os programas do governo federal de combate a pobreza são eficaz ou meramente políticos?
Em primeiro lugar é preciso definir o que chamamos de programas de redução de pobreza. Acredito que sua pergunta se refere aos programas de transferência de renda como o Bolsa Família. Porém, não podemos restringir a resposta apenas a programas deste tipo porque a redução da pobreza pode se dar de outras maneiras como através de gastos que elevem a produtividade e provoquem um aumento da renda dos trabalhadores ou programas que subsidiem as famílias, reduzindo seus gastos.
Dito tudo isto, é necessário ponderar, porém, como estes benefícios são financiados. Sistemas tributários baseados em impostos progressivos, como um imposto de renda pessoal com alíquotas mais altas para as rendas maiores ou impostos sobre heranças, são mais efetivos na redução da pobreza do que sistemas tributários regressivos, ou seja, em que os mais ricos não contribuem mais relativamente que os mais pobres. No caso brasileiro, em que mais da metade da arrecadação provem de impostos indiretos – ICMS, IPI, ISS, IRPJ – impostos que são recolhidos pelas empresas, mas repassados aos preços, neste caso a tendência é que os mais pobres sejam tributados em uma parcela maior da sua renda já que consomem, em relação ao total da sua renda, mais do que os ricos. Por isso, o sistema tributário brasileiro é considerado regressivo.
De qualquer maneira, é um fato que houve redução da pobreza no Brasil desde 1995 e há muitos indicadores disto. Portanto, não podemos afirmar que os programas de redução de pobreza têm apenas objetivos político-eleitorais. Isto não quer dizer, que não tenham efeitos eleitorais. É claro que têm, ainda mais os programas de transferência de renda não contributivos já que provocam efeitos no curto prazo enquanto gastos em educação, por exemplo, só provocam efeitos no longo prazo.
Sergio Luiz de Cerqueira Silva, economista e doutorando em Ciências Humanas e Sociais na UFABC.
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