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Quais são as figuras parcelares do abuso de Direito?

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Fernanda Lorenzo

As figuras parcelares da boa-fé objetiva

 

Quanto à eficácia da boa-fé objetiva, assinalam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald: “O grande desafio relacionado ao princípio da boa-fé concerne à sua mais exata concreção.” (FARIAS, ROSENVALD, 2103, p. 167)

Miguel Reale assim define uma regra jurídica:

 

O que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, de qualquer espécie, é o fato de ser uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória. (grifo no original) (REALE, 2002b, p. 95).

 

Logo, por ser uma forma de conduta moral de relevância jurídico-normativa, seria necessário reduzir a boa-fé a um enunciado, a uma proposição objetivamente delimitada. Ocorre que a análise de uma ação para a aferição da boa-fé objetiva implicaria, necessariamente, a consideração ampla de toda a situação fática em que se passou a ação, a fim de se verificar em que medida a ação contempla o valor moral a ser alcançado. Justamente em resposta a esses problemas é que foram criadas as figuras parcelares da boa-fé objetiva.

Na atividade de seus tribunais, os juristas alemães passaram a identificar situações fáticas reiteradas e juridicamente semelhantes em que a ofensa à boa-fé objetiva era reconhecida pelo Poder Judiciário. Com o tempo, abstraiu-se dessas situações fáticas regras genéricas, situações típicas em que a aplicação do princípio da boa-fé objetiva se fazia necessária.

Essas situações típicas, mais individualizadas do que o princípio geral, são, portanto, mais facilmente redutíveis à estrutura normativa de enunciado propositivo descrita acima por Miguel Reale. Como essas situações, com efeito, são espécies das quais o princípio da boa-fé objetiva é gênero, facilitariam a subsunção dos casos concretos ao princípio geral, na medida em que fornece ao julgador uma regra bem delimitada que permite fazer essa transição com segurança jurídica e precisão conceitual.

Esses casos concretos baseiam-se, em geral, na violação da confiança entre as partes no momento em que uma delas assume comportamento contraditório. É conhecida pelo nome de Teoria dos Atos Próprios, assim resumida por Wagner Mota Alves de Souza:

 

A teoria dos atos próprios é uma teoria do comportamento contraditório aplicada ao Direito. Trata-se de uma construção dogmática orientada a coibir o comportamento contraditório lesivo, funcionando como elemento concretizador dos princípios gerais da boa- fé objetiva e da confiança, tendo no seu cerne a máxima nemo potest venire contra factum proprium. (SOUZA, 2006, p. 13).

 

Foram denominadas, por esse motivo, sub-princípios ou figuras parcelares da boa-fé objetiva, ressalvando-se que se constituem num rol não-taxativo, que não exclui acréscimos posteriores derivados da experiência jurídica nem situações específicas que a nenhum deles possa se subsumir com exatidão. (FRADA, 1994, p. 40)

 

De acordo com trabalho extraído do Jurisway.

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