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Quanto ao fenômeno do “hiato constitucional” teorizado por Ivo Dantas, especifique o que significam os seguintes fenômenos:

a)       Hiato constitucional ou revolução

b)       Momento constituinte democrático

c)       Mutação constitucional

d)       Hiato autoritário

e)       Reforma constitucional

💡 3 Respostas

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Gabrielle Farias

a) choque entre o conteúdo da Constituição Política e a realidade social ou realidade da sociedade.

b) 

c) letra do texto é mantida, mas altera-se o  entendimento dado a ela, altera-se a interpretação.

d) ocorre quando textos que buscam suprir o hiato constitucional, mas que por falta de legitimidade sucumbem abrindo espaço para o autoritarismo a exemplo o AI- 5, durante o Regime Militar.

e) meio do Poder Constituinte Reformador que utiliza-se de Emendas à Constituição.

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Especialistas PD

Os fenômenos em tela são muito bem explicados por Pedro Lenza. Vejamos.

“A expressão "hiato constitucional" se deve a Ivo Dantas, quando desenvolveu o tema em sua dissertação de mestrado defendida em 1976. Dantas analisa a relação entre o "direito legislado", a "Constituição política" e a "sociedade" ou "realidade social". O hiato constitucional, também chamado pelo autor de revolução, verifica-se quando há um choque (ou "divórcio") entre o conteúdo da Constituição política (uma das formas do direito legislado) e a realidade social ou sociedade. De acordo com o que define, a dinâmica constitucional (Garcia Pelayo) pode ser caracterizada como " ... a constante tentativa de adaptar o texto político às novas realidades-valores sociais, o que, quando inexistente, dará margem a Hiato Constitucional ou, se desejarem, Revolução ... ". Assim, a "revolução" deve ser encarada" ... como uma quebra do processo político e histórico normal da organização política". Tomando por base essa ideia, qual seja, que o hiato constitucional caracteriza verdadeira lacuna, intervalo, interrupção de continuidade, entendemos que vários fenômenos poderão ser verificados, destacando-se:

  • convocação da Assembleia Nacional Constituinte e elaboração de nova Constituição;
  • mutação constitucional;
  • reforma constitucional;
  • hiato autoritário.

 A partir da quebra do processo constitucional, vale dizer, diante da não correspondência entre o texto posto e a realidade social, poderá surgir espaço para o denominado "momento constituinte" democrático e, assim, diante da manifestação do poder constituinte originário, a elaboração de novo documento que encontre legitimidade social.

Ainda, diante da lacuna poderá também ser verificada a necessidade de mudança no sentido interpretativo da norma posta, ou seja, o instituto, já desenvolvido no item 3.1, da mutação constitucional, pelo qual a "letra fria" do texto é mantida, mas se atribui um novo sentido interpretativo, nos exatos termos da realidade social evolutiva.

Em outro sentido, o vácuo de correspondência poderá sinalizar a necessidade de manifestação (formal) do poder de reforma, por meio das emendas constitucionais, fazendo com que haja a manifestação do poder constituinte derivado reformador.

Finalmente, a quebra poderá dar espaço para a ilegítima outorga constitucional, manifestando-se o poder autoritário e fazendo com que o hiato constitucional se transforme em hiato autoritário, que persistirá mesmo diante da edição de textos (ilegítimos) como foi, por exemplo, durante o regime militar, o AI-5, textos que buscam suprir o hiato constitucional, mas, por falta de legitimidade, sucumbem, abrindo espaço para o nefasto e combatido hiato autoritário.”

(...)

“Reforma constitucional seria a modificação do texto constitucional, mediante mecanismos definidos pelo poder constituinte originário (emendas), alterando, suprimindo ou acrescentando artigos ao texto original.

As mutações, por seu turno, não seriam alterações "físicas", "palpáveis", materialmente perceptíveis, mas sim alterações no significado e sentido interpretativo de um texto constitucional. A transformação não está no texto em si, mas na interpretação daquela regra enunciada. O texto permanece inalterado.

As mutações constitucionais, portanto, exteriorizam o caráter dinâmico e de prospecção das normas jurídicas, por meio de processos informais. Informais no sentido de não serem previstos dentre aquelas mudanças formalmente estabelecidas no texto constitucional.

Buscando a sua origem na doutrina alemã, Uadi Lammêgo Bulos denomina mutação constitucional " ... o processo informal de mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos, conteúdos até então não ressaltados à letra da Constituição, quer através da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos, quer por intermédio da construção (construction), bem como dos usos e dos costumes constitucionais". (Direito Constitucional Esquematizado. 21ª ed. pgs. 150 e 194-195)

 

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Angelina Campos

Hiato autoritário

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