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DIREITO DE FAMILIA12024

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DIREITO DE FAMÍLIA
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
CONCEITO DE DIREITO DE FAMÍLIA
É o ramo do direito público/privado que detém normas relativas à estrutura, proteção e organização da família; bem como trata das relações entre seus membros.
As regras em geral são privadas, mas como a família é a base da sociedade (artigo 206 da Constituição Federal) acaba por receber proteção especial do Estado; de modo que acaba tocando também no Direito Público.
ESPÉCIES DE FAMÍLIA
1)Família Matrimonial : formada pelo casamento (hetero ou homossexual).
2) Família Informal: formada por uma união estável (hetero ou homossexual).
3)Família Monoparental: formada por um dos pais e seus descendentes. Ex.: uma mãe e um filho.
4) Família Anaparental: formada apenas por irmãos.
5)Família Unipessoal : formada por uma só pessoa. Ex: víuvo
ESPÉCIES DE FAMÍLIA
6)Família Mosaico ou Reconstituída: pais separados, com filhos, que se casam novamente(com pessoas com filhos); e têm filhos em comum 
7)Família Simultânea/Paralela: quando uma pessoa mantém duas relações familiares ao mesmo tempo. 
8) Família Eudemista: uma família afetiva, composta por parentalidade socioafetiva. Pode até ser composta por um grupo de amigos.
FAMÍLIA
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
FAMÍLIA
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
§ 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. 
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações (CF/88).
FAMÍLIA
 Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.  
FAMÍLIA
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes preceitos: 
I - aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno-infantil;...] (CF/88).
  
FAMÍLIA
 Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade. (CF/88).
 Art. 230. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
§ 1º Os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente em seus lares.
§ 2º  Aos maiores de sessenta e cinco anos é garantida a gratuidade dos transportes coletivos urbanos. (CF/88).
HISTÓRIA DO DIREITO DE FAMÍLIA
Na Antiguidade, eram grupos onde um homem era o líder religioso, que agregava ao seu redor, a esposa, os filhos, servos e escravos, e comandava o trabalho agrícola.
O objetivo principal era a preservação patrimonial e a produção econômica, não havendo a mínima relação de afeto entre os componentes do grupo.
No Egito, a mulher poderia manter a propriedade de seus bens mesmo com o casamento; e o divórcio inicialmente era prerrogativa apenas do homem.
CÓDIGO DE HAMURABI
Como a procriação era finalidade fundamental no Direito de Família, a esterilidade da mulher seria caso de divórcio ou do marido ter esposa secundária ou escrava para ter filhos; podendo ainda haver a adoção mediante contrato.
A mulher era a única proprietária do dote e poderia administrar os bens em caso de impossibilidade do marido quando os filhos fossem menores.
CÓDIGO DE HAMURABI
O casamento tinha forma de contrato e nele eram estabelecidos os direitos e deveres do cônjuge. 
O marido poderia repudiar a mulher em caso de motivo justo e no caso da mulher repudiar o marido, os Juízes decidiriam se havia motivo justo (quando ela voltava para a casa do pai com seu dote) ou se motivo fosse injusto, ela seria lançada às águas.
Em caso de adultério da mulher, ela e o amante eram lançados amarrados pelo marido nas águas, salvo se ele ou o rei os perdoasse. 
LEI HEBRAICA
A organização da família era patriarcal.
Era inicialmente permitida a poligamia, e marido e mulher tinham os mesmos direitos, tendo a concubina posição inferior.
O casamento que no início era feito pela compra da mulher, foi substituído pelo dote aos nubentes e compreendia várias cerimônias religiosas.
LEI HEBRAICA
O marido administrava os bens da mulher, mas se o casamento fosse dissolvido, ela os recuperava.
Era obrigatório o levirato, isto é, a obrigação da viúva sem filhos casar-se com o cunhado para dar descendência ao morto.
CÓDIGO DE MANU
A mulher era protegida, mas vivia sob o domínio do pai, marido ou do filho mais velho, se fosse viúva.
O divórcio era Direito somente dos homens.
Somente o homem recebia herança.
DIREITO GREGO CLÁSSICO
A falta de filhos autorizava a adoção e em Esparta havia o direito sobre a vida do recém nascido defeituoso. 
A mulher era incapaz: ficava sob a autoridade o pai, depois do marido, e no caso de viuvez, do filho mais velho ou de um tutor.
O pai escolhia o marido da filha e eventual divórcio só beneficiaria o marido.
Após o casamento, porém, a mulher cuidava do lar e dos filhos e participava do culto familiar; e passava a pertencer à família do marido.
O casamento era monogâmico e o concubinato tolerado. O marido poderia cometer adultério, mas a mulher infiel era exemplarmente punida.
DIREITO ROMANO
A palavra família se origina do termo latino famulus, que tem o significado de escravo doméstico.
A mulher era incapaz, submetida ao pai (que determinava seu casamento), marido ou tutor.
O homem poderia repudiar a esposa estéril ou adúltera.
O concubinato era permitido entre os plebeus, e vinculava os concubinários.
DIREITO ROMANO
Na Roma antiga, dentro do sistema patriarcal, havia o pater famílias, e existiram quatro fases:
a)família consanguínea;
b) família punaluana: onde era proibida a relação entre irmãos;
c) família pré-monogâmica e
d) família monogâmica.
 As crianças não tinham proteção especial e trabalhavam muito cedo.
DIREITO CANÔNICO
Transformou o casamento em sacramento, celebrado entre o homem e mulher; e que somente poderia ser desfeito pela morte.
Aborto, adultério e concubinato, passaram a ser proibidos.
Introduziu o conceito de afeto nas relações familiares.
FAMÍLIA CONTEMPORÂNEA
A partir do século XIX, em decorrência das Revoluções Francesa e Industrial, e o constante processo de renovação, passou-se a valorizar a convivência entre os membros da família, a afetividade e o projeto comum de vida, em busca da felicidade.
Há uma diversidade nas relações e a filiação passou também a ser socioafetiva.
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL
1)Código Civil de 1916 (Lei 3071/16): patriarcal e patrimonialista.
a)Casamento indissolúvel,
b)Capacidade civil reduzida,
c) Distinção entre filhos legítimos e ilegítimos, naturais e adotivos (que não tinham direito à sucessão)2) Lei 883/49: reconhecimento (em segredo de Justiça) dos filhos ilegítimos, que poderiam receber alimentos e teriam direito à sucessão.
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL
3)Lei 4121/62: conhecido como Estatuto da Mulher Casada, permitiu que a mulher pudesse exercer o “pátrio poder”, mesmo que não estivesse mais casada; embora em caso de divergência ainda prevalecesse a opinião do pai.
4) Emenda Constitucional 09/77: permitiu o divórcio no Brasil após três anos de separação judicial.
5) Lei 6515/77 (Lei do Divórcio): também permitiu o divórcio, de forma mais detalhada; sendo que após um ano de separação judicial; ou cinco anos após a separação de fato, o instituto seria permitido.
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL
5.1) o regime legal de casamento passou a ser o da comunhão parcial de bens.
5.2) a mulher passou a optar se desejaria ou não usar o nome de família do cônjuge.
6) Lei 6697/79: denominado Código de Menores trazia as principais regras para a proteção de acolhimento das crianças em situação de rua.
7) Constituição Federal de 1.988: proteção da família, com ênfase na igualdade de tratamento dos filhos.
HISTÓRICO DA LEGISLAÇÃO NO BRASIL
8)Decreto 99.710/90: que aprovou a Convenção da ONU sobre direitos das crianças e adolescentes, ocorrida em 1989;
9) Lei 8069/90: foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente, que dentre várias medidas ensejou posterior reconhecimento de filiação personalíssimo, indisponível e imprescritível; podendo ser oposto inclusive em face dos herdeiros, observado o segredo de Justiça.
10) Lei 8408/92: permitiu o divórcio após um ano da separação de fato.
11) Lei 8560/ 92: regula a investigação de paternidade dos filhos havidos fora do matrimônio.
HISTÓRICO DA LEGISLÇÃO NO BRASIL
12) Lei 10.406/02- Código Civil de 2002: incorporou vários princípios defendidos pela doutrina e jurisprudência, como o a união estável.
12.1) deixou de incorporar o casamento de homoafetivo, que fica na dependência de decisão do STF (ADI 4277 E ADPF (ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL) nº 132; ambas de 2011), bem como da Resolução 175/2013 do CNJ, que obriga os cartórios a realizar tal celebração.
13) Emenda Constitucional 66/2010 (Nova Lei do Divórcio), que permitiu o divórcio sem prévio prazo de separação legal ou de fato.
PRINCÍPIOS
A principal diferença entre os princípios e as regras no Direito Brasileiro é que enquanto os princípios são mais gerais, ligados à Justiça e Ética; as regras são mais específicas e se relacionam mais ao ser ou não ser.
Quando dois princípios entram em conflito, se usa da proporcionalidade e da razoabilidade, sem a exclusão de um ou outro.
Já as regras têm conteúdo mais limitado, e uma pode se sobrepor a outra.
PRINCÍPIOS
No Direito de Família, os princípios se relacionam à igualdade entre homens e mulheres; ou entre filhos havidos ou não do casamento, dentre outros.
São princípios relacionados a Direito Constitucional e o rol não é taxativo.
Há alguns princípios mais relevantes, todos ligados ao princípio central da dignidade da pessoa humana.
PRINCÍPIOS
1) Princípio da afetividade: rege a estabilidade das relações socioafetivas e da comunhão de vida; é a base da família atual, que se afasta do antigo sentido patrimonialista e procriador das antigas famílias.
1.1) dele decorrem a já mencionada igualdade da filiação, sendo a adoção uma escolha afetiva; bem como a convivência familiar sendo considerada prioridade para a criança e adolescente, independentemente dos laços biológicos e da composição familiar.
PRINCÍPIOS
2) Princípio da liberdade: a família tem liberdade diante do Estado e da sociedade, e cada membro tem sua liberdade também dentro da família. Assim são livres para decidir sobre a criação ou extinção; constituição da prole, criação e educação dos filhos que o casal decida ter.
3) Princípio do pluralismo familiar: um rol exemplificativo de modelos de família (matrimoniais, monoparentais, homoafetivas) é respaldado pela determinação constitucional de que há a liberdade de planejamento familiar; cabendo ao Estado apenas dar o apoio necessário.
PRINCÍPIOS
4) Princípio da igualdade e isonomia dos filhos: proíbe a discriminação entre os filhos, biológicos, adotivos, nascidos ou não no casamento; de modo que todos passam a ter os mesmos direitos e deveres. 
Hoje a filiação afetiva tem sido equiparada às demais formas de filiação pela jurisprudência, para guarda, visitas e eventualmente sucessão.
PRINCÍPIOS
5) Princípio da paternidade responsável e do planejamento familiar: o Estado tem o dever de fornecer educação e de desenvolver políticas públicas para orientação e prevenção do planejamento familiar. 
Todavia não pode interferir na liberdade dos genitores na escolha da quantidade de filhos, nem na forma de sua criação.
PRINCÍPIOS
6) Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente: a prole passa a ser prioridade nas entidades familiares, merecendo proteção integral, inclusive pelo Estado.
7) Princípio da solidariedade familiar: decorrente do princípio da afetividade, trata do compromisso de todos os membros familiares de manterem cuidados entre si.
CASAMENTO
Conceito: na França , havia uma visão inicial de que o casamento fosse uma espécie de contrato, mas depois passou-se a haver uma teoria institucional sobre o casamento.
Ambas as visões têm algum ponto discutível: a ideia de contrato enseja distrato; e a institucionalidade retira a liberdade do casal.
CASAMENTO
Alguns autores brasileiros chegaram a associar o casamento à regulação das relações sociais; cuidado da prole; formação de família matrimonial; estabelecimento de deveres patrimoniais; atribuição do nome do cônjuge ao filho; e para o auxílio mútuo entre o casal.
Pelos atuais princípios sobre o Direito de Família, a maior parte destas motivações, de forma isolada, não é sinônimo de casamento; embora tenha em sua composição uma boa parte delas.
CASAMENTO
A finalidade está expressa pelo artigo 1511 do Código Civil, embora este dispositivo legal não traga uma definição completa:
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges (CC).
CASAMENTO
De qualquer modo, o casamento é uma formalização solene da comunhão de afetos, com a produção de diferentes efeitos no âmbito pessoal, social e patrimonial.
Trata-se de uma forma institucionalizada de contrato, onde em uma relação de afeto tendente à comunhão de vida, os noivos (homo ou heterosexuais)livremente escolhem o formato da família, se querem ou não ter filhos, bem como outras questões patrimoniais atinentes; com apoio do Estado. 
CASAMENTO
Requisitos:
1) vontade das partes: vontade livre, sem vícios (ex: dolo ou coação) e sem reserva mental (desejo íntimo diferente do que foi expresso), por quem tem capacidade para consentir (emancipado ou maior de 16 (dezesseis) anos, com autorização dos pais ou suprimento judicial).
2) autoridade competente para a celebração, que por sua vez, tem requisitos formais a serem cumpridos.
3) ausência de impedimentos absolutamente dirimentes e de causas suspensivas. 
CASAMENTO
Processo de habilitação:
O Estado usa de duplo controle para o casamento:
a) Preventivo: através da habilitação, onde se tenta impedir um casamento legalmente indevido.
b) Repressivo: quando um casamento é considerado nulo, anulável ou inexistente por ter sido celebrado sem os requisitos legais.
CASAMENTO
Na habilitação será feito um requerimento pelos dois noivos, o qual será instruído pelos seguintes documentos:
1) certidão de nascimento (atualizada), para se verificar:
1.1- se tem idade mínima para casar(idade núbil), que é de 16 (dezesseis) anos;
Entre 16 (dezesseis) e 18 (dezoito) anos, se não forem emancipados, precisarão de autorização dos pais ou suprimento judicial para casar.
1.2- parentesco entre os noivos: o que é verificado pelos nomes dos pais e avós;
1.3- estado civil: para verificar se a pessoa não é casada; ou se nela está averbado eventual divórcio ou óbito de outro cônjuge.
CASAMENTO2) comprovante de residência: para verificar a circunscrição dos noivos (que se casarão na sua própria ou na do outro noivo) e também para que seja dada publicidade dos proclamas nos locais onde residem e são conhecidos (em jornais de grande circulação)
Estando a documentação em ordem, a publicação se dará por quinze dias; sendo dispensada em caso de urgência (critério da autoridade competente).
3) declaração de duas testemunhas: de que não há nenhum impedimento para casar.
CASAMENTO
A habilitação efetuada perante o Registo Civil; onde o oficial tem obrigação de esclarecer aos noivos sobre eventuais impedimentos, bem como sobre os regimes de bens; passará por audiência do Ministério Público.
Estando em ordem a documentação serão publicados os editais (proclamas) e se houver impugnação de terceiros (escrita, assinada e acompanhada de documentos), do próprio oficial, ou do Ministério Público; a habilitação será levada ao Juiz.
CASAMENTO
Os noivos poderão oferecer contraprova das impugnações e até acionar civil e criminalmente os oponentes de má-fé.
Cumpridas todas as formalidades, será expedido certificado de habilitação, com eficácia de 90 (noventa) dias a partir de sua expedição.Vide artigos 1525/ 1532 do Código Civil
CASAMENTO
Celebração:
1) Local: na sede do Cartório, salvo por motivo de doença grave ou dificuldade de locomoção por um dos noivos; ou a pedido (mediante taxa).
2) Requisitos:
a)portas abertas: por conta da publicidade e para eventual oposição de impedimento.
CASAMENTO
b)presença de ao menos duas testemunhas: se for realizado fora do Cartório ou se um dos noivos for analfabeto; são necessárias quatro testemunhas.
3) Consumação: no momento do “sim” (de livre vontade) por ambos os noivos; sendo as palavras ritualísticas (“De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados”) apenas um exaurimento.
4) suspensão: se houver dúvida sobre a vontade de um dos noivos, a celebração poderá ser suspensa por 24 (vinte e quatro) horas; após as quais poderá haver retratação.
CASAMENTO
5) Formas especiais de celebração:
5.1) casamento por procuração: desde que cumpridos os requisitos (qualificação completa do outorgante e do outorgado; instrumento público, específico para este fim, expedido há no máximo noventa dias; não revogado em vida ou pela morte do outorgante); ambos podem se casar por procuração.
Aceita-se também o casamento por videoconferência.
CASAMENTO
5) Formas especiais de celebração:
5.1) casamento por procuração: desde que cumpridos os requisitos (qualificação completa do outorgante e do outorgado; instrumento público, específico para este fim, expedido há no máximo noventa dias; não revogado em vida ou pela morte do outorgante); ambos podem se casar por procuração.
Aceita-se também o casamento por videoconferência.
CASAMENTO
5.2) urgente por moléstia grave (ou acidente): o celebrante irá até o hospital ou casa do doente, acompanhado do oficial de registro ( ou um substituto) e de duas testemunhas (que saibam ler e escrever)
5.3) casamento nuncupativo ( “de viva voz”): quando é celebrado pelos próprios noivos, sem a presença do celebrante oficial; e desde que presente seis testemunhas que não sejam parentes em linha reta ou colaterais até segundo grau; no caso de morte iminente de um dos noivos (que deverá estar em seu juízo perfeito); sendo consumado no momento do sim.
CASAMENTO
As testemunhas terão dez dias para se dirigir até a autoridade judicial mais próxima para declarar que foram convocadas, que um dos noivos estava à morte, mas em perfeito juízo, e que foi efetivamente celebrado o casamento.
Caso as testemunhas não compareçam perante a autoridade, poderão ser intimadas.
Após vista do Ministério Público e se não houver manifestação em contrário em quinze dias, o Juiz reconhecerá o casamento com efeitos ex tunc.
CASAMENTO
Cabe ainda o testamento particular excepcional, na falta das testemunhas (ou se elas morreram), mas neste caso, tem que haver boa justificativa na cédula testamentária, e a comprovação é difícil.
Pode ainda haver a filmagem do casamento nuncupativo, o que pode dispensar as testemunhas.
CASAMENTO
6) Casamento religioso com efeitos civis:
a) com prévia habilitação: após o regular processo de habilitação, os noivos terão noventa dias para celebrar o casamento religioso (em qualquer religião, desde que cumpridos os requisitos específicos) e outros noventa dias para registrar o comprovante em Cartório.
b) sem prévia habilitação: a qualquer tempo, desde que os noivos realizem a devida habilitação. Neste caso, apenas o Cartório terá o prazo de noventa dias para fazer o registro;havendo efeitos ex tunc desde a celebração religiosa.
CASAMENTO
b.1) o concessão dos efeitos civis ao casamento religioso tem que ser requerido por ambos os cônjuges. Uma vez requeridos por ambos, se um vier a morrer antes do registro, os efeitos retroagirão da mesma forma (salvo se houver algum problema com a habilitação).
b.2) se um dos membros do casal, embora casado no religioso, venha a casar-se no civil com outra pessoa; não poderá requerer a concessão dos efeitos civis ao casamento religioso celebrado anteriormente. 
PROVAS DO CASAMENTO
O casamento no Brasil, ainda que celebrado judicialmente, prova-se pela certidão e registro.
Celebrado no estrangeiro pelas autoridades brasileiras, poderá ser levado a registro até cento e oitenta dias após o retorno de um dos cônjuges ao Brasil em seu domicílio; ou no 1º Ofício da Capital do Estado onde passem a residir.
Na dúvida entre provas favoráveis e contrárias, julgar-se-á pelo casamento, se os cônjuges tiverem vivido na posse do estado de casados.
Não pode ser contestado casamento de pessoa já falecida ou que não possa manifestar a vontade, em prejuízo da prole, salvo se provar-se que já era casada quando contraiu o casamento impugnado.
EFEITOS/EFICÁCIA DO CASAMENTO
a)pessoais: fidelidade recíproca, o que para maioria da doutrina significa relação sexual;
1) vida comum em domicílio conjugal: ofende de certo modo as novas modalidades de família;
2) mútua assistência: auxílio recíproco, tanto financeiro quanto de cuidados;
3) sustento, guarda e educação dos filhos;
4) dever de respeito: para alguns envolve inclusive o respeito à privacidade.
EFEITOS/ EFICÁCIA DO CASAMENTO
b) sociais:
1) emancipação do consorte menor;
2) criação de parentesco por afinidade;
3) posse do estado de casado: a pessoa recebe quando se casa.
c) patrimoniais: se relaciona ao regime de bens adotado.
DOS REGIMES DE CASAMENTO
O casal pode escolher livremente o regime de bens de casamento(salvo nas hipóteses de separação obrigatória); 
Pode também alterar este regime durante o curso do casamento, desde que apresente motivos e que tal alteração, não prejudique terceiros.
A administração dos bens é livre para o casal, devendo haver a outorga uxória, apenas quando tratar-se de alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis; pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos; prestar fiança ou aval; fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
DOS REGIMES DE CASAMENTO
Pacto antenupcial: realizado para a escolha do regime de bens (sob pena de prevalecer a comunhão parcial de bens).
Para sua validade precisa ser efetuado por escritura pública, e ser seguido do casamento, sob pena de perder a eficácia.
Terá efeitos perante terceiros somente após averbado no Registro de Imóveis.
Não poderá ter nenhuma cláusula contrária a lei e no regime de participação final de aquestos, permite a disposição dos bens imóveis particulares.
DOS REGIMES DE CASAMENTO
1) Comunhão parcial de bens: é o regime tradicional (na falta do pacto antenupcial).
Por este regime os bens anteriores ao casamento (particulares), bem como os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar; os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogaçãodos bens particulares; as obrigações anteriores ao casamento; as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal; os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes; não se comunicam.
Os demais bens e débitos adquiridos na constância do casamento são partilháveis.
DOS REGIMES DE CASAMENTO
2) Comunhão universal de bens: todos os bens dos nubentes irão se comunicar após a celebração do casamento, independente de serem atuais ou futuros, e mesmo que adquiridos em nome de um único cônjuge, assim como as dívidas adquiridas antes do casamento. 
Somente não se comunicarão os bens expressamente excluídos pela lei (os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar; os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva; as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum; as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade; os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão; os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge; as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes); ou por convenção das partes no pacto antenupcial
DOS REGIMES DE CASAMENTO
3) Participação final de aquestos: é um regime misto, durante o casamento aplicam-se todas as regras da separação total e, após sua dissolução, as da comunhão parcial. 
 Cada cônjuge ficará responsável pela administração de seus bens e poderá aliená-los livremente, quando móveis. 
Se ocorrer a dissolução do casamento, deverá ser apurado o montante dos aquestos (o que foi adquirido em esforço comum) e excluído da soma dos patrimônios próprios dos cônjuges: os bens anteriores ao casamento e os que em seu lugar se sub-rogaram; os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; e as dívidas relativas a esses bens. 
As dívidas de um dos cônjuges, quando superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros.
DOS REGIMES DE CASAMENTO
4) Separação convencional de bens: cada cônjuge continua proprietário exclusivo de seus próprios bens, assim como mantém-se na integral administração destes, podendo aliená-los e gravá-los de ônus real livremente, independente de ser o bem móvel ou imóvel.
Cada qual contribuirá para as despesas do casal na proporção de seus rendimentos, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
DOS REGIMES DE CASAMENTO
5) Separação obrigatória de bens: mesma regra que a separação convencional de bens, e obrigatoriamente aplicável às pessoas que contraírem casamento com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento; às pessoas maiores de setenta anos; a todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
Recente decisão do STF entendeu que o fato de ser maior de 70 anos, não é suficiente para exigir-se o regime obrigatório de separação de bens.
IMPEDIMENTOS
São diversas as causas de impedimento do casamento, elencadas no artigo 1521 do Código Civil:
I- ascendentes não podem se casar com descendentes, seja por sangue ou parentesco civil (decorrente da adoção).
II- afins em linha reta não podem se casar: sogro com nora.
IMPEDIMENTOS
III- o adotante não pode se casar com aquele que foi cônjuge da filha adotiva: embora se determine a igualdade entre filhos, manteve-se esta discriminação em relação ao adotado, colocando-o separadamente em relação aos demais filhos no que se refere aos impedimentos.
IV- irmãos unilaterais (irmãos só por parte de pai ou de mãe), ou bilaterais (de mesmo pai e mesma mãe) não podem se casar entre si.
V- filho adotivo não pode casar com filho biológico do adotante (poderia estar incluso no inciso IV).
IMPEDIMENTOS
VI- pessoas casadas.
VII- o cônjuge sobrevivente não pode se casar com aquele que foi condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra seu consorte, ou seja, matou o seu marido/esposa.
Todos os casos de impedimento geram nulidade do casamento.
CAUSAS SUSPENSIVAS
Não devem se casar, sob pena de sofrer uma espécie de suspensão. Hipóteses do artigo 1523 do Código Civil:
I- viúvo ou viúva que tiver filho do falecido enquanto não fizerem inventário e partilha, para evitar confusão patrimonial.
Sanção: regime de casamento terá que ser separação obrigatória de bens.
CAUSAS SUSPENSIVAS
II- viúva ou mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado não deve se casar antes de dez meses da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal; para ter garantia de que a prole não é do cônjuge anterior.
Sanção: regime de casamento terá que ser separação obrigatória de bens.
CAUSAS SUSPENSIVAS
III- divorciado não deve se casar novamente enquanto não for homologada ou decidida a partilha de bens do primeiro casamento; para evitar confusão patrimonial.
Sanção: regime de casamento terá que ser separação obrigatória de bens.
CAUSAS SUSPENSIVAS
IV- o tutor ou o curador e seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos não devem se casar com tutelado ou curatelado enquanto não forem saldadas as respectivas contas
Sanção: regime de casamento terá que ser separação obrigatória de bens.
INVALIDADE DO CASAMENTO
a) Nulidades: decorrentes de uma das causas de impedimento; embora para alguns doutrinadores sejam consideradas inexistentes.Terá efeito ex tunc.
a.1) podem ser promovidas por qualquer interessado, mediante ação direta e até mesmo pelo Ministério Público.
INVALIDADE DO CASAMENTO
b) Anulabilidade. É anulável:
1) o casamento de quem não completou a idade mínima para casar (salvo se resultou gravidez). Todavia, poderá haver confirmação do casamento, com autorização do representante legal ou suprimento judicial, quando atingir a idade correta. O prazo para requerer a anulação será de cento e oitenta dias contados do casamento para os representantes legais e ascendentes; e de quando atingir a idade núbil, para o próprio nubente.
2) do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal. Para tanto é necessário que a anulação seja requerida pelo próprio nubente em até cento e oitenta dias da aquisição da maioridade; por seus representantes legais (em até cento e oitenta dias do casamento) ou por seus herdeiros necessários (em até cento e oitenta dias de sua morte). Se de algum modo os representante legais manifestaram sua aprovação, o casamento não será anulado. 
INVALIDADE DO CASAMENTO
3) por vício da vontade:
3.1) erro; ou coação física ou moral, em relação a si ou terceiros. Neste caso quem pode intentar com a ação é a vítima; salvo nos casos de coabitação, que valida o ato, desde que um dos cônjuges não sofra de defeito físico irremediável, desconhecido antes do casamento, que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.
3.2) reserva mental: pouco aceita pela doutrina brasileira. Ocorre quando alguém diz sim, firmemente pensando que não;
O prazo para requerer anulação será de quatro anos, no caso de coação.
INVALIDADE DO CASAMENTO
3.3) erro essencial quanto à pessoa:
3.3.1)o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; 
3.3.2) a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; 
3.3.3) a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência.
Nestas hipóteses, o prazo para requerer anulação será de três anos.
INVALIDADE DO CASAMENTO
4) do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento, salvo se a vontade for expressapor seu representante legal ou curador;
5) realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges. O prazo para requer anulação é de cento e oitenta dias da data em que o mandante tomar conhecimento do casamento.
6) por incompetência da autoridade celebrante; salvo se esta exercer publicamente as funções de juiz de casamentos e, nessa qualidade, tiver registrado o ato no Registro Civil. O prazo para requerer a anulação será de dois anos. 
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
1) Morte;
2) Divórcio: é o rompimento legal e definitivo do vínculo matrimonial.
Tanto é assim, que se o casal resolver reconciliar-se, deverá casar-se novamente e poderá adotar novo regime de bens.
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
3) Separação Judicial: extingue a sociedade conjugal mas considera íntegro o vínculo, não dissolvendo o casamento, que só se interrompe com a morte ou o divórcio. 
Põe fim aos deveres de coabitação e fidelidade.
O casal pode reconciliar-se a qualquer tempo depois de efetivada a separação, o que se dá com uma simples petição ao Juízo, comunicando o restabelecimento da sociedade conjugal.
DISSOLUÇÃO DO CASAMENTO
Tanto o divórcio quanto a separação judicial são acompanhados de determinações sobre guarda e visita aos filhos; alimentos ao cônjuge e aos filhos. Pode ainda haver a partilha de bens na mesma ação; ou posteriormente em ação própria.
Podem ser consensuais (e neste caso, não havendo filhos menores, podem ser extrajudiciais) ou litigiosos.

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