Buscar

Ciência do Ambiente - Costão Rochoso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 24 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Costão Rochoso
1.Características
Vista aérea de uma baía formada por costa rochosa
 Fernando de Noronha, PE                  Foto: Fabiana Carvalhal
 
Costão rochoso é o nome dado ao ambiente costeiro formado por rochas situado na transição entre os meios terrestre e aquático. É considerado muito mais uma extensão do ambiente marinho que do terrestre, uma vez que a maioria dos organismos que o habitam, estão relacionados ao mar. 
No Brasil, suas rochas possuem origem vulcânica e são estruturadas de diversas maneiras. É um ambiente extremamente heterogêneo: pode ser formado por paredões verticais bastante uniformes, que estendem-se muitos metros acima e abaixo da superfície da água (ex. a Ilha de Trindade) ou por matacões de rocha fragmentada de pequena inclinação (ex. a costa de Ubatuba/SP). No Brasil, pode-se encontrar costões rochosos por quase toda a costa. Seu limite de ocorrência ao Sul se dá em Torres (RS) e ao Norte, na Baía de São Marcos (MA) sendo que a maior concentração deste ambiente está na região Sudeste, onde a costa é bastante recortada. 
Á partir da observação da fisiografia da costa do Brasil, pode-se estabelecer uma relação entre a ocorrência de costões rochosos e a proximidade das serras em relação ao Oceano Atlântico. Tomando como exemplo o Estado de São Paulo, observa-se que em locais onde a Serra do Mar se elevou próxima ao oceano, ocorre um predomínio de costões rochosos na interface da terra com o mar (ex. Ubatuba), já em locais onde a Serra do Mar está muito distante da costa, ocorre o predomínio de manguezal e restinga (ex. Cananéia/SP). Os costões são, portanto, na maioria das vezes, extensões das serras rochosas que atingem o fundo do mar. 
O costão rochoso pode ser modelado por aspectos físicos, químicos e biológicos. Em relação aos aspectos físicos, a erosão por batimento de ondas, ventos e chuvas é o principal deles, mas a temperatura também possui papel importante na de composição das rochas, a longo prazo, através da expansão e contração dos minerais. O fatores químicos envolvidos dependem do tipo de rocha que forma o costão, uma vez que minerais reagem quimicamente com a água do mar (ex. ferro), sendo que estas relações são reguladas principalmente pelos fatores climáticos. Além destes, temos o desgaste das rochas que pode ser causado por organismos habitantes ou visitantes do costão, como ouriços, esponjas e moluscos.
O ecossistema costão rochoso pode ser muito complexo e, normalmente, quanto maior a complexidade, maior a diversidade de organismos em um determinado ambiente. Para entendermos tal relação, podemos tomar como modelos dois tipos de costão, um costão exposto e um costão protegido. 
1.1 Costão Exposto
Costões mais expostos (batidos) são aqueles que recebem maior impacto de ondas, são pouco fragmentados, freqüentemente apresentando-se na forma de paredões lisos. Por isso, apresentam uma diversidade de habitats muito menor que os costões menos expostos às ondas.. 
Possuem taxa de produtividade primária bastante elevada, porque existe um grande fluxo de nutrientes entre as algas, que utilizam esta energia para seu desenvolvimento. As algas de talos ramificados são favorecidas pela movimentação das águas que impede a superposição, que causaria sombreamento dos talos inferiores. Esta movimentação impede ainda o intenso pastoreamento (realizado pelos herbívoros), possibilitando o desenvolvimento dos vegetais. 
A desvantagem do elevado grau de hidrodinamismo é que o embate de ondas é um dos principais responsáveis pela mortalidade de organismos mais frágeis nos costões, daí a necessidade de desenvolver estruturas eficientes de proteção e fixação, seletividade que, muitas vezes, resulta em um ambiente com menor diversidade de espécies presentes. Muitos dos habitantes apresentam formato hidrodinâmico e tamanho reduzido se comparados às mesmas espécies habitantes dos costões protegidos.
. 
  
Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba - SP      Foto: Fabiana Carvalhal 
Nesta praia formada por rochas vulcânicas (Saco Grande), observa-se a intensidade da movimentação das ondas e seu impacto sobre as rochas.
1.2 Costão Protegido
Um costão protegido está localizado em regiões de baixo hidrodinamismo, ou seja, locais onde o embate de ondas é suave. É bastante fragmentado, dificultando a formação de zonas muito definidas. 
Apresenta alto nível de complexidade, resultando numa grande riqueza de espécies associadas. 
Organismos maiores que os de costão exposto, como algas com talos bem desenvolvidos e com abundante biota epífita (algas, briozoários, esponjas, vermes, etc.) conseguem viver ali.
 Se o baixo hidrodinamismo colabora com a fixação e estabelecimento de organismos, principalmente esporos e propágulos, a sua desvantagem está no baixo fluxo de nutrientes, que limitam principalmente o crescimento dos vegetais. 
  
Costão sujeito à baixo hidrodinamismo durante a maior parte do tempo. Perceber a fragmentação das rochas proporcionando maior diversidade de habitats.
2. Biodiversidade
Biodiversidade: O termo biodiversidade ou diversidade biológica, inclui as diversidade ecológica e genética. A diversidade ecológica se refere ao número de espécies em determinadas áreas, o papel ecológico que estas espécies desempenham, o modo como a composição de espécies muda conforme muda a região e o agrupamento de espécies que ocorrem em áreas específicas, junto com os processos e interações que ocorrem dentro destes sistemas.
Os costões rochosos comportam uma rica e complexa comunidade biológica. O substrato duro favorece a fixação de larvas de diversas espécies de invertebrados, sendo comum a ocupação do espaço por faixas densas de espécies fixas (sésseis). Nos costões rochosos, a variação das condições ambientais se verifica numa escala espacial incomparavelmente menor que nos sistemas terrestres, justificando os bem definidos limites das populações que produzem o aspecto zonado das comunidades aí instaladas. Além disso, a grande diversidade de micro-hábitats certamente contribui para a determinação da diversidade biológica. Diferentes grupos apresentam adaptações e formas de vida relacionadas ao local que habitam.
Da mesma forma que nos sistemas terrestres, os costões de regiões tropicais são mais biodiversos.
A seguir, são relacionados os principais grupos que compõem os elementos vivos deste ecossistemas, lembrando sempre que a abundância e a dominância de cada grupo pode variar substancialmente em cada região do planeta.
 
3. Aspectos Geológicos
Costões rochosos são afloramentos de rochas cristalinas na linha do mar, sujeitos à ação das ondas, correntes e ventos, podendo apresentar diferentes configurações como falésias, matacões e costões verdadeiros. 
A origem geológica dos costões rochosos no Brasil está intimamente relacionada com a origem da nossa linha de costa. Considera-se atualmente que há 145 milhões de anos a África e a América do Sul formavam um só continente, denominado Gondwana. Estes continentes separaram-se pela ação de um conduto vulcânico no manto, denominado pluma, que é uma coluna de rocha quente que se origina a grandes profundidades no manto, sobe à superfície e causa extenso vulcanismo. Este material pode perfurar a crosta e teve importante papel no processo de ruptura do supercontinente Gondwana. Em conseqüência deste processo, o Oceano Atlântico nasceu há 130 milhões de anos. As falhas ou falhamentos são ocorrências freqüentes nas formações geológicas de origem vulcânica, como é o caso dos costões rochosos no nosso litoral. São fraturas provocando deslocamentos verticais ou horizontais de uma porção de rocha em relação ao conjunto. No caso das falhas verticais, um ou mais blocos de rocha afundam ou se elevam formando degraus. Este processo é o que ocorreu para que se formasse a feição geomorfológica da Serra do Mar. 
A Serra do Mar é um dos maciços mais altos do Brasil e se estende como uma cadeia montanhosa proeminente no sentido SW-NE. A proximidade da estruturacristalina da Serra do Mar com a linha de costa origina a feição dos costões rochosos na região sudeste do país. Estes podem ser constituídos por matacões de diferentes tamanhos (costão fragmentado) ou por paredões contínuos, dependendo da susceptibilidade dos materiais que os formam em relação à ação do intemperismo (químico, físico ou biológico) que sofrem. 
Acredita-se também que tenha ocorrido um levantamento de aproximadamente 25 metros ao longo da costa do Brasil, mais ou menos nos últimos 300.000 anos. Como se fosse um enorme organismo vivo, a Serra do Mar, assim como a Serra da Mantiqueira, cresce enquanto a metade oeste do Estado de São Paulo afunda, o que muda o relevo e altera os cursos de rio na região. 
	Não só movimentos da crosta provocaram alterações na nossa costa, mas também alterações relacionadas com o nível do mar (transgressões e regressões marinhas). O período Quaternário (últimos 1,64 milhões de anos) foi caracterizado por períodos de glaciação, provavelmente como conseqüência da diminuição da intensidade de energia solar que chegava na Terra. Em muitos casos, as geleiras passaram a cobrir até 30% da superfície da Terra (atualmente cobrem apenas 10%). Em relação ao ambiente marinho, as glaciações ocasionaram três principais eventos: 
-         diminuição do nível do mar causada pelo congelamento de boa parte da água do planeta. Para um ambiente costeiro, observa-se a mudança de hábitat de diversos organismos bentônicos, uma vez que a sua distribuição vertical está relacionada , entre outras coisas, com o alcance das marés 
-         diminuição da temperatura da superfície da água, devido ao resfriamento do planeta. A temperatura pode definir a distribuição dos organismos marinhos, principalmente no costão rochoso. Observa-se, através de estudos paleoquímicos, que alguns organismos alteraram a composição de suas carapaças em resposta à variação de temperatura 
-         aumento da salinidade pois ocorre a solidificação de parte da água doce disponível. Em costões rochosos, esta variação normalmente é muito maior do que em oceano aberto e a salinidade é fator limitante para a existência de muitos organismos, o que pode ter resultado em grandes alterações na composição das comunidades costeiras. 
 
Você sabia que...
...há aproximadamente 5.100 anos atrás, ocorreu um aumento do nível do mar de 4,5 à 5 metros acima do que está atualmente. Podemos comprovar tal ocorrência, quando observamos em costões rochosos, buracos de ouriço em regiões muito superiores ao nível máximo da maré. Estes buracos, provavelmente, foram feitos quando o nível do mar era mais elevado.
4. Zonação
O costão rochoso é um importante substrato de fixação e locomoção para diversos organismos. Entretanto, a sua ocupação não ocorre aleatoriamente, ou seja, os organismos se estabelecem ou se locomovem em faixas bastante distintas normalmente perpendiculares à superfície do mar. Estas regiões (ou zonas) são formadas a partir das habilidades adaptativas dos organismos relacionadas aos fatores abióticos (ambientais), e aos fatores bióticos (diversos níveis de interações biológicas e processos de recrutamento de larvas e propágulos). A esta distribuição dá-se o nome de ZONAÇÃO.  
Os padrões de zonação são estudados desde o século XIX por inúmeros pesquisadores. Kjelman (1877, 1878) definiu o padrão de zonação à partir da definição dos níveis de maré. Alguns autores (Stephenson & Stephenson, 1949) definiram um padrão de zonação universal baseado principalmente na distribuição dos organismos. Lewis (1964), considerando os níveis de maré e a distribuição dos organismos, incluiu o efeito das ondas na sua classificação. Independentemente da metodologia adotada, definiu-se, de modo geral, três principais zonas de distribuição:
 
Supra Litoral
Região superior do costão rochoso permanentemente exposta ao ar, onde somente chegam borrifos de água do mar. Esta área está compreendida entre o limite inferior de distribuição da vegetação terrestre, que é representada por  liquens ou plantas vasculares (bromeliáceas, cactáceas, entre outras)  e o limite superior de ocorrência de cirripédios do gênero Chthamalus ou, por vezes, de gastrópodos do gênero Littorina.
Nesta faixa, os fatores abióticos como temperatura e radiação solar  possuem grande importância na distribuição dos organismos, os quais são muito adaptados à perda de água e à variação da temperatura.
Meso Litoral 
Região sujeita às flutuações da maré, submersa durante a maré alta e exposta durante a maré baixa. Seu limite superior é caracterizado, geralmente, pela ocorrência de cirripédios do gênero Chthamalus (cracas) e o inferior pela alga parda Sargassum sp.
É, provavelmente, o ambiente marinho mais conhecido e estudado. Os organismos sésseis desta região estão adaptados à esta variação diária e conseqüentemente à todas as mudanças físicas que isto implica. Também pela variação da maré, se restringem a um  período reduzido de alimentação e liberação de larvas, eventos dependentes da maré cheia. Já os organismos errantes, podem migrar para regiões inferiores na maré baixa, permanecendo assim, sempre submersos. Aqui se formam as "poças de maré", depressões onde a água do mar fica represada durante a maré baixa e que podem estar sujeitas a alta exposição ao calor, sofrendo grandes alterações de temperatura e salinidade. 
Foto: Fabiana Carvalhal  -   São Sebastião - SP
Rocha exposta durante a maré baixa. Reparar na anêmona, à esquerda, com os tentáculos contraídos para proteção contra dessecação. 
Infra Litoral
Região permanentemente submersa, apresentando seu limite superior caracterizado pela zona de Sargassum sp. O limite inferior pode ser determinado pelo encontro das rochas com o substrato arenoso, perpendicular ao costão. 
Nesta região começam a ter mais importância as relações bióticas (predação, herbivoria, competição) na determinação da distribuição dos organismos, uma vez que os fatores ambientais são mais estáveis.
 
Foto: Fabiana Carvalhal     Nova Almeida - ES
Alga parda e ouriço jovem, dois exemplares típicos desta região.
 4.1 Fatores Abióticos
ABIÓTICO (A=ausente, BIO=vida) - fatores ausentes da presença de seres vivos ou suas relações, mas sim pelas propriedades físicas e químicas da biosfera (fatores ambientais) 
 As influências do meio ambiente não vivo são mais seletivas nas regiões superiores dos costões. 
 Apesar do padrão de zonação mundial em costões rochosos, cada região possui a sua própria fisiografia, o que nos faz concluir, que cada fragmento de um costão responderá diferentemente à cada fator ambiental. O fator abiótico mais importante na distribuição dos organismos no costão rochoso é, sem dúvida, a variação da maré, mas além deste, são importantes também, a irradiância, a temperatura, o hidrodinamismo,  e a dessecação.
4.1.1 Marés
A vida num costão rochoso está bastante associada às variações diárias das marés que, na nossa região, sobem e descem duas vezes por dia. A maré alta é chamada de preamar e a baixa de baixamar. A diferença entre estes níveis é denominada alcance da maré ou amplitude da maré. 
Mas, o que leva à existência de marés no planeta? 
As marés são determinadas de acordo com a posição da Lua em relação ao Sol e destes em relação à Terra, e ainda por sua movimentação. Existem duas forças agindo neste evento: a força de atração entre os astros (Lei da Atração Gravitacional, de Isaac Newton, 1686), que diz que "a força de atração entre dois corpos é diretamente proporcional às suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre eles". Isto prova que a Lua é o principal astro que mais influencia as marés, pois, apesar de sua massa ser pequena, está muito próxima da Terra; e o Sol, que possui massa muito maior, está a uma distância muito grande, o que diminui muito a sua forca de atração (Lua = 2 vezes mais que o Sol). A outra força é a força centrífuga, gerada pelo movimento da Terra e da Lua em torno de um centro comum. 
Explicandomelhor: o lado da Terra, que estiver voltado para o astro atrator, irá apresentar maré cheia gerada pela força gravitacional e o lado oposto da Terra irá também apresentar maré cheia, porém originada pela força centrífuga, eventos todos resultantes de um complexo sistema de vetores de força. 
Nas noites de Lua nova e cheia, os três astros estão alinhados, a chamada conjunção, proporcionando a soma das forças de atração Lua e Sol, gera marés com grande alcance: as marés de sizígia. Nas Luas crescente e minguante, o Sol e a Lua, formam um ângulo reto em relação à Terra, dividindo as forças de atração. Como conseqüência, temos as marés de quadratura, com os menores amplitudes mensais. 
Porém, as marés não sobem e descem todos os dias no mesmo horário porque a Lua leva 27 dias para completar sua volta em torno da Terra e a cada 24 horas, ela caminhou apenas 1/27 de sua trajetória. Então, o dia lunar, compreende um período de 24 horas e 50 minutos pois, a cada dia, a Terra deve girar 50 minutos (1/27 de 24 horas) a mais para encontrar-se na mesma posição (em relação à Lua) em que estava no dia anterior. Então, uma pessoa que observa a Lua exatamente sobre a sua cabeça, de um determinado local, irá observa-la na mesma posição 50 minutos mais tarde a cada dia. Da mesma maneira ocorrem as marés, sempre com 50 minutos de "atraso" em relação ao dia anterior. 
4.1.2 Irradiância
Nas zonas mais profundas, a irradiância, pode tornar-se o principal fator limitante. A ocorrência de produtores (organismos fotossintetizantes) está diretamente relacionada à penetração de luz, pois acredita-se que a disponibilidade de luz na coluna d'água define a distribuição vertical das plantas marinhas, as quais podem viver em locais que recebam, no mínimo, 1% da irradiância incidente na superfície (zona fótica). A profundidade de penetração de luz irá depender, principalmente, da turbidez da água, pois a luz é atenuada pelas partículas de sedimento ou microorganismos em suspensão.
Em águas bastante claras, principalmente as oceânicas, a penetração máxima de luz ocorre para a banda azul (400-500nm), sendo este o comprimento de onda encontrado a mais de 100m de profundidade. Para as águas costeiras, sujeitas à maior grau de turbidez, o azul e o violeta são rapidamente absorvidos, daí a ocorrência das macroalgas vermelhas nos limites mais profundos.   
Em regiões de extrema transparência, a zona fótica, pode alcançar até 200 metros de profundidade. Atualmente tem-se descoberto a extrema importância dos raios ultravioleta, os quais parecem influenciar tanto quanto os outros comprimentos de onda (ou até mais) nesta distribuição e no desenvolvimento dos organismos. 
Fernando de Noronha
Foto: Fabiana Carvalhal
Nesta praia, podemos observar a transparência da água, indicando que a penetração de luz na coluna d´água atinge maiores profundidades.
4.1.3 Temperatura
A temperatura da água influi  no metabolismo dos organismo aquáticos. Para as algas, por exemplo, a fotossíntese e a respiração são eventos dependentes da temperatura da água e ainda, cada espécie de alga possui um limite de síntese de biomassa (crescimento) decorrente desta relação. Acima das temperaturas “ótimas”, a taxa de fotossíntese cai por causa dos danos causados nos cloroplastos. 
Para alguns animais a temperatura regula os processos metabólicos relacionados à maturação, reprodução, taxa de crescimento, entre outros, sendo que, pequenas variações na temperatura durante longos períodos podem levar espécies à extinção. 
Parque Estadual da Ilha Anchieta, Ubatuba, SP
Foto: Fabiana Carvalhal
Comunidade de algas em poça de maré. Durante a maré baixa, estes vegetais sofrem com o aumento de temperatura, podendo prejudicar seu metabolismo ou até causar a morte de alguns organismos.
4.1.4 Hidrodinamismo
A ação das ondas é percebida como um rigoroso fator de seleção no médio litoral. A intensidade com que as ondas vão de encontro às rochas passa a ser fundamental para a ocorrência e distribuição das algas e dos animais sésseis, os quais desenvolveram estruturas de fixação e de proteção resistentes ao embate de ondas. Também ocorre a modificação de sua morfologia conforme o aumento do hidrodinamismo reduzindo o arrasto. 
O hidrodinamismo pode ainda influenciar na fisiografia dos costões, uma vez que é responsável por carregar rochas pequenas e médias de um lugar ao outro e, a longo prazo, esculpir as rochas fixas.
A ação das ondas e o movimento da água são fatores complexos para serem medidos, assim como seus efeitos biológicos. Só como curiosidade podemos citar alguns valores extremos: correntes superficiais em áreas costeiras podem chegar a 5 m/s, a velocidade de uma partícula em locais de superfície de rocha a 15 m/s, algumas ondas podem ser sentidas a profundidade de 500m, a pressão exercida por uma onda contra uma superfície pode atingir 100 t/m2 , alturas de 45m e os borrifos podem ser detectados a 50m de altura.  
 
Fernanado de Noronha, PE, Foto: Fabiana Carvalhal 
4.1.5 Dessecação
Durante o período de exposição ao ar, os organismos do meso-litoral encontram-se sujeitos a influência dos fatores físicos ambientais e muitas vezes encontram-se privados de realizar funções vitais. Por exemplo, animais que se alimentam através da filtração, captando partículas de alimento ou nutrientes disponíveis na água, passam por um longo período de jejum. 
Outro fator resultante da baixa maré é a dessecação, ou seja, a perda de líquidos devido à prolongada exposição ao ar, que pode ser agravada dependendo do grau de insolação, dos ventos e da umidade relativa do ar, resultando no aumento da concentração de sais dentro e fora dos organismos. Por outro lado, em um dia de chuva, a exposição ao ar resultará na diluição dos sais devido ao encharcamento do organismo por água doce, diminuindo, assim, a salinidade.
As situações acima descritas definem um padrão de seleção muito importante para os organismos que vivem na faixa entre marés dos costões rochosos.
Para sobrevivência nesta região sujeita à estas alterações diárias, existem inúmeras formas de adaptação, por exemplo,  conchas para armazenamento de água ou ainda a pigmentação ou ausência dela, pois sabemos que as cores mais claras amenizam o aquecimento proveniente da luz solar. 
Rocha exposta durante a maré baixa - São Sebastião, SP
Foto: Fabiana Carvalhal
Durante o período de maré baixa, muitos organismos estão sujeitos à exposição, como é o caso desta anêmona, fixa na rocha.
4.2 Fatores Bióticos
BIÓTICO (BIO = vida) - fatores ocasionados pela presença de seres vivos ou suas relações.  
As relações entre os organismos que vivem ou visitam o costão, se faz mais importante na distribuição destes à partir do médio litoral, passando a fator determinante do padrão de zonação no infra litoral.  
Entre as relações que existem entre os organismos de um costão, sem dúvida, a competição e a predação são as mais importantes. As interações simbióticas (do grego sym = juntos, bios=vida) ocorrem entre espécies que apresentam uma relação ecológica próxima.  São três, as categorias simbióticas:
- o comensalismo ocorre quando uma das espécies é beneficiada na relação e a outra, aparentemente, não é prejudicada e nem se beneficia. Neste caso, encontramos algumas espécies de algas epífitas que se fixam sobre a carapaça de animais (caranguejos, cracas), mas não interferem na atividade da espécie "hospedeira". 
-  o mutualismo é um tipo de simbiose em que ambas espécies se beneficiam na relação, mas de forma permanente e indispensável 'a sobrevivência dos indivíduos associados. No supra litoral, encontramos um exemplo: os líquens, organismos formados pela associação de algas azuis e fungos. As algas, através da fotossíntese, produzem matéria orgânica  utilizada pelo fungo que, por sua vez, facilita a absorção de água e nutrientes, aproveitados pelas algas.
- o parasitismo ocorre quando a relação entre as espécies favorece uma delas e prejudica a outra, pois, a espécie"parasita" vive e se alimentas às custas da espécie "hospedeira". Entretanto, esta relação não deve causar grandes prejuízos, pois, caso o hospedeiro morra, significará a morte do parasita também.
Nota: Organismos Epífitos
 Epi = sobre                       Fito = vegetal
 
Seres epífitos são aqueles que vivem sobre vegetais. Podem ser animais  que vivem associados à um vegetal ou plantas que vivem sobre outra planta.
Um exemplo para o ambiente marinho é a fauna acompanhante do Sargasso. São pequenos animais , como vermes poliquetas, moluscos e crustáceos que vivem associados à esta alga (Sargassum sp.). Existem também algas que crescem sobre outras, como alguns tipos de alga calcárea crostosa.
4.2.1 Competição
Ao observarmos um costão facilmente percebemos que quase não há espaço disponível e muitas vezes encontramos organismos vivendo uns sobre os outros. A competição é conseqüência da escassez de algum recurso quando este recurso. Quando ele se torna  limitante à existência dos organismos competidores. Em costões rochosos, geralmente, este fator é o espaço para fixação ou locomoção, uma vez que a maioria dos organismos é séssil ou semi-séssil e necessita de espaço para sobreviver e para o assentamento de larvas e propágulos.  
Outro recurso que pode tornar-se limitante são os nutrientes, dependendo do seu grau de dinamismo e renovação no ambiente, principalmente para organismos filtradores (moluscos) e algas. A radiação solar é, com certeza, um dos principais fatores determinantes para a presença de algas e, neste caso, a competição atua na “disputa” por um local menos sombreado. 
 A regulação da taxa de competição impedindo que a diversidade seja reduzida à uma única espécie favorecida por este mecanismo é atribuída à predação. 
Existem dois tipos de competição: a competição intra específica, que ocorre entre indivíduos da mesma espécie e a competição inter específica, que ocorre entre espécies diferentes.
Cracas na zona superior do costão
Foto: Fabiana Carvalhal
4.2.2 Predação
Caramujo "Taís", um dos predadores do costão
Foto: Fabiana Carvalhal
A predação pode amenizar a dominância que a competição poderia originar, afetando fortemente a composição específica de um local. Em muitos casos, a predação previne a monopolização de um habitat por uma espécie competidora potencialmente mais apta. Estas espécies predadoras, que mantém a abundância das espécies predadas são ditas espécies-chave. 
Podem ser consideradas formas de predação, tanto a herbivoria quando a carnivoria, ou seja, a ingestão de vegetais ou de animais, respectivamente. Os predadores podem ser classificados em diversos “tipos”, pois existem aqueles que consomem apenas parte da presa e os que consomem a presa inteira. Existem ainda algumas “estratégias” de predação, como a preparação de armadilhas ou a busca mais ou menos intensa pela presa. 
Da mesma forma que os predadores desenvolveram evolutivamente atitudes comportamentais e estruturas destinadas à predação, presas também desenvolveram mecanismos para evitar a predação. Os organismos que possuem capacidade de locomoção (errantes ou vágeis), procuram permanecer em locais de difícil acesso aos predadores, como locas, tubos e frondes de algas, Outra estratégia, mas esta metabólica, é apresentar um rápido crescimento (refúgio de tamanho). Já os organismos Sésseis desenvolveram outras formas de evitar a predação como viver em locais de maior estresse nas partes superiores do costão (onde apenas alguns organismos alcançam), tornar-se críptico (camuflagem), formar grandes comunidades (aglomeramento) ou produzir substâncias que os tornem inadequados à injestão.   
A predação é o principal evento que envolve não só os organismos habitantes do costão, mas também aqueles que “visitam” este ambiente, esporádica ou frequentemente, na maioria das vezes para se alimentar.
Nota: Organismos sésseis são aqueles que não possuem capacidade de locomoção, vivem fixos, associados à um substrato.
Nos costões rochosos são muito comuns, por exemplo, cracas, corais, crinóides, ostras e algas. Existem aqueles que são considerados semi-sésseis, ou seja, apesar de apresentarem estruturas de locomoção, ocupam praticamente o mesmo espaço a vida toda, restringindo seu campo de peregrinação à apenas alguns centímetros, como ocorre com alguns moluscos gastrópodes
5. Relações Humanas
Nós, seres humanos, desenvolvemos a habilidade de nos relacionarmos com quase todas as espécies existentes no Planeta, mesmo aquelas que ainda não conhecemos. Da mesma forma, acabamos nos relacionando com a maioria dos ambientes que temos contato. Com o desenvolvimento tecnológico acabamos interagindo e usufruindo de locais que nunca imaginamos ter acesso.
O ambiente costeiro foi um dos primeiros em que estabelecemos uma relação de uso e apropriação. O uso, antigamente, significava sobrevivência e a apropriação, através do desenvolvimento de uma relação à partir do contato físico, intelectual e cultural. Os índios, as comunidades caiçaras e os primeiro imigrantes, se utilizavam de organismos do costão rochoso (peixes, pricipalmente) como fonte de alimento. Com o aumento da população e a descoberta, através da pesquisa científica, de diversos subprodutos provenientes destes organismos, surgiu a necessidade de desenvolver sistemas de cultivo, para evitar o extrativismo excessivo.
Á partir da evolução das pesquisas, da aproximação e valorização dos costumes populares, abriu-se caminho para o estabelecimento de uma relação afetiva, buscando desenvolver o respeito ao ambiente pelo conhecimento e  contato direto. Isto foi possível através da educação ambiental e do lazer.
5.1 Pesquisa científica
No Brasil, pesquisadores de Universidades públicas, particulares instituições de pesquisa se dedicam ao estudo das comunidades, interações biológicas e aspectos físicos deste ambiente. A pesquisa básica caminha à serviço da aplicada, conhecendo espécies e caracterizando comunidades, possibilitam o desenvolvimento de técnicas de cultivo e extração sustentáveis. O conhecimento sobre "como está" nosso litoral também serve de base para futuras análises de impacto ambiental e projetos de recuperação de ambientes impactados.
    
Atividades de pesquisa realizadas no costão  -  Ubatuba, SP          Fotos: Fabiana Carvalhal
5.2 Cultivo
Espécies de interesse comercial estão sendo cultivadas em grande escala em diversos países do planeta. O Japão é um dos maiores maricultores, cultivando inúmeras espécies de algas, como a Porphyra sp. (Nori), muito utilizada na culinária oriental. Os sistemas de cultivo de algas são desenvolvidos de acordo com a região a ser utilizada. No Brasil, ainda não existem sistemas de cultivo em larga escala, mas alguns pesquisadores se dedicam ao desenvolvimento de uma técnica adequadas às nossas águas, que possuem características bastante diferentes das águas do Pacífico, onde os cultivos já são comuns.
O cultivo de animais (camarões e mexilhões, por exemplo) também é bastante comum, mas deve ser realizado com muita cautela, principalmente em relação à introdução de espécies exóticas e ao local de implantação do cultivo. Atualmente, existem no Brasil algumas cooperativas organizadas por antigos extrativistas (caiçaras), que implantaram métodos de cultivo desenvolvidos nas Universidades, como alternativa comercial. Ilha Grande (RJ), em Bertioga (SP) e Florianópolis (SC), são alguns exemplos de locais onde estão sendo cultivados mexilhões e ostras com sucesso. O cultivo possibilita a manutenção da comunidade no costão e gera uma fonte de renda para as pessoas que extraem artesanalmente o recurso.
5.3 Extrativismo
A pesca e o extrativismo são atividades relacionadas com os costões rochosos. A pesca, porque muitos dos peixes de interesse, vivem associados ao costão (ex. garoupa, robalo). O extrativismo é realizado principalmente sobre os organismos que vivem fixos no costão.
O extrativismo de algas marinhas érealizado ha muitos anos nos países asiáticos e em menor escala, também no Brasil. As algas são fonte de sais minerais e proteínas, tendo seu lugar na base da alimentação japonesa. Além do uso direto, as algas possuem substâncias que, ao serem isoladas, podem ser utilizadas em diversos ramos da indústria moderna. Os ficolóides (ágar, carragena e alginato) são utilizados em produtos derivados do leite, shampoos, cosméticos, pastas de dente, gelatina e muitos outros.
Em relação à fauna, o extrativismo de ostras e mexilhões é, no Brasil, bastante comum. Em outros países, inúmeros outros organismos, como, por exemplo ouriços e moluscos gastrópodes também são de interesse para consumo.
5.4 Educação Ambiental
As relações humanas com o ambiente marinho estendem-se (ainda bem) ao campo afetivo e ao universo lúdico, à partir de um contato que não se estabelece pelo uso comercial ou científico. O dizer "conhecer para preservar" sugere a extensão do conhecimento gerado (ou sintetizado) nos núcleos de pesquisa à comunidade e a valorização do conhecimento popular.
Atividades de educação ambiental que envolvam o ambiente marinho são muito mais relacionadas aos museus e aquários do que à atividade experiencial no ambiente. Isto se dá pela dificuldade de acesso e necessidade de diversas condições favoráveis às esta prática.
Porém, hoje em dia, já existe muito material didático e paradidático que servem de apoio ao trabalho do professor em sala de aula, possibilitando relacionar aspectos marinhos à diversas disciplinas escolares. Algumas instituições de visitação, como museus e aquários também possuem um programa de educação ambiental, onde recebem crianças para cursos de férias e monitoram a visita de grupos organizados dentro do estabelecimento. Estas instituições devem, no entanto, criar parâmetros de auto-avaliação. Existem alguns projetos muito sérios que desenvolvem trabalhos de pesquisa e educação ambiental com animais marinhos mantendo-os em cativeiro por diversos motivos (nascimento, deficiência física, posterior soltura, etc.). Já um  local onde existem animais de grande e médio porte aprisionados em tanques que não satisfazem suas necessidades fisiológicas, somente para a visitação, nunca deverão servir como instrumento de educação ambiental. Inicialmente deve-se refletir sobre quais são os objetivos da instituição e quais as formas de atingi-los, pois, mais vale um vídeo, boas informações gráficas e escritas sobre uma espécie migratória, do que mantê-la acondicionada em um aquário sem poder realizar suas funções vitais, o que a levaria à morte. É nosso direito procurar saber as condições de vida destes animais e denunciar ações que não estejam respeitando a legislação ou mesmo o bom senso.
    
Atividades de educação ambiental - Santos, SP       Fotos: Fabiana Carvalhal
5.5 Lazer
 
O contato com a região costeira também se estabelece através do lazer. A indústria turística é um bom indicador de que cada vez mais as pessoas procuram viajar para regiões litorâneas. 
Pensando nos costões rochosos percebemos que, graças à sua característica de alta diversidade de ambientes e de formas vivas, temos a possibilidade de praticar uma atividade muito prazerosa: o mergulho. Somente com um bom óculos de natação, em locais de boa visibilidade, as pessoas podem maravilhar-se com a variedade de formas e cores apresentadas nos costões. Um mergulho autônomo (com ar comprimido) em maiores profundidades também deslumbra qualquer um.
O mergulho em naufrágios tem se tornada cada vez mais comum, tão comum à ponto de algumas empresas operadoras de mergulho questionarem a possibilidade de induzir naufrágios em áreas turísticas. Entretanto, estas ações geram impactos, modificam o ambiente e devem ser precedidas de um eficiente estudo de impacto ambiental e, ainda, seus idealizadores devem estar preparados para receberem um laudo negativo.
O contato com os animais das rochas, com as algas e peixes que permeiam a costa, deve ser uma das primeiras formas de sensibilização do ser humano para a preservação do ambiente marinho costeiro e oceânico.
 
Foto: Ronaldo Francinni
6. Impactos do homem no ambiente de costão rochoso
              
O ambiente marinho, desde muito tempo atrás,  sofre influência das atividades humanas. Benéficas ou não, elas acabam alterando as características de determinadas regiões. Interações positivas, como sobrevivência e uso sustentável, são abordadas no item Relações Humanas. Aqui, trataremos de impactos ambientais negativos.
Culturalmente, a humanidade estabeleceu uma relação com os mares de uma mão só, ou seja, o mar sempre vai e nunca volta e assim, tudo o que é despejado nele, também. O que isto representa, podemos perceber quando analisamos a quantidade de lixo que chega nas praias desertas, a maioria situadas em unidades de conservação. Lixo sólido, que foi rejeitado no mar (ou no rio) e, que, por ação das correntes, acabou sendo depositado naquela praia. É composto por latas, pedaços de calçados, roupas, embalagens plásticas e até sofás e fogões
Porém, esta categoria de rejeito não é a única que chega até os oceanos. Um tipo de impacto muito comum nos ambientes costeiros marinhos tem sido o derramamento de petróleo. Este óleo que se espalha pela superfície das águas e caminha à mercê das correntes e ondas, acaba por sufocar milhares de organismos através da impermeabilização da sua superfície corpórea. Um exemplo, são os animais filtradores (mexilhões, por exemplo) ou as algas, que ficam impossibilitados de realizar a troca gasosa ou de absorver nutrientes. Os desastres por derramamento de petróleo sempre causam grandes impactos. Entretanto, como Cousteau já dizia, mesmo na ausência de derrames, o óleo existe em abundância nos mares, liberado por embarcações à motor e por indústrias.
Outra forma de poluição bastante intensa, é a por esgotos domésticos, que despejados em rios ou diretamente nos mares, pode levar à eutrofização  de uma região, ocasionando os "blooms" de algas tóxicas ou contribuir para a diminuição da diversidade biológica. Resíduos industriais, como detergentes e metais pesados, também ocasionam a morte de organismos. Um exemplo é a Baía de Santos (SP), a única onde as alterações foram melhor percebidas devido à estudos sobre biodiversidade de algas bentônicas realizados de forma contínua de 1957 até hoje.
A ocupação humana do nosso litoral estimulada pela indústria do turismo e mal assessorada pelo segmento imobiliário, representa mais uma forma de impacto para o ambiente marinho, principalmente costeiro. Devemos fazer valer a legislação que proíbe construções em locais determinados como de "alto risco ambiental", além de controlar os sistemas de tratamento de esgoto de casas e condomínios, procurando saber a qualidade do resíduo final que, certamente, será despejado no rio. Caso contrário, não sabemos mais por quanto tempo teremos condições de nos relacionarmos com o ambiente marinho, seja como recurso, seja como lazer.
Outras formas menos comuns mas tão graves quanto as anteriores, são a extração de material para a construção civil (areia, granito) e a introdução de espécies exóticas, que podem desequilibrar uma comunidade sobrepondo-se na competição com as espécies nativas e, ainda, dispersarem-se por outras regiões além das de cultivo.
 7. Literatura Recomendada
 Brehaut, R. N. (1982) Ecology of rocky shores - The Institute of Biology Studies no. 139, ed. Edward Arnold , 58p.  
Friedel, H., (1987) Dicionário de Ecologia e do Meio Ambiente". Ed. Lello & Irmãos, Ed. Porto, 273p.  
Gevertz, R. (COORD.) (1983). Em busca do conhecimento ecológico: uma introdução à metodologia. Ed. Edgard Blücher Ltda., 110p.  
Giordano, F. (s/d) Investigando o Mar: uma abordagem ecológica. UNICOPY, 86p.  
Levignton, J.S. (2001) Marine biology - function, biodiversity and ecology. Oxford University Press. Inc., 420p.
Lewis, J. R. (1961) The littoral zone on rocky shores - a biological or physical entity ? Oikos 12(2):280-301.  
Mathieson A. C. & Nienhuis, P. H. (1991) Ecossystems of the world: Intertidal and littoral ecossystems vol. 24, ed. Academic Press Inc., 564 p. 
Price, J. H. ; Irvine, D. E. G. & Farnham, W. F. (1980) The shore environment: Methods (vol.1), ed. Academic Press Inc., 321 p.  
Skinner, B.J., (1977). O homem e o oceano. Trad. e adapt. Kenitiro Suguio. Ed Edgard Blücher Ltda., Ed. da Universidade de São Paulo, 155p.  
Stephenson, T.A. & Stephenson, A. (1949) The universal features of zonation between tide-marks on rocky coasts. J. Ecology 57:289 - 309  
Paula E.J. & Oliveira, E.C. (1983). Aspectos da distribuição vertical e variação sazonal de comunidades da zona das marés em costões rochosos do litoral norte do Estado de São Paulo. In I Encontro de Macrófitas Marinhas. Instituto de Pesquisas da Marinha, Projeto Cabo Frio, Arraial do Cabo, RJ -- n. 174

Outros materiais