Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Ana Luiza Bittencourt HISTÓRIA DO DIREITO E ANTROPOLOGIA JURÍDICA Perspectivas histórico-culturais do DP e do pensamento criminológico - Toda reação a um crime deve ser jurídica. Disso decorre a importância do Direito Penal (DP) > para que quando alguém pratique um ato, essa pessoa saiba de suas consequências > há assim o estabelecimento de um dogma, do próprio DP. - A ciência criminal é composta pelo Direito Penal (criação de regras ilícitas que em casa de desobediência existem consequências) e pela Criminologia (ciência empírica que estuda o crime, o criminoso, a vítima e o controle social > colhe informações válidas para pensar o fenômeno criminal). - Direito Penal + Criminologia = ciência criminal >>> auxiliam na construção da política criminal + núcleo de conhecimentos seguro sobre a criminalidade. - A política criminal possui um pensamento futurista > estratégias adequadas para o controle do crime. - Definição de “crime” = para o DP, é um ilícito seguido de pena/consequência; para a criminologia não há uma definição específica de crime (porque cada escola criminológica possui um pensamento diferente). - Definir o que é crime não leva a lugar algum > existem muitas definições. É importante, porém, destacar alguns requisitos: • Incidência massiva • Incidência aflitiva/dolorosa (prática que causa prejuízo) • Persistência no espaço-tempo • Inequívoco consenso acerca de sua origem (etiologia do crime) • Consciência geral negativa Processo de criminalização - Primária = ato de produzir uma lei penal > Legislativo - Secundária = ato de aplicar a lei penal - Criminoso = é um ser histórico-social, real, complexo e enigmático > cada local e momento histórico cria seu criminoso; seu inimigo > o estado luta contra ele. - Vítima = é aquele que sofre um resultado infeliz por seus próprios atos ou pelo acaso, em que terceiros o afetam. A vítima foi tratada de formas diferentes ao longo dos homens > antes era a protagonista. Teve a fase de neutralização > toma o ato como algo que afeta a todos. Teve a fase de revalorização da vítima, em que ela deixa de ser só uma testemunha e passa a ser uma coadjuvante (acreditar que a vítima é capaz de ajudar). A evolução das penas e dos sistemas penitenciários - O suplício (tortura) era aplicado como condenação, mas também era uma técnica > torturavam para obter informações; confissões > a confissão fazia com que se tivesse “certeza” que aquela pessoa cumpriu o crime e como uma forma de mostrar a confissão como uma própria prova de que aquela pessoa é culpada. - O suplício virou a “melhor forma” de ser fazer a “justiça social” (“descobrir o culpado” e culpá- lo mais ainda por ter cometido o crime). - O suplício era uma prova de que o rei tem o poder > ele possui controle do processo > ele não é só o que julga; ele organiza a produção de provas; ele produz as provas contra as pessoas; ele tortura > esse é o método inquisitivo. Observa-se então uma única figura é responsável pela investigação, acusação, condenação, execução > seu instrumento pra isso é o suplício. - No final do século XVIII e início do século XIX começa uma nova lógica > acaba a lógica de criminalização do corpo para uma lógica que criminaliza por outra forma crimes que quebram o contrato social > não justifica punir com a carne o crime contra a propriedade, por exemplo > mudança na forma de punição > passa a se punir com o TEMPO > prisão > anos perdidos num único lugar - Com a prisão, não se marcava mais o corpo da pessoa > a pena tem outra função > ressocializar. - A disciplina passa a reger as relações > similaridade entre prisão e escola - As fábricas mudaram, as escolas, os conventos > tudo mudou com o advento da prisão > as coisas passam a ter similaridade com as prisões > relações de disciplina, pessoas vigiando constantemente, tempo para fazer as coisas, etc. - História do processo penal > garantias ao acusado > ele já tem sobre si várias pessoas e grupos o investigando > ele precisa de proteção.
Compartilhar