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Monografia de dificudades de escrita, leitura

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Universidade de Brasília 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANA PAULA DA SILVA PETRONILO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA/DF 
2007
 
 
ANA PAULA DA SILVA PETRONILO 
 
 
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA 
 
 
Trabalho apresentado ao Curso de 
Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação 
à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o 
Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar 
do Ministério do Esporte para obtenção do título de 
Especialista em Esporte Escolar. 
 
Orientador: 
Profª. Júlia Aparecida Devidé Nogueira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA/DF 
2007 
II 
 
PETRONILO, Ana Paula da Silva 
 
 
 
 
Dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita. Brasília, 2007. 
 
54 p. 
 
 
 
Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a 
Distância, 2007. 
 
 
 
1. Leitura 2. Escrita 3. Dislexia 4. Professor 5. Metodologia. 
 
 
 
 
III 
 
ANA PAULA DA SILVA PETRONILO 
 
 
 
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA 
 
 
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização 
em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da 
Universidade de Brasília em parceria com o Programa de 
Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do 
Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte 
Escolar pela Comissão formada pelos professores: 
 
 
 
Presidente: Profª. Júlia Aparecida Devidé Nogueira 
Universidade de Brasília - DF 
 
Membro: Professor Mestre Rogéria Gonçalves Mende 
Universidade de Brasília - DF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLA (DF), 20 de AGOSTO de 2007. 
IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da 
vida que ele me deu. Aos meus pais, aos meus professores 
e amigos que sempre me incentivaram para que eu 
realizasse o meu sonho e, portanto, que eu pudesse 
concretizar mais uma etapa no processo de Especialização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 Agradeço aos professores e principalmente à minha família pela paciência, 
dedicação e ajuda na produção do conhecimento, tão importante pra todos. 
Agradeço de modo especial a professora Júlia Aparecida Devidé Nogueira, pelo 
incentivo constante, paciência e pela orientação. 
Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um curso de 
especialização à distância. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ler não é caminhar e nem voar sobre as palavras. 
Ler é reescrever o que estamos lendo, é perceber a conexão 
entre o texto e o contexto e como vincula com o meu 
contexto”. 
Paulo Freire 
 
 
VII 
 
RESUMO 
 
 
 
 
A presente pesquisa, de caráter qualitativo, tem como objetivo investigar 
como os professores lidam com as dificuldades da leitura e da escrita dos alunos. 
Para tanto foi feito um estudo de caso, utilizando-se o método, dedutivo. O processo 
de coleta de dados valeu-se do questionário, instrumento formulado com questões 
abertas e fechadas. Os resultados indicam que os professores conhecem o 
processo de aquisição da leitura e da escrita, e utilizam a metodologia adaptada à 
realidade dos alunos. Conclui-se que a leitura e a escrita são processos 
progressivos que merece uma ação contínua do especialista e do professor, para 
que, futuramente, integre a criança ao processo de formação do conhecimento. 
 
Palavras chaves: Leitura, Escrita, Dislexia, Professor, Metodologia. 
 
 
 
 
VIII 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Definição de dislexia pelos professores .......................................... 36 
Tabela 2 – Características apontadas pelos professores a respeito do aluno 
disléxico ........................................................................................... 36 
Tabela 3 – Tipos de curso de capacitação, apontados pelos professores ........ 37 
Tabela 4 – Fatores que influenciam a aprendizagem da leitura e da escrita...... 38 
Tabela 5 – Fatores essenciais para o desenvolvimento da capacidade de 
aprende ............................................................................................ 40 
Tabela 6 – Como os pais são envolvidos no trabalho educativo...................... ..40 
Tabela 7 – Tipos tratamento para as dificuldades na leitura e na escrita. De 
acordo com os professores .............................................................. 41 
Tabela 8 – Visão dos professores sobre o processo de aquisição da leitura e da 
escrita ............................................................................................... 42 
Tabela 9 – Procedimentos para orientar os alunos com dislexia ....................... 44 
Tabela 10 – Método eficaz para os alunos com dificuldades de aprendizagem... 45 
Tabela 11 – Modelos convencionais do ensino que estão mudando................... 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
 
LISTA DE TABELAS............................................................................................................... 9 
 
1. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................11 
 
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................................13 
 
1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................................13 
 
1.2.1 OBJETIVO GERAL: .....................................................................................................13 
 
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: .....................................................................................14 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO .................................................................................15 
 
2.1 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA ..........................15 
 
2.2 DIFICULDADES DA CRIANÇA NA LEITURA E NA ESCRITA: 
CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................21 
 
2.3 O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA DIFICULDADE DA CRIANÇA NA 
APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA ...................................................25 
 
2.4 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA 
CRIANÇA.......................................................................................................................29 
 
2.5 PROJETO SEGUNDO TEMPO – SESC TAGUATINGA SUL..............................31 
 
3. METODOLOGIA ...........................................................................................................33 
 
3.1 MÉTODOS ....................................................................................................................33 
 
3.2 LOCAL E SUJEITOS DA PESQUISA .......................................................................34 
 
3.3 Materiais ........................................................................................................................34 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................36 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................48 
 
6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................50 
 
ANEXO ....................................................................................................................................52 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
 
Com base, na pesquisa realizada a dislexia é uma disfunção neurológica 
que afeta muitas crianças e é apresentada em várias formas e intensidades de 
dificuldades nas diferentes formas de linguagem. São incluídos nessa disfunção os 
problemas de leitura, de aquisição e capacidadede escrever e de soletrar. 
Entretanto, o termo dislexia tem gerado muita confusão e polêmica, ou seja, 
professores e pais não conseguem identificar um quadro de dislexia, sabem que a 
criança não consegue aprender a ler com a mesma facilidade com que lêem seus 
colegas, mais não sabem ao certo o que é dislexia, por isso surgiu o interesse de 
pesquisar sobre o assunto: “dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita”. 
As crianças não nascem com dificuldades escolares, mas elas aparecem ao 
longo do processo de aprendizagem, e a dificuldade na leitura e na escrita tem sido 
reconhecida como um dos fatores que interferem no aprendizado e na auto-estima 
do aluno. Assim, a postura adotada pelos professores em sala de aula pode ter um 
papel determinante na superação desta dificuldade. O professor deve transmitir à 
criança confiança e compreensão e evitar transmitir aflição e agonia diante das 
dificuldades que o aluno apresenta. É importante que eles transmitam à criança que 
entendem a razão das suas dificuldades de aprendizagem e busquem métodos 
adequados para orientar o conteúdo e facilitar a compreensão e o aprendizado. 
A dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita é uma dificuldade que 
algumas crianças apresentam pode ser superada ao longo do processo educacional 
com a ajuda de um professor bem qualificado e interessado em trabalhar com a 
criança com dificuldade. É importante notar que os indivíduos com essa dificuldade 
possuem outras habilidades e facilidades para aprender, permitindo a compensação 
e a superação das dificuldades iniciais. Isso indica que estes indivíduos não são 
“burros” como muitos os rotulam, e que podem alcançar o sucesso em sua vida 
social e profissional desde que recebam a atenção e orientações necessárias. 
Como a dificuldade na leitura e na escrita é um problema freqüente nas 
escolas é necessário que o professor tenha conhecimento sobre o assunto, 
auxiliando seus alunos no processo de aprendizado. O professor deve reconhecer 
11 
 
que esse problema é uma dificuldade transitória e que a sala de aula é o local onde 
o aluno deve trabalhar para superá-la. Nessa perspectiva, pergunta-se: como os 
professores lidam com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem na 
leitura e na escrita? 
O modo como o professor utiliza as metodologias de ensino pode interferir 
no aprendizado e na futura formação dos seus alunos. Desse modo, ao se analisar 
as metodologias empregadas pelos professores, pode-se ter um indicador do nível 
de conhecimento sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita e das 
dificuldades geradas pela dislexia. 
Muitas dessas dificuldades poderiam e deveriam ser resolvidas ou 
trabalhadas dentro da situação escolar. Porém, para que isto ocorra de forma 
adequada é necessário que os processos de aquisição da leitura e da escrita das 
crianças sejam compreendidos de forma adequada, para que se possa distinguir as 
dificuldades que fazem parte da aprendizagem de modo geral, daquelas que podem 
se configurar como dificuldades na leitura e na escrita (dislexia). 
Ao identificar uma possível dificuldade de aprendizagem, o professor 
precisa compreender a evolução do processo da criança, abrindo espaços para que 
ela possa aplicar suas hipóteses e avançar em seu conhecimento, contribuindo para 
uma aprendizagem mais efetiva da leitura e da escrita. Não basta simplesmente, 
identificar e encaminhar tais crianças para alguma forma de tratamento, como se 
isso fosse um problema externo à escola. 
Os pais também devem participar do processo de aprendizagem da leitura e 
de escrita das crianças, oferecendo apoio e condições de aprendizagem, 
especialmente para aquelas que apresentam alguma dificuldade, gerando assim 
uma interação entre escola e família. A realização do trabalho adequado com a 
criança pode levar ao alcance das habilidades necessárias à leitura e escrita e 
superação da dislexia. 
A sociedade espera que a escola seja uma parceira inclusiva para que, 
juntos, consigam disseminar informações sobre a dislexia e superar as dificuldades 
daqueles que a apresentam. Algumas das ações que devem ser tomadas são: 
promover cursos de capacitação para professores possibilitando a criação de formas 
alternativas para que as crianças diferentes possam se desenvolver. Espera se, 
12 
 
ainda, que a avaliação diagnóstica, que permite saber se as crianças possuem 
realmente dislexia, possa ser feita por uma equipe técnica multidisciplinar. 
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
 
A falta de informação sobre as dificuldades da leitura e da escrita nas 
escolas agrava a falta de preparo dos professores para que estes possam trabalhar 
adequadamente com os alunos que apresentam essa dificuldade. Esta pesquisa tem 
como objetivo investigar como os professores lidam com as dificuldades de 
aprendizagem da leitura e da escrita dos alunos. O interesse pelo tema surgiu da 
constatação de que muitos alunos fracassaram na escola principalmente na 
alfabetização, porque não conseguiam identificar letras e sons e, escreviam 
conforme pronunciavam e ouviam. Por causa disso, acredita-se que esses 
problemas ocorreram por causa da dificuldade de aprendizagem dos alunos. 
Este estudo apresenta cinco capítulos. O primeiro capítulo descreve o 
processo de aquisição da leitura e da escrita; o segundo caracteriza as dificuldades 
das crianças na leitura e na escrita; o terceiro explicita o papel da família no 
desenvolvimento da aprendizagem da criança; o quarto capítulo identifica o papel do 
professor diante da dificuldade do aluno na leitura e na escrita; o quinto capítulo 
enfoca sobre Projeto Segundo Tempo – sesc Taguatinga Sul e o último capítulo 
apresenta a metodologia e a análise dos dados da pesquisa empírica. 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
1.2.1 OBJETIVO GERAL: 
 
Investigar como os professores lidam com as dificuldades da leitura e da 
escrita dos alunos. 
 
 
13 
 
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
i. Descrever o processo de aquisição da leitura e da escrita; 
ii. Caracterizar as dificuldades na leitura e na escrita relatadas pelos professores 
sobre as crianças no Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul; 
iii. Identificar o papel do professor no Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-
Sul diante da dificuldade do aluno na leitura e na escrita. 
iv. Estimular o Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul para melhor 
atender o disléxico; 
v. Incentivar os pais de alunos com dificuldade na leitura e na escrita do Projeto 
Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul para melhor atendê-los. 
 
14 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO 
 
2.1 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA 
 
A aprendizagem da leitura e da escrita não ocorre da mesma forma para 
todos as crianças e, dependendo da maneira como o processo de ensino é 
orientado, pode ocasionar dificuldades na aprendizagem de modo geral. A criança 
começa a desenvolver a escrita antes mesmo de ingressar na escola, por meio da 
visão de mundo que ela presencia. Todavia a criança, ao ingressar na escola, se 
depara com a escrita, percebendo-a como se fosse uma atividade nova. Como o 
objetivo mais importante da alfabetização é ensinar a escrever, as crianças com 
dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita requerem uma atenção 
especial. Um dos grandes problemas que ocorre na escola é que ela ensina a 
escrever sem ensinar o que é escrever podendo portanto, gerar dificuldades de 
aprendizagem. Ao observar a literatura existente pode-se observar que os 
professores de alfabetização ou de português sabem muito pouco sobre a natureza 
da escrita: como funciona e como deve ser usada em diferentes situações. 
Segundo Cagliari (1997): “Alguns métodos de alfabetização ensinam a 
escrever pela escrita cursiva, chegando mesmo a proibir a escrita de fôrma. A razão 
que alegam freqüentemente é que a criança que aprende a escrever com letra de 
fôrma terá de aprender depois a escrever comletra cursiva, e isso significa o dobro 
do trabalho, sendo inconveniente porque pode levar a criança a confundir esses dois 
modos de escrever”. 
Há, portanto, o entendimento de que a escrita de fôrma seja mais fácil de 
aprender e reproduzir que a forma cursiva, talvez porque a letra de forma apareça 
com mais freqüência em cartazes, livros e outros. Já a letra cursiva, é mais de uso 
particular e individual. Como as crianças não conseguem segurar o lápis e controlá-
lo com facilidade, traçar a letra de forma parece ser mais fácil. 
O ideal é que a criança comece a escrever com a letra de fôrma maiúscula e 
depois aprenda a letra cursiva (Cagliari,1997). Assim, se os professores explicarem 
as diferenças dessas letras e os usos que fazemos dessas formas, elas não 
15 
 
confundirão as duas escritas, evitando assim algumas das dificuldades que elas 
encontram na alfabetização. 
A escrita é um desafio para a criança na alfabetização. Mesmo sabendo que 
devem aprender a escrever, é muito importante que aprendam o que é a escrita, as 
maneiras possíveis de escrever, a arbitrariedade dos símbolos, a convencionalidade 
que permite a decifração, as relações variáveis entre letras e sons que permitem a 
leitura. Enfim, é preciso saber o processo de aquisição da leitura e da escrita. Por 
isso, ninguém escreve ou lê sem motivo, sem motivação. 
Segundo Cagliari (1997): “A escrita seja ela qual for, tem por objetivo 
primeiro a leitura. A leitura é uma interpretação da escrita que consiste em traduzir 
os símbolos escritos em fala. Alguns tipos de escrita se preocupam com a expressão 
oral e outros simplesmente com a transmissão de significados específicos, que 
devem ser decifrados por quem é habilitado.” 
Com isso nota-se que qualquer desenho ou fotografia pode ser decifrado, 
comentado lingüisticamente, sem que seja necessariamente um sistema de escrita, 
sem que ocorra uma leitura propriamente dita. Portanto, o ato de ler é condicionado 
pela escrita, ou seja, para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um 
conhecimento de natureza conceitual. Ele precisa compreender não só o que a 
escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a 
linguagem. 
As crianças vivem em contato com vários tipos de escrita no seu dia-a-dia. 
Então cabe ao professor, juntamente com os alunos, refletir sobre as possibilidades 
da escrita, e observar que marcas muito individuais restringem a possibilidade de 
leitura e que, para facilitar a comunicação entre todas as pessoas de uma 
sociedade, é que se estabeleceu um código, se convencionou um desenho para as 
letras. Nem todos os alunos escrevem da esquerda para a direita e de cima para 
baixo. Assim, o professor tem que estar atento a todo o processo de escrita dos 
seus alunos. 
Quando o aluno ingressa na escola, num primeiro momento, já tenta 
escrever fazendo rabiscos, em geral pequenos, e misturando linhas retas e curvas, 
mas, nem sempre, faz a interpretação. Por meio do rabisco tenta escrever algo que 
pensa. Muitas vezes, o professor não interpreta o que a criança quis escrever. Cabe 
16 
 
ao professor perguntar ao aluno o que quer dizer o seu escrito e anotar as 
respostas, para poder acompanhar o seu desenvolvimento. A criança já possui uma 
idéia do que seja a escrita, ou seja, ela sabe que se escreve com determinados 
sinais, mesmo que não saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e 
significação. É importante que a criança experimente como escrever as letras. 
Muitas superam esta etapa antes mesmo de entrar na escola; outras só vivem esta 
experiência no âmbito escolar. 
Alguns professores preocupam-se em introduzir propostas de trabalho que 
consideram necessárias para o conhecimento das letras e da escrita. Eles criam 
atividades que podem ser iniciadas com a montagem de um quadro de famílias 
silábicas que irá ser completado no decorrer do trabalho; ou deixar a criança 
aprender duas grafias e descobrir a existência de semelhanças entre elas; ou 
trabalhar com rótulos de produtos; ou desenvolver um vocabulário de grafias que 
inclui, por exemplo, seu nome e outras palavras isoladas. Depois que a criança 
passar por esse processo ela já será capaz de conhecer as letras e algumas 
palavras. 
É importante que o professor ensine todas as letras do alfabeto, ou seja, o 
professor deve ensinar o sistema alfabético de escrita (a correspondência 
fonográfica) e algumas convenções ortográficas do Português – o que garantiria ao 
aluno a possibilidade de ler e escrever por si mesmo. Após os primeiros contatos 
com a escrita é ideal que se incentivem os alunos a escrever textos 
espontaneamente, pois essa é uma boa maneira de valorizar suas atividades, ou 
seja, o aluno é capaz de produzir textos e de grafá-los de próprio punho. 
Ao ler um texto que foi criado pelo aluno, o professor tem que ler de forma 
correta, mesmo que haja erros, para que não ocorra constrangimento. O ideal é que 
o professor motive a criança a corrigir os seus próprios erros, ou seja, incentive a 
autocorreção e autocrítica. Se o professor não é claro e cientificamente correto no 
tratamento das relações entre letra e som, poderá trazer conflito para as crianças e 
até mesmo criar empecilhos ao desenvolvimento da aprendizagem. 
Também é necessário que o professor faça um levantamento das 
dificuldades apresentadas pelos alunos, utilizando as diversas metodologias 
disponíveis tais como: textos livres, contagem de histórias ou outras atividades que 
17 
 
considerem necessárias. Com essas atividades ele poderá descobrir os elementos 
que apontam as reais dificuldades e facilidades dos alunos no aprendizado da leitura 
(MARUNY, 2000). 
Cagliari (1997) define a leitura como: “a extensão da escola na vida das 
pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através 
da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma.” 
Muitos alunos têm problemas em relação à leitura porque não aprenderam 
durante sua escolarização a interpretar o que lêem e o que está escrito, e carregam 
essa dificuldade para o resto da vida. Alguns professores, ao invés de enfrentarem a 
dificuldade junto com o aluno, livram-se desta responsabilidade passando o aluno 
para a série seguinte podendo assim agravar a dificuldade apresentada. 
A escola deveria incentivar e ensinar os alunos a ler e a entender não só as 
palavras, mas os textos específicos de cada matéria, pois a leitura não pode ficar 
restrita à literatura e ao noticiário. Por isso o objetivo da escrita é a leitura, pois quem 
escreve, escreve para ser lido. 
“A leitura é uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro 
lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida 
decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e 
formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu. A leitura sem 
decifração não funciona adequadamente, assim como sem a decodificação e demais 
componentes referentes à interpretação, se torna estéril e sem grande interesse. A 
leitura é uma atividade lingüística com significante. É falso dizer que se pode ler só 
pelo significado ou só pelo significante, porque só um ou outro jamais constituem 
uma realidade lingüística”.(CAGLIARI, 1997). 
Cabe ao aluno decifrar e decodificar ao ler, grifando as partes mais 
importantes e as dúvidas, para que entenda o que leu, sem que fique prejudicado 
em sua leitura, pois a leitura é uma das formas mais abstratas de estudo. Ela implica 
captar e interpretar significativamente símbolos verbais impressos. 
De acordo com Zacharias (2004): “O sistema de escrita funciona segundo 
um princípio alfabético: a quantidade de letras de uma palavra corresponde, a 
grosso modo, ao número de sons que compõem a palavra. Entender o princípio 
alfabético não é o mesmo que conhecer os sons das letras. Uma criançapode saber 
18 
 
que o símbolo escrito “E” corresponde ao som [e], que o símbolo “L” corresponde o 
som [l], mas, mesmo assim, ela pode não ter compreendido o mecanismo que 
permite formar uma palavra escrita.” 
Quando a criança começa a ler, a primeira coisa é a identificação dos 
símbolos impressos, letras, palavras e o relacionamento desses símbolos com os 
sons que eles apresentam. Ao ter contado com as palavras, a criança começa a 
separar visualmente cada letrinha que forma aquela palavra e associa ao seu 
respectivo som, formando, então, um significado. 
Morais (1997) explica de forma bastante clara esta associação: “Este 
processo inicial da leitura, que envolve a discriminação visual dos símbolos 
impressos e a associação entre palavra impressa e som, é chamado de 
decodificação e é essencial para que a criança aprenda a ler. Mas, para ler, não 
basta apenas realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que 
exista, também, a compreensão e a análise crítica do material lido. (...) Sem a 
compreensão, a leitura deixa de ter interesse e de ser uma atividade motivadora, 
pois nada tem a dizer ao “leitor”. Na verdade, só se pode considerar realmente que 
uma criança lê quando existe a compreensão. Quando a criança decodifica e não 
compreende, não se pode afirmar que ela está lendo.” 
A criança tem que entender o que lê para ter uma compreensão daquela 
palavra que leu. Em relação à escrita ocorre o oposto, a criança tem que relacionar o 
som, o significado e a palavra impressa. Pode-se dizer que a diferença principal 
entre a leitura e escrita é que na leitura parte da informação visual, ou seja, da 
decodificação das letras que compõem as palavras, na escrita, reflete a palavra 
falada. 
Segundo Pinheiro (1994): “A direção do processo de leitura é, pois, da letra 
ao som e a do processo de escrita é do som para letra. Para a decodificação impõe-
se o domínio de regras de correspondência grafema-fonema e, para a codificação, o 
conhecimento de regras de correspondência fonema-grafema. As regras de 
decodificação para a leitura e as de codificação para a escrita são diferentes em 
natureza e número, o que dá origem à outra diferença básica entre a leitura e a 
escrita”. 
19 
 
A aprendizagem da escrita não é uma tarefa simples para a criança. Por 
necessitar de um processo de difícil construção a leitura e escrita são as primeiras 
significações que a criança necessita para conhecer e dar significado a coisa e 
objetos. Por meio da leitura e da escrita ela se insere no mundo em que vive 
passando a conhecê-lo melhor. 
Ao ingressar na escola, a criança já quer aprender a ler e a escrever. No 
entanto, muitas vezes os pais e os professores não se dão conta de que a leitura e a 
escrita são habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem 
que ela dava importância até este momento em que começa a aprender a ler. 
Curiosamente, toda criança se depara com alguma dificuldade na aprendizagem da 
leitura e da escrita (NUNES, 2003). Ao iniciar este processo da leitura e da escrita é 
de extrema importância que o professor ensine à criança a ler no seu próprio dialeto. 
Isso é essencial para formar bons leitores e assim, desenvolver a habilidade como 
falante. Essa habilidade como falante é decisiva para uma boa leitura e 
indispensável para uma leitura mais rápida sem comprometimento da compreensão. 
De acordo com Cagliari (1997): “para facilitar a leitura, a sociedade achou 
por bem decidir em favor de um modo ortográfico de escrever as palavras 
independentes dos modos de falar dos dialetos, mas que pudesse ser lido por todos 
os falantes, cada qual ao modo de seu dialeto”. 
O primeiro contato das crianças com a leitura ocorre por meio da leitura 
auditiva, ou seja, onde alguém lê em voz alta e outras pessoas acompanham a 
leitura, de forma silenciosa. A criança acompanha ouvindo e certamente, fazendo 
associações com a representação de mundo que ela já possui. 
A leitura tem vários processos e um deles é treinar o aluno a fazer uma 
leitura expressiva, para facilitar a própria compreensão do texto. Na leitura em voz 
alta, o aluno tem que decifrar o que está escrito e depois reproduzir oralmente o que 
foi decifrado, porque há muitas dificuldades em decifrar a escrita. 
Ao insistir para que o aluno leia, o professor irá fazer com que suas 
dificuldades sejam externadas, ou seja, o aluno irá começar a soletrar, ler 
silabicamente. As crianças precisam de tempo para decifrar a escrita e cada criança 
tem um ritmo próprio que precisa ser respeitado, por isso, deve ler em ritmo 
acentual, sem pressa. A falta de controle sobre o pensamento ao longo da leitura 
20 
 
faz com que o aluno acabe de ler e não consiga se lembrar. O ato de aprender a ler 
é uma tarefa muito difícil e delicada. Os professores exigem muito mais do aluno 
com relação à escrita do que com relação à leitura, ou seja, a escola não sabe como 
o aluno faz quando lê. 
A leitura e a escrita exigem das crianças novas habilidades, que não faziam 
parte de sua vida quotidiana até aquele momento e apresenta novos desafios à 
criança com relação ao conhecimento da linguagem. Por isso, aprender a ler é uma 
tarefa difícil para todas as crianças e não apenas para aquelas que têm dificuldades 
na leitura e na escrita. 
Nem todas crianças dispõem das mesmas idéias e experiências prévias em 
relação à linguagem escrita. Tais idéias nascem da reflexão sobre a experiência. Em 
muitos lares não se lêem jornais, livros ou revistas; não se escreve; não se lêem 
contos a todas as crianças. De qualquer forma, a cultura escrita requer maior 
informação do que a que habitualmente é oferecida em casa. Isso, normalmente, 
cabe à escola oferecer. 
A linguagem escrita usada na escola deve ser funcional, para oferecer 
prazer; para ser lembrada; para se aprendida; para fornecer informações. O aluno 
deve ser capaz, por meio da leitura e da escrita, de se comunicar e se expressar de 
forma adequada. 
 
2.2 DIFICULDADES DA CRIANÇA NA LEITURA E NA ESCRITA: 
CARACTERÍSTICAS 
 
De acordo com os teóricos estudados, dentre eles Calafange (2004) e 
Martins (2003): “o termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é 
incapaz de ler com a mesma facilidade com a qual lêem seus iguais, apesar de 
possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade 
emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.” 
A criança com dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita tem 
menos habilidade que as outras crianças para usar o significado e a gramática de 
um texto. 
21 
 
Nunes (1992) mostra que as crianças disléxicas são as que têm dificuldade 
na aprendizagem da leitura e da escrita e essas dificuldades são maiores do que se 
esperaria a partir do seu nível intelectual. Essas crianças, embora com as mesmas 
condições que as outras crianças para aprender a ler, recebendo motivação 
adequada, apoios satisfatórios dos pais e capacidades intelectuais normais ou até 
mesmo acima do normal, avançam na alfabetização de forma mais lenta do que 
seus colegas da mesma idade e da mesma condição intelectual. 
As crianças que possuem dificuldades de aprendizagem na leitura e na 
escrita aprendem conforme os outros alunos, mas com lentidão, portanto, todas as 
crianças aprendem a ler e escrever basicamente da mesma forma, mas alguns 
vencem as dificuldades dessa aprendizagem com maior facilidade do que outras. 
“Para a criança, independente de ser disléxica ou não, a aprendizagem é 
muito importante, pois com a repetição combinada em números suficientes de 
vezes, ela aprenderá a pensar no objeto ao ver a palavra impressa (leitura). Tempos 
depois, o objeto, um retrato do objeto, a palavra às palavras, reagindo aos estímulos 
simultâneos, a criança chegará a pensar no objeto ao ver a palavra” (NUNES, 1992). 
A renovação da prática pedagógica, nos últimos anos refere-se,exatamente 
às tentativas de tornar a leitura e a escrita mais significativa na escola. Observa-se 
que a leitura e a escrita são duas habilidades complexas e imprescindíveis para a 
aquisição das demais habilidades escolares e para o conhecimento. 
Segundo Martins (2003), “a dislexia é uma dificuldade específica de leitura. 
É um transtorno inesperado que professores e pais observam no desempenho leitor 
da criança. Os sintomas da dislexia podem ser observados no ato de ler, de 
escrever ou de soletrar”. 
A característica mais marcante da criança que possui dificuldade de 
aprendizagem é a acumulação e persistência de seus erros ao ler e escrever. Os 
problemas mais comuns, de acordo com Condermarin (1986), são os seguintes: 
 Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; 
e-c; f-t; h-n; v-u; etc. 
 Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente 
orientação no espaço: b-d; b-p; b-q; d-p; n-u; w-m; a-e. 
22 
 
 Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons 
são acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; m-b-p;v-f. 
 Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-
las; pal-pla. 
 Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação 
de palavras, porém com diferentes significados: soltou/salvou; era/ficava. 
 Contaminações de sons. 
 Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: famoso substituído por fama; 
casa por casaco. 
 Repetições de sílabas, palavras ou frases. 
 Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler. 
 Excessivas fixações do olho na linha. 
 Soletração defeituosa: reconhecer letras isoladamente, porém sem poder 
organizar a palavra como um todo, ou então ler a palavra sílaba por sílaba, ou 
ainda ler o texto “palavra por palavra”. 
 Problemas de compreensão. 
 Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais. 
 Ilegibilidade. 
 Ao escrever, a criança ocupa toda a largura da página. 
 Escreve palavras com todas as letras iguais, exemplo: BATATA/AAA. 
 Palavras diferentes são escritas da mesma maneira, exemplo: SUCO/UO. 
 Os nomes próprios são escritos pela metade, exemplo: ANA- AA. 
 
Existem também outras perturbações da aprendizagem, as mais comuns são 
(Condermarin,1986): 
 Alterações na memória: algumas crianças apresentam dificuldades para 
lembrança imediata de fatos passados, não conseguem lembrar palavras ou sons 
que escutam, têm dificuldade em memorizar visualmente objetos, palavras ou 
letras. 
 Alterações na memória de séries e seqüências: tais como os dias da semana, os 
meses do ano, o alfabeto e as horas. 
23 
 
 Orientações direita-esquerda: as crianças são incapazes de orientar-se com 
propriedade no espaço e aprender a noção de direita e esquerda. Não 
conseguem situar a direita e a esquerda em seu próprio corpo ou quando olham 
outra pessoa. 
 Linguagem escrita: quando a criança não consegue ler com facilidade, tampouco 
consegue utilizar com propriedade os símbolos gráficos da expressão escrita. 
Quando escreve, revela sinais de confusões, inversões, adições, omissões e 
substituições. 
 Dificuldades em matemática: não consegue entender a formulação do problema. 
Sendo assim, difícil ler, invertem números ou então sua seqüência. 
 
Segundo Davis (2004), há habilidades que todos os disléxicos compartilham: 
 São capazes de utilizar seu dom mental para alterar ou criar percepções (a 
habilidade primária); 
 São altamente conscientes do meio ambiente; 
 São mais curiosos que a média; 
 Pensam principalmente intuitivos e capazes de muitos insights; 
 Pensam e percebem de forma multimendisional (utilizando todos os sentidos); 
 Podem vivenciar o pensamento como realidade; 
 São capazes de criar imagens muito vívidas. 
 
Se tais habilidades não forem minadas pelos pais e professores, rotulando 
a criança como incapaz de desenvolvê-las, elas poderão ter uma inteligência acima 
do normal e criatividade extraordinária, e não se tornarão incapazes para o 
aprendizado. Assim, tem-se que todas as crianças devem receber orientações 
idênticas, para que não haja discriminação em sala de aula. O que pode ocorrer é 
que as crianças com dificudades podem nescessitar de um pouco mais de tempo e 
atenção. 
 
24 
 
2.3 O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA DIFICULDADE DA CRIANÇA NA 
APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA 
 
As crianças não aprendem facilmente por si mesmas. Aprendem 
reflexivamente porque alguma pessoa as coloca em situação de refletir. 
Conseqüentemente, o educador é o ator principal ativo da aprendizagem de seus 
alunos (MARUNY, 2000), ou seja, o educador auxilia os educandos com e sem 
dificuldade na leitura e na escrita, trabalhar a partir do pensamento de cada uma, 
considerando, com clareza, o que cada um pode aprender em cada caso, ou seja, 
realizar atividades que trabalhem tanto com os que já sabem ler e escrever, bem 
como os outros. E também, comunicar à escola o problema encontrado e os sinais 
observados, para que todos possam trabalhar para o melhor desenvolvimento da 
criança. 
O objetivo do professor não deve ser que todos aprendam igualmente; isso é 
muito difícil de alcançar. O objetivo deve ser que todos possam trabalhar 
reflexivamente e construir o pensamento coletivamente, sem que ninguém seja 
marginalizado ou deixado de lado. Lamentavelmente, muitos professores 
desconhecem as causas das dificuldades de aprendizagem da criança e as rotulam 
como fracassadas e preguiçosas. 
Para que não ocorra esse descaso, o professor deve observar a bagagem 
que cada aluno traz consigo. Porém, não é só uma questão de diferenças nas 
experiências vividas, mas também nas capacidades e na maturidade das crianças, 
na linguagem oral, nos valores culturais em relação à cultura escrita e à cultura 
escolar, nas atitudes para com os adultos e para com a aprendizagem das normas, 
na motivação, nos estilos de aprendizagem, na adaptação emocional e social. As 
crianças chegam às escolas com diferentes experiências no uso da linguagem 
escrita, e algumas têm escassa experiência com a linguagem oral. 
Os professores devem auxiliar as crianças com dificuldades de 
aprendizagens nas tarefas da escola, fazendo a divisão dos trabalhos longos em 
pequenas partes, para ajudá-las a rever os conteúdos de ensino; usar enigmas para 
que elas descrevam o objeto; tomar cuidado como o material escrito: letras claras, 
uso de desenhos, diagramas e menos uso de palavras escritas. O uso do dicionário 
25 
 
deve ser ensinado e, quando possível, ilustrado; bem como o uso de material 
colorido e grande para o aprendizado da letra. Enfim, o professor e a família devem 
estar informados, familiarizados e sensibilizados para apoiar e ajudar a criança 
durante o processo de aprendizagem. 
Toda atividade deve dar chance à iniciativa do aluno. É importante que o 
educando sinta que pode sugerir o que vai escrever ou ler e como vai fazê-lo. 
Todavia, nem tudo pode ser sugerido. O educador deve marcar os limites da tarefa, 
mas é preferível que a tarefa tenha um certo nível de abertura, de flexibilidade, que 
permita uma resposta personalizada. 
Segundo Maruny (2000): “Ler também serve para controlar e lembrar do que 
escrevemos. Quando perguntamos à criança o que é que ela queria escrever, 
pedimos-lhe que leia seu escrito. A própria criança pode precisar ler o que já 
escreveu para avançar, tal como nós adultos fazemos ao repassar nossos textos 
enquanto escrevemos. Esta atividade traz informação decisiva para a criança.” 
Ler para aprender é fundamental para qualquer componente curricular da 
escola. Por meio dessa capacidade, a leitura envolve a atividade de ler para 
compreender, determinando que o aluno aprenda a concentrar-se na seleção de 
informações relevantes no texto, utilizando táticas de aprendizagem. As crianças 
com dificuldades de aprendizagem precisam demais horas de ensino. O ideal é que 
o professor planeje as aulas para que os métodos de ensino sejam adequados, em 
razão dos obstáculos encontrados pelas crianças em sua aprendizagem. É essencial 
que o professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita cometidas por seus 
alunos, aproveitando-as como etapas de saber já atingido e ainda a atingir. Ele só 
deve propor ao aluno tarefas compatíveis com a etapa de conhecimento atingido. 
O método da escola pode dificultar a aprendizagem de uma criança. Por isso 
o professor deve ter capacidade de identificar o melhor método para a criança 
optando por modificação metodológica dentro da sala de aula, dando chance para 
que o aluno escolha o que vai ler ou escrever, mas colocando limites na tarefa. 
Desta maneira, estará motivando e estimulando o aluno, para que cresça em seu 
aprendizado. 
De acordo com Maruny (2000), dar uma oportunidade para que as crianças 
pensem significa partir de suas idéias, reconhecer sua lógica mostrar-lhes suas 
26 
 
limitações, trazer-lhes informações novas que as ajudem a pensar mais e melhor. 
Com isso, a idéia que os professores têm sobre como as crianças aprendem é muito 
importante. Não se trata de as encher de informações soltas, mas trabalhá-los, com 
empenho, reconstrução pessoal, debate, discussão e interação. 
O ideal é que o professor trabalhe com atividades lúdicas e que consiga 
fazer com que os alunos pensem. Os professores precisam entender a lógica do 
pensamento infantil e, a partir disso, compreender a criança. 
“Aprender é ampliar as fronteiras do pensamento. Ensinar não é apenas 
transmitir informações a um ouvinte. É ajudá-lo a transformar suas idéias. Para isso, 
é preciso conhecê-lo, escutá-lo atentamente, compreender seu ponto de vista e 
escolher a ajuda certa de que necessita para avançar: nem mais, nem menos. 
MARUNY (2000)”. 
O docente desempenha um papel importante na identificação das 
dificuldades de aprendizado. Aquela criança que não adquire conhecimentos num 
ritmo semelhante ao dos colegas deve ser acompanhada de perto. Após alguns 
meses de trabalho dentro da sala de aula sem um progresso na aprendizagem, o 
aluno merece um cuidado especial e deverá ser encaminhado à orientação 
pedagógica da escola que já deve estar ciente do caso. 
Quando o professor detectar que o aluno tem dificuldade de leitura e escrita 
deve buscar orientar os pais, para que juntos procurem soluções para resolver tais 
problemas, bem como encaminhar o aluno para profissionais capacitados na área da 
dislexia. A partir do momento em que é identificado o problema de rendimento 
escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em 
casa, deve-se procurar ajuda especializada. 
O diagnóstico da dislexia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar 
formada por psicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo clínico, que devem iniciar 
uma minuciosa investigação, juntamente com os pais e professores. 
Sugestões para auxiliar a criança com dificuldades de aprendizagem na 
leitura e na escrita, segundo Domingues e Marchesan (2004) são: 
 Divida trabalhos longos em pequenas partes; 
 Conteúdos de ensino devem ser revistos sempre; 
 Use enigmas para descrever objetos; 
27 
 
 Seu conhecimento só deve ser avaliado por respostas orais; 
 Cuidado com o material escrito: cabeçalho, letra claras, uso de desenhos e 
diagramas e menos uso de palavras escritas; 
 Uso da letra script ou bastão em cores diferentes o que melhor auxilia a 
velocidade ou memorização da forma ortográfica da palavra; 
 Solicitar que repita, sempre que possível, à ordem ou conteúdo com suas próprias 
palavras; isso ajuda na memorização; 
 Regras escritas devem ser dadas com muita fixação e separadamente; 
 Nunca expô-lo a leitura em voz alta diante de outros; 
 Use material colorido e grande para o aprendizado das letras; 
 O uso do dicionário deve ser bem ensinado. Quando possível, ilustrado. 
 
É importante que o professor conheça cada um de seus alunos e esteja 
atento às dificuldades de cada um, para que essas não se transformem num 
problema. Deve escutar, muito atentamente, seus alunos; deve estar atento a seus 
gestos, às suas atitudes, a seu comportamento, à suas mensagens mentais: idéias, 
conhecimentos, hipóteses, procedimentos e que metodologia e tática utilizam para 
aprender, para escrever, para ler e quais devem aprender para avançar; precisa 
modificar e adaptar suas propostas de trabalho; ajudar no que for necessário; dar o 
“empurrão” adequado. Isso requer um treinamento específico para a tarefa de 
aceitar a contribuição do aluno; organizar a sala de aula; trabalhar em equipe; 
planejar atividades e dicas de como estudar para provas. 
Especialmente os professores, ao lidar com crianças com dificuldades, 
adquirem algo novo. Por um lado, maior tranqüilidade: entendem o que acontece na 
mente da criança frente à escrita e estão certos de que a criança está dando tudo de 
si. E, além disso, está claro o que se deve trabalhar com cada aluno: o que ele é 
capaz de fazer e também qual será o próximo passo em sua aprendizagem. Uma 
criança que não preste atenção ao som da palavra deverá concentrar-se na palavra 
e comprovar que o que está escrito tem a ver com o som da palavra. É questão de 
tempo. Uma criança que atribui vogais a cada sílaba deve perceber que há mais 
sons do que as vogais: que as palavras se escrevem com mais letras. É questão de 
trabalhar isso e dar-lhe tempo. (MARUNY, 2000). 
28 
 
O professor, frente a estes desafios, deverá ser bem preparado por meio de 
capacitações, como também ser incentivado a pesquisar para que, na prática, possa 
encarar as possíveis situações-problema, com a competência necessária para 
reconhecer as prováveis dificuldades de aprendizagem desenvolvidas dentro ou fora 
da escola. Para que possa ajudar tanto os alunos, em suas necessidades escolares, 
quanto os seus familiares, é preciso garantir-lhes o direito à informação e ao apoio, 
indispensáveis ao bom desenvolvimento das relações humanas, assim como a 
orientação e o encaminhamento aos locais com atendimento especializado, quando 
necessário. 
Assim, é muito importante que todos os educadores saibam o que é 
dificuldade na leitura e na escrita e saibam reconhecer seus sinais. Com a devida 
orientação, o aluno conseguirá ser bem sucedido em classe. Se, na fase escolar, a 
criança apresentar sintomas de dislexia, será necessário diagnóstico e 
acompanhamento adequados, para que ela possa prosseguir seus estudos junto 
com os demais colegas e não tenha prejuízos emocionais e de aprendizado. 
 
2.4 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA 
CRIANÇA 
 
A Constituição Federal, no seu artigo 205 (1998), e a Lei de diretrizes e 
bases (LDB, 1996), no seu artigo 2, afirmam que: “A educação é dever da família e 
do Estado. A família é convocada, pelo poder público, a participar do processo de 
formação escolar: no primeiro momento, matriculando, obrigatoriamente, seu filho, 
em idade escolar, no Ensino Fundamental. No segundo momento, zelando pela 
freqüência à escola e num terceiro momento se articulando com a escola de modo a 
assegurar meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento e zelando, 
com os docentes, pela aprendizagem dos alunos.” Assim, tanto o professor e a 
escola, quanto à família e a sociedade envolvem aspectos sócio-culturais 
importantes para o processo de aprendizado de uma criança. 
Quando uma criança apresenta alguma dificuldade de aprendizagem da 
leitura e da escrita, nem sempre os professores, os pais e/ou a família possuem 
informações suficientes para entender e enfrentar adequadamente o processo. 
29 
 
Assim, os pais cobram das escolas respostas e resultados, e a escola, por sua vez, 
acusa os pais de negligência. Com este tipo de atitude e sem a preparação 
adequada, a escola passa a ser um lugar de acúmulo de frustrações para osalunos. 
Segundo Morais (1997:183), as crianças que provêm de ambientes letrados 
têm mais facilidade em aprender a ler e a escrever do que crianças provenientes de 
ambientes não-letrados. 
A criança que convive em ambiente onde não existem revistas, jornais nem 
livros, e que não tem modelos de leitura não tem o interesse e a motivação 
despertados. Possivelmente estes são alguns dos fatores que fazem surgir 
dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita. Assim, a família possui papel 
fundamental no desenvolvimento da capacidade de aprender e cabe a ela articular-
se com a escola e seus docentes, ambos zelando de forma permanente, pela 
qualidade de ensino. 
Os pais devem evitar transmitir à criança a angústia e ansiedade que eles 
próprios sentem, diante dessas dificuldades. O importante é que eles transmitam 
segurança à criança e que compreendam a razão das suas dificuldades de 
aprendizagem na leitura e na escrita. Os pais também devem evitar comparar a 
criança com os irmãos ou colegas da sala ou colocá-la perante situações nas quais 
sabem que a criança não tem sucesso, evitando que ela fique desmotivada. 
A família deve observar a criança ao ler e ao escrever. Recomenda-se que 
os pais leiam as gramáticas escolares, observando como são classificados os 
fonemas quanto ao modo e ponto de articulação, para que compreendam melhor 
quando observarem os comportamentos da criança. Filhos de pais analfabetos têm 
pouco contato com a escrita e a leitura, portanto, podem necessitar de livros e 
material escrito bem impressos e com forma adequada para manuseio. 
É necessário que a família ajude a criança na sua educação ou reeducação 
lingüística e faça com que a criança articule cada fonema, vogal e consoante. É 
preciso observar como a criança pronuncia os fonemas e, em seguida, pedir a ela 
que olhe o movimento de seus lábios, quando articulam fonemas em algumas 
palavras do cotidiano. Deve-se pedir, também, que repita as palavras, pois a 
repetição acaba por levá-lo, assim, à consciência dos fonemas. 
30 
 
A família deve auxiliar a criança em casa, lendo para ela jornais, revistas e 
livros que lhe despertem interesse. O uso e apoio, de régua ou marcador ajudam-na 
seguir a leitura. Gravar os componentes curriculares para que ela possa escutá-los 
quantas vezes for necessário; grifar com caneta colorida os itens principais para 
serem lembrados mais facilmente; criar perguntas para verificar sua interpretação; 
determinar um tempo para a criança fazer a lição; montar um calendário semanal 
com todas as atividades de forma que cada atividade receba uma cor, onde os 
horários de lazer devem ser pintados de uma só cor permitindo que a criança tenha 
uma referência concreta para dinamizar as atividades de aprendizagem são atitudes 
que facilitam o processo de aprendizagem. 
Para que a criança aumente sua auto-estima, a família deve fazer elogios, 
encorajar e falar bem de suas qualidades e pontos fortes. Quando tentar fazer algo 
que considera difícil, encorajá-la a não desistir; não depreciar seus acertos; 
tranqüilizar e ressaltar sua esperteza e sua inteligência. É necessário envolvê-la 
para que possa desenvolver suas habilidades. 
A família tem o papel de zelar, a exemplo dos docentes, pela aprendizagem. 
Isto significa acompanhar, de perto, a elaboração da proposta pedagógica da escola, 
não abrindo mão de prover meios, para a recuperação dos alunos de menor 
rendimento ou em atraso escolar, garantindo meios de acesso aos níveis mais 
elevados de ensino, segundo a capacidade de cada um. 
 
2.5 PROJETO SEGUNDO TEMPO – SESC TAGUATINGA SUL 
 
O Projeto Segundo Tempo é um programa do Ministério do Esporte, em 
parceria com o Ministério da Educação e Ministério do Desenvolvimento Social e 
Combate à fome, destinado a democratizar o acesso ao esporte como direito de 
cada um. 
O Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga Sul – Administração 
Regional do Distrito Federal também ciente das suas responsabilidades sociais para 
com a comunidade e reconhecendo os esforços do Governo Federal, por meio do 
Ministério dos Esportes, oportuniza o acesso de crianças matriculadas na Rede 
Oficial de Ensino e cursando o Ensino Fundamental, em comunidades de exclusão e 
31 
 
de risco social, à prática de diferentes modalidades desportivas (natação, tênis, 
futebol), de lazer e acompanhamento pedagógico, atendimento médico e 
odontológico. 
No Projeto Segundo Tempo trabalha-se com criança de 9 a 13 anos 
matriculadas no Ensino Fundamental e oriunda de estabelecimentos oficiais de 
ensino das cidades de Samambaia e Recanto das Emas, as quais usufruem da 
infra-estrutura de lazer, educação e esporte da Unidade do SESC- Taguatinga Sul, 
por 03 (três) vezes na semana, sob supervisão, apoio técnico e cofinanciamento de 
ambas instituições. 
Uns dos objetivos da orientação pedagógica é de proporcionar as crianças, 
por meio do reforço escolar, uma ajuda/acompanhamento no processo de ensino e 
de aprendizagem, buscando amenizar ou acabar com defasagem que existe no seu 
conhecimento educacional, e que foi no começo do Projeto, de acordo com seus 
rendimentos escolares. Nesse intuito, buscamos ainda, trabalhar com os alunos a 
sua realidade, envolvendo a escola, a família e o seu meio social. 
Partindo dessa abordagem, trabalha-se temas transversais, onde favorece, 
aos alunos, uma reflexão sobre valores éticos, morais e de civismos, a promoção da 
saúde e a valorização das raízes e heranças culturais. 
 
32 
 
3. METODOLOGIA 
 
3.1 MÉTODOS 
 
Nesta pesquisa utilizou-se um procedimento racional e sistemático com 
objetivo de proporcionar respostas ao problema proposto: de identificar como os 
professores lidam com os alunos que apresentam dificuldades da aprendizagem na 
leitura e na escrita. 
Para tal, adotou-se a abordagem qualitativa, que traz consigo, de maneira 
inevitável, a carga de valores, preferências, interesses e princípios que orientam o 
pesquisador. Segundo Bogdan e Bicklen (1982), a pesquisa qualitativa envolve a 
obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a 
situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em 
retratar a perspectivas dos participantes. 
A respeito da pesquisa qualitativa Lüdke (1986), mostra que a sua natureza 
se baseia no ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como 
seu principal instrumento. Nesse sentido, esta abordagem proporciona um contato 
direto e prolongado do pesquisador com o ambiente escolar e a situação que está 
sendo investigada. 
Os métodos utilizados foram o dedutivo e o estudo de caso. O método 
dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a 
seguir, desce ao particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e 
indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, 
em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas 
(Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao 
conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis 
(GIL, 1999). 
O pensamento é dedutivo quando, a partir de pronúncias mais gerais 
preparadas sistematicamente como premissas de um raciocínio, chega a uma 
conclusão privada ou menos comum. 
33 
 
A respeito do método estudo de caso (LÜDKE, 1986) mostra que, retrata a 
realidade de forma mais completa e objetiva possível, ou seja, revela a variedade de 
dimensões presentes em determinadas situações ou problemas, focalizando-os 
como um todo. 
 
3.2 LOCAL E SUJEITOS DA PESQUISA 
 
O presente trabalho desenvolveu-se por meio da pesquisa qualitativa, 
considerando que esta abordagem proporciona resultados significativos no campo 
educacional, ou seja, foi realizada em um ambiente natural no Projeto Segundo 
Tempo no SESC-Taguatinga-Sul, situado na cidade de Brasília. 
O estudoobjetiva analisar como os professores lidam com os alunos que 
apresentam dificuldades da aprendizagem na leitura e na escrita. 
Os sujeitos pesquisados foram quatro professores que atuam no Projeto 
Segundo Tempo SESC-Taguatinga-Sul, os quais responderam a um questionário 
para coleta de dados para a pesquisa. 
 
3.3 Materiais 
 
O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário (anexo I) com 
dez questões abertas e uma questão fechada. 
Nas questões fechadas, apresenta-se ao respondente um conjunto de 
alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa sua 
situação ou ponto de vista (GIL, 1999), mas de acordo com o questionário o 
respondente tem a opção de deixar em branco ou responder. 
As questões abertas, apresentam-se a pergunta e deixa-se um espaço em 
branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição (GIL, 1999). 
Vejo como vantagem às questões abertas e a de não obrigar o respondente a 
enquadrar sua percepção em alternativas preestabelecidas e, também permiti 
respostas mais prolongadas e interessantes, proporcionando maiores informações 
sobre a dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita. 
34 
 
Ao utilizar questões abertas e fechadas os respondentes sentiram-se mais à 
vontade para responder o questionário, pois o número de respondentes era mínimo, 
ou seja, apenas quatro, por ser um Projeto que se iniciava, os respondentes 
opinaram por responder um questionário ao invés de entrevista, por causa da 
insegurança ao responder diretamente as perguntas em uma entrevista. 
Na concepção de GIL (1999): O questionário é definido como a técnica de 
investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões 
apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de 
opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. 
A vantagem do questionário é que os informantes podem respondê-lo, no 
momento sem interferência do pesquisador. 
A linguagem utilizada para o questionário foi clara e objetiva, com 
vocabulário adequado ao nível de escolaridade dos informantes. 
O questionário foi aplicado a um número pequeno de informantes (quatro 
professores). Primeiramente, mostrei o questionário, fiz uma leitura breve, depois 
perguntei se gostariam de responder. Todos os quatro professores participaram, e 
relataram que é mais fácil para responder do que uma entrevista, por causa do 
tempo. Fiquei aguardando o término do questionário em outro ambiente, por isso 
não tive contato na hora que responderam. 
Através da pesquisa qualitativa obtive informações acerca do tema do 
Trabalho de Conclusão de Curso dificuldade de aprendizagem na leitura e na 
escrita. 
35 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
As respostas apresentadas pelos professores foram analisadas 
individualmente e tabuladas e apresentaram os seguintes resultados: 
 
Tabela 1 – Resposta dos professores sobre definição de dislexia. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Distúrbios neurológicos das habilidades de leitura e de 
escrita. 
3 75%
É um distúrbio de leitura que causará um distúrbio de 
escrita. 
1 25%
TOTAL 4 
100
% 
 
 A tabela indica que a maioria dos professores define, a dislexia de acordo 
com Associação Brasileira de Dislexia (ABD), isto é, distúrbios neurológicos das 
habilidades de leitura e de escrita, enquanto apenas um professor a definiu como um 
distúrbio de leitura que causará um distúrbio de escrita, ou seja, o fato de deparar 
com alguns desses sintomas não advertir fundamentalmente que a criança seja 
disléxica; há outros fatores a serem observados. 
Os professores foram questionados se reconhecem uma criança disléxica; a maioria 
disse que sim e apenas um disse que não. 
 
Tabela 2- características apontadas pelos professores a respeito do aluno 
disléxico. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Dispersão para o desenvolvimento das atividades 
problemas de compreensão, recusa para desenvolver as 
propostas. 
1 25% 
36 
 
Dificuldade na compreensão de texto, dispersão com 
muita facilidade, troca de letras. Dificuldade em 
transcrever do quadro traçado das letras, confunde 
direita e esquerda. 
1 25% 
Auto-estima baixa, dificuldade em leitura devido às 
trocas, e trocas na escrita pelos fonemas surdos e 
sonoros. 
1 25% 
Não respondeu 1 25% 
TOTAL 4 100%
 
 Nota-se que a maioria dos professores são capazes de reconhecer alunos 
com quadro de dislexia e, que as características apresentadas estão coerentes com 
que diz os teóricos a respeito do assunto, ou seja, os professores citaram algumas 
características, mais enfatizo que há outros fatores a serem observados. 
 De acordo com Martins (2003): Erros por confusões na proximidade espacial; 
confusões de letras simétricas; confusão por rotação; inversão de palavras; 
confusões por proximidade articulatória e seqüelas de distúrbios de fala; omissões 
de grafemas; omissões de sílabas; acumulação e persistência de seus erros de 
soletração ao ler e de ortografia ao escrever; confusão entre letras; inversões 
parciais, etc. 
Os professores foram questionados se a escola que leciona tem cursos de 
capacitação sobre as dificuldades da criança em sala de aula e todos disseram que 
sim. 
 
Tabela 3 – Tipos de curso de capacitação, apontados pelos professores. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Palestra com fonoaudiólogas. 1 25% 
Curso de capacitação não. Porém temos grupos de 
estudo com leituras que informam sobre determinadas 
questões relacionadas à dificuldades. 
1 25% 
Capacitação em matemática. 1 25% 
37 
 
A escola trabalha com o acompanhamento 
individualizado sobre as dificuldades que surgem no 
decorrer do ano letivo. 
1 25% 
TOTAL 4 100%
 
De acordo com a tabela, constata-se que os professores têm diferentes de 
capacitação. Portanto, nota-se que os cursos que foram colocados como resposta, 
também são voltados para a área em estudo (dislexia), Porém o Projeto Segundo 
Tempo -Sesc Taguatinga-Sul, poderia proporcionar cursos básicos sobre dislexia, ou 
seja, workshop do curso básico, promover jornada de dislexia, simpósio. 
De acordo com a ABD (Associação Brasileira de Dislexia, 2000): Os cursos 
devem ser, mas direcionados para as dificuldades de aprendizagem dos alunos e, 
com uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e 
Psicopedagoga Clínica. Essa equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do 
processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, 
como Neurologista, oftalmologista e outros, conforme o caso e necessidade. 
 
Tabela 4 – Fatores que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Problema de compreensão 4 100%
Legibilidade da letra 1 25% 
Soletração perfeita 0 0% 
Excessivas fixações do olho na linha 1 25% 
Orienta-se no espaço (direita / esquerda) 3 75% 
Repetições de sílabas, palavras ou frases. 2 50% 
 
Nesta questão os professores poderiam indicar mais de uma resposta. Os 
dados apresentados indicam que a maioria dos professores sabem quais os fatores 
que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita das crianças, ou seja, têm 
uma visão geral, a maioria dos professor indicou os problemas de compreensão, ou 
seja, correto, pois o aluno com dislexia tem dificuldade em compreensão, por causa 
38 
 
do fraco desenvolvimento da memória. Apenas um professor colocou que são as 
excessivas fixações do olho na linha, correto, pois o disléxico fixar o olho na linha o 
tempo todo; enquanto dois professores responderam que o que influência na 
aprendizagem e as repetições de sílabas, também esta correta, porque os 
disléxicos fazem confusão de sílabas, palavras com grafias similares, ou frases. 
Somente um professor respondeu que é a: legibilidade da letra, ou seja, incorreto, 
pois o disléxico não tem letra legível e sim ilegível dificultando o entendimento. 
Porém a maioriaressaltou que é a orienta-se no espaço (direita / esquerda), enfoco 
que essas crianças com dislexia são incapazes de orientar-se com propriedade no 
espaço e aprender a noção de direita e esquerda. Ninguém respondeu soletração 
perfeita, pois a questão é incoerente, porque a criança disléxica conhecer as letras 
isoladamente, e não como um todo. 
Portanto os fatores que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita 
são: problemas de compreensão, ilegibilidade da letra, soletração defeituosa, 
excessivas fixações do olho na linha, não se orientar no espaço direita-esquerda, 
repetições de sílabas, palavras ou frases. 
Respostas corretas: problema de compreensão, excessivas fixações do olho 
na linha e repetições de sílabas, palavras ou frases. 
Mas com base na pergunta, um dos fatores que influenciam também é 
quando a criança escreve com letra ilegível, isto dificulta as correções feitas pelos 
professores e pelo próprio aluno e também a soletração defeituosa, ou seja, 
faltando letras. 
Segundo Condemarin (1986), a soletração defeituosa ocorre quando o 
aluno: “reconhece letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como 
um todo, ou então lê a palavra sílaba por sílaba, ou ainda lê o texto palavras por 
palavras “. 
Freqüentemente, os disléxicos são incapazes de se orientar com 
propriedade no espaço e de aprender a noção de direita e esquerda. Geralmente a 
criança não consegue situar a direita e a esquerda em seu próprio corpo ou quando 
olha outra criança Condemarin (1986). 
 
39 
 
Tabela 5 – Fatores essenciais para o desenvolvimento da capacidade de 
aprender. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Ambiente propício à aprendizagem, lúdico, com abertura 
para atender as necessidades de todos os alunos que 
compõem a sala. 
1 25% 
Maturidade cognitiva, afetiva, motora. 1 25% 
Respeito pelo ritmo individual de cada aluno. 1 25% 
Toda criança já nasce com capacidade de aprender, ela 
é inata ao ser humano. 
1 25% 
TOTAL 4 100% 
 
 As respostas apresentadas na tabela 5 mostram quais os fatores que os 
professores consideram essenciais para o desenvolvimento da capacidade de 
aprender. É interessante notar que nenhuma resposta foi repetida por mais de um 
professor. 
 De acordo com Martins (2003): “O primeiro fator essencial para o 
desenvolvimento da capacidade de aprender é motivar os alunos e o próprio aluno 
querer aprender, ter interesse, atenção, compreensão, participação e expectativa de 
aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser pessoa. O segundo fator é o 
desenvolvimento de aptidões cognitivas e procedimentais; aprender métodos e 
técnicas de estudo para garantir a capacidade de auto-aprendizagem. O terceiro 
fator é a aprendizagem de conhecimentos ou conteúdos, ou seja, a construção de 
um currículo escolar é fundamental para que o aluno desenvolva sua compreensão 
do ambiente natural, social e também da tecnologia, das artes e dos valores em que 
se fundamenta a sociedade”. 
 
Tabela 6 – Como os pais são envolvidos no trabalho educativo. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
De acordo com as orientações recebidas pelos 1 25% 
40 
 
especialistas da área, serão colaboradores e guardiões 
da auto-estima dessas crianças. 
Como auxiliares no processo e incentivadores. Os pais 
devem ser orientados a acompanhar o ritmo de cada 
criança não demonstrando ansiedade no processo. 
1 25% 
Realizando um trabalho de parceria com a escola. 1 25% 
Não respondeu 1 25% 
 
 De acordo com as respostas dos professores, os pais são envolvidos no 
trabalho educativo dos alunos. 
 Bessa e Afonso (2004): “recomendam uma atenção individualizada em que se 
respeite o ritmo de aprendizagem da criança e em que se evite a aprendizagem pelo 
erro. Mas também os pais são orientados para auxiliar os filhos nas atividades em 
casa, e também para aumentar a auto-estima. E jamais esquecer que a criança com 
dificuldade na leitura e na escrita são inteligentes e criativas, basta ajudá-las por 
meio do reconhecimento por tudo que ela faz”. 
 Os professores foram questionados se existe tratamento para as dificuldades 
na leitura e na escrita e todos disseram que sim. 
 
Tabela 7 – Tipos de tratamento para as dificuldades na leitura e na escrita, de 
acordo com os professores. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Treino, paciência, repetições necessárias, etc. 1 25% 
Acompanhamento de profissional especializado, 
orientando a escola e família, sempre é uma parceria 
positiva no tratamento dessas dificuldades. 
1 25% 
Um acompanhamento direcionado ao aluno, com 
atividades que trabalhem a vivência, a realidade e 
individualidade de cada. 
1 25% 
Dependerá de qual dificuldade que necessitará de 
tratamento. Algumas trocas podem ser trabalhadas num 
1 25% 
41 
 
consultório fonoaudiológico. 
TOTAL 4 100% 
 
 
As respostas apresentadas pelos professores indicam que os professores conhecem 
a forma correta para o tratamento de crianças com dificuldades na leitura e na 
escrita. 
Segundo a ABD (2000): “O primeiro ano de alfabetização, poderá ocorrer um quadro 
de risco, ou seja, não poderá ser confirmada a dislexia, mas também não se 
descarta outro fator. Pode-se sugerir um acompanhamento e fazer uma observação 
mais cuidadosa, até pode-se diagnosticar com mais precisão após a alfabetização.” 
 
Tabela 8 – Visão dos professores sobre o processo de aquisição da leitura e da 
escrita 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Pré-silábico e silábico. 1 25% 
O que leva o aprendiz à construção do código lingüístico 
não é o cumprimento de uma série de tarefas ou o 
conhecimento das letras e das sílabas, mas uma 
compreensão do funcionamento do código. 
1 25% 
Reprodução dos traços básicos da escrita. 1 25% 
Tenta escrever respeitando a quantidade e variedade de 
letras. 
1 25% 
TOTAL 4 100% 
 
 
As respostas fornecidas pelos professores estão coerentes e de acordo com 
os teóricos (Davis, Ellis, Condermarin), portanto entender-se que os professores 
conhecem o processo de aquisição da leitura e da escrita. 
De acordo com Ferreiro (2004): “Na fase 1, início dessa construção, as 
tentativas das crianças dão-se no sentido da reprodução dos traços básicos da 
42 
 
escrita com que elas se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, 
embora o traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo que quis 
escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a sua própria escrita, e não a 
dos outros. Nesta fase, a criança elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é 
proporcional ao tamanho do objeto ou ser a que está se referindo. Na fase 2, a 
hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas diferentes. 
A criança procura combinar de várias maneiras as poucas formas de letras que que 
é capaz de reproduzir. Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas 
exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e a variedade entre 
elas, (não podem ser repetidas). Na fase 3, são feitas tentativas de dar um valor 
sonoro a cada uma das letras que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese 
silábica, isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada, podendo 
ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste momento, um conflito entre a 
hipótese silábica e a quantidade mínima de letras exigida para que a escrita possa 
ser lida. A criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa usar 
duas formas gráficas para escrever palavras com duas sílabas, o que vai de 
encontro às suas idéias iniciais de que são necessários, pelo menos três caracteres. 
Este conflito a faz caminhar para outra fase. Na fase 4 ocorre, então a transição da 
hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se estabeleceu - entre uma 
exigência interna da própria criança ( o número mínimo de grafias ) e a realidade das 
formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure soluções. Ela, então,começa a perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras 
das palavras, ainda que não o faça corretamente. Na fase 5, finalmente, é atingido o 
estágio da escrita alfabética, pela compreensão de que a cada um dos caracteres da 
escrita corresponde valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se tiver duas 
sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser pronunciada, necessitará mais 
do que duas letras para ser escrita e a existência de uma regra produtiva que lhes 
permite, a partir desses elementos simples, formar a representação de inúmeras 
sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham exercitado.” 
43 
 
Tabela 9 – Procedimentos para orientar os alunos com dislexia. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Atenção especial ao aluno; reforço positivo, colocar o 
aluno na área central da sala bem próximo ao professor. 
1 25% 
Nunca orientei um aluno com tal problema 1 25% 
Desenvolver um trabalho com o objetivo do letramento, 
isto é, capacitar ao aluno para a leitura e a escrita em 
todos os aspectos. 
1 25% 
Não evidenciar a dificuldade do aluno não deixando ele 
participar de atividades. Assinalar as trocas ajudando-os 
a percebê-las e efetivar as devidas correções. Durante o 
tratamento o aluno não poderá ser penalizado pelas 
trocas. 
1 25% 
TOTAL 4 100%
 
 De acordo com as respostas apresentadas na tabela 9, verifica-se que alguns 
professores orientam os alunos com dislexia adequadamente, seguindo a forma 
correta, porém ainda devem utilizar outras metodologias mais apropriadas. 
 Segundo Marchesan e Domingues (2004): “Divida trabalhos longos em 
pequenas partes; conteúdos de ensino; use enigmas para descrever objetos; seu 
conhecimento, só deve se avaliado por respostas orais; cuidado com o material 
escrito: cabeçalho, letras claras, uso de desenhos e diagramas e menos uso de 
palavras escritas; uso da letra script ou bastão em cores diferentes o que melhor 
auxilia a velocidade da forma ortográfica da palavra; solicitar que repita sempre que 
possível a ordem ou conteúdo com suas próprias palavras, isso ajuda na 
memorização, regras escritas, devem ser dadas com muita fixação e 
separadamente, etc.” 
 
 
44 
 
Tabela 10 – Método eficaz para os alunos com dificuldade de aprendizagem. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Desconheço. 1 25% 
Levar o aluno a observar, a perceber, descobrir e refletir 
sobre o mundo e interagir com o seu semelhante através 
do uso funcional de linguagens. 
1 25% 
Cada criança tem uma história. Penso que primeiro temos 
que conhecer todo o universo dessa criança para assim 
mediarmos uma situação de aprendizagem. 
1 25% 
Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a 
conviver e aprender a ser. Devemos ser capacitados a 
estar e agir assim. 
1 25% 
TOTAL 4 100%
 
 
 Com base nas respostas apresentadas na tabela 10, os professores sugerem 
alguns métodos eficazes. Entretanto, não existe um único método eficaz, mas sim 
diversos métodos que podem ser adaptados para uma melhor aprendizagem. 
 A ABD (2004), afirma que: “Não há nenhuma linha de tratamento que seja 
considerada “a melhor” ou “única”. O importante é a aceitação e adaptação do 
próprio disléxico à linha adotada pela profissional e o próprio relacionamento com 
ela. O que podemos dizer é que como a principal característica dos disléxicos, é a 
dificuldade da relação entre a letra e o som (fonema-grafema), na terapia deveria se 
enfatizado o método fônico. Devemos também treinar a memória imediata à 
percepção visual e a auditiva. É sugerido que se adote, multisensorial, cumulativo e 
sistemático. Ou seja, deve se utilizar ao máximo todos os sentidos. Um exemplo 
básico é poder ler e ouvir enquanto se escreve. O disléxico assimila muito bem tudo 
que é vivenciado concretamente.” 
 
45 
 
Tabela 11 – Modelos convencionais do ensino que estão mudando. 
Respostas 
No de 
professores 
% 
Já não era sem tempo, pois como professora apenas sou 
o canal. Precisa-se haver trocas de experiências 
constantes para que haja crescimento. 
1 25% 
Acho que sim, na minha visão, a educação bancária 
(Paulo Freire), vem perdendo espaço para uma educação 
mais humanística. Com isso, o professor vem enxergando 
o aluno de uma forma mais completa e global. 
1 25% 
Os professores têm demonstrado abertura para deixarem 
o papel de dono do conhecimento para serem aprendizes 
como os seus alunos. 
1 25% 
Sim, mas ainda existe um grande número de professores 
distantes dos processos. 
1 25% 
TOTAL 4 100%
 
De acordo com as respostas apresentadas na tabela 11 pode-se observar 
que os professores não responderam com clareza sobre os modelos convencionais 
do ensino que mantêm distantes professores e alunos. 
Conforme Martins (2003): “A escola e a família são instituições ainda muito 
conservadoras. Nisso, por um lado, não há demérito, mas às vezes também não há 
mérito. No Brasil, muitas escolas utilizam procedimentos do século XVI, do período 
jesuítico como a cópia e o ditado. Nada contra os dois procedimentos, mas se que 
tenham uma fundamentação pedagógica e que valorizem a escrita criativa do aluno, 
decerto, terão pouca repercussão no seu aprendizado. Isso acontece também com 
as pedagogias. Tivemos a pedagogia tradicional, a escolanovista, piagetiana, 
vigostky e já falamos em uma pedagogia pós-construtivista com base na teoria de 
Gardner. Umas cuidam plenamente de um aspecto do aprendizado como o 
conhecimento, mas se descuidam completamente da capacidade cognitiva e 
metacognitiva, interesse e necessidades dos alunos. Seja como for, o importante é 
que os docentes tenham conhecimentos dessas pedagogias e possam criar modelos 
46 
 
alternativos para que haja a possibilidade de o aluno aprender a aprender, ou seja, 
ser capaz de descobrir e aprender por ele mesmo, ou, em colaboração com outros, 
os procedimento, conhecimento e atitudes que atendam às novas exigências da 
sociedade do conhecimento.” 
Com base, no atendimento pedagógico observa-se que muitos alunos 
haviam reprovado na alfabetização, portanto, procurei informações que julgasse 
necessário para um trabalho em parceria – escola, família, SESC. Observei que três 
alunos tinham dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, então descobrir 
que era dislexia, depois de ter feito contato com os pais, escola e pessoas 
capacitadas em diagnóstico em dislexia. 
Por falta de informações sobre dislexia, os professores da escola pública 
não sabiam que essas crianças eram disléxicas, ou seja, nem sabiam o que era 
dislexia. Com isso, ficou um clima desagradável entre os professores da escola com 
os do Projeto. 
Além de identificar o problema de rendimento escolar, que foi percebido no 
Projeto Segundo Tempo, também procurei ajuda especializada. A qual nos orientou 
a direcionar o atendimento há essas crianças. 
Utilizamos métodos didáticos para sanar as dificuldades dos alunos, 
procurando envolvê-los em trabalhos de grupos, dinâmicas, brincadeiras, enfim, 
atividades para desenvolver as dificuldades de aprendizagem. Num processo de 
atendimento especializado por meios de projetos específicos que tragam benefícios 
aos adolescentes e tornem as atividades prazerosas e ricas em seu conteúdo. 
De acordo com os resultados dos questionários, enfatizo que os professores 
do Projeto Segundo tempo do SESC Taguatinga Sul, conhecem as dificuldades da 
leitura e da escrita dos seus alunos, mas necessitam de cursos de capacitação para 
lidar com tais dificuldades. 
 
47 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
A palavra impressa representa símbolos sonoros que, por sua vez, são 
representativos da experiência pessoal. A partir do domínio destes símbolos, a 
criança é capaz de se expressar por meio da escrita. Qualquer obstáculo nessa 
trajetória poderá significar uma dificuldade ou interferência na aprendizagem e no 
desenvolvimento da linguagem. A dificuldade de aprendizagem merece a atenção

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