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Exercícios de Direito Civil VII Sobre a sucessão testamentária, pesquise e responda_

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Exercícios de Direito Civil VII Sobre a sucessão testamentária, pesquise e responda:
1. O que é testamento? Que outros atos podem ser praticados por testamento
e que não foram mencionados nos artigos 1857 e 1858 do CC?
Conforme expõe Tartuce (2020), o testamento para o direito das sucessões
representa a principal forma de expressão e exercício da autonomia privada, como
típico instituto mortis causa. Além de constituir o cerne da modalidade sucessão
testamentária, por ato de última vontade, o testamento também é a via adequada
para outras manifestações da liberdade pessoal.
Miranda preceitua que “o testamento é o ato pelo qual a vontade de alguém
se declara para o caso de morte, com eficácia de reconhecer, criar, transmitir ou
extinguir direitos”.
Para além dos artigos mencionados no presente enunciado, existem outras
situações, de natureza não patrimoniais, que podem ser contempladas no
testamento:
a deserdação (artigo 1.964 do Código Civil) é um ato em que o testador, em vida,
exclui da sucessão mediante testamento, com expressa declaração de sua causa, o
herdeiro necessário, privando-o de sua legítima por ter praticado qualquer ato
taxativamente enumerado no Código Civil nos artigos 1.814, 1.962 e artigo 1.963;
reconhecimento de paternidade – a partir do momento em que se faz um
testamento reconhecendo a paternidade, este não pode ser revogado, eis que o ato
de reconhecimento já foi praticado, já surtiu efeito; nomeação de tutor – nomear um
responsável para cuidar da pessoa do menor e de administrar os seus bens,
cuidando de sua educação e assistência, como se fosse o próprio pai; instituir
fundações – deixar determinado patrimônio para que seja aplicado em fundações,
em benefícios de terceiros.
2. Qual o prazo para impugnar a validade de um testamento e qual o seu dies a
quo?
O polêmico art. 1.859 do CC, expõe que “extingue-se em cinco anos o direito
de impugnar a validade do testamento, contado o prazo da data do seu registro”.
Não há dúvidas de que a norma se aplica aos casos de nulidade relativa ou
anulabilidade do testamento, sendo regra especial que prevalece sobre os preceitos
gerais de prazos para anulação do negócio jurídico, constantes da Parte Geral do
CC/2002 (arts. 177 e 178). Resta saber se tal prazo decadencial de cinco anos
também se aplica à nulidade absoluta ou à nulidade. Zeno Veloso encabeça a
doutrina majoritária, que responde positivamente: “como a lei não distingue, não
cabe ao intérprete distinguir: o prazo de caducidade se aplica tanto ao caso de
nulidade quanto de anulabilidade. A invalidade é gênero, que comporta duas
espécies (arts. 166 e 171), e não deve ser confundida com a revogação (arts. 1.969
a 1.972), a caducidade (art. 1.971) e o rompimento do testamento (art. 1.973 a
1.975)”.
3. É possível converter o testamento nulo em outro ato válido?
Além dos casos de nulidade absoluta previstas entre os arts. 166 e 167 do
CC, o testamento será nulo nas hipóteses tratadas pelo art. 1.900 da codificação.
Em relação à nulidade relativa, o testamento será anulável em havendo erro, dolo e
coação (art. 1.909 do CC).
Em matéria de testamento, por exemplo, não se aplica a conversão, pois,
inválido o testamento pela forma pública, não pode ser admitida sua validade como
testamento particular.
Como instrumento público, o testamento é nulo, mas converte-se em
testamento particular (que só exige a presença de três testemunhas), ocorrendo a
conversão formal, pois a forma pública nula converte-se em forma particular válida.
Note-se que o negócio jurídico original é um testamento e o convertido também o é”.
4. Descreva as características do testamento. E acrescente informações acerca
dos limites ao poder de testar?
Como instrumento público, o testamento é nulo, mas converte-se em
testamento particular sendo necessária a presença de três testemunhas, ocorrendo
a conversão formal, pois a forma pública nula converte-se em forma particular válida.
Note-se que o negócio jurídico original é um testamento e o convertido também o é”.
O testamento é ato revogável, nos termos do art. 1.858 do CC/2002, pois o
testador pode revogá-lo ou modificá-lo a qualquer momento.
Há, assim, o que Pontes de Miranda conceitua como revogabilidade
essencial. Qualquer cláusula prevendo a irrevogabilidade será considerada nula e
não produzirá efeitos jurídicos. Em contrapartida, é importante repisar a regra
prevista no art. 1.610 do CC/2002, pela qual o reconhecimento de filhos é sempre
irrevogável, mesmo quando constante de testamento, que é, na essência, revogável.
Por fim, o testamento é ato personalíssimo por excelência. Isso porque
ninguém poderá testar conjuntamente em um mesmo instrumento ou por
procuração. Se mais de uma pessoa testar em um mesmo instrumento, o testamento
é nulo, pela proibição expressa do testamento conjuntivo, prevista no art. 1.863 do
CC.
5. Quem dispõe de capacidade testamentária ativa? Pode um menor, com 16
anos, testar validamente?
Enuncia o art. 1.857 do CC que toda pessoa capaz pode dispor, por
testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua
morte. Desse modo, o testamento exige a capacidade geral prevista para os atos e
negócios jurídicos, retirada a Parte Geral do CC/2002. Sendo assim, desrespeitadas
as regras correspondentes, aplica-se a teoria das nulidades constante do livro
inaugural da codificação privada.
Partindo para os requisitos específicos de capacidade testamentária ativa,
enuncia o art. 1.860 do CC que além dos incapazes, tratados pelos arts. 3.º e 4.º do
CC, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento.
Resumindo a matéria, Maria Helena Diniz citava como impedidos os menores de 16
anos e os desprovidos de discernimento, por estarem impedidos de emitir vontade
livre (exemplos: pessoas com arteriosclerose, com mal de Alzheimer, com
sonambulismo, com embriaguez completa e surdos-mudos que não puderem
exprimir vontade, por não terem recebido a educação apropriada).
Por fim, entende-se por Tartuce (2020) que com as mudanças engendradas
na teoria das incapacidades, somente devem ser considerados como absolutamente
incapazes para o testamento os menores de 16 anos. Enquanto que os maiores de
16 anos, menores púberes, a lei é expressa ao admitir que façam testamento (art.
1.860, parágrafo único, do CC). Isso, sem a necessidade de qualquer assistência
para o ato.
6. O surdo mudo pode testar? E, se puder, qual forma de testamento deverá
ser adotada? E o cego? Pode testar validamente?
Por razões óbvias, não pode dispor de seus bens em testamento cerrado
quem não saiba ou não possa ler , caso do analfabeto (art. 1.872 do CC). Porém,
pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, desde que o escreva todo, e o assine
de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas testemunhas,
escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o seu testamento,
cuja aprovação lhe pede (art. 1.873 do CC).
Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o
tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi
aprovado e entregue (art. 1.874 do CC). Ocorrendo o falecimento do testador ou
autor da herança, o testamento cerrado será apresentado ao juiz, que o abrirá e o
fará registrar, ordenando que seja cumprido, se não achar vício externo que o torne
eivado de nulidade ou suspeito de falsidade (art. 1.875 do CC).
Ao cego só se permite o testamento público (art. 1.867 do CC). O testamento
lhe será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião ou por seu substituto legal,
e a outra por uma das testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de tudo
circunstanciada menção no testamento.
7. Fale sobre a incapacidade superveniente do testador.
A incapacidade superveniente do testador é manifestada após a sua
elaboração, não invalida o testamento (art. 1.861 do CC). Isso porque, quanto ao
plano da validade, deve ser analisada a realidade existente quandoda constituição
do negócio. Além disso, pelo mesmo comando, o testamento do incapaz não se
valida com a superveniência da capacidade. Nesse último caso, será necessário
fazer um outro testamento.
Art. 1.861. A incapacidade superveniente do testador não invalida o
testamento, nem o testamento do incapaz se valida com a superveniência da
capacidade.
A vontade do testador deve ser respeitada, porém, deve este possuir
capacidade no momento de testar, caso assim não o faça será nulo o testamento.
De tal maneira, entende-se que qualquer pessoa que não se enquadre nas
limitações estabelecidas pode testar.
8. Diferencie formas de testamento ordinário das especiais.
O testamento admite formas ordinárias e especiais, conforme o tratamento da
atual codificação privada. De acordo com o art. 1.862, são testamentos ordinários:
I) O testamento público.
II) O testamento cerrado.
III) O testamento particular.
São modalidades de testamentos especiais (art. 1.886):
I) O testamento marítimo.
II) O testamento aeronáutico.
III) O testamento militar.
Tal relação encerra rol taxativo (numerus clausus) e não exemplificativo
(numerus apertus). Nesse sentido é claro o art. 1.887 do CC, pelo qual “Não se
admitem outros testamentos especiais além dos contemplados neste Código”.
Ademais, essas modalidades especiais de testamento estão submetidas às mesmas
regras de publicação e confirmação do testamento particular (arts. 737, § 3.º, do
CPC/2015 e 1.134 do CPC/1973).
Tais formas especiais quase ou nenhuma aplicação prática têm, até porque
encerram tipos bem específicos, de difícil concreção no mundo real.
9. O que é o testamento conjuntivo? E o que é testamento nuncupativo?
Testamento comum, conjuntivo ou de mão comum – constitui gênero, sendo
aquele celebrado por duas ou mais pessoas, que fazem um único testamento.
Essa modalidade de testamento é proibida pela ordem jurídica brasileira (Art.
1.863, CCB). Todavia, isto não significa que duas pessoas não possam estabelecer
cláusulas de reciprocidade ou simultaneidade em seus respectivos testamentos.
Apenas não podem fazê-lo em um único instrumento, mas poderão fazê-lo em
testamentos separados.
testamento nuncupativo é aquele realizado inteiramente na forma verbal. É o
testamento oral quando feito por militar que se encontra in articulo mortis (à beira da
morte) ou na iminência de morrer. De origem romana, é utilizado pelos feridos em
combate/guerra, e o testador declara para duas testemunhas as disposições da sua
última vontade. Com a morte do testador, as testemunhas devem procurar o oficial
responsável para reduzir a declaração a termo e, posteriormente, assinarem.
10. Explique as peculiaridades de cada um dos testamentos ordinários.
O testamento público é aquele que traz maior segurança para as partes
envolvidas, pois lavrado pelo tabelião de notas ou por seu substituto, que recebe as
declarações do testador ou autor da herança. Nos termos do art. 1.864 do CC, são
seus requisitos essenciais, sob pena de nulidade:
I) Ser o testamento escrito por tabelião ou por seu substituto legal em
seu livro de notas, de acordo com as declarações do testador,
podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos.
II) Ser lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao
testador e a duas testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se
o quiser, na presença destas e do oficial. III) Ser o instrumento, em
seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e pelo
tabelião.
Também denominado como testamento místico, o testamento cerrado, deste
não se sabe qual o seu conteúdo, que permanece em segredo até a morte do
testador. Trata-se de instituto sem grande aplicação no presente, tendo pouca
operabilidade na prática sucessionista. O fato de não se saber o conteúdo gera
vantagens e desvantagens. Como desvantagem, se a integralidade do documento
for atingida de alguma forma (ex.: por uma enchente ou água de chuva), o
testamento pode não gerar efeitos.
Nos termos do art. 1.868 do CC, o testamento cerrado escrito pelo testador,
ou por outra pessoa, a seu rogo (pedido), e por aquele assinado, será válido se
aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as seguintes
formalidades:
“I) Que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas
testemunhas.
II) Que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que
seja aprovado. III) Que o tabelião lavre, desde logo, o auto de
aprovação, na presença de duas testemunhas, e o leia, em seguida,
ao testador e testemunhas.
IV) Que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas
testemunhas e pelo testador.”
Ato contínuo, prescreve o parágrafo único do dispositivo que o testamento
cerrado pode ser escrito mecanicamente, desde que seu subscritor numere e
autentique, com a sua assinatura, todas as páginas.
O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da
última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que o testador lhe entregou para
ser aprovado na presença das testemunhas. Após isso, o tabelião passa a cerrar e a
coser o instrumento aprovado, com cinco pontos de retrós, como é costume, sendo
o testamento lacrado nos pontos de costura (art. 1.869, caput, do CC). Se não
houver espaço na última folha do testamento, para início da aprovação, o tabelião
colocará nele o seu sinal público, mencionando a circunstância no auto (art. 1.869,
parágrafo único, do CC).
Por razões óbvias, não pode dispor de seus bens em testamento cerrado
quem não saiba ou não possa ler, caso do analfabeto (art. 1.872 do CC). Porém,
pode fazer testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o escreva todo, e o
assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, ante as duas
testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, que aquele é o
seu testamento, cuja aprovação lhe pede (art. 1.873 do CC).
Depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue ao testador, e o
tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em que o testamento foi
aprovado e entregue (art. 1.874 do CC). Ocorrendo o falecimento do testador ou
autor da herança, o testamento cerrado será apresentado ao juiz, que o abrirá e o
fará registrar, ordenando que seja cumprido, se não achar vício externo que o torne
eivado de nulidade ou suspeito de falsidade (art. 1.875 do CC).
Chamado de testamento hológrafo ou particular, uma vez que escrito pelo
próprio testador, sem maiores formalidades. De toda sorte, apesar de ser a forma
mais fácil de ser concretizada, a modalidade particular não tem a mesma segurança
do testamento público. De acordo com o art. 1.876, caput, do CC, o testamento
particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo mecânico
(exemplos: máquina de escrever ou por computador). Se escrito de próprio punho,
são requisitos essenciais à sua validade que seja lido e assinado por quem o
escreveu, na presença de pelo menos três testemunhas, que o devem subscrever (§
1.º). Se elaborado por processo mecânico, não pode conter rasuras ou espaços em
branco, devendo ser assinado pelo testador, depois de tê-lo lido na presença de pelo
menos três testemunhas, que o subscreverão (§ 2.º desse art. 1.876).
Morto o testador, publicar-se-á em juízo o testamento particular, com citação
dos herdeiros legítimos (art. 1.877 do CC). Leciona Zeno Veloso que, com tal
publicação em juízo, tem início a fase de execução ou de eficácia do testamento
hológrafo, presente uma confirmação judicial.
O CPC/2015 concentra a regulamentação da publicação e confirmação do
testamento particular no art. 737. Nos termos do seu caput, a publicação do
testamento particular poderá ser requerida, depois da morte do testador, pelo
herdeiro, pelo legatário ou pelo testamenteiro, bem como pelo terceiro detentor do
testamento, se impossibilitado de entregá-lo a algum dos outros legitimados para
requerê-la. Essa menção ao terceiro é uma inovação festejada pois, de fato, o
portador do testamento pode ser alguém de confiança do autorda herança e que
não seja beneficiado pelo ato.
11. O que são os codicilos e quais as suas peculiaridades? Como revogar um
codicilo?
O codicilo ou pequeno escrito constitui uma disposição testamentária de
pequena monta ou extensão. Trata-se de ato de última vontade simplificado, para o
qual a lei não exige tanta solenidade em razão de ser o seu objeto considerado de
menor importância para o falecido e para os herdeiros.
Dispõe o art. 1.881 do CC que toda pessoa capaz de testar poderá, mediante
escrito particular seu, datado e assinado, fazer disposições especiais sobre o seu
enterro, sobre esmolas de pouca monta a certas e determinadas pessoas, ou,
indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, assim como legar móveis, roupas
ou joias, de pouco valor, de seu uso pessoal. Além desse conteúdo, é possível
nomear ou substituir testamenteiros por meio de codicilo, conforme consta do art.
1.883 do CC. É possível ainda fazer disposição sobre sufrágios da alma, como para
celebração de uma missa ou culto em nome do falecido (art. 1.998). Por fim, por
meio de codicilo, é viável fazer o perdão do herdeiro indigno (art. 1.818 do CC).
Deve ficar claro que a análise do que sejam bens de pequeno valor no
conteúdo codicilar deve ser feita caso a caso, de acordo com o montante dos bens
do espólio. Em suma, os critérios não são absolutos, mas relativos.
Os atos descritos, salvo direito de terceiro, valerão como codicilos, deixe ou
não testamento o autor (art. 1.882 do CC). Assim, é perfeitamente possível a
coexistência de um testamento e um codicilo, desde que os seus objetos não
coincidam.
Os atos praticados por meio de codicilo revogam-se por atos iguais, e
consideram-se revogados, se, havendo testamento posterior, de qualquer natureza,
este não confirmá-los ou modificá-los (art. 1.884 do CC). Em suma, a revogabilidade
essencial do mesmo modo atinge o codicilo, pela sua natureza de testamento menor
Determina o art. 1.885 do CC que se o codicilo estiver fechado, será aberto
do mesmo modo que o testamento cerrado, inclusive quanto aos requisitos de
abertura judicial, antes estudados.
12. Quais disposições testamentárias são passíveis de anulabilidade e qual o
prazo para requerer esta anulação?
O testamento tem de obedecer aos requisitos dos negócios jurídicos, e pode
ser válido e inválido. A invalidade tem dois graus: nulidade e anulabilidade. O
testamento inteiro ou alguma de suas cláusulas pode ser nulo ou anulável.
As disposições testamentárias podem ser anuladas por vícios de vontade:
erro, dolo ou coação (arts. 138, 145 e 151).
A anulação da disposição testamentária, em consequência desses vícios,
está sujeita a prazo de caducidade, de quatro anos, “contados de quando o
interessado tiver conhecimento do vício”. A meu ver, o prazo de decadência devia
ser contado da abertura da sucessão, o que daria mais certeza e segurança jurídica.
13. O que é legado? Quais as espécies de legado? De quem é a
responsabilidade pelo pagamento dos legados?
O legado constitui uma disposição específica sucessória, realizada a título
singular. Como bem leciona Giselda Maria Fernandes Novaes Hironaka, “entende-se
o legado – segundo o direito brasileiro – como a atribuição de certo ou certos bens a
outrem por meio de testamento e a título singular. Envolve, assim, uma sucessão
causa mortis que produzirá efeitos apenas com o falecimento do testador. Consiste,
sem dúvida, numa liberalidade deste para com o legatário, o que não exige dizer que
se deva sempre traduzir em benefício para este último, já que pode ocorrer a vir a
ser o legado pelos encargos que o acompanham ou mesmo vir a se converter num
ônus pesado demais para quem o recebe”.
Deve ficar claro que a lei admite o sublegado, tratado pelo art. 1.913 do CC.
Determina tal comando que se o testador ordenar que o herdeiro ou legatário
entregue coisa de sua propriedade a outrem (o sublegatário), não o cumprindo ele,
entender-se-á que renunciou à herança ou ao legado.
O legado admite várias espécies ou formas entendendo-se as principais:
a) Legado de coisa alheia – tratado pelo art. 1.912 do CC, pelo qual é
ineficaz o legado de coisa certa que não pertença ao testador no
momento da liberalidade.
b) Legado de coisa comum – se a coisa legada pertencer somente
em parte ao testador, só quanto a essa parte valerá o legado em
benefício do legatário (art. 1.914 do CC).
c) Legado de coisa genérica – se o legado for de coisa que se
determine pelo gênero, será o mesmo cumprido, ainda que tal coisa
não exista entre os bens deixados pelo testador (art. 1.915 do CC).
d) Legado de coisa singular – se o testador legar coisa sua,
singularizando-a, só terá eficácia o legado se, ao tempo do seu
falecimento, ela se achava entre os bens da herança (art. 1.916 do
CC). Se a coisa legada existir entre os bens do testador, mas em
quantidade inferior à do legado, este será eficaz apenas quanto à
existente.
e) Legado de coisa localizada – o legado de coisa que deva
encontrarse em determinado lugar só terá eficácia se nele for
achada, salvo se removida a título transitório (art. 1.917 do CC).
f) Legado de crédito e de quitação de dívida – enuncia o art. 1.918 do
CC que o legado de crédito, ou de quitação de dívida, terá eficácia
somente até a importância desta, ou daquele, ao tempo da morte do
testador. Cumpre-se o legado, entregando o herdeiro ao legatário o
título respectivo (§ 1.º). Este legado não compreende as dívidas
posteriores à data do testamento (§ 2.º).
g) Legado de alimentos – conforme o art. 1.920 do CC, abrange o
sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver,
além da educação, se ele for menor. Com aplicação do instituto,
colaciona-se: “Legado de alimentos. Disposição testamentária que
beneficia herdeira. Valores provenientes de renda de imóvel locado,
pertencente ao espólio. Decisão agravada que, em inventário,
determina o levantamento das quantias depositadas em juízo em
favor da legatária, bem como ordena à inquilina que faça o
pagamento da quantia correspondente ao legado de alimentos
diretamente à beneficiária da quantia. Correção. Disposição
testamentária plena e eficaz. Legado de alimentos devidos desde a
morte da testadora (artigo 1.926 CC/2002). Decisão mantida.
Recurso desprovido, na parte conhecida” (TJSP, Agravo de
Instrumento 994.09.272937-0, Acórdão 4371741, São Paulo, 1.ª
Câmara de Direito Privado, Rel. Des. De Santi Ribeiro, j. 16.03.2010,
DJESP 22.04.2010).
h) Legado de usufruto – sendo realizado pelo testador sem fixação
de tempo, entende-se como vitalício, ou seja, deixado para toda a
vida do legatário (art. 1.921 do CC).
i) Legado de imóvel – se aquele que legar um imóvel lhe ajuntar
depois novas aquisições, estas, ainda que contíguas, não se
compreendem no legado, salvo expressa declaração em contrário do
testador (art. 1.922, caput, do CC). Tal premissa não se aplica às
benfeitorias necessárias, úteis ou voluptuárias feitas no prédio
legado, que devem ser tidas como incorporadas ao legado (parágrafo
único).
j) Legado de dinheiro – tratado pelo art. 1.925 do CC, vencendo os
juros desde o dia em que se constituir em mora a pessoa obrigada a
prestá-los.
k) Legado alternativo – conceito similar à obrigação alternativa (art.
252 do CC), sendo aquele em que o legatário tem a opção de
escolher entre alguns bens descritos pelo autor da herança (art.
1.932 do CC). (Tartuce, 2020).
Como primeiro efeito do legado, desde a abertura da sucessão, o que se dá
com a morte do autor da herança, pertence ao legatário a coisa certa, existente no
acervo. Isso, salvo se o legado estiver sob condição suspensiva, o que é
juridicamente possível, assim como o legado a termo (art. 1.923, caput, do CC).
Como se pode notar, o droit de saisine do mesmo modo se aplica aos legados.
Porém, como restrição a tal direito, enuncia o § 1.º da norma que não se defere de
imediato a posse direta da coisa, nem nela pode o legatário entrar por autoridade
própria.
Em havendo legado de renda vitalícia ou pensão periódica, comonos casos
de legado de alimentos, a renda ou pensão correrá da morte do testador (art. 1.926
do CC). Por outra via, se o legado for composto de quantidades certas, em
prestações periódicas, datará da morte do testador o primeiro período, e o legatário
terá direito a cada prestação, uma vez encetado cada um dos períodos sucessivos,
ainda que venha a falecer antes do termo dele (art. 1.927 do CC).
Sendo periódicas as prestações, só no termo de cada período poderão ser
exigidas (art. 1.928, caput, do CC). Todavia, se as prestações forem deixadas a título
de alimentos, pagar-se-ão no começo de cada período, sempre que outra coisa não
tenha disposto o testador (art. 1.928, parágrafo único).
No legado de coisa genérica, ao herdeiro tocará escolhê-la, guardando o
meio-termo entre as congêneres da melhor e pior qualidade (art. 1.929 do CC). A
norma tem sua razão de ser, eis que a escolha no gênero intermediário tende a
afastar o enriquecimento sem causa, estando presente, por exemplo, na escolha
que ocorre na obrigação de dar coisa incerta (art. 244 do CC). A premissa também
vale para os casos em que a escolha é deixada ao arbítrio de terceiro e se este não
quiser ou não puder efetivar a escolha. A escolha deve ser efetivada pelo juiz da
causa a quem a questão é levada, tendo como parâmetros as regras expostas (art.
1.930 do CC).
Ainda no legado de coisa genérica, se a opção de escolha foi deixada ao
legatário, este poderá escolher, do gênero determinado, a melhor coisa que houver
na herança (art. 1.931 do CC). Porém, se na herança não existir coisa de tal gênero,
dar-lhe-á de outra congênere o herdeiro, observadas as disposições expostas a
respeito do gênero intermediário.
Em relação ao legado alternativo, aquele em que o legatário tem a opção
entre vários bens da herança, presume-se relativamente deixada ao herdeiro tal
opção (art. 1.932 do CC). Por razões óbvias, o testador pode instituir de forma
contrária. Eventualmente, se o herdeiro ou legatário a quem couber a opção falecer
antes de exercê-la, passará este poder aos seus herdeiros (art. 1.933).
A respeito do cumprimento do legado, no silêncio do testamento, este
incumbe aos herdeiros e, não os havendo, aos legatários, na proporção do que
herdaram (art. 1.934, caput, do CC). Tal encargo, não havendo disposição
testamentária em contrário, caberá ao herdeiro ou legatário incumbido pelo testador
da execução do legado. Quando indicados mais de um, os onerados dividirão entre
si o ônus, na proporção do que recebam da herança (art. 1.934, parágrafo único, do
CC).
Ainda a respeito da execução do legado, a coisa legada deve ser entregue,
com seus acessórios, no lugar e estado em que se achava ao falecer o testador,
passando ao legatário com todos os encargos que a onerarem (art. 1.937 do CC).
Por fim, como não poderia ser diferente, a lei admite o legado com encargo
ou modo (legado modal). Em casos tais, o art. 1.938 do CC determina a aplicação
das mesmas regras da doação modal ou com encargo.
14. O que significa a caducidade dos legados? Quais são as causas de
caducidade dos legados?
A caducidade não se confunde com a invalidade do legado. A caducidade
envolve o plano da eficácia do negócio, ou seja, o terceiro degrau da Escada
Ponteana. Ademais, como se nota da análise das suas hipóteses, a caducidade tem
origem em causas supervenientes, surgidas após o legado. A invalidade, como é
notório, envolve o plano da validade (segundo degrau), presente, em regra, um vício
de formação. Nos termos do art. 1.939 do CC, caducará o legado:
a) Se, depois do testamento, o testador modificar a coisa legada, ao
ponto de já não ter a forma nem lhe caber a denominação que
possuía.
b) Se o testador, por qualquer título, alienar no todo ou em parte a
coisa legada. Em casos tais, caducará até onde a coisa alienada
deixou de pertencer ao testador.
c) Se a coisa perecer ou for evicta, vivo ou morto o testador, sem
culpa do herdeiro ou legatário incumbido do seu cumprimento.
d) Se o legatário for excluído da sucessão por indignidade.
e) Se o legatário falecer antes do testador.
Dado o exposto, enuncia o art. 1.940 do CC que, no caso de legado
alternativo com duas ou mais coisas, se algumas delas perecerem, subsistirá quanto
às restantes. Perecendo parte de uma, valerá, quanto ao seu remanescente, o
legado. Se todas as coisas perecerem, por razões óbvias, o legado caducará, por
força do inc. III do art. 1.939.
15. O que é a substituição na sucessão testamentária? Quais as espécies de
substituição?
Conforme as lições de Maria Helena Diniz, “a substituição é a disposição
testamentária na qual o testador chama uma pessoa para receber, no todo ou em
parte, a herança ou o legado, na falta ou após o herdeiro ou legatário nomeado em
primeiro lugar, ou seja, quando a vocação deste ou daquele cessar por qualquer
causa”. 105 Dessa forma, na substituição já consta do testamento quem será o
herdeiro a ser chamado em segundo lugar. Quebra-se, pela nomeação
testamentária, a ordem de vocação hereditária prevista em lei. Como efeito a ser
destacado da substituição, o substituto fica sujeito à condição ou encargo imposto
ao substituído, quando não for diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não
resultar outra coisa da natureza da condição ou do encargo (art. 1.949 do CC).
São modalidades de substituições tratadas pelo Código Civil de 2002:
I) Substituição vulgar ou ordinária – o testador substitui diretamente
outra pessoa ao herdeiro ou ao legatário nomeado, para o caso de
um ou outro não querer ou não poder aceitar a herança ou o legado.
Em casos tais, enuncia o art. 1.947 do CC, presume-se que a
substituição foi determinada para as duas alternativas, ainda que o
testador só a uma se refira.
II) Substituição recíproca – um herdeiro substitui o outro e vice-versa
(art. 1.948 do CC). Pelo que consta de tal comando, a substituição
recíproca pode ser assim subclassificada, na esteira de melhor
doutrina:
a) Substituição recíproca geral – todos substituem o
herdeiro ou legatário que não suceder. b) Substituição
recíproca particular – somente determinados herdeiros ou
legatários são apontados como substitutos recíprocos. c)
Substituição coletiva – vários herdeiros são nomeados
como substitutos para o herdeiro ou legatário que não
sucede. d) Substituição singular – somente um herdeiro é
nomeado como substituto do herdeiro ou legatário que
não sucede. Em complemento, dispõe o art. 1.950 do CC
que se, entre muitos coerdeiros ou legatários de partes
desiguais, for estabelecida substituição recíproca, a
proporção dos quinhões fixada na primeira disposição
entender-se-á mantida na segunda (na substituição). Se,
com as outras pessoas anteriormente nomeadas, for
incluída mais alguma pessoa na substituição, o quinhão
vago pertencerá em partes iguais aos substitutos. Desse
modo, por razões óbvias, o novo substituto deve ser
incluído na divisão.
III) Substituição fideicomissária – pode o testador instituir herdeiros
ou legatários, estabelecendo que, por ocasião de sua morte, a
herança ou o legado se transmita ao fiduciário, resolvendo-se o
direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa condição, em
favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário (art. 1.951 do
CC). Esclarecendo, de forma sucessiva, o fideicomitente (testador ou
autor da herança) faz uma disposição do patrimônio para o fiduciário
(1.º herdeiro) e para o fideicomissário (2.º herdeiro). Ocorrendo o
termo ou a condição fixada, o bem é transmitido para o
fideicomissário.
16. O que significa a redução das disposições testamentárias?
Sendo necessária a redução das disposições testamentária, a fim de não se
prejudicar a legítima, quota dos herdeiros necessários (50% do patrimônio do autor
da herança). Insta verificar que o Código Civil em vigor traz regras diferenciadas em
relação ao testamento e à doação, tratada a última no próximo item, referente ao
inventário e à partilha.
Como primeira regra a respeito da redução testamentária, se o testador fizerdisposição que rompa a proteção da legítima, a disposição somente será válida nos
limites de sua metade. O remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos,
respeitada a ordem de vocação hereditária (art. 1.966 do CC).
Ilustrando, se alguém faz por testamento a disposição de 70% do seu
patrimônio, a disposição é válida apenas em 50%. Em relação aos outros 20%, os
bens devem ser destinados aos herdeiros legítimos, ocorrendo em tal proporção a
redução testamentária.
O Código Civil de 2002 traz ainda regras específicas sobre a redução
testamentária quando houver bem imóvel. Nesse contexto de aplicação, prevê o art.
1.968, caput, que, quando consistir em prédio divisível o legado sujeito à redução
testamentária, far-se-á esta o dividindo proporcionalmente.
Porém, se não for possível a divisão, e o excesso do legado montar a mais de
um quarto do valor do prédio, o legatário deixará inteiro na herança o imóvel legado.
Em casos tais, o legatário fica com o direito de pedir aos herdeiros o valor que
couber na parte disponível. Se o excesso não for de mais de um quarto, aos
herdeiros fará tornar em dinheiro o legatário, que ficará com o prédio (art. 1.968, §
1.º, do CC).
Por outra via e para encerrar, se o legatário for ao mesmo tempo herdeiro
necessário, poderá inteirar sua legítima no mesmo imóvel, de preferência aos
outros, sempre que ela e a parte subsistente do legado lhe absorverem o valor (art.
1.968, § 2.º, do CC).
17. Explique revogação e rompimento do testamento diferenciando-os.
Tem que conforme expõe Tartuce (2020) a ruptura, rupção ou rompimento do
testamento, é também chamada de revogação presumida, ficta ou legal.
Basicamente, o testamento fica roto, cai completamente, não terá efeito algum,
quando o testador não tem descendente e lhe sobrevém um descendente
sucessível, ou quando o testador tem descendente, mas não sabia que tinha, e o
descendente aparece. A rupção é denominada revogação ficta porque seu
fundamento é a presunção de que o testador não teria disposto de seus bens, ou,
pelo menos não teria decidido daquele modo, se tivesse descendente, ou se não
ignorasse a existência do que tinha. Como se nota, trata-se de mais um instituto que
se situa no plano da eficácia do instituto, e não no seu plano da validade.
As suas consequências dizem respeito apenas ao conteúdo patrimonial do
testamento, não atingindo questões existenciais ou extrapatrimoniais. Nesse sentido,
o Enunciado n. 643, aprovado na VIII Jornada de Direito Civil (2018):
“o rompimento do testamento (art. 1.973 do Código Civil) se refere
exclusivamente às disposições de caráter patrimonial, mantendo-se
válidas e eficazes as de caráter extrapatrimonial, como o
reconhecimento de filho e o perdão ao indigno”.
Nesse sentido, dispõe o art. 1.973 do CC que, “sobrevindo descendente
sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se
o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao
testador”. Deve ficar claro que se o testador já sabia da existência do filho, a norma
não se subsume.
18. Quais as espécies de revogação?
A revogação constitui um ato unilateral de vontade de extinção de um
determinado negócio jurídico. Trata-se, portanto, do exercício de um direito
potestativo, assegurado pela lei, que se contrapõe a um estado de sujeição. Não se
pode esquecer que a revogação do testamento situa-se no plano da sua eficácia
(terceiro degrau da Escada Ponteana).
A revogação do testamento pode ser:
Expressa (direta): ocorre quando a vontade do testador é manifestada, tornando
sem efeito todas ou algumas cláusulas do testamento que se deseja revogar.
Tácita (indireta): ocorre quando não houver declaração do testador revogando o
testamento anterior. Neste caso faz-se necessário que hajam discordâncias entre as
disposições do testamento revogado e o recente.
A revogação do testamento pode ser total, para quando todas as cláusulas forem
alteradas e parcial quando somente algumas cláusulas forem alteradas, sendo
necessário em ambos os casos a existência de um novo testamento válido.
19. Quem é o testamenteiro? Quais as suas espécies?
Conforme aponta José de Oliveira Ascensão, “A testamentaria é uma
instituição que pode surgir quando a vocação opera por força de testamento. O autor
da sucessão pode nomear uma ou mais pessoas que fiquem encarregadas de vigiar
o cumprimento do seu testamento ou de o executar, no todo ou em parte”. Nesse
sentido, é o art. 1.976 do CC/2002, in verbis: “O testador pode nomear um ou mais
testamenteiros, conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às
disposições de última vontade”. Trata-se, portanto, de um múnus privado, exercido
no interesse dos herdeiros.
A respeito de suas atribuições, preconizava o art. 1.137 do CPC/1973 que
incumbiria ao testamenteiro: a) cumprir as obrigações do testamento; b) propugnar a
validade do testamento; c) defender a posse dos bens da herança; d) requerer ao
juiz que lhe concedesse os meios necessários para cumprir as disposições
testamentárias. Esse dispositivo não foi reproduzido pelo Novo CPC, sendo clara a
preferência do legislador processual em concentrar a matéria no Código Civil. Nesse
contexto, tais atribuições ou deveres são retirados dos arts. 1.980, 1.981 e 1.982 do
Código Civil de 2002, a seguir estudados.
Pois bem, conforme a doutrina, quanto à extensão de sua atuação, duas são
as modalidades de testamenteiro:
Testamenteiro universal – que é aquele que tem a posse e a
administração da herança, ou de parte dela, não havendo cônjuge ou
herdeiros necessários (art. 1.977 do CC). Em casos tais, qualquer
herdeiro pode requerer partilha imediata, ou devolução da herança,
habilitando o testamenteiro com os meios necessários para o
cumprimento dos legados, ou dando caução de prestá-los. Além
disso, presente essa testamentaria universal e plena, incumbe ao
testamentário requerer inventário e cumprir o testamento (art. 1.978
do CC).
Testamenteiro particular – quando a sua atuação restringe-se à mera
fiscalização da execução testamentária.
Em qualquer uma das hipóteses, o testamenteiro nomeado, ou qualquer parte
interessada, pode requerer, assim como o juiz pode ordenar, de ofício, ao detentor
do testamento, que o leve a registro (art. 1.979 do CC). Tal registro, segundo Zeno
Veloso, “constitui a formalidade preliminar para que as disposições mortuárias sejam
cumpridas ou executadas”.
No que concerne aos seus deveres, prevê o art. 1.980 do CC que o
testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, no prazo
marcado pelo testador, e a prestar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo
sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento. Tal
responsabilidade do testamenteiro depende da prova de culpa, sendo uma
responsabilidade subjetiva, uma vez que ele assume uma obrigação de meio ou
diligência.
Ademais, reafirme-se que compete ao testamenteiro, com ou sem o concurso
do inventariante e dos herdeiros instituídos, defender a validade do testamento (art.
1.981 do CC). Sendo assim, deve ele sempre afastar as alegações de nulidade
absoluta do ato de última vontade, preservando ao máximo a autonomia privada do
falecido.
O exercício da testamentaria é considerado personalíssimo ou intuito
personae. Por isso, tal encargo não se transmite aos herdeiros do testamenteiro,
nem é delegável (art. 1.985 do CC). Porém, o testamenteiro pode fazer-se
representar em juízo e fora dele, mediante mandatário com poderes especiais,
havendo uma representação convencional.
20. Explique o que é a vintena.
Como retribuição pelo encargo exercido, salvo disposição testamentária em
contrário, o testamenteiro, que não seja herdeiro ou legatário, terá direito a um
prêmio. Tal prêmio, denominado como vintena, não sendo fixado pelo testador,
será de um a cinco por cento, arbitrado pelo juiz, sobre a herança líquida, conforme
a importância dela e maior ou menor dificuldade na execução do testamento (art.
1.987, caput, do CC).Tal regra também era retirada do art. 1.138 do CPC/1973, sem
repetição no CPC/2015, que preferiu concentrar tal tratamento na lei material.
A denominação vintena se justifica pelo fato de corresponder, no máximo, à
vigésima parte da herança. Tal prêmio arbitrado será pago à conta da parte
disponível, quando houver herdeiro necessário (art. 1.987, parágrafo único, do CC).
Eventualmente, na prática, o valor fixado pelo testador pode ser aumentado até o
limite fixado em lei, de acordo com a atuação do testamenteiro.
Do mesmo modo, ao testamenteiro poderá ser pago um valor menor ao
previsto, se a sua atuação for irregular e insuficiente, conforme já concluiu o STJ.

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