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1ºAula
Comunicação e Linguagem
Objetivos de aprendizagem
Ao término desta aula, vocês serão capazes de: 
• refletir, analiticamente, sobre a linguagem como um fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, 
político e, sobretudo, ideológico;
• desenvolver e manter uma visão teórico-aplicada sobre algumas das principais teorias adotadas nas investigações e 
nos usos da linguística em textos conversacionais; 
• perceber a língua como o maior instrumento da prática social (níveis de linguagem) e como a forma mais elaborada 
das manifestações culturais e/ou abordagem intercultural.
Caros(as) alunos(as),
 O objetivo desta aula é apresentar a formação dos conceitos a respeito do processo de 
comunicação, que nos darão base para o entendimento sobre os elementos essenciais na busca pela 
compreensão do contexto da comunicação contemporânea. No decorrer dessa aula, veremos as 
relações que permeiam o processo comunicativo como um todo, bem como seus aspectos individuais. 
Para a compreensão destes temas acima citados, é importante apresentarmos alguns argumentos 
clássicos, a respeito da comunicação e seu papel transformador na formação profissional.
Em nossa primeira Aula, retomaremos uma reflexão acerca da comunicação e da linguagem, 
temas de grande relevância, com os quais certamente já teve contanto durante sua trajetória 
escolar, buscando reconhecer a importância de cada uma delas em nosso cotidiano, seja pessoal ou 
profissional. 
Para que sua aprendizagem seja satisfatória/excelente, sugerimos que leia sempre a página inicial 
de cada Aula, bem como seus objetivos, para programar e organizar seus estudos. Lembre-se ainda 
de que a Linguagem é uma área na qual você precisará fazer da pesquisa uma companheira constante 
em sua caminhada.
De todos os elementos relacionados à leitura e à escrita, um dos mais relevantes é sua 
característica transformadora, principalmente na ação profissional, pois aquele que se propõe a agir 
na sociedade (em qualquer área do conhecimento), deve estar consciente que será um elemento 
de transformação, independentemente da idade deste, pois, quantos de nós despertamos para uma 
profissão nos espelhando nos ícones de cada área?
Esperamos que os estudos de linguagem possam incentivá-los a buscar novos horizontes na 
Engenharia Ambiental e sanitária, não só os teóricos, como, principalmente, os que levarão ao 
trabalho de qualidade e permeado pelo domínio da Língua Portuguesa.
Ah, você é o protagonista de sua aprendizagem! Portanto, contamos com a sua participação 
ativa!
Boa Aula!
Bons estudos!
157
Leitura e Produção de Texto 6
Seções de estudo
1
2 - Processo de Comunicação: um Panorama Teórico
3 - Elementos da comunicação
Hoje iniciamos a nossa primeira aula da disciplina de 
Leitura e Produção de Textos. 
Neste primeiro encontro considerei importante apresentar 
conceito de leitura; para isso, também, apresento um panorama 
teórico e os elementos envolvidos no processo comunicativo.
Conduziremos nossa aula baseada em textos produzidos 
sobre o tema, com o objetivo de responder às indagações de 
o pensamento conjunto entre comunicação e linguagem. 
A partir desses elementos pretende-se desenvolver o 
pensamento crítico, contudo, esse só é possível quando se 
entende de forma profunda as relações elencadas como base 
para esse primeiro encontro.
1
Antes de iniciar o estudo efetivo de nossa aula, com 
vistas a ampliar nossos conhecimentos sobre comunicação e 
baseada nas ideias de Cagliari (1990):
Desde que nascemos, estamos imersos de 
alguma forma nos mundos da linguagem, da 
fala e da língua. Crescemos dentro da nossa 
família ouvindo - na maioria das vezes - nossos 
pais falarem conosco observando gestos e 
sinais, então as palavras, a linguagem, o nome 
das coisas existentes no mundo começam a ser 
importantes.
Reconhecendo esta imersão, perguntamos: mas 
como a comunicação (que envolve todos os elementos da 
comunicação citados por Cagliari - 1990), vem fazendo 
parte da vida das sociedades ao longo da história? Qual a 
importância da comunicação em nossas vidas?
Responder a estes questionamentos é algo que 
tentaremos fazer durante o estudo de nossa disciplina (como 
um todo) e de nossa vida. Contudo, podemos iniciar uma 
Figura 1.1 - A evolução da comunicação. Fonte: BLOG UNIRP. A evolução da 
comunicação. Disponível em: <http://unirp.blogspot.com.br/2010/09/evolucao-e-
comunicacao_22.html>. Acesso em: 3 maio 2018.
1.1 - Um pouco de História
Disponível em: <http:// historiadomundo.uol.com.br/curiosidades/historia-
leitura.htm >. Acesso em: 07 abr 2017.
A comunicação é parte inerente à condição de sermos 
humanos, desde tempos imemoriais, buscamos meios para 
mas, principalmente, por ser parte da natureza humana, 
compartilhar o vivido, os anseios e temores, sonhos e 
perspectivas. Esse processo caracterizou-se, por um longo 
linguagem antecedeu o surgimento da língua nos padrões que 
as usamos para a comunicação contemporânea.
Com o surgimento dessa “linguagem primitiva” houve a 
necessidade de registrar aquilo que se observava, do contexto 
do dia a dia. Assim, criou-se a representação simbólica desse 
não apenas aos que vivenciavam seus aspectos, mas, também, 
aos que, futuramente, buscassem uma compreensão melhor 
do passado e de seus ancestrais, além de oportunizar o próprio 
desenvolvimento das ferramentas comunicativas.
Essas ferramentas comunicativas desenvolveram-se 
com o advento da escrita, que permeia a necessidade do 
homem em viver em sociedade; “[...] desde as tabuinhas 
com escrita cuneiforme da antiga Mesopotâmia até 
a escrita virtual dos monitores de computador, passando 
por rolos de papiros, códices, escritos em pedra, escritos 
em couro, entre outros” (FERNANDES, C. História da 
leitura.); observando-se assim, uma transformação contínua 
na sociedade, à medida em que as relações se estabeleciam de 
forma mais complexa e tecnológica, o que agiu diretamente 
no processo de ensino, no que se refere às utilizações dos 
Ao aprimorar a comunicação por meio da escrita, o 
homem acatou o surgimento de uma interdependência entre 
escrita e leitura, tornando-as indissociáveis e, cada vez mais, 
a respeito do mundo no qual vive e daquilo que nele vê. 
Essa “tecnologia chamada escrita” (SILVA, R.J.d. Leitura, 
biblioteca e política de formação de leitores no Brasil. BJIS, 
v.3) possibilitou o desenvolvimento da estrutura social, já que 
a tecnologia de cada época.
Observando-se as relações entre o desenvolvimento 
da escrita e da leitura e seus desdobramentos sociais, os 
objetos dessa leitura, bem como a forma de fazê-la, também 
se alteraram, seguindo as necessidades de cada civilização e, 
158
7
claro, principalmente, nas relações da formação da civilização 
ocidental, que possui sua base conceitual nas sociedades 
greco-romanas. 
Os vários verbos utilizados pelos gregos para 
indicar o fato de “ler” exprimem nuanças de 
nemein e seus compostos (ananemein, epinemein) 
“distribuir” o conteúdo da escrita, implicando 
por isso mesmo uma leitura oral; anagignoskein 
designa ler como momento do “reconhecer”, 
de “decifrar” as letras e suas sequências em 
sílabas, palavras e frases [...] (CAVALLO; 
CHARTIER, 1998, p.12).
As nuances apresentadas retratam o caráter evolutivo 
da leitura na sociedade grega, considerando-a como uma 
sequência, na qual se observa a prática de leitura inicialmente, 
ou basicamente, como uma distribuição do texto aos 
letrados, até o ponto do desenvolvimento de uma relação 
pautada no reconhecimento ou do decifrar, diretamente, os 
elementos textuais, “letras, sílabas, palavras e frases”, o que 
caracterizou, após a helenização, a adoção do livro como 
elemento fundamental na sociedade grega, embora tenham 
permanecido alguns aspectos da oralidade.
 
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Heleniza%C3%A7%C3%A3o>. 
Acesso em: 03 fev 2017.
A relação com a leitura escrita, ultrapassa as barreiras 
uma mudança de patamar na leitura, pois “o uso do livrose 
expande e tal expansão se inscreve nas mudanças por que 
passa a sociedade romana” (CAVALLO, G.; CHARTIER, 
R., 1998); ressalta-se que, de acordo com os estudiosos, as 
produções literárias romanas desse período caracterizam-se 
por seguirem os modelos das obras gregas.
Findo o período da Antiguidade Clássica, a leitura na 
Idade Média caracterizou-se por adaptar-se às mudanças 
nas práticas sociais, e, considerando o poder da Igreja no 
mundo ocidental, limitava-se às Escrituras sagradas e à 
o acesso à leitura, que passa a ocupar os espaços “religiosos” 
e, em menor intensidade, a corte, restringindo-se aos que 
pertenciam à hierarquia eclesiástica e aos nobres, alterando, 
assim, até mesmo a forma como era feita, da leitura em voz 
alta à silenciosa.
Três períodos seriam decisivos aqui: os 
dos séculos IX-XI, que viram as scriptoria 
monásticas abandonarem os antigos hábitos 
da leitura e da cópia oralizada; o do século 
XIII, com a difusão em silêncio no mundo 
século XIV, quando a nova maneira de ler 
alcança, tardiamente, as aristocracias laicas. 
Progressivamente, instaurou-se assim uma 
nova relação com o livro, mais fácil e ágil 
(CHARTIER, 1996, p. 82).
Importa lembrar a essencial contribuição de Johannes 
Gutenberg que, ao revolucionar a forma de impressão na 
o que sucedeu a partir do momento em que os objetos 
impressos passaram a circular entre os grupos sociais, foi a 
quebra do conceito de leitura erudita, para a elite do poder, e 
dos livros ambulantes, para os camponeses. Contextualmente, 
o acesso aos impressos, livros, a um maior número de pessoas 
de diferentes classes sociais, amplia a relação entre leitura e 
sociedade, mesmo que haja algumas restrições quanto aos 
conteúdos disponibilizados.
Seguindo a linha histórica, sob a sociedade do Século 
das Revoluções (XVIII), paira um grande momento de 
sobre seu aspecto cognitivo, considerada a força motriz 
que levará o homem e, consequentemente, a sociedade ao 
progresso, a partir do conhecimento das verdades universais.
Relevante momento esse, que fez com que as 
questões sociais fossem revistas e repensadas sob à luz do 
desenvolvimento cultural, ou seja, a leitura passou a ser o 
personagem principal desse desenvolvimento, iniciando-
se com a mudança de olhar sobre o papel da criança nessa 
nova sociedade, que passou a ter como obrigação frequentar 
a escola, local onde seria preparada para a vida, o que só seria, 
e será, possível por meio do acesso aos livros.
Todo esse contexto da racionalização da sociedade 
tem seu ponto de partida na Inglaterra, berço da Revolução 
Industrial (1760), com a abertura de bibliotecas, o que, 
de formação de leitores, demonstrando que, ao valorar os 
elementos da leitura e da escrita, houve uma mudança histórica 
modelos para a sua expansão. Esse contexto é, ainda hoje, 
observado em países anglo-saxões, o que denota o porquê de 
serem referências quando se trata de ensino-aprendizagem 
pautados na leitura crítica do mundo.
Considerando as transformações causadas pelas 
revoluções, nos aspectos socioeducacionais, a partir do 
momento em que a educação é acessível à população e não mais 
proporcionando, assim, a partir do século XVIII, na Europa 
Ocidental, a recolocação do preceptor, mestre, guia, aquele 
inicia-se, assim, a Pedagogia, como designação do grupo de 
consciente do processo educativo, dentre eles, o do processo 
159
Leitura e Produção de Texto 8
de formação do leitor.
Em suma, no século XVIII desenvolve-se uma 
imagem nova da pedagogia moderna: laica, 
sociais e civis, crítica em relação a tradições, 
instituições, crenças, práxis educativas, 
empenhada em reformar a sociedade também 
na vertente educativa, sobretudo na vertente 
educativa. Trata-se de uma pedagogia crítico-
racionalista, capaz de rever radicalmente os 
próprios princípios tradicionais e de repensá-
los ab imis fundamentis (como faz Rousseau, 
como faz Condillac, como faz d’Holbach), 
organizando-se com discurso rigoroso 
desenvolvido a partir de critérios postos como 
verdadeiros (o homem bom por natureza, a 
sensação, o homem-máquina) e que atinge 
com a própria crítica todos os âmbitos da 
educação da época (familiar, social, intelectual, 
religiosa etc.), propondo uma decidida revisão 
(CAMBI, 1999, p. 329-330).
As tantas Revoluções, aliadas ao pensamento de 
revisão educacional, compuseram uma profunda alteração 
da estrutura social, que culminou na transformação, não só 
do sistema econômico vigente como nas relações sociais, 
despertando a consciência coletiva para as possibilidades 
de utilização do conhecimento para mudar a condição na 
hierarquia social. Essa relação tem seu ponto de ebulição no 
século XIX, levando o homem a repensar seu papel e agir 
no mundo a partir de suas convicções. Todo esse contexto é 
gerado pelo acesso ao pensamento, só possível por meio da 
leitura em seu viés mais crítico.
O termo pedagogo, c
paedagogium. pedagogia, 
Considerando esses aspectos, a mudança também se 
apresenta de forma física. A urbanização atrai aqueles que 
viviam nas áreas rurais, e a organização social volta-se com 
mais atenção aos espaços urbanos. Assim, o poder público 
considera estratégias e ações que possam integrar essa nova 
leva de pessoas e transformá-los em cidadãos; um dos 
problemas, a integração comunicativa, começa a ser resolvido 
exatamente por meio da leitura e da escola, que se tornam 
ferramentas de inserção social, pois proporcionam ao sujeito 
usufruir dos novos espaços. 
Pode-se observar que é quando há uma clara necessidade 
de criar políticas públicas para a construção de leitores, 
formando cidadãos aptos a transformar a sociedade, levando-a 
ao desenvolvimento. Porém, com o tumultuado início 
do século XX, houve um descompasso entre necessidade 
governamental e social, culminando em 2 Grandes Guerras. 
Entre tantas outras, as ações do estado e o controle da 
sociedade leitora. Pelo contrário, o desejo de controlar o poder, 
vezes, a serviço da disseminação de ideias para a manutenção 
do contexto político vigente, descumprindo, assim, o papel 
formador e revolucionário da educação enquanto instrumento 
do desenvolvimento crítico do cidadão.
De lá para cá, vivemos numa sociedade que, 
paulatinamente, utiliza a leitura como um 
dos principais balizadores a incorporar o 
indivíduo à prática social, à cidadania. Para 
tornar-se cidadão, o indivíduo deve dominar 
a linguagem urbana e, nesse contexto, a leitura 
é uma das linguagens necessárias. Nas cidades, 
o padrão urbano estrutura-se, basicamente, 
pelo código escrito: placas, indicações de ruas, 
horas, estacionamentos, caixa eletrônico e, 
talvez, uma das mais importantes, que é ler 
as “mensagens” subliminares emanadas de 
seu meio. Assim, a cidadania insere-se num 
processo de construção social e aquele que 
não lê, terá suas ações menos valorizadas, 
desprestigiadas (BORDINI; AGUIAR, 1993, 
p.11, apud SILVA, 2009, p.79).
No Brasil, todo esse contexto de transformação e 
do século XIX, com a chegada da família real, quando se inicia 
uma disseminação de impressos à população, porém limitados 
à censura e ao monopólio da Imprensa Régia. Mesmo assim, 
esse contexto alavancou o comércio literário no país e, após a 
Proclamação da República, houve um despertar da indústria 
livreira e a busca por uma identidade leitora nacional, o que 
incluiu a aparição de autores brasileiros no rol dos grandes 
escritores.
Já, no século XX, o país acompanhou as mudanças e 
crises que eclodiram na Europa, além de contextos políticos 
ditatoriais, e sua política estatal, voltada à construção de 
um público leitor, estagnou diante dos ditames da nova 
ordem mundial. Socialmente, a pressão para que haja maior 
engajamento no que cerne aos aspectos de disseminação da 
leitura conta com pouca adesão, já que, ao privarmos o cidadão 
de uma formação racional, este também não perceberá a 
importância desse aspecto em sua vida.
Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/Johannes_Gutenberg>. Acesso 
em: 03fev 2017.
160
9
2 - Processo de Comunicação: um 
Panorama Teórico
Vergílio Ferreira (apud MARQUES, s/d, p. 7), um célebre 
escritor português, ao realizar o discurso de agradecimento 
“uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se 
traçam os limites do nosso pensar e sentir”.
Note que nas palavras de Ferreira (s/d), percebe-se a 
importância dada à língua como instrumento de manifestação 
individual e social, bem como marca do reconhecimento 
de um povo. Isto porque, é com a língua e com a conquista 
representá-lo, assim como representar nossas emoções, 
sensações e nossos sentimentos.
Dubois (1973) corrobora com este pensamento, ao 
entender que o revelar das letras foi uma importante descoberta 
feita pelo homem, somente podendo ser comparada, em 
importância, à descoberta do fogo. Ambas concederam a 
nós, mesmo que por caminhos diferentes, a possibilidade da 
sobrevivência, do conhecimento e da conquista da Terra.
Vale lembrar que, o homem começou a enviar suas 
tentativas comunicacionais (mensagens), por meio da 
linguagem não verbal, inicialmente nas rochas, utilizando 
instrumentos que pudessem riscar e deixar gravadas suas 
mensagens. Depois, surgiram os ideogramas (desenhos que 
representavam ideias) e, mais tarde, o alfabeto.
Pretti (1987, p. 12) também discorre sobre a importância 
Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos 
cercam a vida do homem moderno, compondo 
mensagens de toda ordem [...] transmitidas 
pelos mais diferentes canais, como a 
televisão, o cinema, a imprensa, o rádio, o 
telefone, o telégrafo, a internet, os cartazes de 
propaganda, os desenhos, a música e tantos 
outros. Em todos, a língua desempenha um 
papel preponderante, seja em sua forma oral, 
seja através de seu código substitutivo, escrito. 
E, através dela, o contato com o mundo que 
nos cerca é permanentemente atualizado.
Vemos, então, que a linguagem, constitutivamente, 
possibilita a comunicação, sendo, portanto, de vital 
importância para a convivência social humana.
Apesar de ter toda essa força no campo da comunicação 
social, a linguagem também é relevante no campo do 
“individual”, pois ao fazer uso dela, o homem busca integrar-
se com seus pares a partir das “leituras” que faz individual 
e coletivamente, assim como do mundo que o cerca, ao 
expressar o “seu” pensamento. 
Vale lembrar que o pensamento individual do homem 
ocorre em determinado meio social, portanto para dizer de 
si, antes, é preciso ir ao outro, porque nós somente somos 
seres individuais porque temos o outro para auxiliar-nos na 
formação identitária do nosso “eu”. Em outras palavras, 
sempre que eu me expresso, estou, de certa forma, revelando 
resquícios de outros.
Observe que até agora tratamos sobre a linguagem 
humana, levando em conta que ela tem materialidade, tanto 
na forma de palavras (faladas ou escritas), quanto na forma 
da realização não verbal (gestos, sinais, símbolos, charges, 
cartuns, entre outras formas de representação), a qual 
possibilita ao homem o poder comunicativo.
Outra questão a ser considerada, é o fato de que a 
linguagem humana se destaca grandemente sob dois aspectos, 
a saber:
O social: marcado pela língua, isto é, sistema de 
linguagem que compreende um sistema de fonemas 
(de formas/de frases) além do sistema semântico (o 
O individual: marcado pelo discurso que surge a 
partir do momento em que começamos a falar ou 
a escrever.
3 - Elementos da comunicação e 
Estabelecida a importância e as características da 
comunicação, é preciso observar os elementos envolvidos no 
ato comunicatório; assim, um receptor transmite uma mensagem, 
que se refere a um contexto (referente), a um emissor, usando um 
código por meio de um suporte físico, o canal; nas relações 
elencadas por Damião e Henriques (2010, p. 6): “Entendido 
que a comunicação não é ato de um só, mas de todos os 
ato comunicatório apenas se efetivará, em sua plenitude, 
quando todos os seus componentes funcionarem 
adequadamente”. São, portanto, elementos da comunicação:
emissor / remetente 
receptor / destinatário 
mensagem
código
referente
canal
Assim temos o seguinte esquema:
161
Leitura e Produção de Texto 10
Disponível em: https://sites.google.com/site/revolucaodosmeiosdecomunicacao/
o-processo-de-comunicacao. Acesso em: 27 ago 2017.
Observa-se que o referente está inserido no conteúdo da 
mensagem.
Nesse contexto, qualquer falha no sistema impede 
o perfeito entendimento da mensagem, o obstáculo à 
comunicação é chamado de ruído, e pode ser provocado pelo 
emissor, receptor ou canal; assim, para que se estabeleça a 
interação comunicativa, o mundo textual deve ser semelhante.
Observe os exemplos apresentados:
1. Numa sessão de júri: se o juiz não conhecer o código 
do acusado e o intérprete estiver ausente, suspender-
se-á a sessão, pois há um ruído impedindo a 
comunicação. O mesmo ocorrerá se houver quebra 
de sigilo entre os jurados. Há interferência negativa 
no sistema de comunicação.
2. 
a comunicação será plena, parcial ou nula, 
dependendo do domínio do código (inglês) por 
parte do espectador. O mesmo poderá ocorrer caso 
o ator fale extremamente rápido.
3. Numa sala de aula: a comunicação não se fará, 
mesmo com o domínio do código, se o referente 
(contexto/conteúdo) for bastante complexo.
Em uma situação comunicativa na sala de aula de Língua 
Portuguesa:
O professor é o emissor quando está explicando o 
conteúdo, os alunos são os receptores dessa mensagem, isto 
é, desse texto sobre a matéria, e o código utilizado é a língua 
escrita, a falada e a não verbal, pois o professor pode escrever, 
falar e usar gestos e imagens para discutir os conceitos.
O referente é o assunto da mensagem, no caso, os 
elementos da comunicação. Nessa situação, pode haver 
muitos ruídos, isto é, elementos que podem atrapalhar 
a comunicação, como: falta de atenção, de disposição, 
conversas, brincadeiras, falta de conhecimento (gramatical, de 
Na fala, o canal que transmite a mensagem (texto oral) é 
o ar, é ele o responsável por veicular o som.
Atenção:
Funções da linguagem
Para cada elemento da comunicação há uma função 
intrínseca a ele, ou seja, permite que haja ênfase a algum dos 
elementos durante o discurso comunicativo. Assim, possibilita 
o pensamento em seu sentido lato (amplo), e permite a 
comunicação ampla do pensamento, assim elaborado. Tem 
uma função prática imprescindível na vida humana e social; 
mas, como muitas outras criações do homem, pode ser 
transformada em arte.
Fonte: autora.
• Função emotiva
• Chamada de expressiva ocorre quando o 
destaque é dado ao emissor. Suas principais 
características são: verbos e pronomes em 
primeira pessoa; 
• presença comum de ponto de exclamação e 
interjeições; 
• expressão de estados de alma do emissor 
(subjetividade e pessoalidade); 
• presença predominante em textos líricos, 
• Função conativa
Chamada de apelativa ocorre quando o destaque é 
dado ao receptor. As principais características dessa 
função são:
• verbos no imperativo; 
• verbos e pronomes na segunda ou terceira 
pessoas; 
• tentativa de convencer o receptor a ter um 
determinado comportamento; 
• presença predominante em textos de 
publicidade e propaganda;
• Emprego da ambiguidade.
• Função referencial
162
11
Função cognitiva ou denotativa
O destaque é dado ao referente, ou seja, ao contexto, ao 
assunto. A intenção principal do autor é informar o leitor. As 
principais características desse tipo de texto são:
• Objetividade- linguagem direta, precisa, 
denotativa; 
• Clareza nas ideias; 
• Finalidade é traduzir a realidade, tal como ela é; 
• Presença predominante em textos 
informativos, jornalísticos, textos didáticos, 
representativos. 
• Função metalinguística
O destaque é dado ao código. Ocorre 
metalinguagem quando o poeta, num texto 
cinema; quando um programa de televisão enfoca 
o papel da televisão no grupo social; quando um 
desenhista de quadrinhos elabora quadrinhos 
sobre o próprio meio de comunicação... Em 
todas assituações citadas, percebe-se o uso do 
código. 
as aulas de gramática, os livros de gramática e os 
dicionários da língua. 
• Função fática
Ocorre quando o canal é posto em destaque. O 
interesse do emissor ao emitir a mensagem é apenas 
testar o canal, tendo como objetivo prolongar ou 
do canal, o que tem o mesmo valor de um aceno 
com a mão, com a cabeça ou com os olhos. 
Exemplo típico é a linguagem das falas telefônicas, 
saudações e similares.
• Função poética
Ocorre quando a própria mensagem é posta em 
destaque, ou seja, chama-se a atenção para o modo 
como foi organizada a mensagem.
Centralizada na mensagem, revelando recursos 
imaginativos criados pelo emissor. Afetiva, 
sugestiva, conotativa, ela é metafórica. Valorizam-se 
as palavras, suas combinações.
Exemplos de textos poéticos: além dos provérbios 
e letras de música, encontramos esse tipo de 
função em textos escritos em prosa, em slogans, 
ditos populares. Logo, não se trata de uma função 
exclusivamente encontrada em poesias.
Essas relações corroboram para a importância 
do domínio dos elementos que estruturam a 
comunicação em todos os contextos sociais, 
especialmente no jurídico, já que este é permeado 
pela utilização da língua portuguesa em todo o 
processo comunicativo. Assim, deve ser aplicada de 
forma que não permita nenhuma interferência em 
seu conteúdo.
Retomando a aula
Na primeira seção, tivemos a oportunidade de iniciar 
prepararam para iniciar o estudo efetivo nas demais seções. 
2 – Processo de comunicação: um panorama teórico
Na segunda seção, estudamos a língua, a qual podemos 
entender como um conjunto de signos que o ser humano 
utiliza para a comunicação. 
Vimos também a linguagem como a utilização da língua, 
a qual pode ser:
a) Seção Linguagem falada.
b) Linguagem não verbal.
c) Linguagem escrita.
Finalmente, vimos que para bem nos expressarmos na 
linguagem escrita, precisamos de:
a) conhecimento do assunto;
b) vocabulário;
c) domínio das regras gramaticais.
3 – Elementos da comunicação
truturam o processo comunicativo, bem como alguns exem-
plos de sua aplicação no contexto cotidiano e jurídico. 
Para fechar, entendemos que as leituras que realizamos 
tem “ler o mundo” que nos cerca. 
163
Leitura e Produção de Texto 12
Vale a pena
ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funciona-
mento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996.
ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutor). 
A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002.
KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz 
Carlos (Colaborador). A coerência textual. Editora Contexto, 
2001.
pena ler
BINDI, L. F. Escrita e alfabeto. Disponível em: <http://
www.libreria.com.br/artigos.asp?id_artigo=550>. Acesso 
em: 3 maio 2014.
PARTES.COM. 
Disponível em: <http://www.partes.com.br/ed39/
SEMIÓTICA BLOGSPOT. 
Disponível em: <http://semioticacom102.blogspot.
 
Acesso em: 3 maio 2014.
UNISUL. Linguagem. Disponível em: <http://www3.
unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagem/0102/05.htm>. 
Acesso em: 3 maio 2014.
pena acessar
A guerra do fogo (1981).
Nell (1994).
pena assistir
 
Minhas 
164

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