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FICHAMENTO 2

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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ 
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE BREVES 
FACULDADE DE LETRAS 
 
DISCIPLINA: LITERATURA BRASILEIRA I: ERA COLONIAL 
DOCENTE: PROF. DR. ESEQUIEL GOMES DA SILVA 
 
DISCENTE: SAMUEL SOUSA CAVALCANTE 
 
PERÍODO REMOTO EMERGÊNCIAL 2021.1 
 
 
 
FICHAMENTO DO ARTIGO: 
O DESREGRAMENTO BARROCO DE GREGÓRIO DE MATOS 
Samuel Anderson de Oliveira Lima 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Curralinho – PA 
2021 
“O Barroco é uma arte e como arte encanta, enfeitiça, estonteia. Através dela, o 
homem, com raízes no século XVII, se envolveu no universo da busca pelo sentido da 
vida, da busca pela razão de sua existência. Não tão diferente das nossas angústias 
modernas, que só asseveram a persistência do drama barroco na vida do ser humano. 
São as mesmas contradições da alma, a mesma trágica dor.” (LIMA, 2017, p. 523) 
 
“Desde muitos anos, desde que seus versos vieram à praça pública, Gregório de 
Matos e Guerra tem sido motivo de muitas discussões, sejam para exaltá-lo como 
figura literária exponencial, sejam para diminui-lo como poeta plagiário.” (LIMA, 2017, 
p. 523) 
 
“O homem barroco é perscrutador, leitor, devorador de livros.” (LIMA, 2017, p. 526) 
 
“Ler a obra poética gregoriana ultrapassa o discurso preconceituoso da dúvida da 
existência do poeta, da incerteza da originalidade dos seus versos, da difusão de seu 
processo imitativo, mal entendido como plágio. Ler Gregório de Matos, portanto, deve 
partir do princípio de que a poesia suplanta os arroubos historicistas. A poesia acima 
de tudo.” (LIMA, 2017, p. 529) 
 
“[...] é através de sua poesia que podemos enxergar o painel poético do Barroco em 
solo brasileiro, participando ativamente do processo de formação cultural, literária e 
identitária. Com essa visão, pode-se percorrer do Seiscentos ao Século XX, quando 
a vanguarda resgata o poeta dando-lhe então uma roupagem nova, a de barroco-
moderno.” (LIMA, 2017, p. 529) 
 
“É Gregório quem sabiamente inicia a festa da carnavalização antropofágica, 
devorando, muitas vezes, a palavra do pai, transformando-a noutro discurso, 
destituído da oficialidade, transgressora, enigmática. Como num baile de máscaras 
barroco, Gregório vai construindo um labirinto, com percursos tortuosos, fechados, 
mas festivo.” (LIMA,2017, p. 530) 
 
“Gregório de Matos e Guerra nasceu na Bahia de Todos os Santos em 1636, data 
atestada pelo seu maior biógrafo, Fernando da Rocha Peres (2004). Seu pai, Gregório 
de Matos, era titular dos escudeiros em Ponte Lima. Sua mãe, Dona Maria da Guerra, 
também era de família rica. Portanto, o jovem Gregório de Matos e Guerra nasceu em 
berço ilustre na colonial Bahia. Com pais influentes, ele teria uma educação nos 
moldes europeus.” (LIMA, 2017, p. 530) 
 
“Gregório sempre foi um homem sem subterfúgios, um homem que não se 
subordinava às regras estabelecidas pelo poder.” (LIMA, 2017, p. 531) 
 
“O estudo da poesia de Gregório de Matos invoca tempos e tempos no âmbito da 
Literatura Brasileira, uma vez que há muitas páginas que historicizam a época em que 
viveu o poeta bem como sua atualidade na vanguarda do século XX. Do século XVI, 
os poemas gregorianos chegam até nós carregados pelas marcas da poesia barroca 
num momento em que esse estilo é entendido como um processo de apropriação.” 
(LIMA, 2017, p. 532) 
 
“[...] Gregório é o próprio barroco, ele intensifica via poesia a instauração das 
prerrogativas barrocas, num processo de inovação desses conceitos já que no Brasil 
colônia uma nova identidade se formava.” (LIMA, 2017, p. 532) 
 
“Oswald de Andrade (1945) defende que a sátira gregoriana tem uma função crítica e 
moralista, que faz rir; ligada à sociedade, a sátira é sempre oposição.” (LIMA, 2017, 
p. 535) 
 
“Gregório desmascara o clero, expõe as entranhas da Sé baiana, ridiculariza o poder 
clerical, ao qual reserva sua sátira demolidora. Esta décima compõe um poema que 
ridiculariza as ações de um padre chamado Baltasar Miranda. A persona poética 
achincalha as ações do clérigo a fim de desmoralizar também a Igreja. Isso, portanto, 
causa o riso antropofágico, carnavalizante; é um riso sarcástico, pois denigre a 
imagem do homem da Igreja. As ações do padre, expostas pelo poeta, são totalmente 
contrárias ao seu ofício, levando ao ridículo a ordem a que pertence.” (LIMA, 2017, p. 
535) 
 
“O poema barroco traduz, por meio das imagens que as palavras criam, o sentimento 
de angústia interior. A maioria dos poemas barrocos trata de dualidades, de 
hemisférios antagônicos. E a sensação de desilusão ou de perda dentro do mundo é 
algo que permeia o coração do homem desde aqueles tempos. O homem barroco não 
é diferente do homem moderno, ambos convivem per si com a mesma sensação 
agônica, com o mesmo sentimento de desilusão, com a mesma presença da dor, mas 
também da alegria. O homem moderno é o homem barroco em outra esfera temporal.” 
(LIMA, 2017, p. 338) 
 
“Gregório é o espelho desse barroco, desregrado, melancólico, sarcástico. Ele nos 
apresenta o teatro da palavra, numa ritualística contraposta entre o código e seu 
significado, num verdadeiro jogo de opostos, na dança da linguagem, que implanta o 
mundo ao avesso e assim Gregório recria um mundo novo, lúdico, plástico, helicoidal, 
barroco.” (LIMA, 2017, p. 338)

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