Os bens pertencentes às empresas privadas, ainda que concessionárias de serviços públicos, não caracterizam bens públicos, motivo pelo qual não se submetem ao regime jurídico desses bens. Portanto, é possível a alienação desses bens independentemente de autorização legislativa, desafetação, avaliação e licitação.
Vale ressaltar, entretanto, que a alienação, oneração ou substituição dos Bens Reversíveis (aqueles empregados pela Concessionária e indispensáveis à continuidade da prestação do serviço público e que poderão ser revertidos à União ao término dos contratos de concessão) normalmente está sujeita à restrições estabelecidas no contrato administrativo ou em leis esparsas que disciplinam determinadas concessões, o que pode incluir necessidade de autorização do poder concedente para a alienação.
Lei 8987/95
Art. 35. (...)
§ 1o Extinta a concessão, retornam ao poder concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário conforme previsto no edital e estabelecido no contrato.
§ 2o Extinta a concessão, haverá a imediata assunção do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos levantamentos, avaliações e liquidações necessários.
§ 3o A assunção do serviço autoriza a ocupação das instalações e a utilização, pelo poder concedente, de todos os bens reversíveis.
§ 4o Nos casos previstos nos incisos I e II deste artigo, o poder concedente, antecipando-se à extinção da concessão, procederá aos levantamentos e avaliações necessários à determinação dos montantes da indenização que será devida à concessionária, na forma dos arts. 36 e 37 desta Lei.
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, por sua vez, indica que são bens públicos de uso especial os bens das autarquias, das fundações públicas e os das entidades de direito privado prestadoras de serviços públicos, desde que afetados diretamente a essa finalidade. Portanto, ela entende que os bens utilizados por empresas privadas prestadores de serviços públicos estão afetados ao serviço público e, portanto, devem obedecer ao regime jurídico de direito público, com todas as suas restrições. Em razão de sua afetação a fins públicos, estariam fora do comércio jurídico de direito privado, ou seja, enquanto mantivessem essa afetação, não poderiam ser objeto de qualquer relação jurídica regida pelo direito privado, como, por exemplo, compra e venda, doação, permuta, hipoteca, penhor, comodato, locação, posse ad usucapionem etc.
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