Buscar

Aluvião e Avulsão são modos de aquisição por acessão da propriedade imóvel. Há diferenças entre os mesmos? Se há, quais são?Há direito de indenização?

💡 2 Respostas

User badge image

Felipe P. Boechat

De início, é necessário destacar que ambos são modos de aquisição por acessão física ou natural, na qual se observam os princípios do accessorium sequitur suum principale (coisa acessória segue a principal) e vedação do enriquecimento sem causa. Entretanto, apesar das semelhanças, é possível apontar algumas diferenças.

O aluvião é o aumento insensível que o rio anexa às terras, tão vagarosamente que seria impossível, em dado momento, apreciar a quantidade acrescida. Esses acréscimos pertencem aos donos dos terrenos marginais, conforme a regra de que o acessório segue o principal (vide art. 1.250 do CC/02).

Ocorre, que nesse caso, o favorecido não está obrigado a pagar indenização ao prejudicado. Entretanto, nenhum particular, pode realizar obra ou trabalho para determinar o aparecimento de terreno aluvial em seu benefício, pois aluvião é obra da natureza, não do trabalho humano. Ou seja, se houver obra humana, poderá surgir o direito a indenização.

As partes descobertas pela retração das águas dormentes, como lagos e tanques, são chamadas de aluvião imprópria. O Código Civil de 2002 não reproduziu a restrição que existia no Código anterior, passando a admitir tacitamente a aluvião imprópria como modo aquisitivo da propriedade.

Já a avulsão verifica-se quando a força súbita da corrente arranca uma parte considerável de um prédio, arrojando-a sobre outro (art. 19, Código de Águas). Porém, segundo se depreende da leitura do Código Civil, a avulsão dá-se não só pela força de corrente como ainda por qualquer força natural e violenta (vide art. 1.251 do CC/02).

Ocorre que neste caso, o acréscimo passa a pertencer ao dono da coisa principal. Se o proprietário do prédio desfalcado reclamar dentro do prazo decadencial de um ano, o dono do prédio acrescido (se não quiser devolver), pagará indenização àquele. Decorrido, todavia, o aludido prazo, considera-se consumada a incorporação, perdendo o proprietário prejudicado não só o direito de reivindicar, como o de receber indenização (art. 1.251 do CC/02 e art. 20, parágrafo único do Código de Águas e ).

Cabe ao dono do prédio acrescido a opção: permitir que se remova a parte acrescida, quando reclamada dentro de um ano, ou indenizar o reclamante (art. 1.251 e parágrafo único do CC/02 e art. 20 do Código de Águas). É dessa forma que a lei disciplina o duplo problema jurídico que a avulsão suscita: o referente ao destino da porção de terra que dela foi objeto e o do reequilíbrio dos patrimônios das partes.

Sabe-se que, tal fenômeno (avulsão) pode ocorrer também por superposição. Contudo, quando a avulsão é de coisa não suscetível de aderência natural, aplica-se o disposto quanto às coisas perdidas (art. 1.233 do CC/02 e art. 21 do Código de Águas), que devem ser devolvidas ao dono. 

Exemplo: Um furacão arremessa de um imóvel para outro, madeiras cortadas, cercas de arame e outros objetos. Neste caso inexiste acessão, visto que tais utilitários devem ser restituídos ao legítimo dono, uma vez que não vem a ocorrer consolidação de duas coisas em uma, conservando cada qual sua própria individualidade. O dono do imóvel em que caíram é obrigado a tolerar a busca e a retirada, mediante indenização, se sofrer algum prejuízo.


Olá! Espero ter ajudado!

Estarei postando no meu perfil daqui alguns resumos e materiais de minha autoria. Se quiser dar uma conferida, só clicar no link. Ainda tem pouco, mas estarei atualizando diariamente.

https://www.passeidireto.com/lista/79986474?utm-medium=link


3
Dislike0
User badge image

Felipe P. Boechat

Em síntese: Sim, há diferenças, pois enquanto o aluvião ocorre através do aumento insensível de terra causado pela corrente, tão vagaroso que torna impossível a apreciação da quantidade acrescida; a avulsão se dá quando força súbita de corrente de água (ou qualquer outra força natural violenta), arranca uma parte considerável de um prédio, o lançando (arrojando-o) sobre outro.

Quanto a indenização: a) no aluvião, em regra, não haverá obrigação de indenização ao prejudicado. Porém, caso o fenômeno tenha ocorrido ou se intensificado por ação humana, surgirá o dever de indenizar; b) na avulsão, deverá ser observado o prazo decadencial de um ano em favor do dono do prédio prejudicado. Se no prazo houver a reclamação, o dono do prédio favorecido deve devolver o acréscimo ou terá que indenizar caso queira ficar com a parte acrescida. Todavia, se transcorrido o prazo, não há de se falar em indenização, pois houve a perda do direito de reivindicação.

3
Dislike0

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

✏️ Responder

SetasNegritoItálicoSublinhadoTachadoCitaçãoCódigoLista numeradaLista com marcadoresSubscritoSobrescritoDiminuir recuoAumentar recuoCor da fonteCor de fundoAlinhamentoLimparInserir linkImagemFórmula

Para escrever sua resposta aqui, entre ou crie uma conta

User badge image

Outros materiais