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UNIDADE IV Prof. Dr. Mário Caldeira História da Arte Moderna e Contemporânea Como vimos anteriormente, não podemos ter apenas como parâmetro os critérios da arte tradicional para explicar a arte moderna. Quando falamos de arte contemporânea, conforme já observamos, menos ainda. Nessa situação, então, como é feita a arte contemporânea? Em primeiro lugar, é importante destacar as bases dessa produção. Os elementos envolvidos são: o tempo, o espaço e os materiais. Vejamos como cada uma dessas categorias é manipulada por artistas de qualidade na atualidade. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: o tempo A arte moderna ainda carregava consigo a ideia de perenidade da obra de arte, mas com um novo viés. Enquanto as artes plásticas mais tradicionais, aceitas pelo Salão da Academia de Belas Artes de Paris, tinham um profundo interesse na eternidade da obra artística (tanto na forma quanto no conteúdo), os impressionistas enviesaram-se por outro caminho. Tanto eles quanto os pós- impressionistas acrescentaram no final do século XIX um novo parâmetro dentro da categoria tempo: o registro de impressões fugazes e passageiras. As sensações causadas por um pôr do sol no mar, pelo movimento de pessoas indo e vindo, a trabalho ou a lazer, o movimento lento, mas contínuo das nuvens, o cotidiano da cidade ou, mais ainda, do campo, são aspectos percebidos por esses artistas, mas que são todos efêmeros. Outra novidade inserida por alguns impressionistas, mas não utilizada por todos, corresponde à velocidade com que a pintura era feita. A proposta de sair do estúdio, com luz e cenários controlados artificialmente, era buscar a natureza e coletar as impressões causadas. Para captar essas sensações era necessário pintar com muita velocidade, pois o cenário ao ar livre mudava constantemente. Isso gerava pinturas feitas com pinceladas rápidas (staccato), vigorosas e intuitivas, sem muito preparo prévio. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: o tempo O que afirmamos aqui é que o tempo, a partir da segunda metade do século XIX, começa a ser parte intrínseca da obra. O tempo que a obra levou para ser feita está registrado nela, no seu fazer. Não é possível medir esse tempo com um relógio, mas é possível ver a ação do autor ou da autora da obra registrada na tela. Isso também fará parte das esculturas e de outros suportes artísticos. É o que acontece mais tarde, a partir do século XX. O tempo passaria a ter um outro significado nas artes plásticas, quando surge uma nova e inusitada maneira de fazer, ou melhor, de apresentar uma obra: é o que chamamos hoje de performance artística, arte performática, ou simplesmente performance. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: o tempo As primeiras performances, como as proporcionadas por poetas do movimento Dadaísta, como Tristan Tzara e Hugo Ball, eram bem simples se comparadas às que ocorrem hoje. Ball foi fundador do Cabaret Voltaire, que, conforme já vimos, era um café, bar e teatro em Zurique, Suíça, que se tornou ponto de encontro de inúmeros artistas, muitos do movimento dadaísta. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: o tempo Foto de uma performance feita por Hugo Ball, em 1916, no Cabaret Voltaire, fundado por ele. Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commo ns/c/ce/Hugo_Ball_Cabaret_Voltaire.jpg>. Acesso em: 10 fev. 2019. Mas é com a Arte Performática que o tempo e o corpo, juntos, transformam-se em um suporte autônomo, com seu espaço em exposições, nas ruas e nos locais escolhidos por artistas que se dedicam exclusivamente a essa técnica. A Arte Performática não foi explicitamente formulada pelo grupo japonês Gutai, nos anos 1950, mas é possível afirmar que eles foram seus precursores, especialmente por trabalhos como o Vestido Elétrico (1957), da artista Atsuko Tanaka (1932-2005), que fazia parte do grupo. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: o tempo Até o início do século XX, os suportes para as artes, tanto as plásticas quanto as demais, tinham seu espaço claramente delimitado. As pinturas estavam nos quadros e nos afrescos, mas sempre dentro de alguma construção (museu, palácio, templo, residência etc.); as estátuas tinham seu espaço físico próprio, mas podiam ficar dentro de edifícios ou ao ar livre, em praças ou parques; os textos literários dentro dos livros, que por sua vez ficavam em estantes (que ficavam em bibliotecas públicas ou particulares); e a dramaturgia, a música e os recitais dentro dos teatros, casas de ópera, ou ainda dentro da residência de algum cliente nobre ou abastado. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: o espaço As vanguardas artísticas posteriores ao Pós-Impressionismo detonaram esse lugar já delimitado. E o golpe de misericórdia contra o espaço tradicional das artes em geral foi desferido pela internet. As mudanças são tão profundas que é necessário estabelecer um pequeno roteiro para perceber a existência de uma conexão entre o espaço tradicional da arte, ao qual ainda estava fortemente vinculada a arte moderna, e o que ocorreu na arte contemporânea. Mesmo porque ainda hoje a pintura, a escultura e a gravura também são produzidas em suportes tradicionais e exibidas em espaços semelhantes ao que foi descrito há pouco. Até a música voltou a ser comercializada e colecionada em vinil, algo absolutamente impensável até a primeira década do século XXI. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: o espaço Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: os materiais Gráfico com a evolução dos suportes nas artes. Fonte: autoria própria. As inovações trazidas pelos impressionistas e pelas vanguardas artísticas, como já vimos, começa pelo registro de temas efêmeros (o clima, as nuvens, as pessoas com suas tarefas cotidianas), mas, com o passar do tempo, estende-se a outros campos, como a invenção do ready-made. Usar objetos produzidos industrialmente com suporte para um conceito de arte também é explorar o tempo, mas de outra maneira: significa que para reproduzir a obra-conceito de Marcel Duchamp (e ele fez várias repetidas) basta comprar os mesmos objetos e materiais. Os procedimentos do fazer artístico contemporâneo: os materiais Identifique nas alternativas a seguir um suporte contemporâneo para artes plásticas. a) Pintura. b) Performance. c) Tapeçaria. d) Afresco. e) Escultura. Interatividade Identifique nas alternativas a seguir um suporte contemporâneo para artes plásticas. a) Pintura. b) Performance. c) Tapeçaria. d) Afresco. e) Escultura. Resposta Classificar certos artistas e suas obras é uma tarefa quase impossível, que talvez nem desejável seja. A classificação em si serve apenas como apoio para se compreenderem mais facilmente a obra de um artista, suas características principais, quando foi pensada e executada, o que não significa que realmente se aprenda algo com tais informações. A dificuldade de classificação Esse é o caso de Allan McCollum (1944) com a proposta do Projeto Formas. Desenvolvida entre 2005 e 2006, a proposta idealizou um sistema de produção capaz de criar uma forma, delimitada por uma proporção única, para cada pessoa do planeta. Para isso ele desenvolveu um sistema, com uma parte elaborada em computador, capaz de gerar mais de 30 bilhões de formas completamente diferentes uma da outra, garantindo a individualidade do projeto por muito tempo, se pensarmos que a população do planeta está, na década de 2010, em torno de 7,5 bilhões de seres humanos. A dificuldade de classificação A dificuldade de classificação Desenhos que representam formas (Shapes) desenvolvidas por Allan Mccollum, no projeto The Shapes Project, elaborado entre 2005-2006. As esculturas são entalhadas em Corian®, com máquinaCNC. A ideia é que cada habitante do planeta tenha uma forma única. Segundo Allan, nenhuma forma se repete, são todas exclusivas. Fonte: autoria própria. Esse projeto revela o quanto estamos individualistas e como a preocupação com o “eu” se sobrepõe cada vez mais ao conceito de “nós”. A arte contemporânea não modificou apenas os suportes tradicionais das artes plásticas ou a maneira de pensar a arte, mas também o espaço artístico. Um exemplo importante é o trabalho de Keith Haring e de Jean-Michel Basquiat. Ambos começam a usar espaços da cidade para criar obras artísticas. No início eram tratados como marginais, e só depois de algum tempo começam a ser percebidos como artistas criativos. O espaço da arte: museus, galerias, espaço público O metrô de Nova York tinha inúmeros painéis, chamados de blackboards, nas plataformas de embarque e desembarque de suas estações, usados como suporte para placas de propagandas comerciais e avisos. O fundo desses painéis era preto e, às vezes, os painéis ficavam à mostra quando não eram usados. Nesse pequeno espaço residual, Keith Haring (1958-1990) desenhava suas figuras humanas estilizadas (ver seu quadro sem título na próxima figura), seus cachorros minimalizados e várias outras formas, usando giz branco, com sugestões de movimento e de energia marcados por pequenas linhas. O espaço da arte: museus, galerias, espaço público O que Haring modificava de fato ao fazer pinturas dentro do metrô de Nova York era o espaço ocupado pela arte e por seu suporte. Outros artistas já faziam algo nesse sentido, mas foi a geração de Haring que rompeu de vez com esses dois aspectos da arte que ainda se mantinham com muita força. Jean-Michel Basquiat (1960-1988) era um deles, e, assim como Haring, faleceu muito cedo, sem nos ter deixado a chance de apreciar o desenvolvimento de sua carreira. Keith Haring falece com 31 anos de idade, vítima de complicações decorrentes da Aids. Ele já havia se tornado um ativista pela liberdade dos direitos civis, e incluía esse tema com frequência em suas obras. O espaço da arte: museus, galerias, espaço público A pintura ao lado mostra o tipo de grafismo criado por Keith Haring e que até hoje é muito popular. Esse tipo de desenho influenciou artistas de várias modalidades, inclusive nos quadrinhos e na moda. O espaço da arte: museus, galerias, espaço público Figura 78 – Keith Haring. S/ título. Década de 1980. Tinta sobre tecido. Dimensão não identificada. Kunsthalle Munich, Munique (Alemanha). Disponível em: <https://cdn.pixabay.com/photo/2017/06/07/17/46/exhibition- 2381035_960_720.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019. O trabalho de Haring está claramente inserido em uma continuidade radical da Pop Art, e na abertura de novos caminhos para o espaço e para o suporte da própria arte. Haring não estava sozinho nessa trajetória. Artistas tão radicais quanto ele da cena nova-iorquina atuavam também nessa direção. O espaço da arte: museus, galerias, espaço público A arte contemporânea, principalmente a que começa a ser feita a partir dos anos 1960 nas ruas, com performances, murais e happenings, se retira do espaço museológico. Fazer arte fora dos museus, como Keith Haring e Jean-Michel Basquiat (1960- 1988) o faziam, era, no princípio, simplesmente coisa de delinquente. Mas, com o passar do tempo, a ocupação das ruas, muros e fachadas tornou-se não só um desejo de artistas, mas um interesse da população, que alcançou até um nível político. No século XXI realizar eventos com arte nas ruas é algo muito comum e desejado em cidades onde não existem tais eventos. O espaço da arte: museus, galerias, espaço público Qual foi uma das principais contribuições que o artista Keith Haring deixou com sua obra? a) O uso de temas populares nos seus quadros. b) O uso de espaços urbanos como suporte para arte. c) O uso de referências clássicas em obras contemporâneas. d) O uso de performances como meio de manifestação artística. e) A possibilidade de fazer estátuas em espaços públicos. Interatividade Qual foi uma das principais contribuições que o artista Keith Haring deixou com sua obra? a) O uso de temas populares nos seus quadros. b) O uso de espaços urbanos como suporte para arte. c) O uso de referências clássicas em obras contemporâneas. d) O uso de performances como meio de manifestação artística. e) A possibilidade de fazer estátuas em espaços públicos. Resposta Desde há muito tempo a sobrevivência dos artistas é garantida principalmente pela venda das obras que eles produzem. Seja a venda direta ao cliente, seja a venda indireta através de um marchand que revende os trabalhos artísticos a terceiros. O valor de uma obra de arte, principalmente de um artista ou artista famosa e já falecida, é geralmente alto. Mas, desde o final do século 20 aconteceu um fenômeno comercial que transformou o mercado de artes no mundo: os leilões milionários de obras de arte. O leilão é uma boa oportunidade para se comprar uma obra de arte. O problema é quando os lances chegam a valores inimagináveis. A arte como negócio e a crítica da arte Foi o que aconteceu com um quadro de Vincent van Gogh. A disputa foi surpreendentemente rápida até que, finalmente, em um lance final assombroso de um dos participantes, o leiloeiro anunciou o valor arrematado pelo objeto em leilão: 39,9 milhões de dólares. Nunca uma pintura tinha atingido tamanha quantia em uma disputa. Na hora anterior, para se compreender o espanto da plateia que tinha acabado de participar dos outros leilões, fora gasto pelos arrematadores um total de 22,2 milhões de dólares na aquisição de 41 trabalhos de artistas impressionistas e modernos. O leilão aconteceu em 1987 em Londres. A arte como negócio e a crítica da arte A arte como negócio e a crítica da arte Vincent van Gogh. Vaso com Quinze Girassóis, réplica da 4ª versão (fundo verde e amarelo). Óleo sobre tela, 100 cm x 76 cm. Museu de Arte Sompo Japan, Tóquio (Japão). Disponível em <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/com mons/1/1a/Van_Gogh_Vase_with_Fifteen_Su nflowers.jpg>. Acesso em 18 jan. 2018. O pequeno quadro, intitulado Vaso com Quinze Girassóis, foi feito por Vincent van Gogh, que, se vivo, faria 134 anos no mesmo dia em que a pintura foi a leilão. O lance inicial foi de 8 milhões de dólares. Quando perguntado como era possível que uma pintura considerada de pouquíssimo valor enquanto Van Gogh era vivo poderia atingir tal fortuna cem anos depois, o leiloeiro respondeu, sem deixar de beber o seu champanhe após o leilão: “ele [Van Gogh] era um homem estranho […] não era muito bom na divulgação do seu trabalho” (CLINES, 1987). Hoje se sabe que o comprador misterioso foi Yasuo Goto, um magnata japonês do ramo de seguros, e o quadro encontra-se no Museu de Arte Sompo Nipponkoa Japan, do Memorial Seiji Togo, em Tóquio, Japão. A arte como negócio e a crítica da arte O quadro de aquisição mais cara até hoje, iniciado o século 21, é de suposta autoria de Leonardo da Vinci, intitulado Salvator Mundi. Ele foi vendido pela casa de leilões Christie's, em Nova York, em novembro de 2017, pela impressionante soma de 450,3 milhões de dólares, estabelecendo um novo recorde. Isso até o próximo megaleilão de artes acontecer… A arte como negócio e a crítica da arte Leonardo da Vinci. Salvator Mundi, c. 1500. Óleo sobre placa de nogueira. 45,4 cm x 65,6 cm. Louvre Abu Dhabi, Abu Dhabi (Emirados Árabes). Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/5/ 5c/Leonardo_da_Vinci%2C_Salvator_Mundi%2C_c .1500%2C_oil_on_walnut%2C_45.4_%C3%97_65. 6_cm.jpg>. Acesso em: 18 jan. 2019. O mercado especializado no negócio de arte existe há muito tempo, mas é possível separá-lo em duas fases: uma mais antiga, que ainda existe, que é simplesmente uma ação de encomendar um trabalho para um ou umaartista, e outra relativamente mais recente, que é a comercialização da obra de arte como objeto de investimento financeiro, intermediada por um marchand ou por uma casa de leilões. Mas houve uma novidade relativamente recente no mercado das artes. Os marchands eram exclusivamente profissionais do mercado de arte, limitando-se a tratar de negócios e de marketing. A partir da segunda metade do século XX, alguns artistas começam a se transformar em empreendedores, eliminando o marchand ou colocando-o em segundo plano. A arte como negócio e a crítica da arte Jeff Koons (1955- ) é um dos artistas mais conhecidos e bem remunerados do início do século XXI, e suas obras são, ao mesmo tempo, objeto de admiração e de escárnio, de adoração (compradores pagam milhões por suas obras) e de completo desprezo (principalmente por parte dos críticos especializados). A imagem a seguir é uma releitura de uma pequena e famosa escultura paleolítica em pedra, a Vênus de Willendorf. Esculpida entre 28.000 e 25.000 a.C., foi encontrada na Áustria em 1908, e encontra-se atualmente em um museu em Viena. Ela é simplesmente uma das mais importantes esculturas do período paleolítico e, na releitura de Koons, tornou-se parecida com aqueles balões distribuídos para crianças. A arte como negócio e a crítica da arte A arte como negócio e a crítica da arte Jeff Koons. Balloon Venus, 2008-2012. Aço inoxidável polido pintado. Ashmolean Museum, Oxford (Inglaterra). Disponível em: <https://cdn.pixabay.com/photo/2015/07/23/21/ 05/museum-857548_960_720.jpg>. Acesso em: 31 mar. 2019. Podemos comparar Koons a um dos artistas mais hábeis do início do século 21 e um dos mais ricos também, o britânico Damien Hirst (1965- ). Tanto Jeff Koons quanto Hirst são artistas plenos, e não é possível (ainda que muitos o façam) nem justo recriminá-los por ganhar (muito) dinheiro. A crítica justa acontece quando se reconhece que Hirst fez alguns de seus famosos trabalhos baseando-se em diversos tipos de plágio. Em alguns dos casos, que foram a julgamento, acusavam o artista britânico de copiar obras de outras pessoas, ele assumiu a responsabilidade sigilosamente, compensando o que fez com doações a entidades de caridade. A arte como negócio e a crítica da arte Apesar das críticas, Hirst é inegavelmente um dos artistas mais capazes de chamar a atenção com suas obras provocantes, como a obra ao lado, que colocou em uma exposição em 1992 com o objetivo de divulgar o trabalho dos Jovens Artistas Britânicos. A arte como negócio e a crítica da arte Damien Hirst. A Impossibilidade Física da Morte na Mente de Alguém Vivo. 1991. Tubarão-tigre, aço, vidro, silicone e solução de formol a 5%, 2,13 m x 5,18 m x 2,13 m. FARTHING, S. Tudo sobre arte: os movimentos e as obras mais importantes de todos os tempos. Rio de Janeiro: Sextante, 2011. p. 556. Qual forma de comercialização de obras de arte tem atingido os valores monetários mais altos na atualidade? a) A venda feita pelo marchand. b) A venda feita pelo artista direta ao cliente. c) A obra de arte feita sob encomenda. d) A obra de arte comprada em grandes leilões internacionais. e) A obra de arte doada pelo artista. Interatividade Qual forma de comercialização de obras de arte tem atingido os valores monetários mais altos na atualidade? a) A venda feita pelo marchand. b) A venda feita pelo artista direta ao cliente. c) A obra de arte feita sob encomenda. d) A obra de arte comprada em grandes leilões internacionais. e) A obra de arte doada pelo artista. Resposta O pai do músico que havia falecido havia pouco e era velado pela família e por inúmeros fãs, admiradores e admiradoras, companheiros e amigas, em um depoimento emocionado declarou: “Ele era um músico, um artista honesto! Não estava interessado em dinheiro!”, exaltando uma das qualidades de Marcelo Yuka (1965-2019), um dos músicos fundadores do grupo brasileiro O Rappa. Ao dar aquele o depoimento, sem querer, o pai de Yuka revela uma visão bastante disseminada da relação entre arte e dinheiro, que também pode ser ampliada para arte e comércio. Arte e dinheiro Essa mesma opinião, de modo um pouco diverso, aparece na manifestação de Carlos Bracher (1940- ), artista de origem mineira, que avalia com veemência: “O mercado quer o sucesso. Ele quer o Volpi das bandeirinhas, ele quer o Pancetti das marinhas. Ele quer o que vende. Mercado é uma tragédia, é o desastre da arte”. O artista se refere a Alfredo Volpi (1896-1988) e a Giuseppe Gianinni Pancetti (1902-1958). O que Bracher critica é o fato de que o mercado de artes, ao descobrir uma sequência de obras com muita procura, fixa-se nestes, sem se interessar por mais nada. Arte e dinheiro Não é possível afirmar que José Pancetti se conformou ao mercado de artes para que aceitassem sua obra popular que reproduz paisagens marinhas, que têm uma presença forte no imaginário da população brasileira. Também não é possível dizer que a busca obstinada dele era por achar um tipo de tema que vendesse mais que outro. Arte e dinheiro Ao lado vemos uma das marinhas pintadas por Pancetti, com traços rápidos e que captam bem a atmosfera do lugar. Arte e dinheiro José Pancetti. Paisagem de Itapoã. 1953. Óleo sobre tela, 38 cm x 53 cm. Coleção G. Chateaubriand, Rio de Janeiro, Brasil. Fonte: MANUEL, P. (org.). Arte no Brasil. São Paulo: Editora Abril, 1982. p. 231. Quem é artista hoje? Essa pergunta, que antes já era difícil de responder, agora ficou mais complicada ainda. Há pouquíssimo tempo, no Brasil, pichadores passaram a ser chamados de grafiteiros, pichação passou a ser grafite e alçou desconhecidos à posição de artistas de renome, muito bem pagos para pintar fachadas de edifícios, muros velhos e escadarias antigas na cidade. A mudança radical, que começa nos Estados Unidos e se amplia para outros países, demonstra uma situação que coloca em jogo a definição do que é artista. Se, até surgirem as aventuras ousadas dos artistas modernos que prenunciavam o que a arte contemporânea faria, havia uma delimitação clara de quem era artista plástico, o mesmo não se pode afirmar sobre o início do século XXI. Quem é artista hoje Um site dedicado às artes plásticas criou uma lista intitulada “Os Artistas mais Influentes da Última Década”, referindo-se ao início do século XXI. Veja os critérios utilizados: “Nós selecionamos artistas que moldaram a consciência do público, outros que redefiniram o que é o mercado de arte, aqueles que reduziram a distância entre o processo e o produto, aqueles que tiveram um efeito profundo sobre outros artistas, aqueles que expressaram a condição cultural com mais eficiência, e aqueles que passaram mais tempo no centro das atenções […].” (COHN; EISINGER, 2013, tradução nossa). Quem é artista hoje Observe que a maioria dos critérios para selecionar quem vai na lista está relacionada à capacidade de influenciar outras pessoas, sejam marchands, críticos, outros artistas ou o público em geral. Vejamos como a capacidade de influenciar outros artistas acontece na obra de Louise Bourgeois (1911-2010), uma artista conhecida pela sua capacidade de materializar na arte suas preocupações com o universo feminino. Ela é uma das mais conhecidas artistas feministas e uma de suas obras, chamada de Maman, tornou-se muito popular, tanto pela sua localização quanto pelas suas formas. Quem é artista hoje A grande escultura de bronze de Bourgeois, que lembra uma aranha gigante, é de fácil reconhecimento, e ao se estudar um pouco mais sobre a artista entende-se que a imagem da aranha é uma interpretação física do papel da mãe, que com grande força exerce sua influência sobre a sua prole (daí o nome Maman). Quem é artista hoje Louise Bourgeois. Maman, 1999. Escultura em bronze, aço inoxidável e mármore. 927 cm x 891 cm x1024 cm. Museu Guggenheim, Bilbao (Espanha). Disponível em: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e5/Maman_de_Louise_Bourgeois_- _Bilbao.jpg>. Acesso em: 19 jan. 2019. Qual é umas das principais críticas feitas ao mercado de arte por alguns artistas? a) É que o mercado de arte só se interessa pelas obras que vendem mais. b) É que o mercado de arte é fundamental para a criatividade dos artistas. c) A crítica é que o mercado de artes se concentra somente em pinturas. d) É que o mercado de artes é pouco rentável para os leilões. e) A crítica é que o mercado de artes é dominado pelos próprios artistas. Interatividade Qual é umas das principais críticas feitas ao mercado de arte por alguns artistas? a) É que o mercado de arte só se interessa pelas obras que vendem mais. b) É que o mercado de arte é fundamental para a criatividade dos artistas. c) A crítica é que o mercado de artes se concentra somente em pinturas. d) É que o mercado de artes é pouco rentável para os leilões. e) A crítica é que o mercado de artes é dominado pelos próprios artistas. Resposta ATÉ A PRÓXIMA!