Crime de Responsabilidade

Não. Primeiramente função atípica do poder legislativo é julgar o presidente nos crimes de responsabilidade. A CF/88 em seu artigo 52, I, fala que compete privativamente ao Senado Federal processar e julgar o Presidente da República. Esse texto normativo é direto, não precisa de uma interpretação extensiva para sua compreensão, pois, na sua simples leitura já se entende o significado que o constituinte quis atribuir, não sendo necessário consultar outra lei para entender que quem irá processar e julgar o presidente será o Senado.

Quando um presidente é condenado por crime de responsabilidade é porque praticou atos que feriram a Constituição. Com efeito, a suspensão dos seus direitos políticos, por prazo fixado constitucionalmente, é efeito automático da condenação por crime de responsabilidade.

O STF não é um poder acima do Legislativo e do Executivo, todos estão em um mesmo patamar e deve cada qual cumprir suas competências constitucionais com harmonia e independência. Para penetrar em uma competência que não lhe pertence, deve estar amparado por fundamento constitucional excepcional e não existe possibilidade no processo político-constitucional que  atribua ao STF o papel de solicitar recursos quanto as decisões tomadas pelo Congresso Nacional, há de se respeitar o princípio dos três poderes independentes e harmônicos entre si.

O STF não possui membros democraticamente eleitos pelo povo, mas ao contrário, indicados pelo presidente da república. Então o julgamento do presidente por senadores que foram eleitos pelo povo tem uma visão democrática, pois serão os representantes do povo que terão o poder de processar e julgar o presidente que também foi escolhido pelo povo.

A participação do STF estará na presidência da sessão de julgamento no Senado Federal, quando o seu presidente orientará os trabalhos conferindo sua autoridade de presidente do Supremo Tribunal Federal por tratar-se de um julgamento, a assim proferirá a condenação caso alcançada a porção de 2/3 dos votos dos senhores senadores.

O STF é guardião da Constituição então se houve algum vício procedimental ou alguma norma foi flagrantemente desrespeitada com capacidade lesiva de causar prejuízo ao resultado final, o STF analisará se é caso ou não de nulidade do procedimento. Em havendo nulidade, caberá ao Senado voltar a deliberar, não se olvidando, porém, que o julgamento constitui um todo indivisível, isto é, não pode ser anulada apenas uma parte, mantendo-se válida outra. Deverá ser julgado novamente o todo, então será anula todo o procedimento do julgamento, sendo necessário, portanto, repeti-lo na sua integralidade pelo próprio Senado.

Referências Bibliográficas

Constituição Federal 1988, art. 52.

Jayme, Fernando Gonzaga. Pena, Renato Nascimento. Fatiamento do impeachiment causa sua nulidade e STF deveria refazê-lo. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2016-set-17/fatiamento-impeachment-causa-nulidade-stf-deveria-refaze-lo, acesso em 17/04/2020.

Lei 1079/1950, disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l1079.htm

Reis, Filipe. A ofensa ao princípio da separação dos poderes pelo guardião da Constituição, disponível em: https://jus.com.br/artigos/48024/a-ofensa-ao-principio-da-separacao-dos-poderes-pelo-guardiao-da-constituicao, acesso em 16/04/2020.

Sarmento, Leonardo. O julgamento no Senado do crime de responsabilidade da Presidente da República é jurídico?. Diponível em https://leonardosarmento.jusbrasil.com.br/artigos/326988861/o-julgamento-no-senado-do-crime-de-responsabilidade-da-presidente-da-republica-e-juridico. Acesso em 16/04/2020.