posteriormente, em outras áreas, permitindo a consolidação da pesquisa qualitativa nas ciências humanas e sociais. Vamos nos deter, agora, em explorar um pouco mais a pesquisa científica de abordagem qualitativa. 

3.1.1 Pesquisa qualitativa

A abordagem qualitativa da pesquisa científica tem origem nas práticas investigativas dos antropólogos. Entre as abordagens de enfoque qualitativo estão os estudos etnográficos, o estudo de campo, a etnometodologia, a observação participante, a entrevista qualitativa, o estudo de caso, a pesquisa participante e a pesquisa-ação.

 

Ludke e André (2013, p. 11) apresentam cinco características básicas de um estudo de abordagem qualitativa:

  • a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados, e o pesquisador como seu principal instrumento;
  • há farta descrição dos dados coletados, de situações, acontecimentos, uso de material fotográfico, desenhos, transcrições de depoimentos, conversas e entrevistas. Todos os dados da realidade são valorizados;
  • o interesse com o processo é maior do que com o produto. O problema é investigado em sua manifestação direta em atividades e interações cotidianas;
  • o significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador. Isso exige do pesquisador redobrado cuidado científico;
  • a tendência no processo de análise dos dados é seguir o método indutivo.

Para o pesquisador inexperiente, pode parecer que a pesquisa de campo é a mesma coisa que a coleta de dados. Contudo, vale fazermos a distinção entre esses procedimentos. A coleta de dados é uma etapa que ocorre em toda pesquisa e são inúmeros os meios para se fazer. Dito isso, esclarecemos que a pesquisa de campo, por outro lado, consiste na investigação de fatos e fenômenos na forma como ocorrem. Nesse caso, como em outras modalidades, o problema de pesquisa, os objetivos, o referencial teórico e o metodológico procuram o aprofundamento das questões de investigação, principalmente mediante o uso de técnicas de observação.

 

De acordo com a natureza da pesquisa, as técnicas para coleta de dados, de análise e interpretação deveram ser definidas. Na literatura, encontramos a pesquisa de campo dividida em três modalidades de estudos, as quais podemos entender melhor a partir do quadro a seguir.

Quadro 1 - Breve síntese demonstrativa das três modalidades representativas da pesquisa de campo. Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.

O emprego da pesquisa de campo em suas diferentes modalidades, por parte de pesquisadores nos campos da Sociologia, da Antropologia Cultural, da Educação e do Serviço Social, é amplamente aceito.

A etnometodologia se configura, também, em uma pesquisa de abordagem qualitativa, pois “[...] a importância teórica e epistemológica da etnometodologia se deve ao fato de efetuar uma ruptura radical com modos de pensamento da sociologia tradicional. Mais que teoria constituída, ela é uma perspectiva de pesquisa, uma nova postura intelectual” (COULON, 1995, p. 7).

Na etnometodologia, o processo de investigação científica se ocupa dos etnométodos, ou seja, das atividades cotidianas realizadas pelos indivíduos em seus lugares e contextos; atividades rotineiras como decisões, comunicações e escolhas; e atividades simples ou complexas, especializadas ou míticas. Isto é, ocupa-se das práticas sociais realizadas pelos indivíduos ou grupos em seus contextos de realização. A etnometodologia, então, afirma a importância dos etnométodos “[...] para que a análise das ações não se dê independentemente das práticas e dos contextos das atividades sociais que as produzem e as mantêm” (MACEDO, 2010, p. 73).

Trabalhar com etnométodos exige de um pesquisador acolher os universos empírico e simbólico em que os indivíduos culturalmente situados habitam, negociam sentidos e expõem suas singularidades. Isso requer disciplina, olhar atento e crítico na arte de observação, rigor metodológico e sólidos conhecimentos em seu campo de trabalho.

Passemos, então, a entender um pouco sobre a pesquisa-ação, uma metodologia de pesquisa na qual a compreensão dos etnométodos e das ações concretas realizadas pelos membros envolvidos na pesquisa é de fundamental relevância.

A pesquisa-ação é definida por Thiollent (2000, p. 23) “[...] como um tipo de pesquisa organizada de modo participativo, com a colaboração de pesquisadores e membros ou grupos implicados em determinada situação ou prática social”. Dessa forma, em colaboração, pesquisadores e indivíduos agem na identificação dos problemas de pesquisa, na busca por soluções e na análise de possíveis ações transformadoras.

A pesquisa-ação como metodologia das ciências sociais possui duas características principais: a conexão entre pesquisadores e membros implicados no contexto da pesquisa, além da ampliação do conhecimento dos pesquisadores e dos membros implicados na pesquisa em relação à situação ou prática social identificada como ponto de origem do problema de pesquisa.

No âmbito das pesquisas de concepção qualitativa, podemos destacar, também, a pesquisa participante. Essa é um tipo de pesquisa considerada flexível, sendo que permite uma adaptação a cada realidade investigada. A pesquisa participante almeja, de forma geral, dois objetivos, um de ordem prática e outro de ordem epistemológica. A esse respeito, Soares (2000, p. 44) esclarece a natureza desses objetivos, que seriam de 

[...] ordem prática cuja participação da sociedade é fundamental nos processos decisórios e de conhecimento para identificação de sistemas de valores das comunidades, e, socialização dos resultados dessa investigação, adicionando-lhes conhecimentos científicos pertinentes. 

Vale destacar um ponto, por vezes ruidoso, entre a pesquisa participante e a pesquisa-ação: essas correntes de investigação de abordagem qualitativa diferem em seus pressupostos, principalmente no papel assumido pelo pesquisador. Na pesquisa-ação, o pesquisador assume um papel ativo de intervenção na realidade dos fatos observados, o que não ocorre na pesquisa participante.

Além disso, temos, ainda, o estudo de caso, que pode servir para estudos de natureza tanto quantitativa quanto qualitativa. O estudo de caso se caracteriza pelo foco na interpretação do contexto, concebido na perspectiva dos elementos tecidos e cruzados das práticas cultural e social, na intenção de revelar aspectos ainda obscuros. Nos estudos de caso são utilizadas múltiplas fontes de informação e coleta de dados, no sentido de aprofundar a investigação e torná-la cada vez mais completa. Esse aprofundamento, portanto, favorece o surgimento de aspectos divergentes e conflitantes presentes no contexto investigado. 

 

O filme O Óleo de Lorenzo, de George Miller, é baseado em uma história real e conta o drama de uma família em busca da cura de uma doença rara para o filho pequeno. Na medicina, à época, eram poucos os estudos sobre essa doença. Os pais, então, resolvem estudar o caso em profundidade, pesquisando a bibliografia disponível sobre o tema, entrevistando médicos e cientistas, bem como reunindo outras famílias com o mesmo problema. Vale a pena assistir ao filme e entender melhor quanto ao tipo de pesquisa realizada pela família.

 

Ao esclarecer sobre o estudo de caso, Ludke e André (2013, p. 21) afirmam que sua principal característica é ser o estudo de uma instância singular, sendo “[...] o objeto estudado tratado como único, uma representação singular da realidade que é multidimensional e historicamente situada”.

 

Vistos alguns dos principais procedimentos de abordagem da pesquisa qualitativa, passaremos a estudar, a seguir, as técnicas adotadas nesses procedimentos. 

3.1.2 Técnicas de coleta de dados: observação e entrevista

Minayo et al. (1998) destacam a entrevista e a observação participante como formas de abordagem técnica do trabalho de abordagem qualitativa. Lakatos e Marconi (2017), por sua vez, relacionam diferentes tipos de observação e entrevistas.

 

A observação é o elemento básico da investigação científica, sendo considerado ponto de partida da pesquisa social. Conforme alerta Macêdo (2004, p. 151), o processo de observação não é um “[...] ato mecânico de registro. Apesar da especificidade da função do pesquisador que observa, ele está inserido num processo de interação e atribuição de sentidos”. 

Quadro 2 - Variantes procedimentais da técnica de observação científica, utilizadas nas pesquisas de abordagem qualitativa. Fonte: Adaptado de LAKATOS e MARCONI, 2017.

Lakatos e Marconi (2017) ainda identificam diferentes tipos de entrevistas.

Na entrevista padronizada ou estruturada, temos o plano de entrevista que estabelece o roteiro a ser seguido, quem será entrevistado, o local e a hora previamente acertados para sua realização. O padrão do roteiro da entrevista serve como instrumento comparativo para o pesquisador.

Na entrevista de tipo aberta ou não-estruturada, o pesquisador conduz livremente a entrevista de maneira informal, em um tipo de conversação ou mediante um roteiro de perguntas abertas.

A entrevista semiestruturada, por outro lado, combina características gerais dos tipos anteriores.

No tipo de entrevista denominada painel, as questões previamente elaboradas são apresentadas de forma repetida às mesmas pessoas em intervalos de tempo programados. Essa técnica oferece possibilidade de estudo comparativo.

Esses estudos, em suas variadas formas, têm como objetivo contribuir no avanço científico e na produção do conhecimento nas áreas, mediante a difusão científica por meio da publicação de livros, teses, dissertações, artigos científicos, promoção de eventos e periódicos científicos. Sendo assim, para compreendermos como se organizam as apresentações dos diferentes trabalhos acadêmicos e científicos, vamos analisar com detalhes as normas presentes nessas elaborações na sequência.

1
Dislike1

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais