Sobre a “legítima defesa da honra”, quais as situações de uso dessa lei quando estava em vigência?

1. Exclusão da culpabilidade por inexigibilidade de conduta diversa: Para esta linha de defesa, a vítima estaria atuando em legítima defesa. Entretanto, ao matar seu agressor estaria agindo em excesso, sendo o excesso justificado pelo temor e medo causado à vítima, não lhe sendo exigido agir de maneira diferente. Trata-se, portanto, de causa supra legal de excludente de culpabilidade, denominado pela doutrina de “excesso exculpante”.

2. Legitima defesa da honra: Pois o que pretendia a vítima, ainda que inconsciente, era proteger a sua honra, materializada pela dignidade sexual, pois todos tem o direito de relacionar-se sexualmente com quem queira, desde que seja consentido pela parte contrária.

Agora, passo a tratar da legitima defesa da honra relacionado aos casos de infidelidade conjugal, que umbilicalmente está ligado aos crimes passionais. Tal tese defensiva era comumente utilizada, tendo como base o art. 27 par. 4° do Código Penal Republicano de 1890, que previa não ser criminosos os que acharem-se em estado de completa privação dos sentidos e de inteligência no momento do ato do crime.

* Fonte: Canal Ciências Criminais

A tese de legítima defesa da honra ganhou relevância no Brasil quando do julgamento de Raul Fernando do Amaral Street, o Doca, pelo assassinato da socialite Ângela Diniz, ocorrido em 1976, sendo levado o réu a júri popular em 1980.

No julgamento, o advogado de defesa, Evandro Lins e Silva, sustentou que Doca agira sob influência de natureza passional, cujo motivo teria sido o próprio comportamento da vítima. Segundo a defesa, ao se ver traído por Ângela, Doca cometera o homicídio como forma de defender a sua honra. 

Portanto, a "legítima defesa da honra" visava à neutralização da sanção penal de maridos, companheiros e namorados que, em razão de alegada traição, cometiam delitos contra suas respectivas mulheres.

Graças aos movimentos de defesa dos direitos das mulheres, a legítima defesa da honra não é argumento de defesa sustentável nos dias de hoje.