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Qual a diferença entre REPRISTINAÇÃO E EFEITO REPRISTINATÓRIO ?

Quero a melhor tese sobre o assunto .

💡 4 Respostas

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Ana Paula Dupuy Patella

O artigo abaixo traz uma diferenciação simples, mas muito esclarecedora:

http://jus.com.br/artigos/25656/repristinacao-e-efeito-repristinatorio-sutis-diferencas

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Walida Bradshaw

site :http://www.espacojuridico.com/drconcurso/nao-confunda-repristinacao-e-efeito-repristinatorio/

Olá, pessoal!

Meu nome é Tatiane, concluí o Curso de Direito da UFPE este ano e, já tendo passado pelo Exame da OAB, quero, agora, assim como vocês, ser aprovada em um bom concurso público. Com o auxílio da equipe de coordenação pedagógica do Espaço Jurídico, vou postar por aqui dicas e materiais de estudo que serão úteis em nossa jornada. Isso mesmo: a ideia é estudarmos (e sermos aprovados) juntos!

O blog terá diversas categorias de postagens, dentre elas o Não confunda!, destinado a temas que costumamos confundir na hora da prova, fazendo-nos cair em pegadinhas de questões que, às vezes, nem eram assim tão difíceis. É horrível quando acontece. E ainda pior quando vem aquele sentimento de que a questão perdida teria feito toda a diferença no resultado. Por isso esta categoria foi criada! Sempre que os professores e monitores do Espaço Jurídico perceberem a dificuldade dos alunos em distinguir institutos semelhantes, postaremos a explicação aqui no blog. Além disso, vocês também podem sugerir temas nos comentários.

E o primeiro Não confunda! do blog é sobre o fenômeno da repristinação da norma e o efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade em controle abstrato.

Inicialmente, “repristinar” significa restaurar a forma ou o aspecto primitivos, reconstituir, retornar, fazer vigorar novamente. O fenômeno da repristinação ocorre quando uma lei revogada é restaurada em razão da perda de vigência da lei que a revogou. E isso é possível no ordenamento jurídico brasileiro? Vejamos.

Segundo o art. 2º, § 3º, do Decreto-Lei n.º 4.657/42 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. Em outras palavras, se uma Lei “A” é revogada por uma Lei “B”, e esta última vem a ser revogada por uma Lei “C”, a Lei “A” somente volta a produzir efeitos se a Lei “C” expressamente assim o determinar. Ou seja, a repristinação é possível, sim, desde que expressa. Caso o legislador entenda que a Lei “A” deva voltar a viger, tal vontade deve ser expressamente indicada no texto da Lei “C”. Veda-se, pois, a repristinação tácita ou automática.

Observem que a repristinação tratada no art. 2º, § 3º, da LINDB envolve a atuação do Poder Legislativo, que expressamente restaura uma norma revogada. E mais: fala-se apenas em normas revogadas e normas revogadoras, não em normas com vícios de validade. Situação completamente diversa é a do efeito repristinatório oriundo da declaração de inconstitucionalidade.

Vamos modificar um pouco o exemplo dado acima. Imaginemos que a Lei “A” seja revogada pela Lei “B”. Esta última não é revogada por lei alguma, mas a sua inconstitucionalidade é reconhecida, em sede de controle abstrato, no âmbito do Supremo Tribunal Federal. A declaração de inconstitucionalidade reconhece a nulidade do ato inconstitucional, negando-lhe eficácia jurídica. Assim, se a Lei “B” é nula, jamais possuiu eficácia, nunca chegou a revogar a Lei “A”, que volta a ser aplicada. É exatamente este o efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade.

Conforme disposição do art. 11, § 2º, da Lei n.º 9.868/99 – a qual dispõe sobre o processo e julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e da Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) perante o Supremo Tribunal Federal – a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário. Ou seja, o efeito repristinatório afigura-se automático, exigindo-se manifestação expressa apenas para o caso de se querer afastá-lo.

Embora o dispositivo citado restrinja-se ao deferimento de medida cautelar, a doutrina e a jurisprudência (Informativo n.º 224/STF) entendem que a produção do efeito repristinatório constitui regra geral para as decisões de mérito proferidas em ADI (quando julgada procedente), ADC (quando julgada improcedente) e ADPF (quando reconhecido o descumprimento de preceito fundamental por parte de determinado ato normativo).

É verdade que nem sempre os efeitos fáticos produzidos pela norma podem ser imediatamente suprimidos, tendo em vista valores constitucionalizados como a segurança jurídica, o interesse social e a boa-fé. Assim, a teoria da nulidade da lei inconstitucional não deve ser entendida em termos absolutos.

Refletindo essa tendência de flexibilização da teoria da nulidade, o art. 27 da Lei n.º 9.868/99 estabelece que a Corte Suprema, através da maioria de dois terços de seus membros e por razões de segurança jurídica ou excepcional interesse social, pode restringir os efeitos da declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo ou, ainda, decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Trata-se da técnica de modulação dos efeitos da decisão, também aplicada, por analogia, aos casos de controle difuso.

Então, é importante salientar: havendo a modulação dos efeitos da decisão, a lei objeto de controle, embora inconstitucional, terá tido a eficácia jurídica de revogar a lei anterior. Uma vez reconhecidos os efeitos produzidos pela norma, é forçoso aceitar sua eficácia por determinado período de tempo, o que conduz à revogação da lei em sentido contrário.

Há, ainda, um ponto importante a ser observado: no caso de ser declarada a inconstitucionalidade da norma, seria possível o efeito repristinatório para restaurar preceito anterior com o mesmo vício de inconstitucionalidade? Em outras palavras, se a Lei “A” é revogada pela Lei “B”, mas ambas são inconstitucionais, então a declaração de inconstitucionalidade da Lei “B” teria o efeito de fazer vigorar novamente a Lei “A”, igualmente inconstitucional? A resposta é negativa!

No julgamento da ADI n.º 2.574/AP, de relatoria do Min. Carlos Velloso, assim como no da ADI n.º 3.660/MS, de relatoria do Min. Gilmar Mendes, o Plenário da Corte Suprema assentou que, em eventual controle normativo abstrato a ser instaurado, faz-se necessária a impugnação de toda a cadeia de normas revogadoras e revogadas, até o limite do advento da Constituição de 1988, sob pena de não conhecimento da ação direta de inconstitucionalidade. Assim, se a Lei “A” é revogada pela Lei “B”, e ambas são inconstitucionais, então a ação direta de inconstitucionalidade deve ter por objeto ambas as leis, não sendo admitida a ação ajuizada somente em face da lei “B”.

A seguir, um quadro comparativo para colocar as ideias em ordem:

QUADRO COMPARATIVO

Repristinação da norma

Efeito repristinatório da declaração de inconstitucionalidade

Dispositivo legal: art. 2º, § 3º, do Decreto-Lei n.º 4.657/42 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro). Dispositivo legal: art. 11, § 2º, da Lei n.º 9.868/99.
Veda-se a repristinação tácita ou automática. Somente é possível a repristinação expressa. Em regra, o efeito repristinatório é automático. Exige-se manifestação expressa apenas para afastá-lo.
Fala-se apenas em normas revogadas e normas revogadoras, não em normas com vícios de validade. A norma revogadora contém vício de validade.
Atuação do Poder Legislativo, ao inserir, no texto da lei, sua vontade de repristinação da norma. Atuação do Poder Judiciário, ao declarar a inconstitucionalidade da lei revogadora.

 

É isso, galera!

Foco nos estudos!

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Davi Barros

Muito Bom !

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