Qual a diferença fundamental entre norma jurídica e proposição jurídica?

A norma jurídica é o produto da autoridade, e.g., do legislador, que põe o direito. Essa norma jurídica é sempre prescritiva, podendo ser um comando, uma atribuição ou até uma permissão concedida para tal conduta, posta pela autoridade competente. A norma jurídica sempre determina como uma conduta deve ser, e pode definir um é para expor que “quem cometer tal ato (ou seja, ter uma conduta que é X), deve ser penalizado de tal maneira”. A esfera da norma é sempre um dever-ser prescritivo.

Por outro lado, uma proposição jurídica é um juízo hipotético que não é posto, mas sim produção do conhecimento do direito, seu objeto de estudo. A proposição jurídica é determinada pela ciência jurídica, que estuda para conhecer as normas jurídicas positivas e então descrevê-las em enunciados (também podem ser “tradução” da norma). Um enunciado pode ser normativo, uma vez que descreve uma norma jurídica que institui um dever-ser, porém jamais prescritivo, que é uma característica apenas da norma jurídica.

Na prática, é possível definir que, por exemplo, o Código de Processo Penal é uma norma jurídica (prescritiva, posta por uma autoridade), e que a doutrina de Direito Processual Penal do advogado e professor Aury Lopes Jr. é um composto de proposições jurídicas (conhecimento do código e descrição da norma). Enquanto aquilo que Aury tratar em sua obra pode ser qualificado como “verídico” ou “inverídico”, porque estuda o Código de Processo Penal e a proposição só pode ser verídica se consoante o que diz o respectivo código; as normas jurídicas, nesse exemplo o próprio código, só pode ser qualificado como “válido” ou “inválido”, o primeiro quando se apoiar formal e materialmente na Constituição e segundo seu processo legislativo (ainda incorre relembrar que validade difere de vigência).

A norma jurídica é prescritiva, ao passo que a proposição jurídica é descritiva.