Produza uma resenha critica acerca do tema "contrato social" de Jean Jacques Rousseau. ?

Rousseau propõe um novo contrato social a partir da ideia de vontade geral. Essa ideia não é só inédita mas também subversiva para a época. A preocupação do filósofo é descobrir se há algum fundamento racional para o poder estabelecido então, o Absolutismo. A negação de tal fundamento cria um novo paradigma político e social, que estaria destinado a romper de vez com o sagrado e dar as bases para o Estado Democrático de Direito.

A primeira coisa a se fazer é constatar que a ordem social existe não por força da natureza, mas por convenção. A única forma de sociedade natural é a família e mesmo essa, apenas existe enquanto o filho tem a necessidade de proteção dos pais. A partir do momento que essa necessidade cessa, pais e filhos permanecem unidos apenas por convenção.

A dedicação dos pais aos filhos se da pelo amor, enquanto a dedicação do chefe de Estado pelos seus súditos deve se dar por outros motivos.

De Aristóteles a Hobbes, a sociedade foi tratada como um conjunto de bestas selvagens condenadas a obediência de um lado e de poucos homens iluminados destinados ao comando de outro. Aristóteles naturalizou a escravidão e Hobbes fundou seu contrato social a partir da premissa de que os homens são animais sanguinários que precisam ser controlados para que não acabem aniquilando a si mesmos, o que segundo o filósofo inglês, seria sua predisposição natural.

Devemos agora nos perguntar se existe algum fundamento racional para legitime escravidão. Segundo Rousseau a unica coisa que pode fundamentar a escravidão é o direito do mais forte. Entretanto:

"A força é um poder físico;não vejo que moralidade pode resultar de seus efeitos. Ceder à força é um ato de necessidade, não de vontade; quando muito de prudência(...)Quando se pode desobedecer impunemente, pode-se fazê-lo legitimamente e, já que o mais forte tem razão sempre, trata-se apenas de buscar ser o mais forte. Ora, que direito é esse que perece quando cessa a força? Se é preciso obedecer por dever; e se não somos mais forçados a obedecer,não estamos mais obrigados a isso" (ROUSSEAU, Sobre o contrato social, Livro I, 1762)

Assim, a escravidão não se baseia em nenhum princípio racional. O escravo não tem o dever de obedecer seu senhor e esse não tem direito sobre ele, pois sua relação se dá pela força, que em si não constitui direito.

Se um povo é escravo ou é súdito, é povo antes de ser escravo ou súdito. Portanto, é preciso saber o que de fato define um povo em si.

No estado da natureza existem apenas indivíduos. Entretanto, o indivíduo não é forte o bastante para conservar-se no estado de natureza. "Ora, como os homens não podem engendrar novas forças, mas somente unir e dirigir as que já existem, eles não têm outro meio para se conservar senão formar por agregação uma soma de forças que possa prevalecer sobre a resistência, pô-las em jogo por uma só motivação e fazê-las agir em comum acordo".

O contrato social de Rousseau surge assim como um jogo de soma zero: cada um aliena a própria liberdade ao outro, de modo que, sendo a condição igual para todos, cada um alienando as próprias forças em favor dos demais, recebe as forças de todos os demais em seu favor.

Portanto, um contrato social baseado na vontade popular, nada mais é que um contrato fundado nos interesses coletivos, onde cada um se compromete a guardar o pacto fundado, abdicando de sua liberdade animal(liberdade da natureza, dos apetites) e ganhando a liberdade civil, onde é desenvolvida a racionalidade, a justiça e a cooperação entre todos os membros do Soberano.