Alguém tem um caso concreto para aplicar este referido artigo?
Objetividade jurídica = a saúde pública
Tipo objetivo = envenenar água potável, alimento ou substância medicinal
ATENÇÃO 1: para se configurar o crime, o agente deve querer a contaminação da água potável,
de uso comum ou particular. Por se tratar de crime de perigo comum, só vai ocorrer o crime se a
água se destinar a consumo de toda a coletividade ou ao consumo particular de determinadas
pessoas (ex: hóspedes de um hotel, detentos de uma prisão, etc.). Ainda, se o envenenamento
se der em alimentos ou remédios destinados à distribuição para pessoas indeterminadas (que
estejam em depósito, em prateleira de supermercado...), também se enquadra no referido artigo.
ATENÇÃO 2: o envenenamento da água contida em uma garrafa ou em um copo, onde se sabe
que será ingerida por pessoa determinada não configura esse crime, mas sim o crime de lesões
corporais ou homicídio, a depender do resultado.
Sujeito ativo = é crime comum, portanto, pode ser qualquer pessoa
Sujeito passivo = a sociedade como um todo.
Consumação = é crime de perigo abstrato; ocorre quando a substância envenenada é colocada
em situação na qual possa ser consumida por um número indeterminado de pessoas.
Tentativa = é possível
Figuras equiparadas no §1º do artigo em tela =
1)Entrega a consumo água ou substância envenenada por outrem.
NOTA: por se tratar de figura equiparada, a punição se dá a título de dolo;
2) Tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou substância envenenada por outrem.
Nota: nesse caso, a figura consuma-se com o ato de ter água ou substância em depósito, ainda que o agente não consiga atingir sua finalidade de distribuí-la.
Causas de aumento de pena = nos termos do art. 285, c/c art. 258, se resulta lesão grave, a
pena será aumentada em metade e, se resulta morte, será aplicada em dobro. NOTA: essas
hipóteses são exclusivamente preterdolosas, ou seja, pressupõem dolo na conduta inicial (crime
contra a saúde pública) e culpa em relação ao resultado (lesão grave ou morte).
Ação penal = pública incondicionada
Modalidade culposa = é aplicável tanto na figura do envenenamento descrita no caput quanto
nas formas equiparadas do §1º.
Causas de aumento de pena para a modalidade culposa = nos termos do art. 285, c/c art. 258,
se resulta lesão grave, a pena será aumentada em metade e, se resulta morte, será aplicada em
dobro.
NOTA: essas hipóteses são exclusivamente preterdolosas, ou seja, pressupõem dolo na
conduta inicial (crime contra a saúde pública) e culpa em relação ao resultado (lesão grave ou
morte).
Ação penal (mod. culposa) = pública incondicionada de competência do Jecrim, salvo se resultar
lesão ou morte, pois nesses casos a pena máxima vai superar 2 anos.
NOTA = é crime comissivo (o verbo do caput implica em praticar uma ação), e excepcionalmente
crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente tem o dever jurídico de
evitar o resultado – art. 13, §2º, CP); crime unissubsistente (praticado em um único ato).
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