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UNIDADE III Prof. Dr. Mário Caldeira História da Arte Moderna e Contemporânea As visitas aos museus se transformaram, desde há muito tempo, em rituais pré- programados de “lazer cultural”. Podemos compará-los às visitas que milhões e milhões de pessoas fazem todos os anos aos gigantescos parques temáticos norte-americanos, com seus personagens fictícios, montanhas-russas e passeios virtuais fantásticos em 3D. A comparação não é feita com base no conteúdo: um parque de diversões é uma coisa e uma exposição séria de arte é outra. Mas os dois têm algo em comum: ambos são usufruídos de acordo com regras estabelecidas há muito tempo e ensinadas desde a escola, com suas visitas guiadas pelas professoras aos museus e às galerias das cidades. A Arte Contemporânea Eventualmente, há as exposições em que o público participa mais ativamente das obras expostas, pois isso pode fazer parte da proposta de um ou de outro artista, mas o ritual é sempre o mesmo. A pergunta é: qual o reflexo de uma visita dessas na vida das pessoas? E vice-versa, há algum reflexo dessas visitas na obra de algum desses artistas? A Arte Contemporânea Vimos, então, dois dos limites encontrados na Arte Contemporânea na sua aceitação pelo público em geral: uma é a dificuldade de entender que significado essas obras podem ter na vida de quem as observa e outra é entender o que é aquela e por que ela foi feita daquela maneira. A Arte Contemporânea Compreender Arte Moderna não é tão simples para a maioria das pessoas, mas há algo de familiar nela, pois a maioria dos movimentos e grupos artísticos dessa época já foi muito explorada e explicada. Essa familiaridade torna mais fácil a compreensão, mesmo que superficial, de suas razões. As análises mais profundas continuam sendo consultadas e elaboradas por especialistas, estudantes e outros artistas. Além disso, parte considerável da Arte Moderna é figurativista, o que facilita sua leitura. Mas é mais difícil quando um público não especializado ou pouco familiarizado se depara com obras de arte que chamamos de contemporâneas. O fato de surgirem constantemente muitas novidades não facilita. É aí que os rituais preestabelecidos de fruição dentro de museus, galerias e bienais tornam-se úteis, pois aproximam o público daquelas obras. “Pelo menos, eu sei como me comportar dentro de um ambiente desses”, pode pensar um visitante eventual desse tipo de exposição. Mas explicar a utilidade de conhecer essas obras é mais difícil por uma razão muito simples. Uma das características mais importantes da noção de arte é que ela é feita para não ter utilidade imediata. A Arte Contemporânea Por isso, os movimentos artísticos apresentados a seguir devem ser compreendidos dentro de uma visão abstrata. Algumas obras ainda têm uma vertente figurativista, como alguns trabalhos da Pop Art, mas são exceções. Para compreender melhor a Arte Contemporânea é importante entender os motivos que levaram esses profissionais a produzir aqueles trabalhos. Alguns eram experimentações plásticas ou, como alguns críticos definem negativamente, arte pela arte. Outros foram produzidos com base na pretensão de se afirmar algo ou transmitir uma mensagem. Outros ainda devem ser vistos como provocações em relação a algo solidificado que o artista pretende discutir. A Arte Contemporânea Jackson Pollock (1912-1956) foi o maior nome do Action Painting. Ao contrário do que os demais artistas faziam até aquela época, ele aplicava jatos de tinta sobre a superfície de telas deitadas no chão, sem emprego de cavalete. Por meio dessa ação, Pollock cobria totalmente a tela e eliminava qualquer possibilidade de percepção figurativa ou de perspectiva por parte do espectador. Desse modo, criava obras de arte cheias de instintividade e emoção. O Expressionismo Abstrato O Expressionismo Abstrato Jackson Pollock. Blue Poles (também conhecida como Number 11), 1952. Esmalte e tinta para alumínio com vidro derramadas sobre tela. 212,1 cm × 488,9 cm. National Gallery of Australia, Canberra (Austrália). Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/62/Bluepoles.jpg>. Acesso em: 17 fev. 2019. Willem De Kooning (1904-1997), igualmente representante do Expressionismo Abstrato norte-americano, não se distanciou totalmente do Figurativismo. Adepto do Abstracionismo, empregava pinceladas fortes, violentas, frenéticas em seus quadros, produzindo composições diferenciadas e muito coloridas, mas nas quais se reconhecem objetos e seres. O Expressionismo Abstrato De Kooning privilegiou em seus trabalhos as figuras femininas, sendo que a sua obra mais famosa é a série Mulheres, produzida no início da década de 1950. O Expressionismo Abstrato Willem De Kooning. Mulher I. 1950-1952. Óleo sobre tela, 1,93 m x 1,47 m. MoMA, Nova Iorque (Estados Unidos). Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte: os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos. Rio de Janeiro: Sextante, 2011, p. 453. Mas não só do impactante Action Painting vivia o Expressionismo Abstrato estadunidense. Um artista mais contido, introspectivo e preocupado com o excesso de consumo da sua época e da Pop Art, que começava, fazia trabalhos que exigiam muito do público. Mark Rothko (1903-1970) não fazia quadros simples de serem apreendidos pelo público em geral, seja pelas imagens fáceis que caracterizariam a Pop Art, nem pela maneira como os quadros de Pollock eram produzidos. Muito pelo contrário. Rothko fazia obras que, apesar de poderem ser interpretadas como algo muito simples, de fato não o eram. Para compreender sua obra é necessária uma dedicação quase religiosa. O Expressionismo Abstrato No limite, podemos afirmar que ele manipulava as cores, não apenas por si só, mas pelo exercício da organização do espaço pela cor e pela luz. O Expressionismo Abstrato Mark Rothko. Vermelho Suave sobre Preto. 1957. Óleo sobre tela, 232,7 cm x 152,7 cm. Tate Gallery, Londres (Inglaterra). Fonte: McCARTHY, D. Arte Pop. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. p. 9. Esse diálogo entre você e o quadro não é fácil. Imagine-se em um museu tentando entender o que são essas manchas e por que o artista tentou fazer isso. Nem todo mundo tem tempo, paciência ou interesse em desvendar algo assim. É uma obra simples na aparência, mas exigente na sua entrega intelectual: ela não se oferece facilmente ao público e Rothko não fazia questão de ser popular. Mas seu trabalho influenciou inúmeros artistas, inclusive no Brasil, como o artista plástico paulista Arcangelo Ianelli (1922-2009). O Expressionismo Abstrato A Arte Contemporânea não é fácil de ser compreendida. Uma das razões, identificadas nesta aula, é: a) O fato de que as imagens dessa arte são figurativistas. b) A facilidade como o público compreende a sua proposta artística. c) O fato de que os artistas usam temas muito familiares. d) O fato de que as imagens dessa arte são abstratas. e) A simplicidade com que essas obras são feitas. Interatividade A Arte Contemporânea não é fácil de ser compreendida. Uma das razões, identificadas nesta aula, é: a) O fato de que as imagens dessa arte são figurativistas. b) A facilidade como o público compreende a sua proposta artística. c) O fato de que os artistas usam temas muito familiares. d) O fato de que as imagens dessa arte são abstratas. e) A simplicidade com que essas obras são feitas. Resposta A Pop Art é, geralmente, apresentada como um movimento artístico que ocorreu predominantemente nos Estados Unidos e na Inglaterra, entre a segunda metade dos anos 1950 e os anos 1960. Com forte influência do Dadaísmo, a Pop Art contribuiu também para revolucionar o próprio conceito de obra de arte, uma vez que incluía em seus temas objetos tipicamente comerciais e de consumo de massa, contrariando a máxima de que a arte é alheia aos interesses do mercado.A Pop Art Sobretudo os artistas representativos desse movimento incorporaram ao seu repertório objetos emblemáticos da indústria cultural e do universo da propaganda, como a Coca-Cola, as imagens de artistas populares como Marilyn Monroe, programas de televisão, as revistas em quadrinhos, o cinema e a publicidade. De certo modo, por incluir imagens plenamente identificáveis de pessoas e objetos, a Pop Art marcou também um retorno ao Figurativismo, contrapondo-se ao Expressionismo, dominante desde o fim da Segunda Grande Guerra (1939-1945). A Pop Art Jasper Johns (1930- ) foi um dos mais conhecidos participantes da Pop Art nos Estados Unidos, principalmente por suas várias releituras da bandeira desse país. A reprodução desse ícone nacional, por intermédio de várias releituras, é um aspecto típico desse movimento e tem por objetivo esvaziá- lo de seus valores. A Pop Art Jasper Johns. Flag (Bandeira). 1954-1955. 1,07 m x 1,54 m. Pintura encáustica, tinta a óleo sobre tela. MoMA, Nova Iorque (Estados Unidos). Fonte: <https://cdn.pixabay.com/photo/2018/07/05/14/38/new-york-3518452_960_720.jpg>. Acesso em: 1 abr. 2019. Roy Lichtenstein (1923-1997) tinha grande apreço pelas histórias em quadrinhos. Pintou quadros a óleo e tinta acrílica, empregando uma técnica muito própria de pontilhismo, marcada pelo forte colorido e luminosidade, sempre delimitado por um traço negro. A Pop Art Roy Lichtenstein. Whaam!. 1963. Óleo e magna sobre tela, 172,7 cm x 406,4 cm. Tate Gallery, Londres (Inglaterra). Fonte: McCARTHY, D. Arte Pop. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. p. 60-61. Andy Warhol (1927-1987) foi o mais famoso representante da Pop Art. Tornou-se internacionalmente conhecido por suas séries de retratos de ícones da música e do cinema, como a atriz Marylin Monroe. A Pop Art Andy Warhol. Marilyn Diptych. 1962. Tinta acrílica sobre tela. 205,44 cm x 289,56 cm. Tate Gallery, Londres (Inglaterra). Fonte: <https://cdn.pixabay.com/photo/2016/04/09/16/40/marylin-monroe- 1318440_960_720.jpg>. Acesso em: 1 abr. 2018. Um movimento artístico que procurou questionar cientificamente a veracidade do “que” os nossos olhos veem, e de “como” eles veem, assim podemos definir a Optical Art ou Arte Óptica. Apesar de o termo não ter nada a ver diretamente com o olho humano, a consequência da aplicação dos conhecimentos da óptica e de como o nosso globo ocular – junto com a nossa mente – funciona, teve impacto direto na crença da precisão do nosso principal sentido. A Op Art Os impressionistas e os pós-impressionistas tinham ideias muito diferentes sobre como o nosso olhar funcionava e o que podíamos tirar desse poder de observação, mas compartilhavam algo em comum: a certeza de que o que os nossos olhos viam era sempre verdadeiro. Por isso, o que deveria ser discutido era como representar o que captavam. Os impressionistas optaram por representar as sensações percebidas pelo olhar a partir dos efeitos da natureza. Os pós- impressionistas também enveredaram por esse caminho aberto por eles, mas de uma maneira mais controlada e com um rigor na aplicação das cores muito maior. No entanto, o olhar era sempre algo inquestionável. A Op Art A Op Art é quase um retorno à preocupação do final do século XIX, sobre a maneira como percebemos a realidade. Mas, em vez de tentar reproduzir na obra de arte o resultado de nossas percepções, esse movimento artístico explora, com profundidade, a falta de exatidão do nosso olhar. A interação de cores, baseada nos grandes contrastes (preto e branco), ou na utilização de cores complementares são a matéria-prima da Op Art. A técnica moire, aplicada no trabalho Current, de Bridget Riley, é um bom exemplo. Nela, há a criação de um espaço móvel, produzindo um efeito denominado whip blast (explosão do chicote). A Op Art A Pop Art Bridget Riley. Current (Corrente). 1962. Tinta de polímeros sintéticos sobre prancha de composição, 1,48 m x 1,49 m. MoMA, Nova Iorque (Estados Unidos). Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte: os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 526. O quadro ao lado de Bridget Riley demonstra como a técnica moire é utilizada para criar um efeito óptico. Veja em detalhe como a sequência de linhas sinuosas cria imagens e cores que não estão impressas. A Pop Art Bridget Riley. Current (Corrente). Detalhe. 1962. Tinta de polímeros sintéticos sobre prancha de composição, 1,48 m x 1,49 m. MoMA, Nova Iorque (Estados Unidos). Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte: os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 526 (com adaptações). Qual era o objetivo que os artistas da Op Art tinham com os impressionistas do final do século 19? a) A possibilidade de criar um fenômeno plástico totalmente abstrato. b) A capacidade de uma representação criar impressões sobre o nosso olhar. c) A possibilidade de fazer uma nova arte totalmente figurativa. d) A capacidade de uma paisagem nos emocionar pela sua beleza. e) A possibilidade de criar uma nova realidade na pintura. Interatividade Qual era o objetivo que os artistas da Op Art tinham com os impressionistas do final do século 19? a) A possibilidade de criar um fenômeno plástico totalmente abstrato. b) A capacidade de uma representação criar impressões sobre o nosso olhar. c) A possibilidade de fazer uma nova arte totalmente figurativa. d) A capacidade de uma paisagem nos emocionar pela sua beleza. e) A possibilidade de criar uma nova realidade na pintura. Resposta O Minimalismo foi um movimento artístico iniciado no decênio de 1960, nos Estados Unidos, cujos representantes buscavam expressar-se por meio do recurso aos elementos fundamentais – mínimos – das artes visuais. Nas artes plásticas, os minimalistas se opuseram ao Expressionismo Abstrato norte-americano. Para os minimalistas, caberia à arte exprimir apenas a si própria, e não a qualquer elemento extra-artístico, não visual. Por esse motivo, pode-se considerar o Minimalismo o ponto culminante do reducionismo nas artes plásticas, tendência que vinha se manifestando em diferentes campos artísticos no transcorrer do século 20. O Minimalismo Na próxima figura encontramos a reprodução de parte da obra do minimalista norte-americano Dan Flavin (1933-1996), um dos principais expoentes da Minimal Art. A obra é uma escultura situada em uma igreja e composta por tubos luminosos coloridos. Mas, se a igreja já existe, parece tratar-se apenas de um projeto de iluminação. O Minimalismo Entretanto, não é só isso. O que Flavin faz é criar uma escultura de luz. A igreja seria o equivalente ao quadro para um pintor. O quadro de Flavin é a igreja. O Minimalismo Dan Flavin. Instalação no interior da Santa Maria Annunciata em Chiesa Rossa, 1966. Milão (Itália). Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/77/%22_14_-_ITALY_- _Dan_Flavin_in_Milan_-_Chiesa_di_Santa_Maria_Annunciata_in_Chiesa_Rossa_church_- _LED_lightning_-_color_emotion_-_colorful.jpg>. Acesso em: 17 fev. 2019. Esse movimento artístico se desenvolveu, principalmente, nos Estados Unidos, a partir da década de 1960. Diferentemente do Minimalismo, na Arte Conceitual, a crítica está presente, embora não de forma explícita, mas em reflexões filosóficas e linguísticas. Nessa vertente das artes plásticas, as ideias e os conceitos são considerados mais importantes do que os meios e os materiais empregados na sua representação. Nesse sentido, o artista torna as suas obras veículos de pensamentos e teorias, ou seja, busca-se demonstrar que a arte se origina das ideias e o planejamento da produção artística é elevado a uma condição superior à própria execução das obras. Arte Conceitual Arte Conceitual Joseph Kosuth. One and Three Chairs (Uma e três cadeiras), 1965,madeira e fotografia em prata coloidal, 82 cm x 38 cm x 53 cm (cadeira), 91,5 cm x 61 cm (fotografia), 61 cm x 61 cm (painel com texto). MoMA, Nova Iorque (Estados Unidos). Fonte: FARTHING, S. Tudo sobre arte: os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 502- 503. Arte Conceitual Interpretação da arte conceitual de Joseph Kosuth, intitulada One and Three Chairs (Uma e três cadeiras). Fonte: autoria própria O trabalho de Kosuth e de outros artistas do mesmo gênero tem ampla influência da ousadia de Marcel Duchamp: o que importa é a ideia e o conceito de arte, e a materialidade da obra é mera consequência, ainda que necessária. Mas essa proposta também teve críticas e consequências que foram além das propostas conceituais. Arte Conceitual Como os artistas que elaboravam Arte Conceitual manipulavam os objetos em seus trabalhos? a) Havia uma descontextualização do objeto. b) Eles destruíam fisicamente o objeto. c) Eram feitas pinturas sobre o objeto. d) O objeto era usado como um ready-made. e) O objeto era pintado com uma pintura staccato. Interatividade Como os artistas que elaboravam Arte Conceitual manipulavam os objetos em seus trabalhos? a) Havia uma descontextualização do objeto. b) Eles destruíam fisicamente o objeto. c) Eram feitas pinturas sobre o objeto. d) O objeto era usado como um ready-made. e) O objeto era pintado com uma pintura staccato. Resposta A quantidade de artistas e a amplitude das propostas de cada um deles, que surgiram entre o final do século passado e o início do XXI, individualmente ou em grupo, são tão grandes que não cabem nesta aula. Os livros existentes sobre o assunto e que tentam abordar o tema da forma mais ampla possível tornam-se leituras difíceis, voltadas para especialistas, dado o volume gigantesco de informações. Além disso, muitos artistas integrantes da cena contemporânea, ainda vivos ou falecidos recentemente, começaram suas carreiras na primeira metade do século XX. O que aumenta a dificuldade de se criarem textos amplos sobre a contemporaneidade, porque a vida de inúmeros desses artistas – os mais velhos, obviamente – estende-se por muitas décadas. A cena artística no final do século 20 e início do 21 A Land Art, ou Arte da Terra (nesse caso relacionada ao planeta Terra), é um exemplo claro e radical da retirada dos limites dos suportes da arte, tema abordado anteriormente. Se o ready-made eliminou a necessidade de que tudo em uma obra de arte tem de ser feito manualmente (em geral, pelo próprio artista) e a performance transformou movimento, fala e dança em arte plástica, a Arte da Terra extrapolou e ampliou esses limites, alcançando o território em que vivemos. A Land Art (Arte da Terra) No episódio oito do documentário American Visions, o famoso crítico de artes Robert Hughes entrevista e acompanha o artista plástico James Turrell (1943- ), que trabalhava, na época, no início da implantação de um projeto de Land Art, a Roden Crater (Cratera Roden). Esse espaço geológico natural, situado no deserto do Arizona, nos Estados Unidos, é o topo de um vulcão extinto em forma de cone invertido e foi escolhido por Turrell para criar o projeto de um espaço em que olhar o céu a olho nu, das formas diferentes das que estamos acostumados, é o principal meio. A Land Art (Arte da Terra) Ao lado, vemos a cratera Roden, escolhida pelo artista Turrel para criar um observatório a olho nu do céu. A Land Art (Arte da Terra) Vista aérea da Cratera Roden, local escolhido por James Turrell para implantar um espaço para olhar o céu a olho nu. Arizona (Estados Unidos). Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/91/Roden.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2019. O termo hiper-realismo apareceu no início dos anos 1970, descrevendo o ressurgimento de um realismo de altíssima fidelidade na escultura e na pintura daquela época. O Realismo, principalmente na pintura, não é uma novidade plena. É importante lembrar que os pintores flamengos, oriundos da região onde hoje fica a Holanda, nos séculos XV e XVI, como Jan van Eyck (1390?-1441), eram exímios pintores no que se refere à capacidade de fazer do quadro uma espécie de fotografia colorida de alta qualidade, só que feita à mão. Veja, por exemplo, o quadro do casal Arnolfini. O Hiper-realismo Ao lado, vemos uma das pinturas flamengas mais famosas, com seu detalhismo impressionante, que prenunciou a Arte Hiper-realista. O realismo aqui é conseguido com a perspectiva e o grande número de detalhes visíveis na pintura. O Hiper-realismo Jan Van Eyck. O Casal Arnolfini, 1434. National Gallery, Londres (Inglaterra). Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/common s/3/33/Van_Eyck_-_Arnolfini_Portrait.jpg>. Acesso em: 24 fev. 2019. As obras de Ron Mueck (1958- ), escultor e artista plástico australiano, seguem essa vertente e são bem posteriores ao surgimento do novo conceito de hiper- realidade. A primeira obra a chamar atenção é a escultura Dead Dad. É uma escultura que retrata o seu pai recém-falecido com suas formas baseadas na memória e na imaginação do autor. A primeira exposição individual de Mueck foi na galeria Anthony d’Offay, em Londres, em 1998. Sua escultura de, aproximadamente, 5 metros de altura, Boy, foi mais tarde exibida na 49ª Bienal de Veneza, em 2001. Atualmente, a escultura está “sentada” na entrada do Museu de Arte Contemporânea da Dinamarca (ARoS). O Hiper-realismo O hiper-realismo está no limite entre a realidade e a ficção e Mueck sabe manipular esse limite, fazendo o observador ir de um lado a outro, no movimento pendular da percepção mencionada antes, como poucos sabem fazer atualmente. O título Mask II (Máscara II) também é uma alusão ao limite entre a ilusão e a realidade, a ilusão com que temos que nos mascarar às vezes para enfrentar a dura realidade. Ele aproveita também para fazer esculturas impossíveis ou que chocam, mas com um grau de realidade que nos deixa atônitos. O Hiper-realismo O Hiper-realismo Ron Mueck. Mask II, 2001-2002. Escultura. 77 cm x 118 cm x 85 cm. Coleção Anthony D'Offay Gallery, Londres (Inglaterra). Fonte: <https://cdn.pixabay.com/photo/2018/10/01/23/15/ar t-3717559_960_720.jpg>. Acesso em 31 mar. 2019. O Hiper-realismo tem uma relação com a nossa visão do objeto artístico bastante peculiar. Essa relação é baseada, principalmente: a) Na capacidade da obra de parecer real, mesmo sem sê-lo. b) Na possibilidade de enganar nossos olhos com efeitos ópticos. c) Na simulação de cenas imaginadas a partir do subconsciente. d) Na construção de cenários abstratos. e) Na criação de pinturas figurativistas, baseadas no Pontilhismo. Interatividade O Hiper-realismo tem uma relação com a nossa visão do objeto artístico bastante peculiar. Essa relação é baseada, principalmente: a) Na capacidade da obra de parecer real, mesmo sem sê-lo. b) Na possibilidade de enganar nossos olhos com efeitos ópticos. c) Na simulação de cenas imaginadas a partir do subconsciente. d) Na construção de cenários abstratos. e) Na criação de pinturas figurativistas, baseadas no Pontilhismo. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!
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