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1ºAula Comunicação e Linguagem Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • refletir, analiticamente, sobre a linguagem como um fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e, sobretudo, ideológico; • desenvolver e manter uma visão teórico-aplicada sobre algumas das principais teorias adotadas nas investigações e nos usos da linguística em textos conversacionais; • perceber a língua como o maior instrumento da prática social (níveis de linguagem) e como a forma mais elaborada das manifestações culturais e/ou abordagem intercultural. Caros(as) alunos(as), O objetivo desta aula é apresentar a formação dos conceitos a respeito do processo de comunicação, que nos darão base para o entendimento sobre os elementos essenciais na busca pela compreensão do contexto da comunicação contemporânea. No decorrer dessa aula, veremos as relações que permeiam o processo comunicativo como um todo, bem como seus aspectos individuais. Para a compreensão destes temas acima citados, é importante apresentarmos alguns argumentos clássicos, a respeito da comunicação e seu papel transformador na formação profissional. Em nossa primeira Aula, retomaremos uma reflexão acerca da comunicação e da linguagem, temas de grande relevância, com os quais certamente já teve contanto durante sua trajetória escolar, buscando reconhecer a importância de cada uma delas em nosso cotidiano, seja pessoal ou profissional. Para que sua aprendizagem seja satisfatória/excelente, sugerimos que leia sempre a página inicial de cada Aula, bem como seus objetivos, para programar e organizar seus estudos. Lembre-se ainda de que a Linguagem é uma área na qual você precisará fazer da pesquisa uma companheira constante em sua caminhada. De todos os elementos relacionados à leitura e à escrita, um dos mais relevantes é sua característica transformadora, principalmente na ação profissional, pois aquele que se propõe a agir na sociedade (em qualquer área do conhecimento), deve estar consciente que será um elemento de transformação, independentemente da idade deste, pois, quantos de nós despertamos para uma profissão nos espelhando nos ícones de cada área? Esperamos que os estudos de linguagem possam incentivá-los a buscar novos horizontes na Engenharia Ambiental e sanitária, não só os teóricos, como, principalmente, os que levarão ao trabalho de qualidade e permeado pelo domínio da Língua Portuguesa. Ah, você é o protagonista de sua aprendizagem! Portanto, contamos com a sua participação ativa! Boa Aula! Bons estudos! 157 Leitura e Produção de Texto 6 Seções de estudo 1 2 - Processo de Comunicação: um Panorama Teórico 3 - Elementos da comunicação Hoje iniciamos a nossa primeira aula da disciplina de Leitura e Produção de Textos. Neste primeiro encontro considerei importante apresentar conceito de leitura; para isso, também, apresento um panorama teórico e os elementos envolvidos no processo comunicativo. Conduziremos nossa aula baseada em textos produzidos sobre o tema, com o objetivo de responder às indagações de o pensamento conjunto entre comunicação e linguagem. A partir desses elementos pretende-se desenvolver o pensamento crítico, contudo, esse só é possível quando se entende de forma profunda as relações elencadas como base para esse primeiro encontro. 1 Antes de iniciar o estudo efetivo de nossa aula, com vistas a ampliar nossos conhecimentos sobre comunicação e baseada nas ideias de Cagliari (1990): Desde que nascemos, estamos imersos de alguma forma nos mundos da linguagem, da fala e da língua. Crescemos dentro da nossa família ouvindo - na maioria das vezes - nossos pais falarem conosco observando gestos e sinais, então as palavras, a linguagem, o nome das coisas existentes no mundo começam a ser importantes. Reconhecendo esta imersão, perguntamos: mas como a comunicação (que envolve todos os elementos da comunicação citados por Cagliari - 1990), vem fazendo parte da vida das sociedades ao longo da história? Qual a importância da comunicação em nossas vidas? Responder a estes questionamentos é algo que tentaremos fazer durante o estudo de nossa disciplina (como um todo) e de nossa vida. Contudo, podemos iniciar uma Figura 1.1 - A evolução da comunicação. Fonte: BLOG UNIRP. A evolução da comunicação. Disponível em: <http://unirp.blogspot.com.br/2010/09/evolucao-e- comunicacao_22.html>. Acesso em: 3 maio 2018. 1.1 - Um pouco de História Disponível em: <http:// historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/historia- leitura.htm >. Acesso em: 07 abr 2017. A comunicação é parte inerente à condição de sermos humanos, desde tempos imemoriais, buscamos meios para mas, principalmente, por ser parte da natureza humana, compartilhar o vivido, os anseios e temores, sonhos e perspectivas. Esse processo caracterizou-se, por um longo linguagem antecedeu o surgimento da língua nos padrões que as usamos para a comunicação contemporânea. Com o surgimento dessa “linguagem primitiva” houve a necessidade de registrar aquilo que se observava, do contexto do dia a dia. Assim, criou-se a representação simbólica desse não apenas aos que vivenciavam seus aspectos, mas, também, aos que, futuramente, buscassem uma compreensão melhor do passado e de seus ancestrais, além de oportunizar o próprio desenvolvimento das ferramentas comunicativas. Essas ferramentas comunicativas desenvolveram-se com o advento da escrita, que permeia a necessidade do homem em viver em sociedade; “[...] desde as tabuinhas com escrita cuneiforme da antiga Mesopotâmia até a escrita virtual dos monitores de computador, passando por rolos de papiros, códices, escritos em pedra, escritos em couro, entre outros” (FERNANDES, C. História da leitura.); observando-se assim, uma transformação contínua na sociedade, à medida em que as relações se estabeleciam de forma mais complexa e tecnológica, o que agiu diretamente no processo de ensino, no que se refere às utilizações dos Ao aprimorar a comunicação por meio da escrita, o homem acatou o surgimento de uma interdependência entre escrita e leitura, tornando-as indissociáveis e, cada vez mais, a respeito do mundo no qual vive e daquilo que nele vê. Essa “tecnologia chamada escrita” (SILVA, R.J.d. Leitura, biblioteca e política de formação de leitores no Brasil. BJIS, v.3) possibilitou o desenvolvimento da estrutura social, já que a tecnologia de cada época. Observando-se as relações entre o desenvolvimento da escrita e da leitura e seus desdobramentos sociais, os objetos dessa leitura, bem como a forma de fazê-la, também se alteraram, seguindo as necessidades de cada civilização e, 158 7 claro, principalmente, nas relações da formação da civilização ocidental, que possui sua base conceitual nas sociedades greco-romanas. Os vários verbos utilizados pelos gregos para indicar o fato de “ler” exprimem nuanças de nemein e seus compostos (ananemein, epinemein) “distribuir” o conteúdo da escrita, implicando por isso mesmo uma leitura oral; anagignoskein designa ler como momento do “reconhecer”, de “decifrar” as letras e suas sequências em sílabas, palavras e frases [...] (CAVALLO; CHARTIER, 1998, p.12). As nuances apresentadas retratam o caráter evolutivo da leitura na sociedade grega, considerando-a como uma sequência, na qual se observa a prática de leitura inicialmente, ou basicamente, como uma distribuição do texto aos letrados, até o ponto do desenvolvimento de uma relação pautada no reconhecimento ou do decifrar, diretamente, os elementos textuais, “letras, sílabas, palavras e frases”, o que caracterizou, após a helenização, a adoção do livro como elemento fundamental na sociedade grega, embora tenham permanecido alguns aspectos da oralidade. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Heleniza%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 03 fev 2017. A relação com a leitura escrita, ultrapassa as barreiras uma mudança de patamar na leitura, pois “o uso do livrose expande e tal expansão se inscreve nas mudanças por que passa a sociedade romana” (CAVALLO, G.; CHARTIER, R., 1998); ressalta-se que, de acordo com os estudiosos, as produções literárias romanas desse período caracterizam-se por seguirem os modelos das obras gregas. Findo o período da Antiguidade Clássica, a leitura na Idade Média caracterizou-se por adaptar-se às mudanças nas práticas sociais, e, considerando o poder da Igreja no mundo ocidental, limitava-se às Escrituras sagradas e à o acesso à leitura, que passa a ocupar os espaços “religiosos” e, em menor intensidade, a corte, restringindo-se aos que pertenciam à hierarquia eclesiástica e aos nobres, alterando, assim, até mesmo a forma como era feita, da leitura em voz alta à silenciosa. Três períodos seriam decisivos aqui: os dos séculos IX-XI, que viram as scriptoria monásticas abandonarem os antigos hábitos da leitura e da cópia oralizada; o do século XIII, com a difusão em silêncio no mundo século XIV, quando a nova maneira de ler alcança, tardiamente, as aristocracias laicas. Progressivamente, instaurou-se assim uma nova relação com o livro, mais fácil e ágil (CHARTIER, 1996, p. 82). Importa lembrar a essencial contribuição de Johannes Gutenberg que, ao revolucionar a forma de impressão na o que sucedeu a partir do momento em que os objetos impressos passaram a circular entre os grupos sociais, foi a quebra do conceito de leitura erudita, para a elite do poder, e dos livros ambulantes, para os camponeses. Contextualmente, o acesso aos impressos, livros, a um maior número de pessoas de diferentes classes sociais, amplia a relação entre leitura e sociedade, mesmo que haja algumas restrições quanto aos conteúdos disponibilizados. Seguindo a linha histórica, sob a sociedade do Século das Revoluções (XVIII), paira um grande momento de sobre seu aspecto cognitivo, considerada a força motriz que levará o homem e, consequentemente, a sociedade ao progresso, a partir do conhecimento das verdades universais. Relevante momento esse, que fez com que as questões sociais fossem revistas e repensadas sob à luz do desenvolvimento cultural, ou seja, a leitura passou a ser o personagem principal desse desenvolvimento, iniciando- se com a mudança de olhar sobre o papel da criança nessa nova sociedade, que passou a ter como obrigação frequentar a escola, local onde seria preparada para a vida, o que só seria, e será, possível por meio do acesso aos livros. Todo esse contexto da racionalização da sociedade tem seu ponto de partida na Inglaterra, berço da Revolução Industrial (1760), com a abertura de bibliotecas, o que, de formação de leitores, demonstrando que, ao valorar os elementos da leitura e da escrita, houve uma mudança histórica modelos para a sua expansão. Esse contexto é, ainda hoje, observado em países anglo-saxões, o que denota o porquê de serem referências quando se trata de ensino-aprendizagem pautados na leitura crítica do mundo. Considerando as transformações causadas pelas revoluções, nos aspectos socioeducacionais, a partir do momento em que a educação é acessível à população e não mais proporcionando, assim, a partir do século XVIII, na Europa Ocidental, a recolocação do preceptor, mestre, guia, aquele inicia-se, assim, a Pedagogia, como designação do grupo de consciente do processo educativo, dentre eles, o do processo 159 Leitura e Produção de Texto 8 de formação do leitor. Em suma, no século XVIII desenvolve-se uma imagem nova da pedagogia moderna: laica, sociais e civis, crítica em relação a tradições, instituições, crenças, práxis educativas, empenhada em reformar a sociedade também na vertente educativa, sobretudo na vertente educativa. Trata-se de uma pedagogia crítico- racionalista, capaz de rever radicalmente os próprios princípios tradicionais e de repensá- los ab imis fundamentis (como faz Rousseau, como faz Condillac, como faz d’Holbach), organizando-se com discurso rigoroso desenvolvido a partir de critérios postos como verdadeiros (o homem bom por natureza, a sensação, o homem-máquina) e que atinge com a própria crítica todos os âmbitos da educação da época (familiar, social, intelectual, religiosa etc.), propondo uma decidida revisão (CAMBI, 1999, p. 329-330). As tantas Revoluções, aliadas ao pensamento de revisão educacional, compuseram uma profunda alteração da estrutura social, que culminou na transformação, não só do sistema econômico vigente como nas relações sociais, despertando a consciência coletiva para as possibilidades de utilização do conhecimento para mudar a condição na hierarquia social. Essa relação tem seu ponto de ebulição no século XIX, levando o homem a repensar seu papel e agir no mundo a partir de suas convicções. Todo esse contexto é gerado pelo acesso ao pensamento, só possível por meio da leitura em seu viés mais crítico. O termo pedagogo, c paedagogium. pedagogia, Considerando esses aspectos, a mudança também se apresenta de forma física. A urbanização atrai aqueles que viviam nas áreas rurais, e a organização social volta-se com mais atenção aos espaços urbanos. Assim, o poder público considera estratégias e ações que possam integrar essa nova leva de pessoas e transformá-los em cidadãos; um dos problemas, a integração comunicativa, começa a ser resolvido exatamente por meio da leitura e da escola, que se tornam ferramentas de inserção social, pois proporcionam ao sujeito usufruir dos novos espaços. Pode-se observar que é quando há uma clara necessidade de criar políticas públicas para a construção de leitores, formando cidadãos aptos a transformar a sociedade, levando-a ao desenvolvimento. Porém, com o tumultuado início do século XX, houve um descompasso entre necessidade governamental e social, culminando em 2 Grandes Guerras. Entre tantas outras, as ações do estado e o controle da sociedade leitora. Pelo contrário, o desejo de controlar o poder, vezes, a serviço da disseminação de ideias para a manutenção do contexto político vigente, descumprindo, assim, o papel formador e revolucionário da educação enquanto instrumento do desenvolvimento crítico do cidadão. De lá para cá, vivemos numa sociedade que, paulatinamente, utiliza a leitura como um dos principais balizadores a incorporar o indivíduo à prática social, à cidadania. Para tornar-se cidadão, o indivíduo deve dominar a linguagem urbana e, nesse contexto, a leitura é uma das linguagens necessárias. Nas cidades, o padrão urbano estrutura-se, basicamente, pelo código escrito: placas, indicações de ruas, horas, estacionamentos, caixa eletrônico e, talvez, uma das mais importantes, que é ler as “mensagens” subliminares emanadas de seu meio. Assim, a cidadania insere-se num processo de construção social e aquele que não lê, terá suas ações menos valorizadas, desprestigiadas (BORDINI; AGUIAR, 1993, p.11, apud SILVA, 2009, p.79). No Brasil, todo esse contexto de transformação e do século XIX, com a chegada da família real, quando se inicia uma disseminação de impressos à população, porém limitados à censura e ao monopólio da Imprensa Régia. Mesmo assim, esse contexto alavancou o comércio literário no país e, após a Proclamação da República, houve um despertar da indústria livreira e a busca por uma identidade leitora nacional, o que incluiu a aparição de autores brasileiros no rol dos grandes escritores. Já, no século XX, o país acompanhou as mudanças e crises que eclodiram na Europa, além de contextos políticos ditatoriais, e sua política estatal, voltada à construção de um público leitor, estagnou diante dos ditames da nova ordem mundial. Socialmente, a pressão para que haja maior engajamento no que cerne aos aspectos de disseminação da leitura conta com pouca adesão, já que, ao privarmos o cidadão de uma formação racional, este também não perceberá a importância desse aspecto em sua vida. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Gutenberg>. Acesso em: 03fev 2017. 160 9 2 - Processo de Comunicação: um Panorama Teórico Vergílio Ferreira (apud MARQUES, s/d, p. 7), um célebre escritor português, ao realizar o discurso de agradecimento “uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir”. Note que nas palavras de Ferreira (s/d), percebe-se a importância dada à língua como instrumento de manifestação individual e social, bem como marca do reconhecimento de um povo. Isto porque, é com a língua e com a conquista representá-lo, assim como representar nossas emoções, sensações e nossos sentimentos. Dubois (1973) corrobora com este pensamento, ao entender que o revelar das letras foi uma importante descoberta feita pelo homem, somente podendo ser comparada, em importância, à descoberta do fogo. Ambas concederam a nós, mesmo que por caminhos diferentes, a possibilidade da sobrevivência, do conhecimento e da conquista da Terra. Vale lembrar que, o homem começou a enviar suas tentativas comunicacionais (mensagens), por meio da linguagem não verbal, inicialmente nas rochas, utilizando instrumentos que pudessem riscar e deixar gravadas suas mensagens. Depois, surgiram os ideogramas (desenhos que representavam ideias) e, mais tarde, o alfabeto. Pretti (1987, p. 12) também discorre sobre a importância Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem [...] transmitidas pelos mais diferentes canais, como a televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, a internet, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo, escrito. E, através dela, o contato com o mundo que nos cerca é permanentemente atualizado. Vemos, então, que a linguagem, constitutivamente, possibilita a comunicação, sendo, portanto, de vital importância para a convivência social humana. Apesar de ter toda essa força no campo da comunicação social, a linguagem também é relevante no campo do “individual”, pois ao fazer uso dela, o homem busca integrar- se com seus pares a partir das “leituras” que faz individual e coletivamente, assim como do mundo que o cerca, ao expressar o “seu” pensamento. Vale lembrar que o pensamento individual do homem ocorre em determinado meio social, portanto para dizer de si, antes, é preciso ir ao outro, porque nós somente somos seres individuais porque temos o outro para auxiliar-nos na formação identitária do nosso “eu”. Em outras palavras, sempre que eu me expresso, estou, de certa forma, revelando resquícios de outros. Observe que até agora tratamos sobre a linguagem humana, levando em conta que ela tem materialidade, tanto na forma de palavras (faladas ou escritas), quanto na forma da realização não verbal (gestos, sinais, símbolos, charges, cartuns, entre outras formas de representação), a qual possibilita ao homem o poder comunicativo. Outra questão a ser considerada, é o fato de que a linguagem humana se destaca grandemente sob dois aspectos, a saber: O social: marcado pela língua, isto é, sistema de linguagem que compreende um sistema de fonemas (de formas/de frases) além do sistema semântico (o O individual: marcado pelo discurso que surge a partir do momento em que começamos a falar ou a escrever. 3 - Elementos da comunicação e Estabelecida a importância e as características da comunicação, é preciso observar os elementos envolvidos no ato comunicatório; assim, um receptor transmite uma mensagem, que se refere a um contexto (referente), a um emissor, usando um código por meio de um suporte físico, o canal; nas relações elencadas por Damião e Henriques (2010, p. 6): “Entendido que a comunicação não é ato de um só, mas de todos os ato comunicatório apenas se efetivará, em sua plenitude, quando todos os seus componentes funcionarem adequadamente”. São, portanto, elementos da comunicação: emissor / remetente receptor / destinatário mensagem código referente canal Assim temos o seguinte esquema: 161 Leitura e Produção de Texto 10 Disponível em: https://sites.google.com/site/revolucaodosmeiosdecomunicacao/ o-processo-de-comunicacao. Acesso em: 27 ago 2017. Observa-se que o referente está inserido no conteúdo da mensagem. Nesse contexto, qualquer falha no sistema impede o perfeito entendimento da mensagem, o obstáculo à comunicação é chamado de ruído, e pode ser provocado pelo emissor, receptor ou canal; assim, para que se estabeleça a interação comunicativa, o mundo textual deve ser semelhante. Observe os exemplos apresentados: 1. Numa sessão de júri: se o juiz não conhecer o código do acusado e o intérprete estiver ausente, suspender- se-á a sessão, pois há um ruído impedindo a comunicação. O mesmo ocorrerá se houver quebra de sigilo entre os jurados. Há interferência negativa no sistema de comunicação. 2. a comunicação será plena, parcial ou nula, dependendo do domínio do código (inglês) por parte do espectador. O mesmo poderá ocorrer caso o ator fale extremamente rápido. 3. Numa sala de aula: a comunicação não se fará, mesmo com o domínio do código, se o referente (contexto/conteúdo) for bastante complexo. Em uma situação comunicativa na sala de aula de Língua Portuguesa: O professor é o emissor quando está explicando o conteúdo, os alunos são os receptores dessa mensagem, isto é, desse texto sobre a matéria, e o código utilizado é a língua escrita, a falada e a não verbal, pois o professor pode escrever, falar e usar gestos e imagens para discutir os conceitos. O referente é o assunto da mensagem, no caso, os elementos da comunicação. Nessa situação, pode haver muitos ruídos, isto é, elementos que podem atrapalhar a comunicação, como: falta de atenção, de disposição, conversas, brincadeiras, falta de conhecimento (gramatical, de Na fala, o canal que transmite a mensagem (texto oral) é o ar, é ele o responsável por veicular o som. Atenção: Funções da linguagem Para cada elemento da comunicação há uma função intrínseca a ele, ou seja, permite que haja ênfase a algum dos elementos durante o discurso comunicativo. Assim, possibilita o pensamento em seu sentido lato (amplo), e permite a comunicação ampla do pensamento, assim elaborado. Tem uma função prática imprescindível na vida humana e social; mas, como muitas outras criações do homem, pode ser transformada em arte. Fonte: autora. • Função emotiva • Chamada de expressiva ocorre quando o destaque é dado ao emissor. Suas principais características são: verbos e pronomes em primeira pessoa; • presença comum de ponto de exclamação e interjeições; • expressão de estados de alma do emissor (subjetividade e pessoalidade); • presença predominante em textos líricos, • Função conativa Chamada de apelativa ocorre quando o destaque é dado ao receptor. As principais características dessa função são: • verbos no imperativo; • verbos e pronomes na segunda ou terceira pessoas; • tentativa de convencer o receptor a ter um determinado comportamento; • presença predominante em textos de publicidade e propaganda; • Emprego da ambiguidade. • Função referencial 162 11 Função cognitiva ou denotativa O destaque é dado ao referente, ou seja, ao contexto, ao assunto. A intenção principal do autor é informar o leitor. As principais características desse tipo de texto são: • Objetividade- linguagem direta, precisa, denotativa; • Clareza nas ideias; • Finalidade é traduzir a realidade, tal como ela é; • Presença predominante em textos informativos, jornalísticos, textos didáticos, representativos. • Função metalinguística O destaque é dado ao código. Ocorre metalinguagem quando o poeta, num texto cinema; quando um programa de televisão enfoca o papel da televisão no grupo social; quando um desenhista de quadrinhos elabora quadrinhos sobre o próprio meio de comunicação... Em todas assituações citadas, percebe-se o uso do código. as aulas de gramática, os livros de gramática e os dicionários da língua. • Função fática Ocorre quando o canal é posto em destaque. O interesse do emissor ao emitir a mensagem é apenas testar o canal, tendo como objetivo prolongar ou do canal, o que tem o mesmo valor de um aceno com a mão, com a cabeça ou com os olhos. Exemplo típico é a linguagem das falas telefônicas, saudações e similares. • Função poética Ocorre quando a própria mensagem é posta em destaque, ou seja, chama-se a atenção para o modo como foi organizada a mensagem. Centralizada na mensagem, revelando recursos imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se as palavras, suas combinações. Exemplos de textos poéticos: além dos provérbios e letras de música, encontramos esse tipo de função em textos escritos em prosa, em slogans, ditos populares. Logo, não se trata de uma função exclusivamente encontrada em poesias. Essas relações corroboram para a importância do domínio dos elementos que estruturam a comunicação em todos os contextos sociais, especialmente no jurídico, já que este é permeado pela utilização da língua portuguesa em todo o processo comunicativo. Assim, deve ser aplicada de forma que não permita nenhuma interferência em seu conteúdo. Retomando a aula Na primeira seção, tivemos a oportunidade de iniciar prepararam para iniciar o estudo efetivo nas demais seções. 2 – Processo de comunicação: um panorama teórico Na segunda seção, estudamos a língua, a qual podemos entender como um conjunto de signos que o ser humano utiliza para a comunicação. Vimos também a linguagem como a utilização da língua, a qual pode ser: a) Seção Linguagem falada. b) Linguagem não verbal. c) Linguagem escrita. Finalmente, vimos que para bem nos expressarmos na linguagem escrita, precisamos de: a) conhecimento do assunto; b) vocabulário; c) domínio das regras gramaticais. 3 – Elementos da comunicação truturam o processo comunicativo, bem como alguns exem- plos de sua aplicação no contexto cotidiano e jurídico. Para fechar, entendemos que as leituras que realizamos tem “ler o mundo” que nos cerca. 163 Leitura e Produção de Texto 12 Vale a pena ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funciona- mento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutor). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaborador). A coerência textual. Editora Contexto, 2001. pena ler BINDI, L. F. Escrita e alfabeto. Disponível em: <http:// www.libreria.com.br/artigos.asp?id_artigo=550>. Acesso em: 3 maio 2014. PARTES.COM. Disponível em: <http://www.partes.com.br/ed39/ SEMIÓTICA BLOGSPOT. Disponível em: <http://semioticacom102.blogspot. Acesso em: 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: <http://www3. unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0102/05.htm>. Acesso em: 3 maio 2014. pena acessar A guerra do fogo (1981). Nell (1994). pena assistir Minhas 164
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