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MELANIE KLEIN

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Livro Psicanálise de crianças
PAG 60 A 69 
Melanie Klein, por sua parte, pensa que a capacidade de transferência é espontânea na criança e que deve ser interpretada, tanto a positiva como a negativa, desde o primeiro momento, não devendo o analista tomar o papel de educador. Pensa que a ansiedade da criança é muito intensa e que é a pressão dessas ansiedades primárias que põe em funcionamento a compulsão à repetição, mecanismo estudado por Freud na dinâmica da transferência e no impulso a brincar. Conduzem-no a simbolizações e personificações, nas quais reedita suas primeiras relações de objeto, à formação do superego e à adaptação à realidade, que se expressam em seus jogos e podem ser interpretados. Em seus primeiros trabalhos, Melanie Klein era de opinião que, pelo processo de simbolização, a criança conseguia distribuir o amor a novos objetos e novas fontes de gratificação. Mais tarde afirmou que também distribui suas angústias e que pelos mecanismos de repartir e repetir as diminui e domina, afastando-se de seus objetos originários perigosos.
A substituição do objeto originário, cuja perda é temida e lamentada, por outros mais numerosos e unitários; a distribuição de sentimentos em múltiplos objetos e a elaboração de sentimento de perda através da experiência de afastamento e recuperação - como Freud analisou no jogo do carretel - são a base da atividade lúdica e da capacidade de transferência. Com os objetos - pelo mecanismo de identificação projetiva - as crianças fazem transferências positivas ou negativas, de acordo com o comportamento do objeto, aumentando ou aliviando sua ansiedade. Este mecanismo está na base da situação transferencial, onde se repete a relação com os objetos originários. As primeiras defesas na relação da criança com os objetos surgem de suas tendências agressivas e são a projeção, considerado o sujeito, e a destruição, considerado o objeto. Desde o primeiro momento, a paciente projeta no analista e nos brinquedos suas tendências destrutivas e amorosas, com uma intensidade que variará com o grau de fusão que tenha conseguido com os instintos de morte e vida. A criança, quando brinca, coloca o analista nos mais variados papéis. Pode personificar o id e nesta projeção dar vazão a suas fantasias, sem despertar demasiada ansiedade; quando esta diminui, será capaz, ele mesmo, de personificar-se neste papel. Nas personificações do jogo, observa-se que muito rapidamente pode mudar o objeto de bom em mau, de aliado em inimigo, e como o analista assume e interpreta os papéis hostis requeridos pelo jogo, como também os positivos, existe um constante progresso em direção a identificações mais bondosas e uma maior aproximação à realidade. Uma das finalidades da análise é a gradual modificação da excessiva severidade do superego, o que se consegue, em parte, pela interpretação dos papéis no jogo. “ Mas não sempre o trabalho do analista é tão simples, nem sempre a criança lhe determina papéis facilmente interpretáveis. O analista que deseja penetrar nas raízes da severidade do superego não deve preferir nenhum papel; deve adaptar-se ao que a situação analítica lhe oferece.”2’ Referindo-se à necessidade de interpretar a transferência negativa, diz em um de seus últimos trabalhos: “ Durante o tratamento, o analista aparece como uma figura idealizada, mas esta idealização é usada como defesa contra as ansiedades persecutórias e suas consequências” . O analista deve tratar de eliminar esta excessiva idealização e, mediante a análise da transferência positiva e negativa, reduzir a ansiedade persecutória, diminuindo assim a idealização. No transcurso do tratamento, o analista representará, na transferência, uma variada gama de figuras, que correspondem às Introjetadas pela criança em seu desenvolvimento; será visto como perseguidor e como figura idealizada, com múltiplos graus e matizes. A criança pequena abandonou uma grande parte de seu complexo de Édipo e pela repressão e pelo sentimento de culpa está muito afastada dos objetos que desejou originariamente; suas relações com eles sofreram distorções e se transformaram, de maneira que os objetos de amor presentes são imagens dos originais. Por esta razão é que pode muito bem produzir uma nova edição dos objetos desejados ao princípio. Seus sintomas se modificarão, acentuando-se ou diminuindo, de acordo com a situação transferencial; pode inclusive acontecer que em casa retorne a hábitos e condutas que já haviam desaparecido. A relação consciente-inconsciente é diferente na criança e no adulto; o inconsciente está em estreito contato e é mais permeável com o consciente na criança. Eles estão mais profundamente dominados pelo inconsciente e por isso prevalece a representação simbólica. Na análise de crianças nos encontramos com resistências tão marcadas como na análise de adultos; manifestam-se como crises de angústia, como interrupção ou mudança de jogo, aborrecimento, desconfiança, variando com os casos e com a idade. As crises de ansiedade e medo são mais frequentes em crianças pequenas. Ao estudar a angústia em relação ao material oferecido, tropeçamos sempre com o sentimento de culpa. Interpretando-o em relação com as fantasias originais e com as transferências, é possível diminuir a transferência negativa em favor da positiva. A ansiedade transferencial mais intensa é a de reviver as primeiras relações de objeto, com o predomínio das ansiedades paranoides e depressivas. Assim como nas crianças pequenas a transferência negativa se expressa normalmente pelo medo, nas maiores - especialmente na latência - adquire a forma de desconfiança, reserva ou simples desgosto. Quando a criança manifesta timidez, desconfiança, aborrecimento, ansiedade - sinais de transferência negativa -, a interpretação os reduz, fazendo retroceder os afetos negativos em direção aos objetos e situações originários. Na sua luta contra o medo dos objetos mais próximos, a criança tende a deslocar este temor a objetos mais distantes - o deslocamento é uma das maneiras de enfrentar a ansiedade - e a ver assim neles sua mãe e pai maus. A criança que se sente predominantemente sob ameaça de perigo espera sempre encontrar-se com o pai ou mãe maus e reagirá com ansiedade ante estranhos. Na relação analítica, o predominante nestes casos é a transferência negativa, conseguindo através deste mecanismo uma boa imagem dos pais reais
Resumindo os pontos de vista técnicos, diremos que para Melanie Klein e sua escola: 
I - A mesma ansiedade que leva à divisão de imagens, boa e má, no início da vida, revive-se na análise; as ansiedades depressivas e paranoides são experimentadas na análise, expressas no jogo e reduzidas pela interpretação. 
2 - Quando o desenvolvimento normal diminui a divisão entre objetos perseguidores e idealizados e o ódio é mitigado pelo amor, podem estabelecer se objetos bons no mundo interno, melhorando as relações com o mundo exterior. No tratamento, este progresso conduz à cura. 
3 - 0 aumento da capacidade de sintetizar prova que o processo de dissocia- - ~ I—*— u Ha criança pequena, diminuiu (ESSA PARTE CORTOU) 
- A atuação das imagens com características fantasticamente boas ou más, que predominam na vida mental, é um mecanismo geral em crianças e adultos. Suas variações são somente de grau, frequência e intensidade. 
5 - Estas imagens correspondem a estados intermediários entre o superego terrorífico totalmente afastado da realidade e identificações mais próximas ao real. 
6 - Na medida em que estas figuras intermediárias aparecem no jogo de criança através do mecanismo de simbolização e personificação, podemos compreender a formação de seu superego e amortecer sua severidade. 
7 - A transferência é o instrumento principal para conhecer o que acontece na mente da criança e também para descobrir e reconstruir sua história inicial. 
8 - 0 descobrimento da fantasia transferencial e o estabelecimento da relação entre as suas primeiras experiências e as situações atuais constituem o principal meio de cura.
 9 - A repetição das situações primárias na transferêncianos leva às vivências dos primeiros meses de vida. 
10 - Nas fantasias com o analista, a criança retrocede a seus primeiros dias e ao estudá-las em seu contexto e compreendê-las em detalhe obter-se-á um conhecimento sólido do que aconteceu na sua mente nas etapas primárias. No fim da análise, o paciente revive emoções de sua época de desmame e a elaboração do luto transferencial se consegue através da análise das ansiedades paranoides e depressivas.
48 pag
A técnica criada por Melanie Klein13 baseia-se na utilização do jogo e continua as investigações de Freud. Pensa que a criança, ao brincar, vence realidades dolorosas e domina medos instintivos, projetando-os ao exterior nos brinquedos. Este mecanismo é possível, porque muito cedo tem a capacidade de simbolizar. Este deslocamento das situações internas ao mundo externo aumenta a importância dos objetos reais, que, se em um princípio eram fonte de ódio, produto da projeção dos impulsos destrutivos, com o jogo, e por ele, se transformam em um refúgio contra a ansiedade, sentimento surgido pelo mesmo ódio. O brinquedo permite à criança vencer o medo aos objetos, assim como vencer o medo aos perigos internos; faz possível uma prova do mundo real, sendo por isso uma “ponte entre a fantasia e a realidade” . O que observei em crianças permite-me afirmar que se jogam o suficiente e no devido tempo, adaptam-se progressivamente à realidade. Cada etapa do desenvolvimento exige determinados jogos, que devem ser compreendidos e possibilitados para não deterem a evolução normal. A técnica de jogo aplicada ao tratamento e ao diagnóstico não exclui a utilização e a interpretação de sonhos, de sonhos diurnos e de desenhos. Mas tenho observado que, oferecendo à criança a possibilidade de expressar-se brincando, sendo interpretado adequadamente o seu jogo, ela sonhará pouco ou não sonhará; o mesmo afirmaria, com menos ênfase, com relação ao desenho. Claro que em casos especiais - como alguns a que já fiz referência - as inibições para brincar determinam que a expressão seja feita mediante sonhos e desenhos. O jogo, como os sonhos, são atividades plenas de sentido. A função do jogo é a de elaborar as situações excessivas para o ego - traumáticas -, cumprindo uma função catártica e de assimilação por meio da repetição dos fatos cotidianos e das trocas de papéis, por exemplo, fazendo ativo o que foi sofrido passivamente. O jogo não suprime, mas canaliza tendências. Por isso a criança que brinca reprime menos que a que tem dificuldades na simbolização e dramatização dos conflitos através desta atividade.
PAG 232
Segundo Melanie Klein, o falar e o prazer no movimento sempre possuem cargas libidinosas de natureza genital simbólica. Isso se dá através da identificação, bem cedo, do pênis ou da vagina com o pé, a mão, a língua, a cabeça e o corpo. Daí que a atividade desses membros adquiria significado de coito.5 A contribuição que faz o componente feminino à sublimação provavelmente sempre esteja ligada à receptividade e à compreensão, que são partes importantes de toda a atividade. Entretanto, a parte executiva, que é a que constitui realmente toda a atividade, encontra a sua origem na sublimação da potência masculina.6 Para Mônica, a língua simbolizava seu pênis, cuja atividade considerava proibida e suja. Esse deslocamento intensificou mais ainda a rejeição que ela supunha de parte de seus pais ao seu desejo de ter um pênis como o do primo.
Pag 274
Melanie Klein descobriu fantasias de masturbação subjacentes às atividades lúdicas. Pude observar que sob a ansiedade que ativa a capacidade de jogar estão as necessidades genitais insatisfeitas, que surgem da fase genital prévia, quando, ao aparecer seu primeiro dente, deve abandonar seu vínculo oral com a mãe e busca um vínculo genital. O bebê deseja morder antes que apareçam as peças dentárias e sua aparição marca uma fase importante em seu desenvolvimento; o que até esse momento pode ser uma fantasia de morder e rasgar transforma-se em realidade. A alimentação com sólidos é por isso imprescindível nesse momento, não só como alimento, senão para satisfazer sua necessidade de morder e canalizar normalmente o alimento. Também o movimento é uma necessidade corporal e psicológica que nesse momento lhe serve para exploração e conhecimento do mundo exterior, aliviando desse modo a ansiedade. Quando o bebê mostra necessidade de movimento e faz força para incorporar-se, tentando tomar os objetos próximos a ele, é necessário satisfazer essa necessidade. Esta pode apresentar-se antes num bebê do que em outro, e é a observação de suas reações que nos dará a pauta do estímulo que necessita. Já na segunda metade do primeiro ano, a criança necessita explorar o mundo e, além disso, distanciar-se da mãe, para preservá-la dos seus impulsos de destruí-la com os dentes, unhas e todos os meios que são inerentes ao seu desenvolvimento corporal e normais a essa idade. Distribuindo sua agressão, ânsia e culpa de reparação dos outros objetos, pode estabelecer uma boa relação com a mãe. Se não se cumprem essas necessidades surgem transtornos; o mais frequente é a insônia. Outra conquista que o ajuda, aliviando sua ansiedade, é a aquisição da linguagem. Também no final do primeiro ano, o bebê adquire a capacidade de falar as primeiras palavras. O laleio significou um jogo com sons que lhe permite elaborar situações de perda, e a palavra, que é, em princípio, a reconstrução do objeto da sua mente, facilita-lhe a elaboração de sucessivas perdas. Quando a criança caminha, move-se livremente e já diz algumas palavras, está em condições de elaborar a aprendizagem do controle de esfíncteres. Não só porque este desenvolvimento o facilita, senão porque se modifica o significado que para ele tem a urina e as matérias fecais. Até esse momento a necessidade de sujarse satisfaz com as matérias fecais e a urina, que são, para seu inconsciente, além disso, os instrumentos de sua onipotência sádico-destrutiva. Outros movimentos e necessidades os substituirão lentamente.

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