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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA NÚCLEO DE CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DISCIPLINA: HISTORIOGRAFIA DOCENTE: FERNANDO ROQUE FERNANDES DISCENTE: GABRIELE MAIA Fichamento: MALERBA, JURANDIR. Os historiadores e seus públicos: desafios ao conhecimento histórico na era digital. REVISTA BRASILEIRA DE HISTÓRIA (IMPRESSO), v. 37, p. 135-154, 2017. Dados do autor: ● Graduado em História pela UFOP, mestre em História pela UFF e doutor em História Social pela USP. Professor visitante na Universidade de Oxford e Georgetown, atualmente é professor titular na UFRS ● Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil e Teoria da História, atuando principalmente nos temas: teoria da história, história da historiografia, teoria da historiografia e historiografia brasileira Fichamento pontual da leitura: ● Introdução: ○ A historiadora Marixa Lasso questiona “por que e para quem escrevemos” e se debruça no que chama de “enterro da profissão do historiador como a conhecemos” ■ Abre uma autocrítica: o afastamento dos historiadores de seu público ■ Desde a abertura da universidade e principalmente no século XIX, a profissionalização da história esteve muito mais ligada a cânones científicos e métodos analíticos, críticos e documentais, que se distanciaram da ligação com a escrita da literatura, abordando somente uma escrita técnica, causando o afastamento do grande público; ■ Usa o quesitonamento como pretexto para abordar o objeto da relação entre o historiador e seus publicos hoje ● Tenta solucionar considerando três conjuntos de questoes ○ A relação entre historiador/historiografia/público deve ser colocada em perspectiva história: sujeitos e meio, variaram em cada tempo e espaço ■ No contexto desta alteração, o advento da internet alterou os elementos constituinte do trinômio ■ A prática historiográfica extravasa o campo intelectual científico e de tal modo questiona o próprio sentido da história como disciplina acadêmica, há uma urgência em refletir o papel social do historiador profissional ● Quem escreve a história? ○ Para se entender, o autor separou o tripé [emissor-mensagem-receptor] historiador-escrita histórica e historiografia - público http://lattes.cnpq.br/8396001861092302 ■ Quem é o historiador hoje? (o profissional acadêmico da universidade hiper especializado, o amador que escreve a blogs, ou o escritor leigo que escreve best seller?) ■ O que é historiografia? qual historiografia? ■ Qual público? (historiadores, leitores da história, internauta curioso, leitor diletante?) ○ Os três itens do tripé não foram sempre os mesmos em todo lugar e em toda época ■ exemplo: até 1990, antes do advento da internet, a “mídia” eram os livros, e houve uma historiografia acerca do livro, introduzida por Richard Altick e a geração seguinte de autores ■ entretanto, negligenciaram a seguinte questão: como os textos mudam as mentes e as vidas de leitores comuns (não profissionais)? ■ Jonathan Rose, 1992, com “Relendo leitores comuns ingleses”, apontava críticas a historiadores literários e vanguardistas que tentavam discernir mensagens ideologias que os livros levavam e sempre caiam em pelo menos algumas das “5 falácias da recepção”, o crítico admite que o autor colocar em um texto, o leitor comum apenas o recebe. ● 5 falácias:Toda literatura é política; a influência de um dado texto é proporcional a sua circulação; a cultura “popular” é maior que a “alta cultura” e reflete na atitude das massas; a “alta cultura” tende a reforçar aceitação da ordem política e social”; o cânone dos “grandes livros” é definido pela elite sociais; ■ A maioria dos estudos apenas especulavam sobre as reações hipotéticas de leitores que não eram o leitor “comum”, nesse sentido, Rose propôs um terceiro nível de história, intitulado como “história das audiências”. ● Deveria definir um grande público, determinar a dieta cultural e medir a resposta coletiva dessa audiência não só em obras particulares mas em qualquer outra cultural. Essa história deveria centrar o foco no leitor comum ○ O autor abordou brevemente o historiador que trouxe a discussão no Brasil: Fernando Nicolazzi, que busca condições de legitimidade para a escrita historiografica além dos procedimentos de escrita, mas também no intervalo incerto e impreciso que articula entre a prática da escrita com o ato de leitura. Aponta também as formas e condições de legitimidade do discurso produzido pelos historiadores. ■ Uma história das audiências deveria pensar a relação entre historiador e público, investigar como se conhece a história, como se lê, como vê, se ouve e se vive; ■ O autor Malerba aponta a contradição: “jamais teremos acesso a sequer uma amostragem mínima da recepção da historiografia pelo leitor comum, ou médio. Seu parâmetro são as sugestões de como fazer a leitura história produzidas por grandes historiadores [...] que esperavam do leitor a mesma erudição e o mesmo senso crítico dos escritores” p.140 ● A questão da leitura e do uso da história requereria, a consideração do dimensionamento do público leitor a população, o sistema de ensino e alfabetização, as obras e os autores de vulgarização. Entretanto, a história até o século XIX não era escrita para o grande público ○ A equação historiador/historiografia/público tornou-se mais complexa. A história pública surgiu no contexto da amplificação dos públicos: como público gerador de história ■ O público de história expandiu para além do público consumidor de livros; A alteração do perfil do produtor de história e a expansão do público consumidor se explicam pelo surgimento da internet. ● MEIOS E PÚBLICOS ○ A luta por incorporar todo o potencial das novas tecnologias, a partir das velhas práticas de pesquisa história levou ao questionamento de objetivos e métodos consolidados dentro do ofício, assim como formas de narrativas. ■ a internet expandiu a audiência e ampliou o conceito de autoria e o conceito de legitimação do conhecimento e autoridade. -> virou do avesso o próprio conceito de “história pública” ○ Segundo Meg Foster a Web afeta a forma como as pessoas interagem umas com as outras, incluindo o modo como os historiadores públicos e as pessoas comuns se conectam com a história. Com as plataformas houve uma facilidade de envolver o usuário com qualquer pessoa que tenha acesso à web, e esta é capaz de contribuir para a compreensão sobre o passado. ■ “A web é um terreno dinamico que oferece oportunidades e desafios para a criação da história. Pode potencialmente ser um meio indutor de produção de uma história ao alcance de todos, por isso em tese mais democrática e mais aberta, apresenta questões e novos desafios. ■ Tende a alterar o estatuto da história publica ● o antigo status de historiadores como produtores e de leigos como publico consumidor da historia ● Mais pessoas usam a tecnologia online para acionar o passado, e os historiadores devem estar alertas ● O discurso da autoridade não cola bem no mundo real, e a web se configura como uma esfera publica, que dispensa qualquer validação formal [nesse ambiente, parece crucial que os historiadores busquem não só o avanço do conhecimento mas seu entendimento] ○ “A noção de que o público pode e deve ser envolvido na criação do passado não é nova [...] os historiadores não simplesmente divulgam o conhecimento para o público, mas devem trabalhar em conjunto com pessoas comuns. O passado seria reconhecido como terreno social em constante mudança, e os historiadores e o publico deveriam cooperar e trocar ideias de modo que sua expertise pudesse satisfazer as necessidades, desejos e conhecimento cultural do outro” p.144 ● DESAFIOS A HISTÓRIA DISCIPLINAR ○ O historiador vive a tensão de, por diante da hiperespecialização, escrever apenas para seus pares; por outro, ter a saudável ambição de falar para públicos amplos. ○ “Queremos falar para qualquer pessoa, de qualquer extração, que queira saber sobre o passado e sua relação com o tempo presente. Uma vantagem disso é a clara democratizaçãoda história como disciplina fundadora de identidade, que nos ajuda a discernir quem somos, onde estamos e para onde podemos ir. ■ A expansão democrática da audiência fez explodir o número de pessoas que podem ver a si mesmas nas inúmeras narrativas históricas que se veiculam ○ A vocalização da história deixou de ser prerrogativa do historiador formado e profissional.
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