A medicina na Idade Média é bem diferente da que conhecemos no século XXI. "Médicos" não eram figuras tão importantes, Deus era o grande curador de doenças e quando alguém morria tragicamente, era um castigo divino. A crença e o medo dominavam os povos, por isso, o banho era raridade. Acreditava-se que a água, sobretudo quente, debilitava os órgãos, deixando o corpo exposto a insalubridades e que, se penetrasse através dos poros, podia transmitir todo tipo de doenças. Inclusive começou a estender a ideia de que uma camada de sujeira protegia contra as doenças e que, portanto, o asseio pessoal devia ser realizado "a seco", só com uma toalha limpa para esfregar as partes expostas do corpo.
O progresso científico é necessariamente um processo descontínuo, em que avanços se alternam com períodos de estagnação. Disso, a história da medicina é um exemplo. Durante muito tempo predominou, na Antiguidade, a visão mágico-religiosa, segundo a qual doença era resultado de castigo dos deuses, de maldições ou de feitiçaria.
Assim, a epilepsia era chamada doença sagrada: seria a manifestação da posse do corpo por divindades. Mas então, na Grécia clássica, surgem Hipócrates e seus discípulos, sustentando que a enfermidade tinha causas puramente naturais, ligadas ao modo de vida, à alimentação e ao meio ambiente.
Sagrada, a epilepsia? Claro que não. Doença, sim, mas doença como outra qualquer. Claro que era preciso ter coragem para defender ideias assim, mas Hipócrates e a escola hipocrática tinham prestígio. Suas concepções foram incorporadas pela Roma imperial e desenvolvidas por Cláudio Galeno, no século 2, em uma gigantesca obra que sintetiza praticamente todo o conhecimento médico da época.
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