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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL – CAMVA DIREITO CIVIL SUCESSÕES PROFº FELIPE VANIN RIZZON ACADÊMICA: GABRIELI PITON DA REVOGAÇÃO E DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO 1) Diga no que consiste a revogação do testamento e se é obrigatória à explanação de motivo para sua realização? A revogação é a vontade do autor da herança de retirar a eficácia de um testamento elaborado por ele anteriormente, ou seja, o testador impede que sua vontade anterior seja cumprida, sendo sua última vontade outra, tornando sem efeito o que já estava redigido. Art. 1.858. O testamento é ato personalíssimo, podendo ser mudado a qualquer tempo. A manifestação de vontade do testador no sentido de revogar o testamento já feito não depende da concordância de terceiros. Constitui a revogação o exercício de direito protestativo assegurado pela lei, sem precisar de explanação de motivo para sua realização. 2) Embora o testamento seja ato revogável, é valido o estabelecimento de cláusula pela qual seja ele declarado irrevogável? São nulas as cláusulas pré-excludentes de futuros testamentos e as que dizem ser irrevogável o testamento feito. A pessoa não pode vincular-se a não revogar o testamento ou o codicilo, ou qualquer disposição de vontade ou cláusula testamentária. 3) Quais as formas de revogação do testamento? Explique pormenorizadamente. A revogação total, quando retira a inteira eficácia do testamento, deixando claro que revoga o testamento anterior em todo o seu conteúdo ou parcial quando atinge somente algumas cláusulas, permanecendo incólumes as demais (CC, artigo 1.970 e parágrafo único). A revogação expressa: é a que resulta de declaração inequívoca do testador manifestada em novo testamento. Não se exige o emprego de palavras sacramentais ou consagradas. Nada obsta a que o testador declare, apenas, que fica sem efeito o testamento anterior. E também pode ser tácita: ocorre quando não houver declaração do testador revogando o testamento anterior. Pode ocorrer de duas maneiras: por via de novo testamento ou pela inutilização da cédula. Um testamento não se considera revogado pelo só fato de ter sido redigido validamente um outro mais recente, quando o testador faz novo testamento, sem declarar que por ele revoga o antigo, considera-se este revogado, no todo ou em parte, quando as cláusulas de um e de outro se contrariem. Se o testador disse e se desdisse, ou se manifestou propósitos em briga recíproca, de tal modo que não possam ambas as declarações ser executadas, prevalece a mais recente, com força destruidora sobre a mais velha, respeitando as cláusulas que sejam entre si conciliáveis dando-lhes o juiz cumprimento, e respeitando a vontade do testador. 4) A abertura ou dilaceramento do testamento cerrado, obrigatoriamente e em todas as situações, importará em sua revogação? Dispõe o art. 1.972, “o testamento cerrado que o testador abrir ou dilacerar, ou for aberto ou dilacerado com seu consentimento, haver-se-á como revogado”, ou seja, a abertura do testamento cerrado implica em revogação, mesmo que feita por terceira pessoa, pois deve permanecer secreto enquanto o testador for vivo. Entretanto, pode ocorrer exceção se os interessados demonstrarem, de forma convincente, que a abertura ou dilaceração foi feita contra a vontade do testador, ou por terceiro, acidental ou dolosamente. 5) O testamento posterior que, embora válido, seja ineficaz por caducidade, servirá para revogar a disposição de última vontade feita anteriormente? Respeitando a disposição de última vontade do testador mesmo que ocorra à caducidade do testamento revogatório o testamento anterior não ganhará validade, ou seja, prevalece intacta a vontade de se revogar as disposições anteriores deixadas pelo declarante. Isto acontece porque questões relacionadas à caducidade derivam de acontecimentos alheios a vontade do testador, não podendo este ser penalizado por tais circunstâncias. 6) É admissível a repristinação do testamento revogado por mera revogação do testamento revogatório? Para que ocorra a repristinação das disposições revogadas é necessário que o novo testamento expressamente as declare restauradas. A despeito da inexistência, no direito brasileiro, de norma legal sobre a matéria, predomina o entendimento de que, revogada a revogação, não se restaura, automaticamente, o testamento primitivo. Não obstante, revogando o testamento posterior, pode o testador determinar que se revigorem as disposições do anterior, ocorrendo, então, a repristinação, mas por força do mandamento expresso do disponente. 7) Explique no que consiste o rompimento do testamento? Dá-se a ruptura do testamento nos casos em que há a superveniência de uma circunstância relevante, capaz de alterar a manifestação de vontade do testador, como o surgimento de um herdeiro necessário. O rompimento do testamento é, então, determinado pela lei, na presunção de que o testador não teria disposto de seus bens em testamento se soubesse da existência de tal herdeiro. 8) Faça uma ampla análise acerca das diferentes possibilidades de rompimento de testamento previstas nos artigos 1973 e 1974 do Código Civil, indicando em que situações elas incidem. Art. 1.973. Sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador. O artigo em apreço contém a denominada revogação presumida, fundada na presunção de que o testador certamente não teria disposto de seus haveres se tivesse descendente, ou já conhecesse o existente. Enquadram-se no citado preceito legal três hipóteses: a) o nascimento posterior de filho, ou outro descendente (neto ou bisneto); b) o aparecimento de descendente, que o testador supunha falecido, ou cuja existência ignorava; c) o reconhecimento voluntário ou judicial do filho, ou a adoção, posteriores à lavratura do ato causa mortis. Art. 1974. Rompe-se também o testamento feito na ignorância de existirem outros herdeiros necessários. Agora, estende-se a possibilidade de ruptura também no caso dos ascendentes e do cônjuge. Assim, por exemplo, se o filho, ao testar, ignora a existência do ascendente, que supunha estar morto, rompido estará o testamento, uma vez descoberto o erro. O dispositivo em apreço tem aplicação, pois, ao caso do testador que supõe morto o pai, e o ascendente estava vivo, sobrevivendo ao filho; ou do testador que dispõe de seus bens pensando que não tinha avós, aparecendo, depois, um avô. 9) Caso ocorra hipótese de rompimento do testamento, qual o efeito desta para a disposição de última vontade? No rompimento, o legislador presume, pela regra do dispositivo legal, a revogação automática do testamento, ainda que sabendo-se ser, a revogação, ato exclusivo do próprio testador que, ao tempo da ruptura ou rompimento, já estaria morto. Romper o testamento após a sua morte, significa dizer que ele não produzirá qualquer efeito, como se nunca tivesse havido qualquer negócio jurídico testamentário. Com isso, desaparece a sucessão testamentária para dar lugar exclusivamente à sucessão legítima. 10) Se o testador sabia da existência de herdeiros necessários e dispôs apenas da metade de seu patrimônio (parte disponível) sem contemplá-los, a superveniência de descendente desconhecido na época da realização do testamento leva a ruptura deste? Explique e justifique? Se o testador se limita a dispor de sua metade disponível, a exclusão dos herdeiros necessários não implica ruptura do testamento. Não há incidência de presunção em favor dos herdeiros, porque o testador sabe da existência deles, mas, assim mesmo não os quer contemplar, nesse caso não se rompe o testamento. Se ao dispuser livremente de seus bens, avançou na legítima do herdeiro necessário, de cuja existência tinha conhecimento, otestamento não se rompe, mas reduz-se a liberalidade, para efeito de restaurar por inteiro a quota legalmente reservada.
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