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Teoria Política

Na proposta de Marx sobre a economia política ele aborda sobre a contribuição da economia política na função de identificar as leis dos fenômenos econômicos, como ele define o homem dentro deste conceito:

 
 
 
 

💡 1 Resposta

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LR

RESPOSTA: a) Define o homem como indivíduo em busca da satisfação de suas necessidades, consumindo o que a natureza lhe oferece ou trabalhando para obter riqueza e bem estar.

JUSTIFICATIVA: Segundo a teoria marxista – neste muito muito inspirada em princípios hegelianos – o que diferencia o homem do animal é o fato de que o primeiro – o homem – não é consome diretamente os produtos da natureza. O homem modifica a natureza para que o produto natural se adeque as suas necessidades mais básicas. Se trabalho é a dominação da natureza pelo homem, e o homem apenas é homem, ou seja, apenas se distingue dos outros animais, pela necessidade de transformar o produto natural a fim de garantir sua sobrevivência, o trabalho é então natural ao homem, é o que o torna de fato humano e não meramente animal. O homem, dotado da capacidade de produzir sua própria subsistência, através da dominação da natureza, ou seja, através de seu próprio trabalho, acaba por produzir sua vida material. Assim o trabalho não é simplesmente uma forma de subsistência, é em verdade a própria produção da vida. Assim só é possível ser homem mediante a existência do trabalho e da produção, este é o aspecto inicial das condições naturais de existência do homem, mas não o único. Se é primário que “Toda produção é apropriação da natureza pelo homem” (MARX, 2016: 25), e o que vem em seguida é o seguinte: essa produção, entendida como apropriação da natureza pelo homem, ou seja, como produto do trabalho, é feita sempre “no interior de e medida por uma determinada forma de sociedade” (MARX, 2016: 25). Esta condição segunda é a de que o homem é sempre encontrada na história como dependente de um todo maior, no seguinte sentido: “Quanto mais fundo voltarmos na história, mais o indivíduo, e por isso também o indivíduo que produz, aparece domo dependente, como membro de um todo maior: de inicio, e de maneira totalmente natural, na família e na família ampliada em tribo [Stamm]; mais tarde, nas diversas formas comunidade resultantes do conflito e da fusão de tribos.” (MARX, 2016: 40). Sendo o Trabalho natural ao homem, e a vida comunitária também natural, em termos de condições naturais de existência do homem, ou seja, em termos de uma condição anterior a sociedade capitalista, a ralação entre Trabalho e comunidade estabelece-se da seguinte forma: O indivíduo é antes proprietário do que trabalhador, e o é por ser proprietário das suas próprias “condições objetivas de trabalho” (MARX, 2016: 388), e isso quer dizer que em uma vida comunitária “os indivíduos não se relacionam [entre si] como trabalhadores nas como proprietário – e membros de uma comunidade que ao mesmo tempo trabalham” (MARX, 2016: 388), há então nessa relação entre indivíduos princípios de manutenção da vida própria de da vida de seus iguais, de igualdade e de troca. De manutenção pois o trabalho deve garantir a própria vida, mas sendo o homem parte de um todo, deve também garantir a vida comunitária a começar pela comunidade representada pela família. De igualdade pois todos se tratam como proprietário. E de troca pois há a possibilidade da troca do produto de seu próprio trabalho pelo produto do trabalho alheio. Assim, a leitura sob o ponto de vista das condições naturais de existência do homem: “A finalidade do desse trabalho não é a criação de valor – embora eles possam realizar trabalho excedente para trolá0lo por trabalho alheio, i. e., produtos excedentes –; ao contrário, a sua finalidade é a conservação do proprietário singular e de sua família, bem como a da comunidade como um todo.” (MARX, 2016: 388).

 

Mais informações sobre o Trabalho segundo a tradição marxista:

HEGEL: “Hegel considera o T. como ‘a mediação entre o homem e seu mundo’; de fato, diferentemente dos outros animais, o homem não consome imediatamente o produto natural, dando assim a tal matéria o seu valor e a sua conformidade ao objetivo (...). É só na satisfação das necessidades por meio do T. que o ser humano é realmente humano: porque se educa tanto teoricamente, através dos conhecimentos que o T. exige, quanto na prática, por se habituar à ocupação, adequando sua própria atividade à natureza da matéria e adquirindo aptidões universalmente válidas. Por isso, ao contrário do bárbaro, que é preguiçoso, o homem civilizado é educado no costume e na necessidade da ocupação (...). Por meio do T., o ‘egoísmo subjetivo converte-se na satisfaças das necessidades de todos os outros’, e de tal modo que, enquanto ‘cada um adquire, produz e usufrui por si, justamente por isso produz e adquire para o proveito de todos’ (...). Hegel também trouxa e baila o crescimento indefinido das necessidades, a importância da divisão do T. e o relevo adquirido, com base nessa divisão, pela distinção entre as classes (...). Também viu que a divisão do T. leva a substituição do homem pela máquina. De fato, tal divisão, cresce a facilidade do T. e portanto da produção; mas também se tem a limitação a uma única habilidade e portanto a dependência inconstitucional do individuo em relação ao conjunto da sociedade. A própria habilidade se torna assim mecânica e daí deriva a possibilidade de substituir o T. humano pelo T. da máquina (...)” (ABBAGNANO, 2007: 1148 – 1149).

MARX: “Esses princípios hegelianos são aceitos por Marx, que no entanto insiste no caráter natural ou material da relação que o T. estabelece entre o homem e o mundo (...). Os homens começaram a distinguir-se dos animais, segundo Marx, quando ‘começaram a produzir seus meios de subsistência, progresso este que é condicionado por sua organização física. Produzindo seus meios de subsistência, os homem produzem indiretamente sua própria vida material’ (...). O t. não é portanto apenas o meio com que os homens garantem a subsistência: é a própria realização ou produção de sua vida, é um modo de vida determinado. A produção e o T. não são portanto uma condenação para o homem: são o homem mesmo, o seu modo específico de ser e de fazer-se homem. Através do T. a natureza torna-se ‘o corpo inorgânico do homem’, e o homem pode elevar-se à consciência de si mesmo, não tanto como individuo, mas como ‘espécie de natureza universal’ (...). O T. também faz do homem um ente social porque, além de pô-lo em relação com a natureza, o põe em relação com os outros indivíduos: desse modo as relações de T. e de produção constituem a trama ou a estrutura autêntica da história, da qual são reflexo as várias formas da consciência. Isso ocorre, porém, no T. não alienado, ou seja, que não se tornou mercadoria, como ocorre na sociedade capitalista, visto que neste caso surge o conflito entre a personalidade do proletário como indivíduo e o T. como condição de vida que lhe é imposta pelas relações das quais participa como objeto, e não mais como sujeito.” (ABBAGNANO, 2007: 1149).

Sobre o materialismo histórico marxista:

Marx vê a formação da sociedade sob a ótica de um materialismo histórico, “que consiste em atribuir aos fatores econômicos (técnicas de trabalho e de produção, relações de trabalho e de produção) peso preponderante na determinação dos acontecimentos históricos.” (ABBAGNANO, 2007: 750). Segundo Max, “a personalidade humana é constituída intrinsecamente (em sua própria natureza) por relações de trabalho e de produção que o homem participa para prover suas necessidades” (ABBAGNANO, 2007: 750). Assim, não são essas relações (de trabalho e de produção) que produzem a forma com que o homem pensa, com que o homem concebe seu próprio mundo, e sim é a forma com que o homem concebe o mundo, ou seja é “A ‘consciência’ do homem (suas crenças religiosas, morais, políticas etc.)” é que são os elementos que produzem as citadas relações. Podemos então definir o materialismo histórico da seguinte forma: “as formas assumidas pela sociedade ao longo de sua história dependem das relações econômicas predominantes em certas fases dela.” (ABBAGNANO, 2007: 750). Essa tese é formulada a fim de se apresentar como contraponto à visão de Hegel. Se em Hegel, “é a consciência que determina o ser social do homem”, em Marx “é o ser social do homem que determina a sua consciência” (ABBAGNANO, 2007: 750). Nas palavras de Marx: “ ‘Em sua vida produtiva em sociedade, os homens participam de determinadas relações necessárias e independentes de sua vontade: relações de produção que correspondem a certa fase de desenvolvimento de suas forças produtivas materiais. Esse conjunto de relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, que é a base real sobre a qual se erige uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas sociais de consciência. [...] Portanto, o modo de produção da vida material em geral condiciona o processo da vida social, política e espiritual’ (...).” (ABBAGNANO, 2007: 750).

As doutrinas anteriores (Hobbes, Locke, Rousseau, Kant), compreendiam que a sociedade pré-estatal era o homem vivendo em um estado de Natureza, o que é o mesmo que dizer-se um viver diante do  “reino da força irregular e ilegítima – seja (...) o estado de guerra ou de anarquia, (...) [ou o estado] onde vigora o pretenso direito do mais forte, direito que na realidade não é direito, mas mera coerção, ou o estado de natureza (...) como estado ‘sem nenhuma garantia jurídica’ e, portanto provisório” (BOBBIO, 1993: 740). Marx faz uma inversão dessa compreensão sobre a gênese da vida comunitária e do Estado: “o Estado, que como reino da força ou, (...) como ‘violência concentrada e organizada da sociedade” (...), é, não a abolição nem a superação, mas o prolongamento do Estado de natureza como Estado histórico (ou pré-histórico), não tanto imaginário ou fictício mas real da humanidade.” (BOBBIO, 1993: 740). Isso é o mesmo que afirmar um Estado “entendido como o conjunto de instituições políticas onde se concentra a máxima forma imponível e disponível numa determinada sociedade” (BOBBIO, 1993: 740), como “pura e simplesmente como uma superestrutura em relação à sociedade pré-estatal, que é o lugar onde se formam e se desenvolvem as relações materiais de existência, e, senso superestrutura, é destinado, por sua vez a desaparecer na futura sociedade sem classes” (BOBBIO, 1993: 740). Marx compreende que “ ‘a religião, a família, o Estado, o direito, a moral, a ciência, a arte, etc. são apenas modos particulares de produção’” (BOBBIO, 1993: 740). Ao passo que os intelectuais que precederam Marx conjecturavam um cenário onde o homem estaria em estado de natureza tal que, fadado a insustentabilidade por diversas razões, os homens se aglutinariam por vontade própria, em torno de uma vida comunitária onde seria possível organizar a reprodução material da vida, assim é a consciência do homem o aspecto organizativo da produção material (Estado, econômica, etc), é a vontade do homem que condiciona a existência do Estado. Marx entende que em realidade que “O modo de produção da vida material” é o que condiciona “o processo social, político e espiritual da vida” (BOBBIO, 1993: 741). Por fim: “ ‘A vida material dos indivíduos, que não dependem em absoluto de sua pura ‘vontade’, o seu modo de produção e a forma de relações, que se condicionam reciprocamente, são a base real do Estado em todos os estádios nos quais ainda é necessária a divisão do trabalho, totalmente independente da vontade dos indivíduos. Estas relações reais não são absolutamente criados pelo poder do Estado; são, antes, essas relações o poder que cria o Estado.” (BOBBIO, 1993: 740).

 

Referências bibliográficas:

ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. 5. ed. Brasília: Edunb, 1993.

MARX, Karl. Grundrisse: manuscritos econômicos de 1857 – 1858: esboços da critica econômica. supervisão editorial Mario Duayer; tradução Mario Duayer, Nélio Schneider (colaboração de Alice Helga Werner e Rudiger Hoffman). São Paulo: Boitempo; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 2011 [3° reimpressão: agosto de 2016].

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