Recente decisão da 7ª Câmara do TJRS, absolvendo réu acusado de praticar estupro de vulnerável, contra uma adolescente de 12 anos de idade (1), abre caminho para a discussão acerca da tipicidade do fato descrito pelo art. 217-A do Código Penal, com a redação que lhe deu a Lei nº 12.015/09. O aparente confronto dessa decisão com o texto legal em vigor é que estimula a reflexão acerca do assunto, aqui rapidamente esboçada.
Segundo a argumentação desenvolvida no acórdão, relatado pela Desembargadora Naele Ochoa Piazzeta (2), confirmando sentença que já absolvera o réu, a vulnerabilidade não deve ser entendida como um critério absoluto, mas precisa ser medida de acordo com as circunstâncias de cada caso. Na hipótese em questão, as informações consideradas pela relatora são no sentido de que o fato foi praticado sem violência, que havia plena concordância da suposta vítima, tratando-se, ela, ademais, de pessoa já versada em contatos sexuais, apesar da pouca idade.
A vulnerabilidade deve ser relativizada e em alguns casos, deve ser analisada a conscientização do menor para a prática sexual, a idade e o desenvolvimento físico da vítima, tudo isso com base na intervenção mínima e seu princípio correlato o Princípio da ofensividade (Nucci, 2011).No mesmo sentido, Damásio de Jesus diz que não há lesão ao bem jurídico quando uma adolescente de 13 anos de idade, voluntariamente, passa a morar com o autor e mantém com ele relações sexuais (Jesus, 2010).Diante disso, vítima vulnerável é aquela que apresenta uma diminuição física, psíquica ou sensorial, estacionada ou progressiva, configurando causa de dificuldade de aprendizagem, de relacionamento ou de integração laborativa, determinando um processo de desvantagem social ou de marginalização (Jesus, 2010).Por derradeiro, cumpre consignar que estará isento de pena o agente que agiu em erro de tipo, no caso quando a moça não revela sua real idade, mentindo que tinha mais de 14 anos ou em casos que a moça tenha um corpo avantajado, não aparentando sua idade cronológica real (Gonçalves, 2010) Espero ter ajudado
A principal tese que pode ser utilizada é o desconhecimento da idade da vítima, pois, caso o indivíduo tenha relações sexuais com uma pessoa menor de 14 anos pensando que está em companhia com uma pessoa maior de 14 poderá ser verificado o erro de tipo quanto a essa elementar. Podem ser utilizadas outras teses dependendo do caso concreto, para buscar a fixação da pena base no mínimo legal.
Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta
Direito Penal, Direito Civil, Direito Natural, Direitos Humanos
•UNIVERSO
Compartilhar