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Circunstância atenuante, sem previsão legal da possibilidade de redução abaixo do mínimo, ofende o principio da legalidade, analogia in malam parte?

Na dosimetria da pena, o critério adotado para o cálculo da pena é o sistema trifásico, nos termos do Art. 59 do CP. Dentre as fases, tem-se a análise das circunstancias atenuantes e agravantes. Na incidência da circunstância atenuante, a regra é a de que as atenuantes não podem conduzir a redução da pena abaixo do mínimo legal. Ressalta-se que não incide a atenuante quando a circunstância já constitui ou privilegia o crime. Trata-se de exceção criada pela doutrina e que merece atenção. E aqui cabe a indagação: no caso de circunstância atenuantes, em que não há previsão legal sobre a possibilidade de redução abaixo do mínimo legal, ofende o princípio da legalidade, configurando analogia in malam parte?

💡 1 Resposta

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Alana Becker

A respeito do assunto, é preciso entender que a Jurisprudência consolidou o entendimento de que: "Como ocorre na fixação da pena-base, prevalece o entendimento jurisprudencial que o reconhecimento de uma circunstância atenuante não poderá trazer a pena aquém do mínimo legal previsto em abstrato, ao tempo em que o reconhecimento de uma circunstância agravante também não poderá conduzir a pena além do máximo previsto em abstrato. (....)"Tal entendimento se encontra, inclusive, sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça (Súmula 231 do STJ). Apesar de a súmula tratar apenas da hipótese de circunstância atenuante, impedindo a redução da pena abaixo do mínimo legal previsto em abstrato, tal entendimento sumular se aplica também para a hipótese de agravante, impossibilitando igualmente a majoração além do máximo, neste caso, por interpretação análoga extensiva, conforme entendimento dos Tribunais, não necessitando a edição de nova súmula, por serem circunstâncias previstas na mesma etapa do processo de dosimetria (segunda fase), o que deflui na certeza de que devem possuir tratamento isonômico a impedir que se avancem nos limites definidos em abstrato pelo legislador. (SCHMITT, Ricardo Augusto. Sentença Penal Condenatória – Teoria e Prática. 8. ed. Salvador: Juspodivm, 2013. p. 182-183).Conforme se observa, em decorrência da Súmula 231/STJ, a Jurisprudência é unânime em não reduzir a pena abaixo do mínimo legal, no entanto, tal entendimento é contrário ao que preceitua o artigo 59, inciso II e o artigo 65, ambos do Código Penal, uma vez que, em momento algum eles proíbem a fixação da pena abaixo do mínimo legal. Mesmo porque, caso este fosse o entendimento do legislador infraconstitucional, este assim teria dito, expressamente. Ainda, diante do que preceitua a Súmula, apesar de o Código Penal ter adotado claramente o sistema trifásico, a aplicação da referida súmula faz com que muitas vezes seja utilizado o método bifásico quando, da primeira fase, se obtém uma pena no mínimo legal. Assim, seguindo o que prescreve a  Súmula, se a pena ficou no mínimo estabelecido, a segunda fase será ignorada, partindo-se diretamente para a terceira fase.Para a Doutrina, o entendimento jurisprudencial, ainda que unânime, viola o princípio da reserva legal e, pode-se dizer que constitui uma "fraude", pois de nada adiante reconhecer uma atenuante e não realizar a devida atenuação da pena, argumento este, que mesmo sendo arguido em Recursos, principalmente aos Tribunais Superiores, são ignorados.
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