Como fazer as alegações finais?

É quase uma Petição Inicial. Só que se estuda todo o processo tentando achar algumas "brechas" para o réu. Se ele confessou, se restituiu a coisa, se é menor de 21, etc.

EXEMPLO:

xxxxxxxxxxxxxx, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem, por intermédio do Defensor Público que esta subscreve, apresentar, por memoriais, suas ALEGAÇÕES FINAIS, pelos motivos de fato e de Direito a seguir expostos:

I – DOS FATOS

O réu foi denunciado como incurso na sanção do art. 157, § 2º, incisos I e II, c/c art. 71, parágrafo único, e art. 157, § 3º do Código Penal, pois, segundo a inicial acusatória (fls. 02-04), no dia 06.02.2016, por volta das 09:30, em um bar, na travessa Nunes Barbosa, 1145, São Raimundo, nesta cidade, o acusado e outro individuo desconhecido chegaram em uma motocicleta, quando o acusado, que estava na garupa do veículo, desceu e com uma arma de fogo anunciou o assalto, ordenando à vítima Maria Francisca Monteiro que entregasse seu celular, marca Samsung, cor branca. Em continuidade delitiva, no mesmo local, o acusado abordou a vítima Antônio Francisco de Jesus, roubando seu celular, marca Blu, cor azul.

Logo após, o acusado dirigiu-se a vítima Mazinho de Miranda Lima, que se encontrava parado em sua motocicleta, em frente ao estabelecimento citado, anunciou o assalto e ordenou a entrega de seu celular. Em ato contínuo, o denunciado efetuou um disparo de arma de fogo, o qual atingiu a vítima em sua perna direita, causando-lhe lesão grave, resultando perigo de vida a mesma, tendo posteriormente empreendido fuga com o outro individuo desconhecido.

A denúncia foi recebida no dia 11 de abril de 2016, conforme despacho de fl. 66.

Réu citado pessoalmente (fls. 69). Resposta à acusação à fl. 73-74.

Instrução processual realizada regularmente nos dias 09.06.2016, conforme termos de audiência de instrução de fls. 89. Encerrada a instrução processual, abriu-se prazo para apresentação das alegações finais de forma sucessiva.

Em sede de alegações finais (fls. 104-106), o Ministério Público requereu a procedência da denúncia a fim de que seja o acusado condenados pelo delito tipificado no 157, § 2º, I e II, c/c art. 71, parágrafo único, e art. 157, § 3º do Código Penal.

Em breve síntese, são os fatos.

II – DO DIREITO

A) DA ATENUANTE DA CONFISSÃO

Caso Vossa Excelência entenda pela condenação do acusado por estes crimes, deve ser reconhecida a atenuante da confissão.

Isso porque o acusado confessou em seu interrogatório judicial ter subtraído os celulares das vítimas e relatando também ter atirado na vítima Mazinho de Mirando Lima, de acordo com trecho de seu depoimento transcrito abaixo:

“(...). Eu estou muito arrependido e vou confessar que a acusação é verdadeira; nós decidimos realizar na hora o assalto. Eu desci da moto e pratiquei os assaltos; em relação a vitima que estava na motocicleta, eu pedi para que entregasse o celular, ele tentou reagir e eu efetuei o disparo, ele tentou segurar a arama, o disparto foi acidental; eu tinha bebido nesse dia. (...).

Nos termos do art. 65, III, “d” do Código Penal, é circunstância que sempre atenua a pena o fato do réu, espontaneamente, confessar o delito, in fine.

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

III - ter o agente:

d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;

No caso dos autos, o acusado confessou a autoria dos crimes a ele imputado, fazendo jus, portanto, à atenuante da confissão, elencada no art. 65, II, “d”. Ademais, as circunstâncias ali elencadas sempre atenuam a pena. O advérbio sempre não comporta qualquer faculdade do magistrado, devendo, assim, aplicar as atenuantes sem qualquer restrição.

A respeito da matéria, colacionamos o seguinte julgado:

“RESP – PENAL – PENA – INDIVIDUALIZAÇÃO – ATENUANTE – FIXAÇÃO ABAIXO DO MÍNIMO LEGAL – O princípio da individualização da pena (Constituição, art. 5°, XLVI), materialmente, significa que a sanção deve corresponder às características do fato, do agente e da vítima, enfim, considerar todas as circunstâncias do delito. A cominação, estabelecendo o grau mínimo e grau máximo, visa a esse fim, conferindo ao juiz, conforme critério do art. 68 do CP, fixar a pena in concreto. A lei trabalha com o gênero. Da espécie, cuida o magistrado. Só assim, ter-se-á Direito dinâmico e sensível à realidade, impossível de, formalmente, ser descrita em todos os pormenores. Imposição ainda da justiça do caso concreto, buscando realizar o direito justo. Na espécie sub judice, a pena-base foi fixada no mínimo legal. Reconhecida, ainda, a atenuante da confissão espontânea (CP, art. 65, III, d). Todavia, desconsiderada porque não poderá ser reduzida. Essa conclusão significa desprezar a circunstância. Em outros termos, não repercutir na sanção aplicada. Ofensa ao princípio e ao disposto no art. 59, CP, que determina preponderar todas as circunstâncias do crime. (RE 597270 RG-QO / RS - RIO GRANDE DO SUL - REPERCUSSÃO GERAL POR QUEST. ORD. RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Relator(a): Min. CEZAR PELUSO - Julgamento: 26/03/2009.)

Diante da análise do caso em comento é de inteira justiça que se analise a atenuante da confissão, conforme o exposto acima.

III – AFASTAMENTO DA SÚMULA 231 DO STJ

Caso Vossa Excelência se filie ao entendimento da súmula 231 do STJ, é importante frisar que ao não permitir a incidência de circunstância atenuante para reduzir a pena abaixo do mínimo legal, tal súmula é inconstitucional porque fere o princípio da individualização da pena, na proporção em que ao deixar de aplicar uma pena menor está impondo um excesso que corresponde a uma pena sem culpa, ferindo portanto o princípio da isonomia uma vez que, no concurso de agentes, de maneira mais visível, pode impor penas iguais para pessoas com culpabilidade diferentes.

Ao impedir que as circunstâncias legais sejam capazes de fazer a pena descer aquém do mínimo, possibilitam-se situações absurdas que violariam o princípio da isonomia e a individualização.

IV - DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a Defensoria Pública do Estado do Maranhão, em assistência jurídica o acusado XXXXXX XXXXXX XXXX, vem requerer:

a) seja reconhecida a atenuante da confissão, prevista no art. 65, inciso III, alínea “d”, do Código Penal, afastando-se o entendimento esposado na súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

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As alegações finais, grosso modo, refazem o caminho do processo, focando nas partes de interesse do seu cliente