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A lei 9.868/99 em seu artigo 27 dispõe que " Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o STF, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado." É o chamado instituto da modulação dos efeitos ao que se refere à retirada do ato, podendo, em algumas situações, garantir a manutenção das regras impostas pelo ato nulo, enquanto não havia sido declarada a sua ilegalidade. Em tais hipóteses, apesar dos vícios do ato administrativo, em observância aos princípios da segurança e da proteção à confiança dos cidadãos, a nulidade deve produzir efeitos, somente ex nunc, não impedindo os efeitos já produzidos previamente.
Fonte: Manual de Direito Administrativo - Matheus Carvalho.
Rafael Carvalho Rezende de Oliveira entende que é possível sim modular os efeitos temporais da invalidação dos atos administrativos. Vejamos.
“Em razão da ilegalidade originária, a extinção opera efeitos retroativos (ex tunc) com o intuito de evitar a produção de efeitos antijurídicos pelo ato em afronta ao princípio da legalidade.
A anulação do ato ilegal é um dever da Administração Pública decorrente do princípio da legalidade, mas, conforme mencionado anteriormente, em circunstâncias excepcionais, o ato ilegal poderá permanecer no mundo jurídico por decisão administrativa devidamente motivada e ponderada a partir de outros princípios igualmente constitucionais, naquilo que se convencionou denominar de convalidação ou sanatória.
No controle de legalidade do ato administrativo, a Administração Pública pode modular os efeitos da invalidação do ato ilegal, de forma análoga à modulação de feitos no controle de constitucionalidade.” (art. 27 da Lei 9.868/1999).” (Curso de Direito Administrativo. e-book. 6ª ed. pg. 381)
Na mesma linha, ao analisar os princípios da segurança jurídica, boa-fé e proteção à confiança, Maria Sylvia Zanella Di Pietro acrescenta:
“Existem inúmeras situações em que os três princípios podem ser invocados. Algumas são analisadas a seguir, a título ilustrativo:
(...)
d) na regulação dos efeitos já produzidos pelo ato ilegal
Neste caso, não se mantém o ato ilegal; ele é anulado, porém sem aplicação dos efeitos retroativos à data em que foi praticado. Como exemplo, podem ser citadas as hipóteses previstas no artigo 27 da Lei no 9.868, de 10-11-99, e no artigo 11 da Lei no 9.882, de 3-12-99, que possibilitam, respectivamente, em caso de declaração de lei ou ato normativo em ação de declaração de inconstitucionalidade e em processo de arguição de descumprimento de preceito fundamental, que o Supremo Tribunal Federal, por maioria de 2/3 de seus membros, restrinja os efeitos da declaração ou decida que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Os dois dispositivos indicam como justificativa para a adoção de tal medida “razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social”. (Direito Administrativo. e-book. 31ª ed. pg. 156)
Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.
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