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Vitória Alvarenga Sinais e Sintomas do Sistema Respiratório Este Resumo segue o livro de Semiologia Médica do Porto, 8ª edição. Os principais sinais e sintomas das afecções do aparelho respiratório são: dor torácica, tosse, expectoração, hemoptise, vômica, dispneia, sibilância, rouquidão e cornagem. DOR TORÁCICA As causas mais comuns de dor torácica são: Infarto do Miocárdio; pleurites; alterações musculoesqueléticas; as disfunções do esôfago; e afecções pericárdicas. 1. DOR PLEURÍTICA - CAUSAS: pleurites ou pleurisias - SINTOMAS ASSOCIADOS: tosse seca, timbre alto, podendo ter febre e dispneia. - CARACTERÍSTICAS DA DOR: aguda, em pontada, intensa, localizada com precisão e facilidade, não irradia. Aumenta com a tosse. Quando a dor desaparece e surge dispneia, significa que o derrame se instalou. - PLEURITE DIAFRAGMÁTICA: paciente adota posição antálgica (semissentado), comprimindo o hemitórax oposto com uma das mãos. - PLEURISIAS DIAFRAGMÁTICAS PERIFÉRICAS: dor se reflete na área dos nervos intercostais mais próximos. - PLEURISIAS DIAFRAGMÁTICAS CENTRAIS: dor se reflete na linha paraesternal e, no caso, o paciente não consegue definir com precisão o local da dor (se é torácica ou abdominal). - PLEURITES APICAIS: dor no pescoço e no ombro 2. PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO BENIGNO - CARACTERÍSTICAS DA DOR: súbita, aguda, intensa, comparada a uma punhalada. Dor em paciente com saúde. - SINTOMAS ASSOCIADOS: dispneia. 3. PNEUMONIAS ALVEOLARES - CARACTÉRISTICAS DA DOR: aguda, em pontada, intensa, localizada com precisão e facilidade, não irradia. Aumenta com a tosse. - As pneumonias alveolares se iniciam na periferia dos lobos, em estruturas em estreito contato com a pleura parietal. 4. INFARTO PULMONAR - CARACTERÍSTICAS DA DOR: aguda, em pontada, intensa, localizada com precisão e facilidade, não irradia. Aumenta com a tosse. - A concomitância de doença embólica contribui decisivamente para o diagnóstico de infarto pulmonar. 5. VIROSES RESPIRATÓRIAS - CARACTERÍSTICAS DA DOR: dor difusa, como um desconforto, retroesternal, que se exarceba com a tosse, que é seca. 6. LARINGOTRAQUEÍTES E TRAQUEOBRONQUITES AGUDAS - Paciente localiza a dor na laringe e na traqueia, respectivamente, colocando a mão espalmada sobre o esterno. 7. DOR MEDIASTÍNICA - CARACTERÍSTICAS DA DOR: sensação dolorosa profunda, sem localização precisa, surda e mal definida. - CAUSA PRINCIPAL: neoplasia maligna na região. 8. ANGINA DO PEITO - Aparece após esforço, sobretudo exercícios, alimentação abundante ou estresse. - CARACTERÍSTICAS DA DOR: sensação de aperto e pressão. Dura alguns minutos, sendo interrompida com o fim do esforço ou uso de vasodilatadores. - Quando a causa é IAM, dura horas e não melhora com vasodilatadores. 9. DISSECÇÃO AÓRTICA AGUDA OU ANEURISMA DISSECANTE DA AORTA - CARACTERÍSTICAS DA DOR: lancinante (pontadas, fisgadas internas); paciente relata sensação de ruptura retroesternal, repercutindo para a parte posterior do tórax, entre as escápulas. 10. PERICARDITE - CARACTERÍSTICAS DA DOR: não é desencadeada por esforço, é de menor intensidade e não irradia. Geralmente acompanha quadro infeccioso, como pleurite. - Paciente assume posição de prece maometana, em que fica de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax põe-se em contato com o solo ou colchão. 11. ESOFAGITE - CARACTERÍSTICAS DA DOR: queimação retroesternal quando o paciente se deita, podendo ser confundida com angina. Deve-se indagar sobre uso de bebidas alcoólicas, tabagismo e alimentação excessivamente quente ou muito condimentada. 12. HÉRNIA DE HIATO E ESOFAGITE DE REFLUXO - Simulação de síndrome anginosa após ingerir muitos líquidos ou se alimentar exageradamente. TOSSE Resultado da estimulação dos receptores das mucosas das vias respiratórias, sendo um mecanismo de defesa. Porém, em alguns casos, a tosse pode provocar hemorragias conjuntivais, fratura de arcos costais, hérnias inguinais em pessoas idosas e grande desconforto em pacientes recém operados. Os estímulos podem ser inflamatórios (hiperemia, edema, secreções e ulcerações), mecânicos (poeira, corpo estranho, aumento ou diminuição da pressão pleural como ocorre nos derrames e nas atelectasias), químicos (gases irritantes, poluição) ou térmicos (frio ou calor excessivo). ALGUMAS CAUSAS DE TOSSE: asma, refluxo, rinite, neoplasias, tuberculose, pneumonias, bronquiectasia, entre outras. INVESTIGAÇÃO: frequência, intensidade, tonalidade, expectoração, relações com o decúbito e período do dia em que é maior sua intensidade. 1. TOSSE PRODUTIVA OU ÚMIDA - Acompanhada de secreção e não deve ser combatida. - Pode ser sinal precoce de doença pulmonar intersticial, como alveolite alérgica, sarcoidose, fibrose idiopática. - Após IOT, traqueostomia e em indivíduos portadores de hérnia hiatal ou acometidos de AVC pode ocorrer tosse produtiva provocada por aspiração de resíduos gástricos. Vitória Alvarenga 2. TOSSE SECA - CAUSA: irritação das vias aéreas por vírus, corpo estranho ou enfisema pulmonar. 3. TOSSE QUINTOSA - Geralmente surge pela madrugada com intervalos curtos de calmaria, acompanhada de vômitos e sensação de asfixia. - É característica da coqueluche, mas pode ser causada por outras afecções broncopulmonares. 4. TOSSE SÍNCOPE - Aquela que, após crise intensa, resulta em perda da consciência. 5. TOSSE BITONAL - CAUSA: paresia ou paralisia de uma das cordas bocais, o que indica comprometimento do nervo laríngeo inferior (recorrente), localizado à esquerda do mediastino médio inferior. 6. TOSSE ROUCA - PRÓPRIA DA LARINGITE CRÔNICA, comum nos tabagistas. - As laringites, em grande parte, são causadas pelo PB micose. 7. TOSSE REPRIMIDA - Paciente evita em razão da dor torácica ou abdominal - CAUSAS: início das pleuropneumopatias, pneumotórax espontâneo, neuralgias intercostais, traumatismos toracoabdominal e fraturas de costela. 8. TOSSE ASSOCIADA A BEBER OU COMER - Relacionada às doenças do esôfago superior (divertículo, doença neuromuscular) 9. TOSSE PSICOGÊNICA - Tosse ou pirrago em situações que implicam tensão emocional, como falar em público. EXPECTORAÇÃO É a presença de escarro na tosse, sendo fundamental para diferenciar uma síndrome brônquica de uma síndrome pleural. Deve-se avaliar volume, cor, odor, transparência e consistência. • Mulheres e crianças possuem o hábito de engolir a expectoração. Ainda, nas pneumonias bacterianas, de início não existe expectoração ou é discreta, mas, depois de algumas horas ou dias, surge secreção abundante, de coloração amarelo- esverdeada, pegajosa e densa, podendo ter escarro hemoptoico vermelho-vivo ou cor de tijolo. Nas pneumonias por bacilos gram-negativos, a expectoração é de aspecto geleia de chocolate. Quando há germes anaeróbios, há hálito fétido e escarro pútrido, o que chama a atenção do médico. A fetidez é típica de abcesso pulmonar. Na tuberculose pulmonar, a expectoração pode conter sangue desde o início da doença, costuma ser purulenta, de aspecto numular, indolor, aderindo às paredes do recipiente. 1. CARACTERÍSTICAS DA EXPECTORAÇÃO - Seroso: contém água, eletrólitos, proteínas e é pobre em células. - Mucoide: contém muita água, proteínas, inclusive mucoproteínas e eletrólitos, apresenta celularidade baixa. - Purulento: rico em piócitos e celularidade alta. - Hemoptoico: rajas de sangue. 2. EXPECTORAÇÃO NO EDEMA PULMONAR - Aspecto seroso espumoso. 3. EXPECTORAÇÃO DO ASMÁTICO - Mucoide com alta viscosidade, aderindo às paredes do recipiente que a contém, lembra clara de ovo. - Marca o término da crise asmática. - Rico em eosinófilos. 4. EXPECTORAÇÃO EM PACIENTES COM DPOC - Pequena quantidade de escarro diariamente. - Quando exacerbada, apresenta no mínimo 2 dos 3 critérios: mudança da cor do escarro, passando, por exemplo, de mucoide para purulento; aumento do volume; piora da dispneia. Esses são sinais de infecçãobrônquica. - Bronquíticos crônicos, quando portadores de bronquiectasia, possuem muita expectoração pela manhã. 5. EXAME LABORATORIAL DO ESCARRO - Se contém espirais de Curshmann: asmático - Se contém fâneros: neoplasias teratodermoides do mediastino - Pode conter cristais de Charcot-Leyden, restos de corpo estranho aspirado e helmintos. HEMOPTISE Eliminação de sangue pela boca, passando pela glote. Podem ser causadas por hemorragias brônquicas ou alveolares. Nas hemorragias de origem brônquica, o que ocorre é a ruptura de vasos previamente sãos, como no carcinoma brônquico, ou de vasos anormais dilatados, neoformados, como nas bronquiectasia e na tuberculose. Já nas hemorragias de origem alveolar, a causa é ruptura de capilares ou transudação de sangue, sem que haja solução de continuidade no endotélio. Quando há processo infeccioso que evolui para necrose (tuberculose), surgem cavidades que, ao abscederem, podem abrigar aneurismas de Rasmussen. - Hemoptises originadas nas artérias brônquicas: maciças, sangue pode ou não ser recente, saturado ou não, com ou sem catarro. Ex: bronquiectasia, estenose mitral e fístulas arteriovenosas. - Hemoptises originadas na artéria pulmonar: volume menor. Ex: pneumonias, broncopneumonias, abcessos e tromboembolismo. - Tuberculose e PB micose. HEMOPTISE X EPIXTASE X HEMATÊMESE - Epixtase: hemorragia nasal. Diferenciada pela rinoscopia anterior. Em geral devido à traumatismo, manipulações e espirros. - Hematêmse: hemorragia com aspecto de borra de café, podendo conter restos de alimentos, odor ácido e não é arejado. VÔMICA - Eliminação mais ou menos brusca de pus ou líquido de outra natureza pela glote, podendo ser única ou fracionada. - Em geral, origina-se de abcessos ou cistos nem sempre localizados no tórax, mas que drenam para os brônquios. - CAUSAS: abcesso pulmonar, empiema, mediastinites supuradas, abcesso subfrênico. DISPNEIA Dificuldade para respirar, podendo estar acompanhada de taquipneia ou hiperpneia (amplitude aumentada). Vitória Alvarenga 1. DISPENEIA SUBJETIVA OU OBJETIVA - Subjetiva: percebida pelo paciente - Objetiva: acompanhada de manifestações que a evidenciam ao exame físico. 2. DISPNEIA AOS GRANDES, MÉDIOS E PEQUENOS ESFORÇOS - Relaciona com as atividades físicas. - Pode ser caracterizada de outras maneiras, como escalas categóricas, escalas analógicas ou escalas multidimensionais. 3. DISPNEIA DE REPOUSO 4. ORTOPNEIA - Dispneia que impede o paciente de ficar deitado e o obriga a se sentar ou ficar de pé para obter algum alívio. 5. TREPOPNEIA - Aparece em determinado decúbito lateral, como em pacientes com derrame pleural que se deitam sobre o lado são. 6. PLATIPNEIA - Dispneia que aparece quando o paciente passa da posição deitada para sentado ou em pé. - CAUSAS; malformação arteriovenosa pulmonar, síndrome hepatopulmonar, forame oral patente ou um defeito no septo atrial. 7. FISIOPATOLOGIA - CAUSAS ATMOSFÉRICAS: pobreza em oxigênio ou diminuição da pressão parcial. De início tem taquipneia e depois dispneia. - CAUSAS OBSTRUTIVAS: neoplasias, aneurisma da aorta, adenomegalia mediastínica, entre outras. Asma e bronquiolite. - CAUSAS TORACOPULMONARES: fraturas de arcos costais, cifoescoliose, alterações musculares. - CAUSAS DIAFRAGMÁTICAS: paralisia diafragmática, hérnias diafragmáticas e elevações uni ou bilaterais. - CAUSAS PLEURAIS: derrame pleural - CAUSAS CARDÍACAS: congestão passiva dos pulmões. - CAUSAS DE ORIGEM TECIDUAL: tetania, crises convulsivas, exercício físico. - CAUSAS RELACIONADAS AO SISTEMA NERVOSO: origem neurológica, como hipertensão craniana, ou origem psicogênica. SIBILÂNCIA Chiado no peito, predominante na expiração, quase sempre acompanhado de dispneia. Timbre é elevado e o tom é musical. Ocorre frequentemente pela noite pelos seguintes motivos: ambiente silencioso; posição deitada pode reduzir os volumes pulmonares e o diâmetro das vias respiratórias; redução fisiológica da produção de corticoides e de catecolaminas no período noturno. Sempre que houver sibilância, excluir possibilidade de refluxo e rinite. Pode ser prenúncio de crise asmática, mas quando for persistente, localizada e unilateral, deve-se pensar em neoplasia ou corpo estranho. ROUQUIDÃO OU DISFONIA É a mudança do timbre da voz. Ela traduz alteração na dinâmica das cordas vocais. Quando for aguda, de curta duração, não tem maior significado, ocorrendo com frequência nas laringites virais. As lesões das cordas podem ser laríngeas (tuberculose, PB micose, pólipos e neoplasias benignas e malignas) ou extralaríngeas (tumores localizados no mediastino médio inferior, adenomegalia, aneurisma do arco aórtico e estenose mitral). CAUSAS SITÊMICAS: mixedema, mucoviscosidose e lúpus e lúpus eritematoso. OUTRAS CAUSAS: difteria, mononucleose infecciosa e neurite diabética. CORNAGEM Dificuldade inspiratória por redução do calibre das vias respiratórias superiores, na altura da laringe, e que se manifesta através do estridor e tiragem. Paciente desloca a cabeça para trás, em extensão forçada. CAUSAS: laringite, difteria, edema da glote e corpos estranhos.
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